sábado, novembro 30, 2019

Gente com Cada vez Menos Palavras no Bolso...


Estávamos sentados à mesa e estranhamos o silêncio das duas únicas crianças que estavam em casa. Algo impossível noutros tempos, em que se tinha uma atenção especial à escada, que era descida e subida em correrias levadas da breca... Estavam presos aos sofás da sala pelos telemóveis, onde deviam correr, mas apenas com os olhos e os dedos...

Na mesa, o uso abusivo do telemóvel foi transportado para o desconhecimento de palavras, que fujam do "vocabulário básico" usado nas mensagens, nos jogos e nas redes sociais, que substituem cada vez mais, uma boa conversa... Com exemplos e tudo, dados pelos dois professores presentes.

O Chico falou dos livros que hoje não se lêem (ou se lêem cada vez menos...), onde descobríamos uma porção de palavras novas. E eu acrescentei a quase ausência de conversas, substituídas pela "conversa com os dedos", que enviam mensagens para cá e para lá, a um ritmo quase diabólico, mas utilizando quase sempre as mesmas palavras, e até abreviações...

São os tempos modernos, da economia das palavras, da gente com cada vez menos palavras no bolso...

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)

sexta-feira, novembro 29, 2019

Finge-se Muito, nesta Coisa que é o Ser-se Português...


Eu já sabia, há muito tempo, que não somos um país de gente que "dá murros na mesa". Somos sobretudo povoados por fulanos que quando se irritam, agarram-se aos outros, e pedem-lhes que não os libertem, porque são "capazes de desgraçarem a sua vida"...

Preocupam-se muito com os problemas que nos afligem a todos nós, mas esperam sempre que alguém dê o primeiro passo, que arrisque, que grite. E depois se as coisas correrem bem, até são capazes de saltar para a frente e esgotarem os fatos de "super-heróis", preparados para o carnaval, que sempre foi móvel...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

quinta-feira, novembro 28, 2019

O Deslumbramento...


Mesmo quando pensamos estar preparados, para exercer determinados cargos ou funções, ao sentirmos quase todos os holofotes a incidirem por cima de nós, e à nossa frente, pode acontecer o inexplicável. Como por exemplo, fazer com que nos "espalhemos ao comprido".

É mesmo muito difícil resistir ao deslumbramento, sem se ficar com marcas (internas e externas)...

Nem todos transportamos dentro de nós a "estrela" e o "brilho" do nosso chefe de Estado (eu diria mesmo, que são raros...), que lhe dá o à vontade, para ser ele a perseguir os "holofotes", se necessário for...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quarta-feira, novembro 27, 2019

Palavras, entre o Sábio e o Sensato...


A experiência de vida faz-se notar de várias maneiras: através dos cabelos brancos, das rugas, mas sobretudo, da oferta de palavras, umas vezes sensatas, outras sábias.

Falou-se da deputada do Livre e no "lastro" que deixa quase todos os dias, por onde passa, dentro e fora do parlamento. 

O Carlos fez jus das suas barbas, quase de Pai Natal, ao explicar-nos:

«Todos nós conhecemos pessoas, que têm o condão de atrair problemas. E quando são boas nisso, é vê-los chegar,  uns atrás dos outros. O que nos vale é que acabamos por perceber, mais tarde ou mais cedo, que são elas próprias, o problema...»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

terça-feira, novembro 26, 2019

Os Sonhos não Voam no Dia Seguinte...


O que escrevi ontem foi falado hoje à mesa do café.

Quem é pessimista por natureza, tem medo dos dias seguintes, do que vem depois da festa. Ao ponto de ser capaz de amaldiçoar todos os dias vinte e seis das nossas vidas...

De Abril, por ter escancarado as portas aos oportunistas; de Novembro, por ter fretado aviões para os fascistas.

Não valeu de nada eu dizer, que "os sonhos não voam no dia seguinte..."

Depois da conversa, vinha na rua a conversar com "os meus botões", às vezes com som (pois é, eu sou como os maluquinhos, gosto de falar comigo nas ruas...), satisfeito por não ter nenhum amigo a querer que Abril seja Novembro... 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, novembro 25, 2019

25 de Novembro


Podia falar de várias coisas, neste 25 de Novembro, que 44 anos depois, tem a "novidade" de ver alguém fingir que descobriu a pólvora, ao ponto de querer colocar este golpe militar, ao mesmo nível do 25 de Abril. 

