sábado, junho 30, 2012

Chegaram as Férias...


Este óleo de Mihai Criste, azul e tão sugestivo, pode e deve ter várias interpretações.

Quando o olhei pensei que o Mar - embora seja do género masculino - tem muitas coisas femininas. E não estava a pensar apenas nas ondas. Pensava no som, no sabor e no cheiro...

Há, é verdade, daqui a algumas horas vou rumar até ao Sul. Mesmo sem subsídio de férias, este ano ainda deu para passar uma quinzena no Algarve. 

Para o ano, logo se vê...

sexta-feira, junho 29, 2012

«Não tenho a certeza, mas parece-me que sim.»


Há uns tempos que não via o Gui. Como de costume, fez-me daquelas perguntas que parecem de tontinhos, mas não, são sim de alguém que olha para a vida como um filme e para as pessoas como actores.

Perguntou-me se eu não tinha a sensação de que havia mais mulheres bonitas que homens.
Depois de sorrir respondi: «não tenho a certeza, mas parece-me que sim. Mas também pode ser um defeito dos meus olhos, que só se entusiasmam com coisas bonitas e curvas.»

Foi então que o Gui resolveu fazer a mesma pergunta a um rapaz que tinha o gosto oposto ao nosso, empregado de mesa no café onde nos encontrámos. Ele atirou-nos um sorriso rasgado e abanou-se um pouco mais que o normal, para dizer que estávamos enganados: «os meus olhos encontram sobretudo homens bonitos, e também feios, mas homens.»

Quando nos apeteceu concluir qualquer coisa, não foi difícil descobrirmos que os nossos olhos só vêm o que querem ver...

O óleo é de Dominique Mulhem.

quarta-feira, junho 27, 2012

Um Outro Retorno


A confusão que era agora a casa, com o regresso da família...

Há muito que se sentiam sozinhos, com os dois filhos casados e com as visitas sempre demasiado curtas, com o quase desconhecimento dos três netos. 

Foi preciso a crise chegar em força e ditar despedimentos em série para lhes devolver a família. Só não estavam era à espera que fosse algo tão traumático, que a convivência fosse tão difícil entre cunhadas e que os netos fossem tão mal educados... 

De noite, no quarto, ambos desabafam, que não era esta a família que esperavam...

Para terem de volta o sossego, até já nem se importavam de ajudar a pagar as rendas de casas dos dois filhos, mesmo que isso significasse viverem em apertos...

Ouvi estes desabafos do chefe de família, hoje, pela primeira vez, de um "retorno" que já dura desde Novembro do ano passado e que se está a tornar impossível...

O óleo é de Marta Czoc.

terça-feira, junho 26, 2012

Querer ser Escritor à Força...


O argumento mais forte de muita gente que quer escrever um livro, agarra-se à velha trilogia criativa: «já fiz um filho, já plantei uma árvore, só me falta escrever um livro...»

Lamento que assim seja, porque os livros deviam nascer de "parto natural" e não por outras mil razões que acabarão sempre por deturpar a essência da literatura.

Hoje tive de explicar a um senhor, com quase noventa anos, que não vale tudo no mundo dos livros. Compreendo que ele queira muito escrever um livro antes de partir. Mas  isso não lhe dá o direito de "copiar metade do seu livro", com coisas escritas por outros autores. Foi duro dizer-lhe que escrever uma obra literária é um projecto pessoal que nasce dentro de nós, porque tem sido um bom amigo. Mas a amizade não se compadece com a ausência de ética, mesmo que venha de alguém arredado da realidade do mundo dos livros...

O óleo é de Adam Pekalski.

segunda-feira, junho 25, 2012

O Silêncio do Taxista


Hoje apanhei um táxi, conduzido por um fulano a quem o "gato tinha comido a língua".

No início senti-me aliviado, mas depois achei estranho, pois associo sempre a profissão de taxista (assim como as de barbeiro, cabeleireira, recepcionista, etc) a alguém incapaz de viver em silêncio, por isso é que coleccionam banalidades, quer oferecem gratuitamente aos clientes...

Apenas me perguntou o destino no começo da viagem e disse quanto era o valor da "corrida", no final. E até foi melhor assim, os últimos que apanhei, ou eram racistas ou homofóbicos.

O óleo é de J.B. Durão.

sábado, junho 23, 2012

Um Outro S.João no Porto


O Projecto Es.col.a, continua activo (felizmente). A sua última aventura foi a reabertura e limpeza da Biblioteca Popular do Marquês, no Porto.

