sábado, agosto 31, 2013

Ninguém Sabia se Ainda Iam a Tempo


Tinham esperado pelo fim de Agosto para arranjar as estradas principais, que foram coleccionado buracos nos últimos anos, provavelmente apostados na habitual falta de memória do "povo".
Os muros rente à escola e à Junta também foram pintados e de facto davam outro ar ao Lugar.
Até o parque infantil tinha recebido beneficiações e material mais moderno. Embora eles soubessem que as crianças não votavam, não podiam perder a oportunidade de porem em pratica mais uma "operação de charme", a pensar nos pais, esses sim, eleitores e dos bons.

Pelas vozes descontentes que se faziam ouvir no café, pensei que desta vez as coisas não iam ser tão fáceis. As favas não estavam contadas...

Mas podia ser tudo "teatro", até por fingirem não perceber porque razão o fundo do cartaz era azul e o símbolo do partido desta estava mais pequeno que o normal, quase escondido.

Eu percebia mas resolvi ficar em silêncio, até por votar numa outra Freguesia...

sexta-feira, agosto 30, 2013

Tudo é Possível...


Eu sei, há umas boas dúzias de anos, que tudo é possível neste país...

Não vou falar dos fogos que enegrecem os céus e a nossa alma, das mentiras de quem governa, muito menos dos negócios obscuros que os rodeiam, mas sim da palavra "prevenção". 

Ano após ano, é costume aparecer alguém na Primavera a falar da "prevenção", essa palavra estranha, para depois ser "abafado" pelas "correntezas" do poder. 

Nos últimos três anos surgiu mais uma novidade: quando se fala na tal "prevenção", há quem aponte o dedo aos desempregados e os ameace com as limpezas das matas. Não sei se eles se assustam com a proposta. Se se assustam não há necessidade, porque não passa disse mesmo, uma ameaça das que não são para cumprir. Provavelmente iria dar muito trabalho aos senhores dos centros de emprego, às autarquias e ao próprio governo.

Vou falar sim, do país das auto-estradas, que por esse interior fora, continua a ter estradicas de terra, estreitas e cheias de buracos, como se ainda estivéssemos nos anos sessenta do século passado...

Os bombeiros, aventureiros e generosos, na ânsia de acudir a gente que vive "atrás do sol posto", entram nos tais "caminhos de cabras", sem dizerem ao que vão,  fingindo não perceber o risco que correm...

E a resposta que recebem do país onde tudo é possível, é espalharem a infâmia de que os bombeiros voluntários não têm preparação para apagar fogos, como se fossem meros "agentes suicidários". Quem lança estas "atroadas" finge ignorar as horas que estes homens e mulheres passam, rodeados de chamas e fumo, mal alimentados e mal dormidos. 

Tenho cada vez mais vergonha de viver neste país, onde tudo é possível...

O óleo é de Munch.

quinta-feira, agosto 29, 2013

Longe e Perto


Estava a mais de dois mil quilómetros de casa.

Houve alguém que me ouviu falar português e com uma pronúncia desajeitada, 
perguntou-me pela Saudade.

Naquele momento pensei que podia ser pessoa conhecida, 
pois no nosso País há Marias da Glória, da Liberdade e até da Saudade...
Mas era mesmo a garota do fado, a "saudade vadia"...
Que tal como a Severa, não tinha idade.

O óleo é de Christopher Thompson.

quarta-feira, agosto 28, 2013

Os "Filmes" da Nossa Pobre Cultura


O Francisco quando deixou a secretaria de Estado de Cultura, foi substituído por um grande "Barreto", que não me apetece nada enfiar...

Se ele pouco fez, o substituto muito menos, muito menos. Claro, elegeu algumas "vedetas" para as fotografias do regime - a Joana Vasconcelos é um exemplo -, como costuma acontecer nos regimes totalitários e pouco mais...

Sobram algumas vinganças, que tanto têm sido servidas a quente como a frio, segundo testemunhos de alguns amigos, que conhecem muito melhor que eu os corredores do poder e as cada vez mais diminutas salas das redacções da comunicação social.