Essa ideia só poderia "nascer" no seio de gente com pouco conhecimento de história, e sempre à espera de uma oportunidade, para dar nas vistas, mesmo que seja pelos piores motivos.

Mais de quatro décadas depois, não é difícil chegar à conclusão, de que não foi uma mudança totalmente feliz, nem mesmo para os seus principais protagonistas (Melo Antunes, Ramalho Eanes e Vasco Lourenço). O objectivo do "grupo dos nove",  era evitar uma "guerra civil", mas... 

Acredito que estavam longe de pensar, que com o 25 de Novembro seria possível "recuar" quase até ao 24 de Abril, muito menos em oferecer o poder económico às mesmas famílias que dominavam o país durante a ditadura. Mas os golpes políticos nem sempre se conseguem fixar nos seus objectivos, e foi vê-los regressar à "pátria amada", vindos do Brasil e Espanha...

Sei que seria mais feliz falar de Jorge Jesus, que conseguiu antecipar o Natal no Rio de Janeiro, mas o céu hoje nem sequer está pintado de azul.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

domingo, novembro 24, 2019

Os Leitores é que Decidem...


Neste ano de centenários literários, de esquecidos e recordados, de quem fica e de quem parte, a Sophia ficou com os melhores bocados do "bolo". 

Isso não aconteceu por acaso. Ela é não é apenas diferente dos outros (neste caso particular de Fernando Namora e de Jorge de Sena), é melhor.

Sei que estas palavras poderão ser polémicas, mas não é esse o seu objectivo. Trata-se apenas de uma pequena análise pessoal (embora goste muito mais da Sophia que de Namora ou Sena), sobre o que se continua a ler e porque se continua a ler... 

A única coisa que sei, é que a "imortalidade" dos escritores é decidida sobretudo pelos leitores, por muito que os editores se esforcem. E claro pela qualidade dos escritores. A "vulgaridade" da escrita terá muito poucas possibilidade de resistir ao tempo...

A Sophia só quis ser poeta, das melhores, mesmo quando escreveu histórias infantis. O Sena quis ser tudo e mais alguma coisa, complicando a vida a quem passa a vida a fazer "rascunhos". O Namora nunca saiu do "Domingo à Tarde", poderá ter-se esforçado muito, mas nunca conseguiu ser um grande escritor.

Claro que tudo isto é muito simplista. Mas a única coisa que eu queria deixar bem clara, é que são sempre os leitores que decidem o destino dos escritores e dos livros...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

sexta-feira, novembro 22, 2019

A "Corrida ao Ouro" dos Nossos Tempos...


Acredito que ainda existem algumas pessoas (embora devam ser cada vez menos...), que acreditam que o dinheiro não traz felicidade... 

Se em relação ao "alívio" das costas que proporciona, terá muitos mais "crentes", com toda a certeza, em relação à infinidade de prazeres, que pode "comprar", nem é bom falar...

Para lá das mulheres bonitas (nas conversas "compram-se" sempre mais mulheres que homens bonitos, não sei porquê...), é o dinheiro que compra os "ferraris", as quintas com cavalos, as viagens de cruzeiro e as manhãs fartas de golfe...

A falta de assunto transporta-o para conversas, quase invejosas, em mesas de cafés, onde se partilham sonhos diários que se "materializam" nas tabacarias, transformadas em "casas da sorte", onde gente madura de ambos os sexos, constrói filas infindáveis, "viciados" na troca de moedas de um euro por "raspadinhas", enquanto não surge a terça e a sexta do "euromilhões"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quinta-feira, novembro 21, 2019

Estes Dias com Nuvens...


Não há nada como estes dias, que fingem ser de Inverno, para quem gosta de "apanhar boleia das nuvens", e andar por aí, meio perdido, quase à boleia do vento...

(Fotografia de Luis Eme - Monte de Caparica)

quarta-feira, novembro 20, 2019

"Crime e Castigo" em Almada


A Casa da Cerca volta a receber uma exposição comissariada por Jorge Silva, desta vez com ilustrações da literatura policial portuguesa, com o título, "Crime e Castigo".