Desta vez até o "Diário de Notícias" se conseguiu antecipar ao "próprio despejo", o que explica como vai isto de notícias no nosso país...

Todas estas aventuras deste grupo de jovens "hiper-activos", que defendem a cultura e a educação (um crime para esta gente que nos governa, como já se percebeu, especialmente para o "salazarinho" do Porto, têm me feito pensar, na forma como são (mal) geridos os equipamentos culturais das autarquias (inclusive aqui em Almada...).

Podem acompanhar esta "cégada" no blogue da Gui, de quem reproduzo com a devida vénia, mais um dos seus excelentes cartazes.


Adenda: segundo um comentário, ainda que anónimo, esta iniciativa partiu de um grupo de cidadãos, do qual se incluem elementos do projecto Es.col.a., e não apenas dos elementos desta Associação.

sexta-feira, junho 22, 2012

Uma Aguarela à Espera de um Dono Novo


Hoje quando me preparava para ir montar uma exposição, encontrei um quadro encostado a um contentor.

Só há duas coisas que me chamam a atenção, mesmo rente ao lixo, são livros e quadros (nem sempre tenho coragem para me aproximar e mexer-lhes, mas desta vez não estava ninguém por perto...).

Peguei no quadro com o vidro partido e fiquei logo com a sensação que se tratava de um original (uma paisagem...) e levei-o até ao meu destino.
Assim que lá cheguei retirei os pedaços de vidro e passei os dedos pelo papel, para sentir os grãos da tinta.

Não consegui identificar nome do autor, pois a paisagem campestre estava assinada e datada ( era de 1994...).

O óleo é de Eric Rimmington.
  

quinta-feira, junho 21, 2012

"O Retorno" é um Grande Romance


Gostei muito de ler "O Retorno". 

Há muito tempo que um livro não me sugeria ideias e me obrigava a escrever. Só por esta razão, tinha motivos de sobra por me sentir satisfeito, mas o romance da Dulce é muito mais que isso.

É um livro escrito com a alma, não apenas sobre uma família, mas sobre largas as centenas de milhares, que se viram no meio de uma guerra, que as obrigou a regressar a um país, que tinha muito pouco para lhes dar (eles sabiam, tinham partido para fugir da fome e da falta de perspectivas...).

A personagem principal - que também é o narrador -, está muito bem caracterizada, talvez até bem demais paras um jovem adolescente...

É um livro muito importante, até a nível histórico, pois relata pormenorizadamente "o retorno" de todos aqueles que tiveram de deixar tudo o que tinham construído, em Angola e Moçambique, e passaram provavelmente, pelo momento mais dramático das suas vidas, enfiados em hotéis superlotados, de Norte a Sul, a viver quase de esmolas, olhados tantas vezes de lado por terem o carimbo pouco amistoso de "retornados", e a fama de tratarem os pretos como escravos...

Logo que possa vou ler os outros livros da Dulce Maria Cardoso, uma grande escritora, sem qualquer dúvida.

quarta-feira, junho 20, 2012

As Mulheres nas Conversas dos Homens (no ambiente fabril antes de Abril...)


Muitas reuniões de trabalho têm sempre algo de lúdico, quando as pessoas se conhecem bem e aproveitam para falar do seu percurso de vida sem grandes rodeios.

Eu era o mais novo da mesa - e já estou quase nos cinquenta, - mas ao ouvir um dos meus companheiros de jornada, falar do choque que sentiu quando começou a trabalhar numa grande fábrica (ainda antes do 25 de Abril), com as conversas que escutava entre colegas, no refeitório e nas secções, quase sempre iguais. A segunda-feira estava entregue ao mundo dos futebóis, mas de terça a sexta, eram os "papagaios" que tomavam conta da semanada, contando as suas múltiplas aventuras sexuais (que imaginação tão fértil...). Pois embora fossem casados, quase todos tinham três ou quatro amantes, também casadas.

Ainda solteiro e pouco dado a gabarolice, um dia, já cansado de tanta invenção, perguntou-lhes se conheciam as mulheres uns dos outros. Disseram-lhe que não. Era o que ele queria ouvir e acrescentou que com tanta mulher casada metida ao barulho, se calhar era capaz de alguma delas ser deles e andar também a variar de parceiro, até por trabalharem por turnos.

O que ele foi arranjar... conseguiu que os "papagaios" ficassem quase todos a coçar a cabeça... E claro, reduziram drasticamente o número de amantes, pelo menos à sua frente.

