quarta-feira, dezembro 31, 2008

Que o Sol Brilhe!

Eu sei que não vale a pena estar a elevar as espectativas para 2009.

Mas também sei que não nos vale, de nada, ficarmos a carpir as mágoas provocadas pelas crises e pelas incompetências de outros.
Como o Sol não vai deixar de aparecer no nosso canto, desejo que ele seja capaz de nos abrir o sorriso e roubar a melancolia dos dias tristes...

domingo, dezembro 28, 2008

Triste Sina a Nossa...

Nunca esperei ouvir tanta gente a desabafar que desejava um estado mais autoritário, mais disciplinador, em suma, mais salazarento.

E não são apenas velhos saudosistas.
Há gente mais nova que eu, que tem os mesmos desabafos. Claro que não sabem muito bem o que dizem, não sabem o que é uma ditadura, ou seja uma sociedade governada por um único partido, apoiada pela força e segurança que lhes oferecem os estados policiais e militares.
O pior de tudo é saber que os grandes culpados destes desabafos são os responsáveis pelos dois principais partidos, que em trinta e quatro anos de democracia, andaram a fingir que governavam o país. A maioria, a única coisa que fez, foi governar-se...
Sócrates, que fingiu fazer reformas na Justiça, Saúde, Educação e Finanças, tornou o nosso futuro ainda mais sombrio. Manuela Ferreira Leite e companhia, estão a mostrar a verdadeira face dos nossos políticos, que olham mais para os umbigos e para os interesses pessoais, que para os interesses colectivos...
E o 2009, que está à porta, está refém desta gente, que nem para gerir uma mercearia de bairro serviam...
Noutros tempos podiamos pensar emigrar. Hoje, perguntamos: para onde?
Às vezes penso que estes políticos poderiam montar um circo, embora fossem tão manhosos, nos seus números de acrobacias e ilusionismo, que não passariam de "palhaçadas", com todo o respeito que me merecem estes artistas...

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Boas Festas


Aproveito a originalidade deste postal, feito pelo meu filho, quando andava na primária, para vos desejar a todos Boas Festas.

domingo, dezembro 21, 2008

«Sabes Porque Existe o Natal?»

«Sabes porque existe o Natal?»

Foi isto que ele disse, sem me dar hipótese de dar qualquer resposta. Ripostou de imediato:
«Porque nós existimos, os pobres e desgraçadinhos, para uma vez por ano, os ricos lembrarem-se que existimos e fingirem que são boas pessoas e que têm muita pena de nós.»
Antes que eu abrisse a boca, concluiu:
«São tão "bonzinhos" que até nos levam para os seus lares, oferecem-nos banho, roupa lavada e a consoada. E em alguns casos até caminha. Os ricos pensam mesmo que são uns gajos porreiros, então no Natal são porreirissimos!»
E virou-me as costas...

A foto é de Eduardo Gageiro. As palavras são minhas e não passam de pura ficção. Qualquer semelhança com a realidade, é apenas coincidência...

quinta-feira, dezembro 18, 2008

A Primavera que Nunca Saiu do Outono...

A entrevista de Ana Maria Caetano à "Visão" merece-me vários comentários.

Embora compreenda a sua posição de filha, para quem o pai era uma das pessoas mais importantes do mundo, penso que não era preciso entrar em exageros, nem tão pouco tentar "fintar" a história.
Se por um lado é errado comparar os dois ditadores que nos governaram de 1932 a 1974, por outro, é perfeitamente natural. No essencial tiveram uma postura idêntica, governaram com um partido único e salvaguardados pela existência de uma polícia política capaz das maiores atrocidades, inclusive de matar. Polícia essa que ia a despacho a São Bento...
Quando a senhora diz que o pai era mais socialista que muitos socialistas, nem é uma grande descoberta, se olharmos para a política de Sócrates, mais protectora do grande capital que o próprio PSD. Embora deva acrescentar que estes governam, legitimados pelo povo, o que nunca aconteceu com Marcelo Caetano...

terça-feira, dezembro 16, 2008

A História Está Sempre em Aberto...

O fim da tarde de hoje foi especial, por ter sido recordada uma pessoa que me é bastante querida, e com quem cresci tanto, em pouco mais de meia-dúzia de meses...