É extraordinário o efeito das capas dos pequenos livros, em tamanho de poster. Só assim olhamos com olhos de ver para a sua qualidade artística (e muitas delas foram mesmo feitas por grandes artistas plásticos portugueses...).

É uma exposição simples, mas bonita, e que vale a pena apreciar...

(Fotografias de Luís Eme - Almada)

terça-feira, novembro 19, 2019

A Falta de Memória do Futebol...


Faz-me confusão a quantidade de pessoas, pelo mundo inteiro, que depois de tantos recordes, tantos títulos e tantos golos, ainda continua a colocar em causa a qualidade futebolística de Cristiano Ronaldo.

Por estar com problemas físicos (informação dada pelo seu treinador e por ele próprio) e por não gostar de ser substituído (visionado pelo mundo inteiro e assumido pelo jogador), tem sido alvo de todo o género de ataques, alguns de onde menos se esperava, da própria Itália, que viu Ronaldo colocar a Serie A, de novo, no topo nas principais ligas de futebol da Europa...

Um treinador italiano de renome mundial até foi capaz de dizer a patetice, mentirosa, de que Cristiano não faz um drible há três anos (além de driblar em todos os treinos, também o faz em quase todos os jogos... claro que há muito tempo que não faz "números de circo", por saber que são quase sempre inconsequentes...).

Sei que o futebol é a área social com mais falta de memória, passa-se de besta a bestial e vice-versa, em minutos, mas Cristiano Ronaldo é Cristiano Ronaldo.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

segunda-feira, novembro 18, 2019

Os Três "Falsos Cavalheiros"...


Quando cheguei à paragem do autocarro, estavam lá apenas duas pessoas.

Alguns minutos depois, quando chegou o primeiro autocarro, já éramos uma dúzia.

As pessoas de idade - como de costume - são quem menos respeita a ordem de chegada. Nada que me preocupe, até por a minha viagem ser curta, pouco mais de cinco minutos.

Mas achei curioso que três homens de idade me passassem à frente e depois quando já estavam quase a entrar, interrompessem a marcha para deixarem passar duas senhoras da sua geração, tendo um deles dito com alguma vaidade "primeiro as senhoras". Esqueceu-se foi que atrás dele estavam duas senhoras de cor, que me olharam com cara de caso e responderam-lhe com alguma lata, "Então e nós?". 

Eu deixei-as passar à minha frente e disse-lhes que era por virem de calças, o que as fez sorrir.

O mais curioso foi elas fazerem questão de se sentarem ao lado de dois dos três "maduros"... Até porque havia mais lugares sentados vagos (fizeram-lhes quase marcação cerrada).

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

sábado, novembro 16, 2019

A Verdadeira Paternidade e a Quase Acidental...


As primeiras palavras do título do livro de António Policarpo, apresentado hoje na Cova da Piedade ("Pais Fundadores"), fizeram-me pensar que, sim, há fundadores e fundadores, das Associações, Colectividades, Clubes ou Sociedades - há denominações para todos os gostos. 

Há aqueles que assumem mesmo a sua "paternidade" e fazem tudo para que o crescimento do Clube que ajudaram a criar, seja harmonioso. E depois há os outros, cujo nome consta na lista de fundadores, mas pouco mais fizeram, além de terem emprestado o seu nome, para que ficasse para a história (mesmo que a sua fosse e seja tão insignificante...).

Infelizmente, também é assim na vida, o que não faltam por aí são pais ausentes...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, novembro 15, 2019

É Bom Quando o Povo Ergue a Voz e se Levanta...


É uma coisa rara, mas de longe a longe, o povo ergue a sua voz e levanta-se, para lutar pelos seus direitos. Tem quase sempre razão. E por muito que os governantes se esforcem para o silenciar, menorizando as suas palavras, muitas vezes com o recurso a "leis", "pareceres técnicos" e essa coisa que chamam "interesse nacional", nada o faz demover da sua "luta", contra aquilo que considera nefasto para todos.

E nem mesmo a presença das forças da autoridade o fez arredar pé. Foi assim com a plantação de eucaliptos em Valpaços, em 1989, e também com o célebre "buzinão" na Ponte 25 de Abril, em 1994. Em ambos os casos, apesar do uso da violência, o Povo  não baixou os braços e obrigou o governo a recuar...

