quinta-feira, agosto 24, 2023

Não levantar ondas, manter o mar chão...


Estou a fazer um trabalho sobre o papel da Incrível Almadense durante a ditadura salazarista e marcelista e noto que foram feitas muitas actividades entre 1926 e 1974, que colocavam, de alguma forma, em causa o regime, nomeadamente vários colóquios cuja temática enaltecia os valores democráticos.

Um dos truques usados era fazer o anúncio do colóquio sem o nome do orador. Outro era amenizar o título da temática, não colocando algumas das "palavras proibidas" pelo regime. Mesmo assim não sei como é que algumas palestras não foram "canceladas", como por exemplo: "As Virtudes e os Defeitos da Republica" (por Raul Esteves do Santos em 1946); "O Recreio na Vida dos Trabalhadores"  (por Raul Esteves do Santos em 1948); "As Instituições populares e a Emancipação do Povo" (por Gomercindo de Carvalho, em 1964); ou "O Sentido da Vida Social" (por José Correia Pires em 1966). 

As pessoas das Colectividades faziam estas coisas com a maior naturalidade possível, pois sabiam que o mais importante era não levantar ondas, manter o "mar chão"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


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