E o quanto ele se sentiu desiludido neste começo de vida de trabalho, pois pensava que ia encontrar operários politizados e não imaginativos "amantes de putas e de  futebol".

O óleo é de Carlos Orduna Barrera.

terça-feira, junho 19, 2012

A "Táctica" Discutível de Paulo Bento


É raro aparecer alguém com coragem para apontar o dedo a outro alguém, quando este está na "mó de cima".

Onde esta situação é mais notória é no mundo do futebol, onde o baloiço entre "besta e bestial" é uma constante na vida de jogadores e especialmente, treinadores.

Passámos aos quartos de final do Europeu, Carlos Queirós, Manuel José (entre outros profetas da desgraça, embrulhados nas páginas dos jornais desportivos...) baixaram o "sonoro". É provável que voltem, se Portugal perder com a selecção Checa.

Foi por isso que Paulo Bento, numa jogada de antecipação, falou nas "facas" que já se andam a afiar por aí, preparadas para o pior cenário. Foi também por isso que as nossas "prima-donas", resolveram fechar o bico.
E eu só posso dizer que é uma pena que o seleccionador e os jogadores desçam ao nível dos "críticos" mais ferozes. Até porque estão longe de estar isentos de culpas em todo este processo.

Quando se empata com a Macedónia e perde com a Turquia em casa, espera-se o quê? Palmas?
Quando se perde o primeiro jogo, em que a equipa só acorda depois dos alemães marcarem o golo da vitória, no último quarto de hora da partida, querem aplausos?
Quando Cristiano Ronaldo faz um jogo miserável, desperdiçando oportunidades atrás de oportunidades, em que só fomos salvos do empate com a Dinamarca por um golo misericordioso de Varela, devemos agradecer ao "melhor do mundo"?

Penso que tudo tem os seus limites. É por isso que lamento a atitude do Paulo Bento e dos jogadores portugueses, que se esforçam por demonstrar que não passam de 23 fulanos que têm algum jeito para dar uns pontapés da bola, e quase nenhum para nos darem "música". Talvez eles pensem mesmo que são uns "heróis" e que estão acima das criticas. 


Se assim é, ainda são mais "pobres" do que eu pensava, apesar de nadarem em "dinheiro fácil"...

domingo, junho 17, 2012

Outras Margens deste Mundo


Aparentemente parece fazer pouco sentido, que alguém com menos de trinta anos de idade, viva num pequeno apartamento citadino, sem televisão e sem computador, em pleno século XXI.

Dos muitos nomes que lhe chamam, "apanhada do clima", é um dos mais suaves. Não conseguem perceber que se trata de uma opção de vida, assim como o seu penteado à rapazinho.

Num tempo em que escasseiam os empregos, esta licenciada em literaturas modernas, trabalha como repositora numa grande superfície e sempre que lhe apetece, escreve poemas.

Guarda as suas palavras "mágicas" em papelinhos, que depois transforma em poemas na velha máquina de escrever que o avô lhe ofereceu.

Não sabe se vive fora do seu tempo, sabe apenas que prefere ler, ir ao teatro e ao cinema, que ficar presa a uma máquina, que entre outras coisas, lhe impinge o gosto dos outros.

O óleo é de Michael Taylor.

sábado, junho 16, 2012

Quando o Tamanho Conta...


Não tinha intenção de escrever uma linha por aqui sobre o Europeu de Futebol que se está a disputar na Ucrânia e na Polónia, por toda esta "intoxicação" noticiosa, que se esforça por ignorar o que se passa de importante no país.

Como gosto de futebol, vejo os jogos que posso, independentemente dos intervenientes. Claro que dou uma importância especial à nossa Selecção, que está longe de ser uma equipa candidata à vitória deste campeonato.

Uma das suas maiores fragilidades (que ainda não vi focada em jornais, embora não consiga ler todos, como é óbvio...) é a baixa estatura dos nossos centro-campistas e do lateral direito (este com responsabilidades repartidas na maior parte dos golos sofridos por Portugal...). João Moutinho, Raul Meireles e Miguel Veloso são demasiado pequenos e macios para um campeonato desta natureza. 

A selecção precisava de ter um "tampão" forte (como  é o caso de Javier Garcia no Benfica), à frente dos centrais e bom no jogo aéreo. Provavelmente nos lances de bola parada disfarçava a "pequenez" de João Pereira, que nem sequer salta com os adversários, com mais vinte, trinta centímetros que ele...

Também não consigo perceber porque razão, Cristiano Ronaldo, não aguenta a pressão na Selecção, ao contrário do que acontece no seu clube, "o maior do mundo"...