Espero que aconteça o mesmo com as manifestações contra a exploração do lítio, que os habitantes de Boticas (e das outras regiões) não percam a coragem e sigam estes exemplos na defesa dos seus interesses, na defesa do ambiente e da sua qualidade de vida - que como de costume, são os interesses de todos nós, mesmo que estejamos distantes.

Nota: Se puderem, leiam o artigo de opinião de Daniel Deusdado, publicado hoje no "Diário de Notícias".

(Fotografia de Luís Eme - Serra da Estrela)

quinta-feira, novembro 14, 2019

Não há Mesmo...


Já foi, mas os cartazes continuam por aí, espalhados pela cidade.

Embora seja uma "verdade lapalisiana", não deixa de ter alguma graça o seu uso, até para encontros de arte, que querem ser diferentes (aliás, emergentes, entre outras coisas) dos outros...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

quarta-feira, novembro 13, 2019

A Vida Pública e a Vida Privada...


Percebe-se através das chamadas "notícias mundanas", que é cada vez mais difícil separar a vida pública da vida privada.

Há quem diga que o problema está em abrir a "porta de casa ao mundo", mesmo que isso apenas aconteça  uma vez... Mas percebe-se que o problema é bem mais complexo que isso...

O último caso mediático que nos fala da dificuldade que existe em se "separarem as águas", teve como protagonistas quatro jogadores de futebol sul-americanos, do FC Porto, suspensos pelo clube, por estarem presentes na festa de aniversário da mulher de um deles, a horas impróprias.

O mais curioso, foi este caso ter-se tornado público graças à aniversariante, que colocou as imagens e videos da festa nas suas contas das redes sociais. Ou seja, nem foi preciso os jornalistas das revistas coloridas "fabricarem a notícia", ela saiu directamente da fonte...

Tudo isto só me merece um comentário: a vaidade é terrível. E pode sair cara (o que aconteceu neste caso particular, aos quatro futebolistas...).

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

terça-feira, novembro 12, 2019

Nunca Sabemos o que se Esconde Atrás dos Muros de Nuvens...


O que aconteceu na Bolívia nos últimos dias, é apenas mais um dos vários golpes políticos, que têm conseguido virar de pernas para o ar, os vários países da Latina-América, quando tentam caminhar na direcção das "setas" indicadoras do socialismo e do comunismo.

Mesmo que não seja adepto das "teorias de conspiração", não posso deixar de pensar nos relatos de alguns amigos comunistas, que sempre que acontece algo de anormal por aqueles lados, apontam o dedo à CIA e aos EUA. 

E se estivermos atentos à história recente da América do Sul, é difícil não lhes dar razão...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, novembro 11, 2019

O Nosso São Martinho


Dois amigos que estavam a meu lado durante o almoço transformaram a refeição num quase "duelo de palavras". Por vezes mais acesas, ao ponto de um dos nossos "moderadores" tentar - sem sucesso - colocar ordem na mesa, com o argumento de estarmos a incomodar a vizinhança.

Mas percebia-se que a vizinhança até estava a gostar daquele "teatrinho", tal como nós.

Foi quando o Chico lembrou o Carlos que era dia de São Martinho e perguntou-lhe se não havia umas "castanhitas para a malta".

Ele ficou um pouco surpreendido e desarmado com o pedido. M o que é certo, é que depois de nos trazer os cafés, apareceu com dois pratos de castanhas cozidas e um jarro de água-pé.

O Chico quase que nos segredou que o Carlos devia ter ido comprar as castanhas no mini-mercado ao lado, só para que festejássemos o São Martinho na sua "casa".

É por estas pequenas coisas que gostamos de almoçar no "Olivença"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

domingo, novembro 10, 2019

«Em que vos posso ser útil?»


Tirei este título, "Em que vos posso ser útil?", de um artigo de 2006, que se reporta à visita de Luís Miguel Cintra, à reitoria da Universidade de Letras de Lisboa, no âmbito do Fatal (Festival Anual de Teatro Académico), que não sei se ainda se faz (a "troika" conseguiu acabar com demasiados festivais de teatro e cinema de Norte a Sul)...