Estou a falar da reunião de convívio e reflexão, que coincidiu com o décimo aniversário do desaparecimento do padre José Felicidade Alves, no Centro Nacional de Cultura. Esta homenagem teve três momentos de grande simbolismo e interesse histórico, para mim claro.
A emoção do Francisco Fanhais, que não o deixou cantar e dizer um poema especial da Sophia de Mello Breyner Andressen, embora depois tenha cantado e encantado, com uma outra canção...
A voz do padre Felicidade Alves que encheu a sala, na entrevista que deu a Manuel Vilas Boas, da TSF, no dia da reconciliação com a Igreja, através do seu casamento religioso, celebrado por D. José Policarpo, à data Patriarca de Lisboa, no dia 10 de Junho de 1998, com a sua maneira muito própria de fazer valer os seus pontos de vista sobre este episódio, com clareza e ironia q.b....
E por fim a intervenção de Diana Andringa, recheada de factos históricos relevantes, retirados da entrevista que realizou com o padre Felicidade, em 1990, para o excelente programa, "Geração de Sessenta", onde mais uma vez é notória a riqueza dos seus testemunhos, aos quais nunca falta o sentido de humor.
O que posso dizer mais? Entre outras coisas, que não tenho dúvidas que hoje sou uma pessoa melhor, graças aos seus exemplos e da Elisete, tão ricos em humanismo e liberdade.

domingo, dezembro 14, 2008

Tempo dos Reis das Versões

Neste Mês Natalício sucedem-se os espectáculos musicais televisivos, de manhã à noite, quase sempre por boas causas.

É difícil escapar a este desfile do nosso "nacional-cancionetismo", quase sempre em "playback", onde se fica a perceber com nitidez como se alimentam estas "vedetas", tão limitadas em talento e imaginação, que preferem, de longe, importar versões a criar canções originais.
É por isso que dispenso este campeonato onde Marco Paulo, Tony Carreira, Mónica Sintra, Ruth Marlene, Anjos, Romana, Emanuel, Ágatha, Fernando Correia Marques, etc, fingem dar espectáculo.
Brilhantes só mesmo algumas roupas que usam, de resto não passam de amadores foleiros, ao lado de Rui Veloso, Clã, Sérgio Godinho, Jorge Palma, Xutos & Pontapés, Deolinda, Fausto, Mariza, Carlos do Carmo, Camané, Cristina Branco, Rodrigo Leão, The Gift, Vitorino, Maria João, Pedro Ayres Magalhães, Luís Represas, Jacinta, João Gil, GNR ou Sara Tavares.
É apenas mais um exemplo deste país a brincar...
A ilustração é de Bob Dol, "Amp Head".

quinta-feira, dezembro 11, 2008

A Singularidade de Manoel de Oliveira

Manoel de Oliveira não é uma personagem singular, apenas por fazer cem anos e continuar a fazer aquilo que gosta, com uma vitalidade e lucidez, invejáveis.

A sua maior qualidade é a resistência. Embora no desporto nunca tenha sido um corredor de fundo, preferiu saltar à vara no atletismo e conduzir bólides em corridas de velocidade, na vida é quase uma maratonista.
A quase unanimidade só chegou depois dos noventa anos (ainda há muita gente que o aplaude, embora o ache um chato).
Eu acho que ele é um poeta do cinema. Só quem tem tempo e sensibilidade para apreciar as imagens, mesmo as quase paradas, percebe aquilo que estou a dizer.
E tem outra coisa boa, a sua política sempre foi o cinema, desde o Estado Novo até hoje. Nunca se deixou apanhar na curva, nem emigrou, quando era um "mal amado".
É muito bonito ouvir da sua boca, que a melhor cidade do mundo, é o Porto...
Escolhi o desenho do Rui, porque ele é assim, está dentro da fita dos seus filmes...

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Uma Estrela Pop

Desde cedo percebi que não era "estrela" quem queria, mas sim quem podia. E na realidade, poucos podem...

Temos os nossos "evitas", adorados pelo povo, por serem sua "pertença", por terem vindo debaixo (Cristiano Ronaldo e Tony Carreira são os melhores exemplos), mas sem o "glamour" que se exige às verdadeiras estrelas.
Deve ser por isso que no nosso universo musical, só encontro uma personagem com o brilho das estrelas. Falo de Rui Reininho. O Rui conseguiu cultivar uma atmosfera única à sua volta, tornando interessante a coisa mais estapafúrdia que diga, porque faz do palco o seu teatro musical, sem banalizar a sua arte, aquilo que faz melhor.
Há várias vozes portuguesas que gosto mais, mas é quase tudo gente boa que nunca quis, nem quer ser "estrela", por falta de vocação e também de "pózinhos mágicos"...
Claro que é uma opinião meramente pessoal...

terça-feira, dezembro 09, 2008

Vidas Correntes

Apesar de toda a "virtualidade", dos muitos cenários que roçam a farsa, estou cada vez mais convencido que a blogosfera não difere muito da vida corrente, do nosso dia a dia.

