sexta-feira, agosto 31, 2012

O Português Suave (Ou a Cultura do Nabo...)


Tenho acompanhado a polémica entre os historiadores Rui Ramos e Manuel Loft, devido à História de Portugal coordenada pelo primeiro e agora distribuída gratuitamente com o "Expresso" em fascículos.
Tenho uma posição pessoal, que embora não seja tão extremista como a de Manuel Loft, também é crítica em relação à posição, ainda que "soft", do branqueamento da ditadura salazarista levado a cabo por alguns historiadores de direita, como tem sido o caso de Rui Ramos.
Posso compreender que os herdeiros das famílias que dominavam o país no Estado Novo, tenham quadros de Salazar, pendurados nas suas casas, o apelidem de "salvador", ao mesmo tempo que sentem uma saudade imensa dos tempos em que eram donos de uma boa parcela de Portugal.
Já não compreendo que um historiador tente brincar com números, não resistindo à tentação de comparar os nossos mortos com os da Alemanha de Hitler, da Itália de Mussolini e da Espanha de Franco, para definir a existência ou não de um regime fascista. 
Como sou de esquerda, acredito que só não houve mais vitimas durante a ditadura salazarista no nosso país, porque uma boa parte da nossa população era ignorante, politicamente falando, e também devido a esta maneira especial de ser, este "português suave" que aguenta quase tudo, até ser governado ano após ano, por políticos que enriquecem, ao mesmo tempo que hipotecam o país...

Sem querer desmontar nada, sei que esta polémica, a par de algumas dezenas de livros lidos, me explica que haverá sempre duas leituras da história do século XX, uma de direita e outra de esquerda.  Uma mais generalista e benevolente com o Estado Novo, outra mais pormenorizada sobre todas as atrocidades cometidas durante os 48 anos de ditadura.

Embora não saiba qual será o lado certo e verdadeiro da história no futuro, estou convencido de que a mentira continuará sempre com a perna curta...

quinta-feira, agosto 30, 2012

A Carta que Tarda em Chegar


Ela pediu-me para lhe escrever uma carta, que trouxesse dentro uma história, por muito pequena que fosse. Usou como argumento o facto de não receber cartas pessoais há mais de uma década.

Disse-lhe que sim, desde que ela ilustrasse a minha história.

«Está bem» foi a sua resposta e a carta lá seguiu. 

Passaram-se dois meses e a resposta tarda em chegar.

Embora eu já soubesse, ela confirmou-me esta semana, que é muito melhor receber que enviar notícias...

O óleo é de Taner Ceylan.

terça-feira, agosto 28, 2012

Anjos da Guarda de Carne e Osso


Estava a ouvir a Carla e comecei a sorrir, com alguma nostalgia.

Ela falava do irmão mais velho com um pouco mais que admiração, disse-me que ele  foi  um autêntico anjo da guarda durante a sua infância e adolescência.

Eu sabia o que ela queria dizer, porque o meu único irmão também foi uma espécie de "anjo da guarda", pois os seus dois anos de avanço, fizeram com que estivesse sempre na linha da frente para me proteger. Mesmo quando era eu que provocava algumas situações, por ser um daqueles reguilas tramados que existem em algumas ruas, capaz até de me meter com rapazes ligeiramente maiores que eu (muitas vezes com as "costas quentes" do meu irmão e amigos, claro...).

O óleo é de Don Hatfield.

segunda-feira, agosto 27, 2012

Absurdos ou Talvez Não...


Nós humanos sempre fomos demasiado controversos e perdulários em relação a tudo o que nos rodeia. Isso poderá explicar um pouco a preferência de tanta gente, em navegar no erro, muitas vezes apenas porque sim.
Este comportamento também explica, em parte, as razões pela qual nunca conseguimos perceber o verdadeiro sentido da palavra Liberdade. Talvez seja por isso que a utilizamos tantas vezes como "bóia de salvação" e também como "tampão" dos nossos erros...
Houve três acontecimentos esta semana (embora um deles, o mais grave em consequências trágicas, já venha de trás...), que marcaram a discussão pública, em todos os lugares, fazendo quase esquecer a "derrapagem do défice" do governo, quase...

A privatização da RTP  é, aparentemente, o caso mais absurdo, com a figurinha mais marciana do PSD, o Borges, a ser encarregado de lançar mais uma  "nuvem" de nada, ao colocar a possibilidade de se "oferecer" a televisão e a rádio pública, a quem quisesse, juntamente com os milhões da taxa que todos pagamos, metida na factura da electricidade. Esta é a forma mais usual de se conseguir obter algo, entendido até aí como inaceitável: lançar para a opinião público algo ainda mais absurdo e improvável.