Pensei nele porque há dias cruzei-me com uma professora amiga que me desafiou para visitar a sua escola e ir falar sobre fotografia aos alunos, eu que finjo que não sou "fotógrafo" (e não sou, sempre que posso fujo da técnica, dos truques e segredos, refugiando-me apenas no que os meus olhos querem ver e descobrir...), porque pertenço mais ao mundo das palavras. 

Mas depois pensei que podia falar das duas coisas, de fotografia e de palavras (palavras de grandes fotógrafos...), puxando pela criatividade e pelo pensamento autónomo dos alunos, que como se diz por aí, eles usam menos do que deviam, porque a coisa mais fácil sempre foi seguir o "rebanho", especialmente na adolescência.

Mas não se pense que são apenas os jovens que evitam pensar pela sua cabeça, os adultos gostam de fazer o mesmo. Como de costume, a descoberta do bebé por um "sem-abrigo", filho de uma jovem "sem-abrigo", deu espaço para todos os disparates (o "facebook", pelo que me contam, continua a ser rei e senhor da "ignorância", da "esperteza saloia", e pior de tudo, do "insulto fácil", mas isso são outros "quinhentinhos"...).

Desde a "estátua" que querem erguer ao "sem-abrigo" (desconfio que ele agradecia mais um quarto e uma mesada...) ao linchamento público que querem fazer à "rameira" e "drogada" (só falta fazerem o que ainda se faz pelo Oriente, acabarem com a sua vida à "pedrada"...).

Tudo isto para dizer, que faz tanta falta neste país (e no Mundo...), as pessoas pensarem pela sua cabeça. Um bocado de cepticismo num fez mal nenhum ao mundo... E isso tem de começar nas escolas, os jovens têm de ser educados a pensar pela sua cabeça, a não a acreditar às primeiras, em tudo o que lêem...

Sei que falar disto na escola, é mais importante que falar de fotografia ou de livros...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, novembro 08, 2019

Heroísmo é Outra Coisa...


O Presidente da República chamou heroísmo, ao acto de um homem, "sem-abrigo", que ao ouvir o choro de um bebé, acabou por se aproximar de um "ecoponto" de embalagens e retirou um recém-nascido, sem qualquer peça de roupa e pediu ajuda médica. Hoje soube-se que fora depositado lá pela mãe, uma jovem de 22 anos, também ela, sem-abrigo, pouco tempo depois de dar à luz, em plena rua, sem qualquer apoio.

Eu chamo-lhe apenas humanismo, o acto deste homem. E não consigo ver nada de heróico no seu gesto, tal como no técnico do INEM, que não fez mais do que aquilo que é a sua função, prestar os primeiros socorros a quem sofre qualquer acidente, antes de o transportar para o hospital.

Acho que nem é bem o País, é mais o Presidente (e as televisões, claro, todas), que vive sedento de "histórias" e de "super-heróis" (deve ser por isso que gosta tanto de dar medalhas...).

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

quinta-feira, novembro 07, 2019

Encontros com a Sophia na Graça...


Não foi de propósito nem um mero acaso, ter-me encontrado hoje com a Sophia, na Graça, um bairro especial de Lisboa, por tudo aquilo que nos oferece, enquanto varanda da Capital.


Tinha de passar por lá, apenas me limitei a fazer um desvio até ao seu miradouro. E depois encontrei-a, novamente, no meio do caminho, a espreitar dentro de uma parede (algo que só as "Poetas-Fadas" conseguem)...

(Fotografias de Luís Eme - Lisboa)

quarta-feira, novembro 06, 2019

Um Poema (meu) para a Sophia...


Porque hoje a Sophia faz anos (muitos...), público um poema que escrevi para ela no princípio do milénio...

Sophia
  
O mar azul e branco
torna-se mais expansivo,
e tocante,
depois de sentir
a luminosidade,
o perfume
e o encanto
das tuas palavras...

  
E a Sophia continua a ser a minha poeta...

(Fotografia de Eduardo Gageiro - Lisboa)

terça-feira, novembro 05, 2019

Uma Queda e um "Filósofo"...


Uma senhora caiu no chão, na passadeira, a pouco mais de um metro de mim. Ajudei-a a levantar-se e depois de vermos que estava tudo mais ou menos bem, culpámos a estrada de calçada, desnivelada, tal como quase todos os passeios de Almada.

