terça-feira, dezembro 29, 2009

«Quero ser Grávida!»

Acabara de entrar numa pastelaria/ padaria, para comprar algumas bolas, quando reparei que um homem mais novo que eu interpelava uma miúda, que deveria ter uns seis, sete anos, acompanhada da mãe.

A pergunta seguinte foi se tinha irmãos. Não foi ela que respondeu, mas sim a mãe: «ela bem queria, mas...»
Apesar da intervenção da mãe, a miúda não deixou de responder à sua maneira: «quando for grande quero ser grávida.»
Foi a maneira simples e bonita de dizer: «quando for grande quero ser mãe».
Todos acabámos por sorrir, embora este tempo não seja para filhos, porque nos tornámos mais egoístas e a vida está cada vez mais difícil, principalmente nas grandes cidades.
Embora alguns puritanos insistam, que todas as grávidas são bonitas, há umas mais bonitas que outras como é o caso de Mónica Bellucci, nesta fotografia.

segunda-feira, dezembro 28, 2009

"Grades" Entre o Tejo e Lisboa

Parecem grades, mas não o são, muito menos pilares.

É apenas um gradeamento de protecção para todos aqueles que tem vontade de voar quando se aproximam de qualquer "abismo"...
E o Tejo fica assim, depois de uma noite ventosa, em que as suas águas se transvestem de "mar" , com ondas...
Calmo, quase chão, onde apetece caminhar por cima, como se não passasse de uma estrada azul...

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Natal à Beira-Rio


Passo o Natal, quase à beira-rio, foi por isso que escolhi este bonito poema de David Mourão-Ferreira, com o desejo de Boas Festas, para todos vós que aparecem aqui pelo "Largo"...


NATAL À BEIRA-RIO

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Movimentos Quase Loucos

Aproxima-se o Natal e a febre continua intacta. Não há crise que resista aos comboios de presentes. A partir do dia 20 é uma "tragédia grega" precisarmos de comprar qualquer coisa e termos de nos enfiar em qualquer catedral do consumo.
Para estacionar o carro, no parque de dois pisos e de muitos lugares, é preciso um golpe de sorte, estar alguém a sair, para evitar voltas e mais voltas ao quarteirão, que quase parece a 2ª circular.
Jesus pode não ter nascido para isto (de certeza que não...), mas o Pai Natal foi criado exactamente para este "febrão"...
Escolhi a "Grande Natureza Morta com Mesa de Pé de Galo" de Picasso, nem sei porquê...

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Nem Tanto ao Mar Nem Tanto à Terra

Os "profetas da desgraça" do regime não param, desdobrando-se em entrevistas, aqui e ali. Depois de Medina Carreira foi agora a vez de António Barreto...

Gosto bastante de o ler, mesmo que nem sempre concorde com o que diz.
Mas acho que desta vez ela passou todas as marcas, ao dizer que a justiça era melhor no anterior regime que neste nosso tempo.
Melhor em que aspecto? Mais justa? Não, de maneira nenhuma. Quanto muito seria mais rápida porque as pessoas tinham medo dos tribunais e dos juízes e só lá entravam em última instância (caminhamos para aí...).
O António esqueceu-se dos muitos atropelos, das pessoas que eram presas sem culpa formada (e não estou a falar apenas de presos políticos). Alguns polícias no regime fascista achavam-se no direito de prender quem lhes apetecesse, apenas porque sim. E alguns juízes, de condenar, pelas mesmas razões, porque sim...
E nem vou falar das diferenças constitucionais. Provavelmente temos uma Constituição que é das mais justas e igualitárias do mundo.
Claro que a justiça está em crise e é injusta, pela forma desigual como trata as pessoas, embora este peso seja definido mais pela "habilidade" dos advogados em fintar a lei, que propriamente pelos juízes (embora se perceba pelas suas decisões, tornadas públicas, que há muitos que escolheram a profissão errada)...


O óleo é "Narcissus" de Caravaggio, próprio para quem se acha muito bom, esquecido de que também já foi governante, e nem sempre com resultados brilhantes...


quarta-feira, dezembro 16, 2009

Choveu Mas Não Nevou...

A noite estava fria, os informadores da televisão diziam que era a mais fria do ano (não sei porquê... aliás nunca se sabe muito bem porque razão eles falham tanto na brincadeira do tempo...).

Quando começou a chover, no começo da noite, pensei que poderiam cair alguns flocos esbranquiçados em Almada, apesar de estar farto de saber que o Tejo não está muito para aí virado...
Fui à rua, ver como era a chuva. Só isso. Não tenho cão para passear (se tivesse não seria boa ideia, levá-lo para o "gelo") nem cigarros para fumar...
Era chuva molhada, apenas isso...

sábado, dezembro 12, 2009

Homens com Dificuldade em Aceitar a Realidade

A Sociedade está em mudança. Não tenho dúvidas de os homens serão irremediavelmente ultrapassados nos próximos anos pelas mulheres, no mundo laboral e social, porque sempre tiveram a vida demasiado facilitada, numa sociedade profundamente machista.

Basta olharmos para as universidades e verificarmos que as mulheres além de serem em maior número, também são melhores alunas.
Sei que os casos de violência que aparecem quase todos os dias nos jornais e televisão, ainda não se prendem com estas mudanças na sociedade. Contudo, se o homem continuar a não aceitar que o mundo mudou, que a mulher tem os mesmos direitos que ele, teremos tempos complicados num futuro próximo...
Conheço vários casos de homens da minha geração, que não aceitam que as mulheres tenham vencimentos superiores aos seus. Algo que se tornará normal daqui a poucos anos, se pensarmos que as pessoas mais qualificadas devem ter melhores vencimentos...