Não sei se a Maria João Seixas irá aguentar a forma cínica como o governo trata a Cinemateca e o cinema português, premiado internacionalmente, ano após ano, apesar de todos os cortes e virar de costas...

Gostava que ela aguentasse até ao fim, por várias razões, especialmente pelo cinema, esse mesmo, o que continua proibido de passar nas salas que restam da "américa"...

O retrato da Maria João é da Maluda.

terça-feira, agosto 27, 2013

O Quase Adeus do Sol na Barragem da Idanha-a-Nova


Passei pela Beira Baixa este fim de semana, sempre quente e seca no Verão.

Uma das formas de amenizar o calor era acabar o dia nas águas calmas da Barragem da Idanha-a-Nova, onde dizíamos «até amanhã», ao Sol...

domingo, agosto 25, 2013

As Mulheres Sempre Leram Mais Livros que Nós


Não tenho muitas dúvidas que as mulheres continuam a ser mais e melhores leitoras, que nós homens.

Há algumas décadas a leitura era uma das ocupações que mais as faziam sentirem-se livres. Através das páginas dos livros, o que elas viajavam e sonhavam...

Iam muito mais longe do que lhe era permitido pelas famílias e pela própria sociedade. Até porque a rua nesses tempos era território quase exclusivo dos "cães e dos homens".

Claro que há quem não concorde, inclusive mulheres.

Dizem que hoje existe um equilíbrio na leitura.

Eu disse, e digo, que não... 

Estou convicto que as mulheres continuam a ser mais amigas dos livros que nós.

Palavra de leitor!

O óleo é de Guy Pene de Bois.

quinta-feira, agosto 22, 2013

Conversas & Armadilhas


As conversas nem sempre são simples e abertas, muitas vezes prestam-se a "jogos", que acabamos por participar, quase inocentemente.

Não é por acaso, que nos interrogatórios policiais (e até judiciais...), depois do "susto" inicial, aparece alguém simpático, a tomar-nos por "velhinha" e a querer ajudar-nos a atravessar a rua... 

Uma das vantagens da idade, é a maior rapidez com que conseguimos detectar estes "jogos", permitindo que também façamos parte do jogo, escolhendo o ataque ou a defesa, para não acabarmos "derrotados"...

O óleo é de Alfredo Luz

terça-feira, agosto 20, 2013

O Sapo e as Princesas


Sei que elas são uma simpatia, sorriem sempre que podem, porque o patrão lhes disse que o cliente é o "dono" de qualquer razão.

Mesmo assim prefiro ser atendido pelo empregado mais antigo da casa. O olhar vivo e meio juvenil, a graça certeira e a barriga proeminente, e claro, a familiaridade de duas décadas, fazem com ele seja muito mais que "parte da mobília"...

O óleo é de Ivo Petrov.

segunda-feira, agosto 19, 2013

Cores Vivas no Dia da Fotografia


As cores do vestido da minha filha, quase que combinam com um dos "grafites" mais floridos do Ginjal...

É uma boa maneira de festejar a fotografia...


domingo, agosto 18, 2013

Cantar para Além do Chuveiro


Os programas televisivos portugueses que nos tentam encher as casas de música (quase sempre de qualidade duvidosa...), aumentam no Verão, altura em que decorrem as habituais festas e romarias populares na maior parte das vilas e aldeias do nosso país.

Quando olho para estes "espectáculos", a primeira constatação que tenho é que há por aí muita gente "enganada", que pensa que sabe cantar, mas que não passaria sequer da primeira eliminatória de um programas como "Os Ídolos". Poderiam quanto muito ser escolhidos como "tesouros deprimentes".

Poderão ripostar e dizer que estes exemplos também podem ser transpostos para a literatura, o teatro, o cinema, as artes plásticas, etc, mas não há comparação possível. Nem um Lobo Antunes ou um Júlio Pomar, têm a mesma visibilidade (nem queriam, certamente) que qualquer destes cantores de qualidade duvidosa (e nem falo das letras que cantam....).

Durante algum tempo acreditei que uma boa parte destas pessoas "sabem ao que andam", que esta foi a forma que encontraram para ganhar algum dinheiro, principalmente no Verão. 