A meu lado apareceu um amigo de um amigo, que já não via há uns tempos. Uns metros mais à frente brincou com a situação e disse-me que devia ajudar a levantar raparigas mais novas e deixar as senhoras para ele.

Sem deixar de sorrir, disse-me, a meio da conversa: «Dançar bem era um bom atributo na minha juventude. Facilitava bastante o contacto com as raparigas nos bailes.»

E depois questionou-me, se sabia o que dava bastante jeito aos homens de agora. 

Disse-lhe que não fazia ideia.

Foi quando ele se saiu com uma daquelas frases, que no mínimo nos deixam a pensar, mesmo que tenha mais pés que cabeça:

«Hoje um bom atributo masculino é mentir. Mas mentir à grande e à francesa. As mulheres sempre gostaram que lhes contássemos mentiras. Sabem que tudo o que tenha o "selo da verdade" é uma chatice.»

E entretanto estávamos na esquina a despedir-nos, sem tempo para contraditórios...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

segunda-feira, novembro 04, 2019

Instabilidades e Memórias...


O tempo instável tanto pode ser uma coisa boa como uma chatice do caraças.

Depende dos momentos, de como usamos e abusamos do Sol, da Chuva ou das nuvens.

Sabe bem estar perto de uma janela a ver a chuva a cair e as pessoas a circularem, com e sem chapéus (é coisa que me ficou da meninice, da visão da janela da sala, onde ficava, quase hipnotizado a ver a chuva a cair, as pessoas a fugirem das poças de água  - a estrada ainda não estava alcatroada - e a esquivarem-se dos poucos carros que circulavam e as "pintavam" de castanho...).

Menos bom é olharmos para o relógio e percebermos que temos de nos fazer à rua, sem chapéu de chuva, quando a água promete cair sem parar...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

domingo, novembro 03, 2019

Sena Está Esquecido?


Embora Jorge de Sena não seja um dos escritores que mais aprecio, estranhei a ausência de notícias em jornais como o "Expresso" ou o "Diário de Notícias", no dia em que o professor, ensaiasta, poeta, dramaturgo e ficcionista (abordou praticamente todos os géneros literários...), fez 100 anos.

Não acredito que este "esquecimento" se deva ao facto de ter vivido exilado no Brasil e nos Estados Unidos da América (sempre gostámos do que vem de fora...). 

Mas também não consigo encontrar qualquer explicação para este silêncio...

(Fotografia de Luís Eme -  Almada)

sábado, novembro 02, 2019

Hoje é Sábado e Parece Domingo...


Quando há um feriado à sexta-feira, quando chego ao sábado, penso sempre que é domingo.

Ainda estava na cama e já pensava dar um salto à Costa, para ver quantos vendedores de quinquilharias (sim também tem velharias...) não tinham medo da chuva. Mas depois percebi que era sábado. Não havia Costa mas havia Alfama. Sim, podia atravessar o rio e ir à Feira da Ladra...

Normalmente não falo aqui no "Largo" de outros blogues. Não é que me cause qualquer constrangimento, é mais pensar que quem por lá passa sabe que eles são bons, e faz como eu, passa por lá todos os dias.

Mas hoje apetece-me mesmo falar do "Cais do Olhar", muito bom para quem gosta de livros. E ainda de "A Página Negra", que além dos livros também abraça o bom do cinema. Há ainda o "Sound + Vision", que tem tudo isso de que já falámos, mais música (até Ópera...) e teatro. E termino com o "Malomil", que é quase uma loja daquelas mágicas, com "montanhas" de coisas bonitas e curiosas.

Se vos apetecer, passem por lá. Estão sempre cheios de histórias e de pessoas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, novembro 01, 2019

A Procissão de Cacilhas


Hoje foi dia de Procissão em Cacilhas. Procissão que se realiza desde o século XVIII para agradecer aos Santos e Deuses, a ajuda que deram ao fim do "maremoto" de 1755, que se seguiu depois do sismo, e que invadiu as ruas da localidade ribeirinha, deixando um rasto de destruição, um pouco por todo o lado.

Uma das fotografias mais curiosas que tirei, foi esta, da passagem (e paragem...) da Nossa Senhora do Bom Sucesso pelo busto de José Elias Garcia, uma das grandes figuras que nasceram em Cacilhas.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)