segunda-feira, agosto 31, 2009

A Nossa Publicidade (10)

Das marcas que me lembro desde sempre, de uso doméstico, há duas que têm resistido ao tempo, com sucesso e sem medos da concorrência.

São a "Vaqueiro" e a "Skip". Ambas sacodem a "concorrência" graças à qualidade...
Olho para o lado e não encontro a "Planta", o "Omo", a pasta "Couto" (mesmo sendo medicinal...) ou a "Farinha do Amparo"...
A imagem é de 1967...

quinta-feira, agosto 27, 2009

Um Pé Já Está de Fora

Não sei explicar muito bem porquê, mas sinto que a "blogosfera" já não é o que era, pelo menos para mim.

Não me apetece "postar", muito menos comentar.
Olhando de relance para alguns lugares por onde costumo passar, parece que toda a gente "está a votos".
Talvez depois de Outubro as coisas normalizem. Talvez depois de Outubro já tenha "remado" para outro rio...
Mas nunca pensei que os blogues (e os blogueiros) se tornassem tão partidários e ao mesmo tempo tão patéticos.
Não gosto nada desta "futebolização" da política, em que se faz uma leitura facciosa e "cega" da realidade (consoante os interesses, socráticos ou ferreiristas).
A nível local passa-se a mesma coisa. Criam-se blogues anónimos apenas para dar largas ao desvario e ao insulto, como se isso conduzisse a algum lado, para além do descrédito de quem não consegue ser tão anónimo como pensava, inicialmente...
Nem sequer digo: «malditos assessores», nem, «anda pacheco», eu é que devo ser um gajo estranho como o caraças...

domingo, agosto 23, 2009

A Simplicidade das Crianças...

Nem sempre nos lembramos que o "mundo" das crianças é bem mais simples que o nosso...

É por isso que precisamos que aconteçam algumas pequenas peripécias, para descobrirmos que nem sempre usamos as palavras da melhor maneira.
Estava em plena auto-estrada quando passámos por um citroên "dois cavalos". Chamei a atenção dos meus filhos. O problema foi que a minha filha olhou para ambos os lados e nada de "dois cavalos", para a baralhar ainda mais, disse que era o verde claro... ele deve ter pensado que cavalos verdes, só mesmo nos desenhos animados.
Quase de imediato, gargalhada geral, lembrámos-nos que a miúda de cinco anos estava cheia de razão, ainda ninguém lhe tinha explicado que existe um carro que foi baptizado há várias décadas de "dois cavalos", pela sua baixa cilindrada e pela singularidade do seu "andar", especialmente nas curvas...
Esquecemos que no "mundo" da Sofia um cavalo é um cavalo e um carro é um carro...

sexta-feira, agosto 21, 2009

A Banalidade do Segundo Lugar

Graças a este tempo quente, tenho acompanhado os Mundiais de Atletismo com mais atenção.
Além da superioridade de Bolt na velocidade (parece uma coisa do outro mundo), das mulheres que se confundem com homens, devido à sua massa muscular, o que salta à vista é o facto de
continuarmos a "anos luz" de toda aquela "constelação de estrelas". Nelson Évora e Naide Gomes são os únicos que fazem parte daquele "céu"...
Mesmo assim notei que o segundo lugar de Nelson no triplo salto, teve muito pouco eco entre nós, como se a prata não tivesse qualquer significado, ou se ele saltasse sozinho e como tal fosse obrigado a ganhar.
Parece que nós portugueses só gostamos de vitórias, especialmente das dos outros (para contrabalançar com as nossas vidas...). E como o Benfica parece estar novamente na mó de cima, a maior parte de nós voltamos ficar felizes (seis milhões é muita gente)...

Nota: Só falta o Sócrates lembrar-nos que também é benfiquista, até tem acções da SAD e tudo...

quarta-feira, agosto 19, 2009

O Silêncio é de Ouro

É quase uma máxima, e é verdade, «o silêncio é de ouro.»

Quem tem ou teve filhos pequenotes sabe bem do que estou a falar. É quase sempre assim: quanto mais precisamos de silêncio ou de sossego, depois de um dia de trabalho, é quando o "baile" é armado em casa...
Mas nem estava a pensar neles quando valorizei o silêncio. Estava sim a pensar no silêncio, quase misterioso, que ecoa em algumas pessoas. Quase que se limitam a dizer o indispensável.
O meu pai era um pouco assim. Por isso é que tem sido curioso descobrir muitas coisas sobre a sua vida, em conversas com algumas pessoas que o conheceram bem, especialmente na juventude.
Noto que cada vez valorizo mais o silêncio, detesto estar junto de "gralhas" (pessoas que não se calam um minuto e que estão quase sempre a falar das suas "vidinhas", com um exagero aqui e outro ali).
Mas a vida é assim, feita de desiquilibrios que tentamos equilibrar...

sábado, agosto 15, 2009

Viver na Aldeia dentro da Cidade

Há muitas pessoas que vivem nas cidades, que nunca se quiseram adaptar ao seu dia a dia. Tentaram, sempre que lhes foi possível, manter os hábitos com que cresceram nas suas aldeias.