Mas hoje penso que a grande maioria se julga mesmo melhor do que realmente é...

Talvez os aplausos consigam retirar a importância dos espelhos nas suas casas...

O óleo é de Jorge Crespo Berdécio.

sábado, agosto 17, 2013

A Vida Nunca Avança em Linha Recta


A vida nunca avança em linha recta.

Além de nos fazer andar aos círculos, também nos obriga a percorrer uma série de rampas e descidas, por vezes vertiginosas, alimentando-se, sobretudo, dos nossos avanços e recuos.

É por isso que é fácil constatar que nem todos evoluímos, há mesmo quem regrida, e bastante...

Um dos piores exemplos que encontro nesta "regressão" são os fulanos com idade para serem meus filhos, que continuam a afirmar a sua "pequenez de machos", através da pancada que distribuem nas namoradas e mulheres, apesar dos exemplos quase diários, de mortes estúpidas e cobardes, que são provocadas por tudo, menos amor.

Não conseguiram aprender nada, nem mesmo com os maus exemplos à sua volta...

O óleo é de Marcos Rey.

sexta-feira, agosto 16, 2013

Os Mesmos Lugares e as Mesmas Histórias, com Memórias Diferentes...


Eu já sabia há algum tempo, que as nossas memórias não têm de ser iguais aos dos nossos irmãos, primos ou amigos, mesmo as que recordam as mesmas histórias, nos mesmos lugares...

Pode parecer estranho, mas é mesmo assim.

E as diferenças começam logo nas coisas mais simples, as cores, os cheiros e os sabores que recordamos, quase sempre diferentes...

É por isso que não faço apostas sobre o passado, muito menos registo as minhas memórias como certas, apesar de ter o cuidado de falar com as gentes que também estiveram lá.

Tento não "navegar" no erro, mas tenho consciência de que não comando as ondas e as correntes do mar...

O óleo é de Douglas Martenson.

quinta-feira, agosto 15, 2013

Sons de Rua em Agosto


Nos últimos dias a minha rua têm ganho uma nova vida, a partir do fim da tarde.

O calor abre as janelas e solta as línguas, que conversam em casa como se estivessem na rua e em pleno dia, até depois da meia-noite.

Embora no início achasse estranho, nunca me senti verdadeiramente incomodado. Aceito que quem se deita cedo não ache muita piada, mas é Agosto...

Acabei por perceber que estes "sons urbanos" são de "turistas", gente que está de férias na minha rua, na casa de familiares, o que faz com que se perceba ainda melhor, o esticar das conversas até perto da uma da manhã.

Quando existe um bom relacionamento entre familiares e amigos, as conversas têm o condão de se tornarem quase infinitas...

Espero que em vez de irritar, conforte as pessoas, terrivelmente sós, e que fiquem perto da janela, a ouvir esta "musicalidade humana".

Numa época em quase metade dos lares são de pessoas sós ou então de casais sem filhos, sabe bem esta barafunda, fico com a sensação que há mais gente a quebrar o silêncio da noite, além dos meus filhos, que têm dias de parecer comer "grafenolas" de sobremesa.

O óleo é de H. Momo Zhou.

segunda-feira, agosto 12, 2013

Lugares Únicos


Há cidades únicas. 

Lisboa é uma delas.

Não conheço Buenos Aires, mas penso que é quase como uma irmã de Lisboa, tal como outras cidades "fatalistas", que parecem viver e sonhar como se fossem gente, ou seja de forma dramática.

São fado, são tango, são guitarras, são violas, são bares que andam de mão dada com o pecado, que não mora ao lado, está em todas as ruas das cidades...

O óleo é de Kik Zeiler.

domingo, agosto 11, 2013

A Miúda Gira e a Linha do Eléctrico


Nunca esqueceu Diana, a miúda gira de olhos verdes e cabelos claros, que desafiou todos os perigos e se deixou enrolar pelo vício mais cruel.

Foi com ela que percebeu pela primeira vez que as mulheres e os homens bonitos também tinham dramas, também andavam perdidos, à frente e atrás da vida.