A grande diferença é que aqui podemos escolher. Não temos de aturar a gente chata, convencida, antipática, invejosa, etc, que trabalha na mesma "loja" que nós...
Podemos sempre navegar por "mares" calmos e poéticos, alegres e giros, inteligentes e honestos, irónicos e perspicazes...
Aliás o mundo está tão confuso, que já nem sei o que é isso de vidas correntes...

domingo, dezembro 07, 2008

Romeu Correia Recordado

O Mural de azulejos sobre a obra literária de Romeu Correia, da autoria do pintor almadense Louro Artur, foi inaugurado ontem, em frente das piscinas da Academia Almadense.

Embora esteja num lugar afastado do centro da cidade e quase escondido, podemos acrescentar que as piscinas ficam a algumas centenas de metros da Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea de Almada. Pelo que todos os interessados em verem esta bonita obra de arte, só têm de perguntar para que lado ficam as piscinas...
Sem querer entrar em polémicas, na minha modesta opinião, era este painel que devia estar colocado no Fórum Romeu Correia e não a "Peregrinação" de Rogério Ribeiro...

sábado, dezembro 06, 2008

O Serviço Público

Ontem era para escrever sobre uma frase que apanhei na rua, quando vinha para casa. Ficou para hoje...

Uma senhora andava à procura do Centro de Emprego de Almada e estava a receber instruções de outra, que passava na rua.
O seu desabafo fez-me pensar, sem saber se era mesmo assim. Ela interrogou-se, «porque será que os centros de emprego ficam sempre escondidos?», de forma a que eu também ouvisse. Não sei se estão todos escondidos, o de Almada realmente fica meio escondido...
Pensei na frase da senhora e também na função de muitos destes lugares públicos (segurança social, finanças, centro de saúde, centro de emprego, cartório, etc), onde ficamos sempre com a sensação que as pessoas que estão no outro lado do balção, tiraram cursos de "complicação" e de "desinformação" (sem faltar da falta de educação...), ao ponto de deitarmos quase um "foguete", quando alguém nos trata com atenção e deferência, como devia acontecer, sempre...

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Um País Inesgotável em Injustiças

Não vou falar de Camarate, por uma razão muito simples, este é apenas mais um dos muitos casos "arquivados" pela justiça portuguesa, com a culpa a "morrer solteira", por várias razões, inclusive por não se ter encontrado nenhum "desgraçado" nas redondezas...

Este é um problema que nunca se conseguiu resolver, que vêm detrás, dos "Ballets Roses", dos "Tribunais Plenários", e claro, de muita gente poderosa que transitou da ditadura para a democracia (nos tribunais e nas polícias) e não quis alterar as regras de funcionamento, pelo menos lá nos corredores labirinticos, onde só se entra com "santo e senha"...
É por isso que se somam casos atrás de casos, sem solução e sem verdadeiros culpados. "Casa Pia", "Saco Azul de Felgueiras", "Apito Dourado", "Joana", "Facturas Falsas", "Maddie", "Operação Furação", etc, são o grande exemplo da nossa justiça, pouco justa e séria, que não se consegue nem quer reformar.
Só espero é que não se continue a dizer, em todas as esquinas, que temos uma das melhores polícias do mundo, etc...
O desenho é do grande Rafael Bordalo Pinheiro, sempre actual...

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Olhares Sobre o Tejo...

No começo da década de noventa do século passado conheci Júlio Verne (dos Santos). Não era um pseudónimo, era mesmo nome. Este registo "literário" não foi caso único, em Almada também viveu Emílio Zola (Rebelo), marido da minha amiga Idalina, que desapareceu recentemente.

Este hábito singular era normal no seio dos anarquistas, que gostavam de perpetuar o nome de algumas figuras universais que admiravam, através dos próprios filhos.
Voltando a Júlio Verne, uma das pessoas mais cultas que conheci, ele tinha uma particularidade única. Nunca saiu de Lisboa, nem tão pouco atravessou o rio, para ir almoçar uma caldeirada a Cacilhas, ou apanhar o comboio e ir até à praia a Cascais.
Nunca passeava rente ao Tejo, desculpava-se que a água do rio, lhe provocava tonturas.
Mas curiosamente gostava de espreitar o rio, no alto de qualquer colina de Lisboa, fosse Alfama, Bairro Alto, Mouraria ou Madragoa...