O óleo é de Xiao Guo Hui.

quinta-feira, junho 14, 2012

Memórias Femininas com Menos Inquietações


Sei que já há algum tempo que não deixo por aqui a ponta de qualquer conversa. Mas hoje tem de ser...

Nunca tinha pensado que as mulheres vivem melhor com as suas memórias que nós homens. Foi a Rita quem mo disse. Comecei por duvidar, mas depois  aceitei, tais foram os seus argumentos...

Começou por me dizer que são poucas as viúvas que voltam a casar, ao contrário dos homens. Explicou-me que não se tratava apenas da sua capacidade de sobrevivência e de independência. 

Quando ela me disse que as mulheres adormeciam e acordavam com as suas memórias, sem quaisquer sobressaltos, fiquei agarrado às suas palavras.

Lembrei-me de duas ou três mulheres, agora sós, inclusive a minha mãe, para quem os seus mundos se resumiam a um único homem. 

Parece que sim, Rita, as suas memórias são tão fortes que vencem todas as batalhas da solidão...

O óleo é de Paul Robert Turner.

terça-feira, junho 12, 2012

Dias Vivos


Gosto destes dias em que o vento sopra, em que se sente que há vida à nossa volta, até conseguimos ouvir as árvores a falar...

É como se nos falassem da revolta que sentem pelas atrocidades que lhes fazemos. Até o rio ganha ondas e som, como se fosse um mar pequenino.

Gosto muito de sentir o pulsar da natureza.

E claro, também gosto de ver os teus cabelos ao vento...

O óleo é de Yigal Ozeri.

domingo, junho 10, 2012

Aprisionados...


Hoje é Dia de Portugal.

Não é um dia muito alegre, e não o estou a dizer por não termos conseguido vencer os alemães na nossa estreia no europeu de futebol (um jogo de futebol é isso mesmo, um simples jogo...), ontem.

Digo-o porque esta "troika", de mão dada com o governo do Passos, do Relvas, do Álvaro e do Gaspar, está apostada em virar o país de pernas para o ar, mantendo-nos "engaiolados", cada vez com menos trabalho e menos dinheiro.

Nunca gostei de gaiolas, deve ser por isso que nunca tive qualquer pássaro preso. Gosto mesmo é de os ver voar por aí, à solta...

Apesar do seu esforço, não são estes "farsantes", que me fazem desgostar de ser Português ou de viver em Portugal.

O óleo é de Mary Harman.

sexta-feira, junho 08, 2012

A Janela Azul


Ao encontrar este óleo de Abdi Asbaghi, recordei-me da "janela azul" deliciosa, da casa dos avós da Lúcia, em Lagos.

Uma das coisas boas desse tempo era passear pela "meia-praia" e ouvir as histórias dos pescadores, quase de baleias...

Nessa época havia dois Algarves, um mais virado para os ingleses, em que as ementas e os empregados falavam connosco em "ingalês". E o outro, mais simples, da gente que gostava de ser quem era, que não tinham vergonha das suas origens. 

Gosto mais do Algarve de hoje, que é sobretudo português, em que toda aquela hipocrisia e subserviência, apenas com o intuito de caçar libras ou dólares, foi varrida para longe e não apenas para debaixo do tapete. 

quarta-feira, junho 06, 2012

A Descoberta do Rosto


Cruzei-me com Herberto Helder duas vezes. 

A primeira vez aconteceu no interior de um café, nas proximidades do Bairro Alto,  onde já tinha entrevistado duas pessoas que "tertuliavam" por ali (Baptista-Bastos e António Anjos). Inocentemente quis acreditar que não haviam duas sem três. Herberto Helder recusou-se amavelmente, disse-me o que era corrente, não dava entrevistas, com ponto final.

A segunda vez que o vi, foi na rua D. Pedro V, cruzámo-nos sem qualquer palavra. O mais espantoso desse encontro foi a Lília desabafar que não encontrava qualquer ligação entre as suas roupas (demasiado sóbrias...) e a sua poesia. 

Ri-me, naturalmente. Por saber que uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa...
Ainda lhe perguntei qual era a cor da poesia do Herberto Helder  e ela disse-me que era lilás...

terça-feira, junho 05, 2012

Apresentação do Rosto


As pessoas mudam, umas mais outras menos.

Digo isto porque achei curioso um dos títulos publicados pelo poeta, Herberto Helder, criador ausente e que finge não ter rosto nem palavras para oferecer, fora dos livros.

Provavelmente Herberto em 1968 ainda apresentava o rosto...