Cobarde, nunca a conseguiu resgatar das ruas escuras, limitava-se a apanhar boleia do eléctrico que passava nas ruas que frequentava e a acenar-lhe, como se se estivesse sempre a despedir...

Ela oferecia-lhe o melhor sorriso e piscava-lhe o olho, deixando-o bastante embaraçado e sem saber o que fazer.

Acabou por lhe perder o rasto, de vez, quando a linha do eléctrico foi substituída por um autocarro muito menos contemplativo e lisboeta...

O óleo é de Jean François le Saint 

sábado, agosto 10, 2013

Passar por Paris não é Conhecer Paris


A primeira vez que estive em Paris, tinha dezoito anos. Claro que esta viagem não  foi bem uma visita, pois estava em trânsito para a Alemanha, onde ia passar um mês de férias.

Nesses tempos  não tinha consciência de que de automóvel se atravessa, mas não se conhece a Terra, como muito bem disse Cesare Pavese.

Quando voltei a Paris, quatro anos depois (no inter-rail), não fiquei completamente satisfeito com os cinco dias que por lá passei, e no regresso a casa, voltei a parar por lá mais alguns dias. 

Posso dizer que nestas duas passagens, tive todo o tempo do mundo para olhar os lugares e as pessoas com olhos de ver...

Voltei mais duas vezes, em 1992, com a minha namorada, e em 2009, com a minha mulher (que curiosamente é a cara da minha namorada...) e os meus filhos.

Ainda não sei quando, mas prometo voltar um dia destes...

Como Hemingway escreveu: Paris é uma Festa.

quinta-feira, agosto 08, 2013

Os Bons Livros Deviam Pertencer ao Passado, Presente e Futuro


Uma das coisas que mais me incomoda nas livrarias de hoje, é descobrir que alguns dos melhores livros de autores consagrados (de dentro e de fora do país...), se encontram "desaparecidos".

Quando questiono a "caixa", ela bem procura no computador, quase sempre em vão. 

Quando sou atendido por alguém mais solicito, pergunta se sei qual é a editora e levanta a possibilidade de se fazer o pedido da obra...

Mas nunca sabe o tempo de espera...

Às vezes estou mais chateado e desabafo que alguns livros nunca deviam desaparecer das estantes das livrarias. Tanto me podem sorrir como olhar com espanto, como se tivesse dito uma grande asneira.

O óleo é de Otto Frello.

quarta-feira, agosto 07, 2013

O Poder e a Cultura


Embrulhei-me de tal forma numa conversa sobre o Poder e a Cultura, que quando dei por mim senti que estava a defender Francisco José Viegas e Gilberto Gil, afirmando que tiveram a coragem de aceitar as pastas da Cultura dos seus países, quando o mais fácil teria sido dizer não...

Os meus companheiros não concordaram nem um pouco e trouxeram para a mesa a vaidade que ambos devem ter sentido, um por ser ministro e outro secretário de estado, a claro, o pensamento de que poderiam deixar alguma marca, mudando algumas coisas que achavam mal e outras "porque sim".

O Miguel sorriu e afirmou que quando se escolhe o lado do poder, depois dos cinquenta, a santa ingenuidade já ficou bastante longe. Muito menos acreditou no seu "sentido de Estado", que é sobretudo um chavão discursivo.

O Rui acrescentou que o Viegas foi lá para se vingar da malta que sobrevivia à sombra do Estado, fingindo ignorar que acabar com a subsidio-dependência, é decretar o fim do teatro e do cinema, por exemplo. E se ele conseguiu beliscar muito mais que as canelas de vários actores, que faziam parte de companhias normalmente apoiadas pelo Estado, apesar de não ter aquecido a cadeira. 

A Rita aproveitou a embalagem e disse que muitos actores, encenadores  e realizadores já devem ter mudado de profissão ou então partiram para outras paragens, onde se respeita um pouco mais a Arte e a Criatividade. Se houve coisa que não suportou foi ver um "criador" a não respeitar os seus pares.

Nesta última parte lembrámos-nos do Gui, a quem fizemos um brinde, satisfeitos por saber que  ele continua pelas terras de Vera Cruz, deslumbrado  pela diversidade e pela qualidade do cinema brasileiro.

