terça-feira, janeiro 29, 2008

João Abel Manta, Mestre de Abril


João Abel Manta faz hoje 80 anos.
Arquitecto, artista plástico, cenógrafo, artista gráfico e cartoonista, tornou-se popular graças aos excelentes cartazes que fez sobre a Revolução de Abril e os seus principais protagonistas.
Cartazes que ainda hoje dão gosto ver, como este que reproduzo.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Outras Publicidades (1)


Graças à visita à Feira da Ladra descobri uma revista francesa (Formes et Couleurs) de 1944, cheia de imagens interessantes...
Não resisto a publicar este anúncio, que já publicitava na época um dentifrico especial para fumadores, o "Nicotisyl"...
Segundo as palavras publicitadas era um: «dentifrice merveilleux».

domingo, janeiro 27, 2008

Domingo: Cada Vez Mais, Um Dia a Seguir ao Outro...


Não sei porquê, mas hoje lembrei-me que os domingos são cada vez mais iguais aos outros dias.
Provavelmente por ser domingo...
Claro que existem vários episódios do nosso quotidiano que se esforçam para banalizar este sétimo dia da semana...
Há cada vez mais gente a trabalhar a este dia, que já foi santo, porque a "sociedade de consumo", assim o entende...
E quem não siga nenhum culto religioso, como eu, nem tem a missa dominical, para começar logo à diferenciar este dia...
O futebol também deixou de ser a "religião" dos domingos à tarde, agora joga-se quase a qualquer dia e a qualquer hora...
Mesmo nas aldeias, não sei se ainda se mantém o velho hábito de vestir a roupa nova ao domingo...
É por isso que o domingo, é cada vez mais, um dia a seguir ao outro...

Este quadro quase domingueiro é da autoria de Auguste Macke...

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Eusébio, o Pantera Negra


Eusébio faz hoje 66 anos...
Escolhi homenageá-lo de uma forma original, com as palavras do escritor António Lobo Antunes, retiradas de uma entrevista que lhe fiz, para as páginas do "Record" em Março de 1991, no meu querido "Contra-Ponto":
«Quando jogava futebol jogava a guarda-redes, mas isso tinha que ver com a minha frustração de não ter o talento do Eusébio... Deve ser uma sensação extremamente embriagadora marcar um golo como o Eusébio os marcava, deve ser uma das poucas pessoas que até hoje invejei!...»

Esta fotografia de Nuno Ferrari, é das coisas mais bonitas e simbólicas do mundo do futebol, com o Eusébio a não querer perder um segundo, durante o Mundial de 1966, em Inglaterra.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

A Liberdade Artística...


A visita ao Jardim de Luz, da MC, fez com que me apetecesse escrever algumas palavras, sobre um tema que me é querido, a nudez da mulher.
Além de ter gostado de ler o texto, chamou-me a atenção a sua última frase: «A nudez da mulher é obra de Deus.»
A palavra nudez não me levou a Deus, mas sim de viagem pelos séculos XVIII e XIX (e anteriormente, sem esquecer a Grécia Clássica...). Visualizei vários quadros onde era evidente a grande liberdade artística sobre o nu feminino.
Numa época em não era permitido à mulher mostrar as pernas nem o busto nas ruas, os grandes artistas plásticos da época pintaram quadros e fizeram esculturas, exaltando a beleza da nudez feminina, quase como algo sagrado, como se a Arte estivesse acima de qualquer pecado...
É um facto no mínimo curioso.

Escolhi "As Banhistas da Filadélfia" de Renoir, de 1888, porque apesar da tal abertura social, este foi um quadro polémico, já que o pintor resolveu pintar a mulher (aliás as mulheres...), sem recorrer aos artifícios da mitologia ou religião...