O óleo é de Alexey Tkachev.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Qual é a Novidade?

Já percebi que Medina Carreira gosta de ser usado quase como um "bobo da corte", pela nossa comunicação social. Quando precisam de alguém para dizer mal do que quer que seja, lá aparece ele...

Convidado na tertúlia "125 minutos com...", do Casino da Figueira da Foz, disse sobre as "Novas Oportunidades":
«(Os Alunos) fazem um papel, entregam-no ao professor e vão-se embora. E ao fim do ano, entregam-lhe um papel a dizer que têm o nono ano (de escolaridade). Isto é tudo mentira, enquanto formos governados por mentirosos e incompetentes este país não tem solução.»
Qual é a novidade?
Curiosamente, o "saltitão" do desenho do grande Rafael, até se parece com o "prof", principalmente no narizito e na falta de cabelo...

terça-feira, dezembro 08, 2009

Grande Escolha

Fiquei extremamente satisfeito por saber que a Maria João Seixas foi nomeada directora da Cinemateca Portuguesa.

Fica a ganhar o cinema, e todos nós, claro.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

O Animal Político

Mário Soares fez hoje oitenta e cinco anos.

Embora nunca tenha feito parte do núcleo restrito dos meus políticos de eleição, reconheço que é uma figura incontornável da democracia portuguesa.
Ao ler a sua entrevista de hoje no "I", percebi que continua com uma grande vitalidade intelectual. E a não perdoar quem o confronta (conheço algumas vítimas...). Manuel Alegre é o último caso...
Andava a deitar fora alguns papeis quando deparei com uma frase de António Barreto, publicada no "Público" de 31 de Agosto de 1997, que é um bom espelho, apesar de incompleto:
«Estar no sitio certo é, muitas vezes, melhor que ter a força necessária. A sorte é mãe de quem se põe a jeito. Nisso Soares foi mestre. Escolheu os seus tempos e os seus sítios com notável intuição.»

sábado, dezembro 05, 2009

Dois Defeitos Imperdoáveis...

À medida que o tempo passa, percebo com mais nitidez que tenho dois defeitos "imperdoáveis", pelo menos para boa parte das pessoas: ser terrivelmente pontual e gostar de pensar pela minha cabeça.

O primeiro causa-me disabores até cá em casa...
Quando fazia jornalismo "de jornal", apanhava secas que não lembravam a ninguém. Gente entre o conhecido e o famoso que fingia não ter relógio (os piores que apanhei foram de futebolistas, ditos "consagrados"...). Nunca esqueci - até por ter sido uma das minhas primeiras entrevistas - a seca que levei de Fernando Gomes, o "bi-bota de ouro". Quase três horas, e depois de aparecer, não sabia se lhe apetecia ser entrevistado...
Continua a haver gente que não consegue marcar uma hora, e para se defenderem, dizem: «apareço a partir das 10 horas.» Segundo a sua "filosofia" temporal, as 12 horas ainda estão no horário...
O segundo não é melhor...
Isto de eu ter a mania de pensar pela minha cabeça também dá cabo do juizo a muitos "carneiros" que andam por aí, e que não percebem que a nossa cabeça serve para pensar, de preferência, individualmente.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Histórias que Saltam das Janelas para a Rua

As histórias aparecem-me por todo o lado. Agora até já saltam das janelas e aparecem-me pela frente, a pedirem-me que lhe pegue e acrescente um ponto, e outro, e ainda mais outro, para que se torne um conto...

E estou a gostar, já tenho mais de uma dúzia, talvez para um livro, cheio de gente do meu quotidiano. As coisas estão a surgir sem pressas, o problema são as janelas abertas, que multiplicam as ideias...
Esta janela parisiense é de Marc Chagal...

terça-feira, dezembro 01, 2009

Dia da Libertação

O primeiro dia de Dezembro, de há trezentos e sessenta e nove anos, foi acima de tudo um dia de Liberdade, para Portugal e para os Portugueses.

Muitos dos que falam de uma "União Ibérica" conhecem mal o espanhóis e ainda menos os portugueses.
Para mim, bastaram-nos aqueles 60 anos de jugo espanhol, em que perdemos tanta coisa... no entanto não desistimos de ser portugueses e conseguimos a tão desejada independência.
Na segunda metade do século XVI, apesar de alguma decadência, ainda éramos uma das grandes potências mundiais. Tudo isso Espanha nos levou, usando-nos quase como carne de canhão para as suas "guerras", destruindo a nossa Armada...
Não voltámos a ser quem éramos, não aproveitámos muitas das oportunidades que tivemos. Além de vários reis de triste memória, ainda recebemos a triste combinação de sal com azar (Salazar)...
E mesmo com um Abril luminoso, nunca mais nos erguemos. De dependência em dependência, ainda buscamos a nossa identidade, com uma certeza, que vem do tempo de Viriato: apesar da proximidade geográfica, Lusitãnea é completamente diferente de Ibéria.
E porque o 1º de Dezembro de 1640 foi um dos vários dias da Libertação, que tivemos ao longo da nossa história, nada como este "25 de Abril" de Nikias Skapinakis, para colorir as minhas palavras.