Nós, muitas vezes caímos na tentação de dizer que elas não evoluíram, apenas por não quererem ser "gente da cidade"...
Para evitarem o vazio e a obrigatoriedade da mudança, patrocinaram a criação de pequenas comunidades, de conterrâneos e familiares, junto aos bairros que escolheram para viver. Aqueles que levaram o "saudosismo" ao extremo, ocuparam terrenos baldios para instalarem pequenas hortas, não tanto pelo valor das searas, mas sim para manterem viva a paixão pelos campos...
Outro aspecto no qual fazem a diferença é na manutenção do hábito de usar o "fato ou vestido de domingo", com que vão à missa, ao café ou ao restaurante.
Curiosamente, estas pessoas são contraponto de outras, que assim que chegam às cidades, quebram todas as amarras que os ligam aos lugares onde nasceram, em nome da modernidade.
Querem lá saber dos campos onde soltaram tanto suor e até sangue e lágrimas, ou das pessoas "rústicas" da aldeia...

sexta-feira, agosto 14, 2009

«Morte ao Rei!»

Não se assustem, este título não passa de uma provocação.

A questão "real" veio mais uma vez à baila graças à brincadeira de um bando de "garotos" que têm um blogue e gostam de fazer filmes em que são os protagonistas principais e que tinham como aspiração ser os novos "heróis" da blogosfera...
Passando por cima de toda esta "poeira", é preciso dizer, que ao contrário do que algumas pessoas pensam, nós não éramos mais felizes nem mais prósperos quando tínhamos um rei.
Ao longo da nossa história de quase oitocentos anos de monarquia, são poucos os reis que tiveram um papel importante no nosso desenvolvimento e na nossa história (colocando de parte todas as lendas e o misticismo, claro).
Quando se deu a Primeira República o país estava praticamente ingovernável e na banca rota, porque não havia dinheiro que chegasse para "pagar" as mordomias do rei e da sua vasta "corte". Mesmo com a maior parte dos portugueses a viver miseravelmente e numa grande ignorância (a taxa de alfabetismo era inferior a 30% em 1910)...
É importante frisar que os primeiros governos constitucionais conseguiram equilibrar as finanças do país, até ao começo da Grande Guerra em 1914, moralizando os processos da administração pública e a vida social, melhorando as condições de vida da população em geral, tornando por exemplo a educação e a saúde muito mais acessíveis.
Claro que não há país que consiga resistir a uma Guerra como a de 1914 que durou mais de quatro anos e na qual fomos "obrigados" a participar, para não perdermos as colónias e a nossa independência...
Por tudo isto: «Viva a República!»

A imagem mostra-nos Afonso Costa a desembarcar em Cacilhas, ele que foi um grande ministro da justiça e das finanças, antes da Grande Guerra...

terça-feira, agosto 11, 2009

Outras Fitas

Tenho aparecido por aqui menos, porque estou na fase mais complicada de um livro, as últimas "arrumações" para a viagem para a tipografia. É por isso que tenho aparecido muito menos por aqui, nem sequer tenho respondido aos comentários...

Em princípio amanhã ela já está na tipografia e já posso respirar mais calmamente.
Mesmo assim não resisto a falar de um livro que comecei a ler apenas para descontrair, "Outras Fitas", de Eduardo Guerra Carneiro, poeta e jornalista que já não está entre nós.
É um livro curioso e muito interessante. Curioso porque o autor fala de si na terceira pessoa do singular, coisa rara. Eu nunca me tinha visto a escrever sobre mim do género, «ele fez isto, ele olhou assim...»
Mas estou a gostar de ler. É um livro leve, bem escrito e que fala de pessoas e lugares de Lisboa, de uma forma especial, e claro de cinema...

sábado, agosto 08, 2009

Raul Solnado (1929 - 2009)


A capa do livro de Leonor Xavier diz tudo, deste extraordinário actor, que nos deixou hoje.

Além de ter sido uma das grandes figuras da Cultura portuguesa nos últimos sessenta anos, nunca se esqueceu de ser solidário. Foi graças à sua persistência que a "Casa do Artista" se tornou realidade...

sexta-feira, agosto 07, 2009

Histórias de Jazz

A leitura deste livro de José Duarte, no qual, além da introdução histórica deste género musical feita pelo autor, fazem também parte 29 histórias de jazz, escritas por 29 personalidades portuguesas, fez com que me apetecesse escrever a minha história sobre jazz.