Ainda não li o livro mas andei aos pulinhos, página ante página, descobri que o surrealismo anda por ali quase à solta. Queria transcrever algo, mas fiquei tão indeciso, pela qualidade da escrita e pela mistura nem sempre fina das palavras.

Mesmo assim transcrevo as suas últimas sete linhas:

[...] O mar rumoreja nos troncos de madeira que servem de pilares ao cais, arrasta-se pela praia e molha os pés escuros dos homens deitados.
cai o sol sobre os campos seco onde as mulheres recolhem a bosta resequida.
As crianças matam, e as lagartixas morrem.
É uma ilha em forma de cão sentado. »

segunda-feira, junho 04, 2012

O Jornalismo Igual ao País: Cada Vez Mais Pobre e Menos Livre


Quem conhece o "mundo dos jornais", sabe que, mais tarde ou mais cedo, Maria José Oliveira, era um alvo a abater, pela sua ousadia de não ter "escondido dos holofotes" as ameaças de um  ministro, ainda por cima com a tutela da comunicação social.

Só que ela fintou toda a gente e resolveu sair pelos seus próprios pés do "Público", deixando a sua direcção em maus lençóis, ainda por cima por não ter contado a "verdade" sobre os factos de pressão usados em relação à jornalista.

O mais curioso é que o Conselho de Redacção do diário também se demitiu...

isto esta mesmo bem para os adeptos daquela senhora que queria suspender a democracia por seis meses, ou do reitor nortenho, que também quer toda a gente calada, para que as "bestas excelentíssimas" que nos governam e se governam, possam continuar a sua cruzada pelo crescimento do desemprego e pela destruição do estado social.

O óleo é de Geert Overvliet.

domingo, junho 03, 2012

Lisboa dos Jacarandás, dos Pombos e de Outras Coisas Mais


Hoje apeteceu-me ir a Campo de Ourique, com passagem pelo Jardim da Estrela.

Gostei de ver o Jardim bem cuidado e cheio de gente, de todas as idades, assim como dos jacanradás, que rodeavam a Basílica da Estrela.

Acabei por descer pela Lapa até São Bento, onde tirei esta fotografia, a quase um palmo de um pombo que insistiu em ficar na fotografia, sem deixar de me mirar...

sábado, junho 02, 2012

Uma Vida a Brincar, ou Talvez Não...


Não deve ser um fenómeno só de Almada, a existência de várias pessoas, que conseguiram ultrapassar os cinquenta anos, sem se afastarem das drogas leves e pesadas.

Há um casal que mora relativamente perto de mim, que se têm aguentado, de várias formas, nem sempre honestas, mas lá vão sobrevivendo...  Que eu saiba, tanto um como outro, numa trabalharam, pelo menos num emprego das nove às cinco.

Ele é extremamente activo, anda sempre aqui e ali, a encher o carro de tralhas que leva para a Feira da Ladra, às terças e aos sábados, onde tenta fazer algum dinheiro. A mulher é mais fina, durante algum tempo percebi que quase se oferecia para ajudar algumas velhinhas a atravessar a rua, sempre com uma grande conversa, com laivos de "banha da cobra", como pude testemunhar várias vezes no café.

O mais curioso é que hoje foi a primeira vez que ela falou comigo e para me pedir qualquer coisinha para dar de comer às duas filhinhas, perto da porta do supermercado.

Sem dizer qualquer palavra, peguei em cinquenta cêntimos e dei-lhe, mesmo sabendo que nunca teve qualquer filha. Provavelmente eu conheço-a melhor que ela a mim (é o que acontece quase sempre nestes casos).

Mesmo sabendo que a sua vida sempre foi um "truque", não deixei de olhar para as duas mulheres diferentes, a que antes passava a vida no café de perna traçada, a contar histórias de embalar a velhinhas, e a de agora, que se tornou numa pedinte, a pedir auxilio para as filhas que nunca teve, com uma daquelas vozes que fazem chorar as calçadas.

As únicas dúvidas que não tenho é que viver nunca foi fácil. O problema é que hoje os dias estão bem mais difíceis, para todos, com ou sem expedientes...

O óleo é de Olga Sinclair.

sexta-feira, junho 01, 2012

A Excelência da Ulisseia


Não fazia ideia que a editora "Ulisseia" tinha sido uma editora fundamental antes de 1974.

Publicou excelentes autores, portugueses e estrangeiros.

Descobri por lá por exemplo o Luíz Pacheco, com a sua "Critica de Circunstância", de Março de 1966...