Penso que o pior de tudo isto, é termos deixado de acreditar (há já algum tempo) na possibilidade das pessoas honestas e bem intencionadas conseguirem chegar ao poder...


terça-feira, agosto 06, 2013

Ser Diferente Sempre fez a Diferença


Escutava-o com um sorriso, juntamente com o Júlio, que de vez enquanto dizia uma ou duas palavras para apoiar as frases do amigo de sempre.

Falávamos dos bailes, um dos lugares de eleição para se conhecerem miúdas giras e das outras, durante uma boa parte do século XX. Ele era avesso a todos aqueles salamaleques, ao ter de receber a aprovação da mãe ou da tia da rapariga com quem pretendia dançar.

Essa era uma das razões para dançar poucas vezes, embora não se esquecesse de lançar olhares provocadores para as jovens que lhe caíam no goto. Sem se aperceber era um dos rapazes mais populares nas conversas femininas, pela sua capacidade de adensar o mistério que o rodeava. Elas diziam um pouco de tudo. Quase todas achavam que não dançava porque era comprometido. Faziam apostas que ora o davam como casado, amantizado ou de namoro sério.

Como conversa era coisa que não lhe faltava, no bufete fazia a diferença, porque havia sempre alguma moça com vontade de o conhecer. Queriam sempre saber porque razão não dançava. Sentia-se na obrigação de inventar histórias, até chegou a dizer que tinha um problema numa perna, mas a maior parte das vezes dizia que só sabia dançar o tango. E foi assim que passou a ser o "tanguista", até para os amigos...

O mais curioso é que tinha sempre alguém que se oferecia para dançar esta música que não se limitava a ser "sensual" e que se popularizara em Buenos Aires e atravessou o Atlântico, para continuar a fazer das suas.

Júlio recordou algumas aventuras mais perigosas,  protagonizadas por namorados ciumentos, que se sentiam traídos, por serem preteridos na momento solene em que se dançava o tango no salão.

Ele sorriu e disse: «ainda hoje, a única música que me dá gozo dançar, é o tango.» Era a única que entrava completamente dentro dele. Júlio deu mais um achega, confirmando que ninguém dançava o "hino" da Argentina como ele..

Mas o melhor da tarde ainda estava para vir, quando ele nos confidenciou: «guardo alguns bilhetinhos mais que prometedores, que me eram colocados discretamente nos bolsos do casaco, por meninas incapazes de partir um prato, numa caixinha de madeira.»
Bilhetes que não se limitavam a ser promessas de amor, havia também alguns de encontros...

O óleo é de Raymond Leech.

domingo, agosto 04, 2013

A Crise, as Bolas de Berlim e o Comércio


Uma das coisas que achei mais estranhas durante as férias foi a alteração de preços das bolas de berlim.

Depois de várias "intelígênzias" terem decretado o aumento das bolas de berlim de 1 para 1,20 €, nas praias algarvias, o protesto dos potenciais compradores, que deixaram de consumir estes doces tão pouco saudáveis, "obrigou-os" a voltar atrás, ao euro do costume...

Mas nem com este recuo os "espertos" recuperaram a credibilidade e devem ter baixado os lucros de uma forma significativa. 

Contavam-se pelos dedos as pessoas que acudiam à sua publicidade no areal...

Em sentido contrário, caminham as promoções de quase todo o comércio em Almada, onde apesar da crise, os comerciantes fazem um esforço para baixarem os preços e cativarem as pessoas. Isto passa-se em praticamente todos os ramos do comércio, da alimentação ao vestuário, com as promoções anunciadas nas montras.

O óleo é de Nicola Simbari.

sábado, agosto 03, 2013

Leituras de Férias (2)

Vou agora falar dos outros livros, que não surpreenderam pela positiva, como gostaria. Esperava mais do livro de Nuno Camarneiro, "No Meu Peito não Cabem Pássaros", pelo título e pela bonita capa com uma fotografia do Gérard Castello Lopes.
Tenho dificuldade em classificar esta obra como romance, pois está organizada quase como livro de crónicas sobre três personagens e vários lugares (com algumas variações). Embora esteja bem escrito, não conta uma história, como se espera de um romance. Fala sim, das vidas de Fernando, em Lisboa, de Jorge, em Eusson Birea, Aureos Sineb, Rio Negro, Genebra e Buenos Aires e de Karl, em Nova Iorque e no Oceano Atlântico. O Fernando e o Jorge poderão confundir-se com Pessoa e Borges, o Karl, não sei...
Fiquei desiludido porque estava à espera de uma boa história, o que não aconteceu. Paciência, sei que não é só nos "sabonetes" que há publicidade enganosa...