Escrevi assim:

Gosto de jazz, porque é a música que sinto mais próxima da liberdade, no seu sentido mais amplo, quer ao nível da criação, dos movimentos ou do som.

De repente parece-me que os instrumentos ganham vida própria, fintando as pautas musicais, os dedos e boca dos executantes exímios, contrariando os acordes pré-estabelecidos.
Claro que não é bem assim, até a inspiração que nos parece momentânea obedece a ensaios. Aquilo que parece ter caído do céu, só costuma nascer após horas e horas de trabalho...
Mas mesmo assim prefiro pensar que tudo aquilo é improvisação, tudo aquilo é "teimosia" do saxofone, do clarinete, do trompete, do piano ou do violão...

quinta-feira, agosto 06, 2009

«Que Coisa Tão Esquisita!»

Quase todos somos assim, mesmo quando pensamos que não somos preconceituosos, achamos esquisito o que foge da nossa "norma"...

Fiz esta afirmação depois de passar por mim um casal de homens, que não enganavam ninguém (nem queriam, provavelmente...). Um deles quase homem, o outro quase mulher. Ou seja, completavam-se sem fugirem muito à "natureza divina".
O mais feminino já devia ter ultrapassado os cinquenta, era pequenino e magro, tinha o cabelo curto, pintado de louro à "Herman José", assim como os olhos e os lábios. Vestia calças de ganga e uma camisa garrida, calçava sandálias de salto alto (os pequeninos são assim, querem ser grandes, até o Sarkozi usa sapato de tacão alto...). E claro, enquanto falava remexia-se todo.
Depois de ter dito, «que coisa tão esquisita», fiquei a pensar que devia perder a mania de dizer que não era preconceituoso. E deu-me para defender aquele homem que talvez quisesse ser mulher, que aquela era a sua natureza, que era assim que se sentia bem. Da mesma forma que há mulheres que gostam de se vestir e andar à "camionista"...
Não tinha uma imagem ilustrativa da "cena" à mão, mas como me deu para pensar, e como em frente ao mar dá-me para quase tudo, escolhi esta fotografia de Santa Cruz, cujo autor desconheço...

terça-feira, agosto 04, 2009

Ilusão Óptica

Ao olhar para esta fotografia, parece que os cacilheiros vão chocar, quando na verdade estão a mais de duas dezenas de metros...

Pois é, muitas vezes que aquilo que parece não é...
Claro que não estou a pensar no Isaltino, na Fátima ou noutra personagem das nossas telenovelas, entre o político e o policial, capazes de brincar à justiça, até à exaustão.
Estava a pensar em coisas mais simples, como um banal reflexo no vidro, capaz de nos ludibriar e fazer pensar em coisas absurdas.
Não gostasse eu de pensar e escrever coisas absurdas...

domingo, agosto 02, 2009

No Teu Deserto...

Levo sempre mais de meia dúzia de livros para férias.
Este ano a "coqueluche" era o quase romance, "No Teu Deserto", de Miguel Sousa Tavares.
Claro que li outros livros: "Budapeste", de Chico Buarque (gostei bastante desta deambulação entre duas cidades, dois países, duas mulheres, duas línguas... e claro da história desconcertante, sobre o mundo dos escrivões anónimos que emprestam o talento a algumas "marionetes" que se disfarçam de escritores - até assinam autógrafos e tudo -, esquecidos que não somos todos burros...); Vasto Mar de Sargaços", de Jean Rhys (uma vulgaridade...); "A Virgem e o Cigano", de D.H. Lawrence (um bom livro, embora cada vez mais me questione sobre a intemporalidade das obras e dos autores. Tudo tem o seu tempo, salvo raras excepções...). Reli "Conversas", de Mário Ventura (entrevistas a escritores) e "Ficções de Humor" (que escolhas de contos tão manhosas...), da Tinta Permanente.
Mas vamos lá ao "quase romance" do Miguel.
A história do livro é bastante simples, trata-se do relato de uma viagem pelo deserto, de jipe, protagonizada por duas pessoas (o autor e a Cláudia), desde a partida de Lisboa até ao deserto do Sahara, com passagens repletas de aventuras por Espanha e Norte de África.
Comprei este livro com a secreta esperança de ser surpreendido. Não o fui. Nem tanto pela história, mas pela sua construção. Achei-o pouco verosímil (o que não devia acontecer, por se basear de um episódio real, segundo o autor). Não percebo como é que se começa uma história como narrador, explicando o porquê do livro, da revelação de uma história com vinte anos, e na qual se diz não precisar de inventar nada e depois colocar a personagem feminina (aparentemente falecida...) a falar na primeira pessoa em alguns capítulos.
Claro que o livro vai vender bastante, porque o Miguel desperta sempre curiosidade. Talvez tivesse sido mais inteligente da minha parte ler o "Equador", que espera e desespera na estante...