domingo, janeiro 20, 2008

Ter um Pé Dentro e Outro Fora dos Partidos


Tenho cada vez mais dificuldade em perceber pessoas como o Pacheco Pereira.
Segundo a minha filosofia de vida, o facto de pertencermos a uma organização (partidária, religiosa, associativa ou desportiva), faz com que tenhamos alguns deveres mínimos no que toca à ética, respeito e solidariedade, para com ela e para com os seus dirigentes. Se não quisermos ter estas pequenas obrigações, só nos resta fazer uma coisa, pedir a demissão e sair porta fora.
E, muito sinceramente, acho que Pacheco Pereira já o devia ter feito. É cada vez mais um "objecto" estranho e ambíguo no interior do PSD. Se fosse coerente com o seu ideário democrático libertário, tinha feito o mesmo que fez António Barreto.
Embora fosse reconhecido como um elemento próximo do partido social democrata, era completamente livre de dizer o que muito bem lhe apetecesse, sem ser olhado como uma sombra ou ameaça...
O desenho é do António, de 1993, quando o PP andou entretido a caçar vírgulas...

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Uma Mulher Especial


Maria de Lurdes Pintassilgo nasceu a 18 de Janeiro de 1930.
Formada em engenharia e com fortes ligações à religião católica, conquistou o seu lugar na história do nosso país, através da actividade política.
Depois de ter sido ministra dos Assuntos Sociais, em 1975, chefiou o V Governo Constitucional, em 1979, tornando-se a primeira mulher a exercer o cargo de primeira-ministra no nosso país, e única, até aos nossos dias.
Foi também a primeira portuguesa candidata à Presidência da República, em 1986, numas eleições muito especiais, onde esteve quase a passar à segunda volta...
Estes motivos são mais que suficientes para a considerar uma mulher especial, que conseguiu fazer história num "mundo" dominado pelos homens. E se olharmos um pouco mais para ela, descobrimos um grande exemplo de seriedade, simpatia e coerência.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

A Paciência de Chinês


Esta fotografia de Eduardo Gageiro, datada de 1958, mostra-nos um chinês paciente, a vender nas ruas lisboetas, rente ao Martim Moniz, com a ajuda de uma alcofa, onde guardava as suas bijutarias...
Cinquenta anos depois, pode-se dizer que valeu o esforço e a paciência desde quase "explorador urbano", a abrir caminhos, como nós fizemos quinhentos anos antes...
Hoje percebe-se que o seu povo veio mesmo para ficar...

terça-feira, janeiro 15, 2008

O Jornal "República"

O diário "República" foi fundado há 97 anos, por António José Almeida, médico e político ligado ao Movimento Republicano, que seria também presidente da República, entre 1919 e 1923.

Este jornal sempre se assumiu como laico e liberal, mesmo no Salazarismo e Marcelismo. Por esse motivo nunca foi um jornal de massas, mas era o diário que procurava dar uma informação mais livre, apesar de ser o alvo preferido da censura...
Foi sempre uma pedra no sapato e fez excelentes reportagens sobre as eleições mais polémicas (presidenciais de 1958 e legislativas de 1969 e 1973) durante o período ditatorial.
Curiosamente acabaria por ser vitima da própria democracia, fechando as portas em 1975, depois de um clima de grande agitação interna, provocada por "guerras" partidárias, entre socialistas e comunistas, que lutavam pelo poder da direcção do Jornal...

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Al Berto, Ao Anoitecer...


e ao anoitecer

E ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia

O poema é de Al Berto, a fotografia de Mário Cabrita Gil, o dia é de aniversário, sessenta anos...

quarta-feira, janeiro 09, 2008

A Sociedade Continua a Recuar no Tempo

Estava a ler um dos textos da Isabel do "Caderno de Campo", sobre a miséria urbana, quando me lembrei de um velho, tido como louco, conhecido popularmente como "Jão Batista", por andar descalço com um varapau nas mãos, ter barbas grandes e usar uma pele de ovelha como casaco...). Ele não era um maluco qualquer, falava com raiva, conhecimento e despeito deste mundo onde vivemos.