Também fiquei desiludido com o livro de contos de Lídia Jorge (que acho uma excelente romancista...), pois "O Belo Adormecido", para mim claro, não passa de um exercício de escrita, bastante pobre e até chato...

"Os Paços Confusos" de José Rodrigues Migueis, não passam de uma compilação de contos e crónicas publicados na imprensa, nos anos sessenta e setenta do século passado. Há um pouco de tudo, umas histórias melhores e outras piores (ainda me falta ler o último terço...), algumas com bastante interesse, para quem como eu gosta de saber coisas de uma outra Lisboa e de um outro país.

As "Paixões" de Rosa Montero, são mais jornalismo que literatura, já que é uma compilação de Amores e Desamores que mudaram a história, publicadas anteriormente no suplemento de domingo do "El País". Ou seja, não posso opinar sobre a Rosa ficcionista...

sexta-feira, agosto 02, 2013

Leituras de Férias (1)


De todos os livros que levei de férias, o que mais me prendeu foi as "Cartas Vermelhas" de Ana Cristina Silva, obra inspirada na vida de Carolina Loff da Fonseca.
A "reconstituição" da vida de Carol está muito bem feita, apesar da existência de vários períodos brancos.
O facto de abordar a luta antifascista e o PCP, da qual Carol foi membro (até se apaixonar por um agente da PIDE... com quem viveu dez conturbados anos e que provocou a sua expulsão do partido), foi mais um motivo de interesse.
Fala de várias pessoas do Partido, algumas também caídas em desgraça como Pavel, que começou por ser acusado de "trotskquista", até ser considerado traidor ou de Daniel (Álvaro Cunhal...), entre outros. Há vários períodos exaltantes e dramáticos, muito bem descritos pela autora, como a passagem de Carol pela Guerra Civil de Espanha, donde escapou quase por milagre. Foi também aqui que perdeu o contacto com a filha que deixara numa escola da União Soviética.
Não vou contar mais, digo apenas que Carol é uma mulher apaixonante, que nos ajuda a perceber que a vida é mesmo um conjunto de acasos, que por vezes quase que se cruzam, embora raramente se encontrem...
Aconselho vivamente a leitura.


Fora da lista de livros que levei, acabei por adquirir uma obra que há muito me despertara a curiosidade, "100 Portuguesas com História", de Anabela Natário.
Li praticamente todas as biografias de mulheres do século XX (é definitivamente o meu século, enquanto historiador...). Apesar de alguns erros de datas e lugares (normais em obras do género, devido às múltiplas fontes consultadas...), é um livro com muito interesse, até por nos dar a conhecer pessoas cuja vida está longe de ser conhecida por todos nós (soube que foi a partir daqui que a Ana Cristina se interessou pela vida de Carolina Loff e escreveu o "romance psicológico"...).

quinta-feira, agosto 01, 2013

O Primeiro Dia...


Este ano, este primeiro dia pós férias, está a ser mais estranho que o costume.

Provavelmente isso acontece porque as férias passaram-se mais rapidamente que noutros anos, até porque o tempo esteve bastante bom, ao contrário das previsões de uns senhores das "europas", que nos queriam "roubar" o Verão, ou ainda pior, transferi-lo para Outubro...

Não li os livros todos, mas quase. E fiz outra coisa, após a primeira leitura (a mais entusiasmante e agradável...) passei a ler dois livros em simultâneo, um na praia e outro em casa.

Mas sobre os livros falarei amanhã.

Escolhi esta fotografia (minha), porque da parte da tarde ficávamos quase sempre até depois das vinte horas, a ver chegar as gaivotas...