Recordei-o com tanta nitidez...
Antes de virar costas ao povo que estava no Largo da aldeia, divertido com o espectáculo, disse uma última frase que ainda provocou mais risadas, mas que a mim, me deixou a pensar. Ainda o estou a ver a olhar para os seus pés descalços sujos e a dizer: «ainda vai chegar o tempo em que vocês também vão andar descalços. Mas não é por quererem, como eu, é por não terem nada para calçar.»
Disse aquilo, com um ar quase profético, como se conseguisse ler nas estrelas e afastou-se.
Claro que esta afirmação foi excessiva, mas como estamos a perder tantas coisas, lembrei-me deste "louco"...
Em apenas uma década o que se perdeu no campo dos direitos humanos...
Coisas que demoraram séculos a conquistar, no campo do trabalho, da saúde, da segurança social, da educação, etc, fogem-nos das mãos, de uma forma inexplicável, nos últimos anos, graças aos "ditadores", que governam os principais países e que se escondem atrás da capa do "liberalismo" económico e social, que não passa de um capitalismo, do mais selvagem que se tem visto por aí.
Embora se produza cada vez mais riqueza no Planeta, as desigualdades e a pobreza são cada vez mais evidentes, e já não é apenas no chamado "terceiro mundo".
E nós vamos assistindo a tudo isto, impávidos e serenos...
A imagem simbólica que ilustra estas palavras é a "Pregação de S. João Baptista", da autoria de Diogo de Contreiras, pintor do século XVI.

sábado, janeiro 05, 2008

A Causa Real

Hoje o Rei de Espanha, D. Juan Carlos, completa setenta anos.
Não é uma data muito importante para nós, embora possa ser utilizada para levantar uma questão, no mínimo curiosa: Portugal, se fosse governado por uma Monarquia (Constituicional claro) seria um país mais desenvolvido e mais justo?
Embora seja difícil de encontrar uma resposta concreta, todos nós devemos ter a nossa opinião.
Analisando os últimos duzentos anos da coroa portuguesa, não fico com grandes dúvidas que Portugal seria na melhor das hipóteses, um país igual. Custa-me a acreditar que nos tornássemos num país mais desenvolvido e mais justo, com a provável proliferação de condes, barões e famílias brazonadas, habituadas a viver à sombra do reino, de Norte a Sul.
Vou mais longe ainda, se depois de 28 de Maio de 1926 a Monarquia voltasse ao poder, isso não seria um obstáculo para que Salazar se tornasse primeiro-ministro, com o mesmo poder que teve, próximo do absolutismo, e tivesse cortado quase todas as hipóteses de acompanharmos o desenvolvimento dos outros países europeus.
Provavelmente ainda estaria mais à vontade para o fazer, pois não teria de enfrentar eleições presidenciais, nem teria de ter inventado a vitória de Américo Tomás em 1958, que marcou o ponto de viragem na sua ascensão política, cada vez mais assente no papel repressivo da PIDE e das outras forças de autoridade.
E vocês, por acaso já pensaram na possibilidade de termos um rei ou uma rainha, no trono?

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Objectos Quase de Museu (V)


Longe vão os tempos em que as pessoas faziam fila para falar das cabines de telefone, espalhadas pelas cidades.
O telemóvel quase que transformou estas casinhas (cada vez mais raras...) em objectos de museu.
Não deixa de ser curioso, que apesar de não sermos demasiado evoluídos, quando comparados com outras potências europeias, aderimos de uma forma massiva a estas novidades, ao ponto de já existir há algum tempo, em termos médios, mais que telemóvel por habitante...

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Cavaco Nacional Socialista

O discurso de Ano Novo do presidente da República levantou algumas ondas no nosso patético panorama político, envergonhando ao mesmo tempo muitos sociais democratas.
Não é novidade nenhuma que Cavaco Silva está distante do populismo actual do PSD, onde Meneses, Santana, Jardim, entre outros cromos menores, continuam a baralhar a social democracia laranja.
O mais curioso do seu discurso foi o "ataque" às remunerações auferidas pelos administradores de empresas, demasiado altas e quase sempre injustificadas, quando comparadas com os salários médios dos funcionários...
Lembrei-me logo dos ministros "cavaquistas", que em 1995 transitaram do governo para a administração das principais empresas públicas, com ordenados milionários...
Mudam-se os tempos, mudam-se os discursos e os ventos...
O desenho é do Rui, de Outubro de 1991...