Embora se tenha passado em Espanha, não consigo perceber como é que é possível receber a destruição de uma obra de arte do século XIX, por uma senhora idosa, que resolveu armar-se em "restauradora de arte" (perante o silêncio e a aceitação da comunidade religiosa local...) com sorrisos e participar na romaria que se criou à sua volta, como se fosse a coisa mais natural do mundo. 

O terceiro caso é o mais grave, porque fez várias vitimas nas últimas semanas, inclusive mortais. Refiro-me à manutenção de cães de raças perigosas e mortais, no espaço público.
É provável que a solução que preconizo para este problema seja radical, mas não encontro outra. Se eu não posso ter um leão ou um tigre em casa, os senhores que prolongam a sua virilidade, através destes animais, também não os podiam ter, muito menos na varanda do apartamento.
Estranho é o silêncio das associações de defesa de animais, que fazem manifestações junto às praças de touros, pelo comportamento bárbaro dos seus semelhantes, que se revém na chamada  "festa brava". Gostava de saber o que pensam do assunto e que soluções têm para nos oferecer.

De certeza que Liberdade não é delapidar o património do Estado - mesmo que seja realizada por um governo aparentemente democrático -, destruir Arte pública ou utilizar animais perigosos para satisfação do ego.

O óleo é de Nathan Durfee.

domingo, agosto 26, 2012

Graxa e Sedução


As conversas têm o poder de nos trazer, muitas vezes, dados novos às nossas incertezas.

Fiquei a acreditar que sim, que quando as pessoas se têm em grande conta, são mais facilmente  seduzidas (e claro, enganadas). 

Qualquer divulgador do "conto do vigário", sabe disso...

A Rita achou por bem colar a palavra "graxa" à sedução, acrescentando que quem se acha "muito belo" ou "muito bom", alimenta invariavelmente o ego com muita "graxa" (e mentira, claro), tem sempre uma "corte" à sua volta... 

O óleo é de Jean Pierre Gibrat.

sábado, agosto 25, 2012

A Caça às Bruxas


As perseguições doentias sempre me causaram repulsa. 

Sempre achei José Sócrates um mau primeiro-ministro, mas nunca percebi porque razão o tentaram atacar de todas as formas, lançando suspeitas de corrupção e compadrio, que nunca foram provadas, deixando quase sempre para segundo plano a sua péssima governação. 

Sinto o mesmo em relação a Lance Armstrong. Será que ele é mesmo o desportista mais esperto do mundo, já que conseguiu enganar e as centenas de brigadas do controle de anti-dopagem que lhe recolheram urina e de sangue, ao longo da sua carreira desportiva?

Mas o mais curioso é ele ser acusado dez anos depois, porque desistiu de se defender, cansado desta "caça às bruxas"...

sexta-feira, agosto 24, 2012

O Vento Aparece Sempre no Final de Agosto


À medida que vamos caminhando para o final de Agosto, sentimos os dias a ficarem mais curtos. Além de escurecer mais cedo, são raros os dias em que o vento não sopra ao fim da tarde.

É esse mesmo vento que trás e leva as nuvens, também elas presenças quase permanentes, a adivinhar Setembro...

Quando vi este quadro da Carol Saxe, lembrei-me de uma casa de praia sempre cheia de gatos, usados como alvo, por uma série de "putos safados", capazes de fazer coisas impensáveis quando se juntavam em grupo...

quinta-feira, agosto 23, 2012

Nelson Rodrigues Nasceu há Cem Anos...


Nelson Rodrigues foi e é um dos melhores cronistas da língua portuguesa. 

Hoje comemora-se o seu centenário, de uma forma ligeira, pelo menos entre nós. De certeza que o Brasil não esquece o seu "Anjo Pornográfico" (título da sua biografia da autoria de Ruy Castro).

Conheci-o no começo da década de noventa, à mesa de café, quando um amigo me mostrou o seu livro de crónicas, "À Sombra das Chuteiras Imortais".

Acabei por ler este excelente livro e também os que encontrei na época na FNAC ("A Mulher do Próximo"; "O Remador de Ben-Hur"). Mais tarde li duas das suas peças de teatro, "O Beijo no Asfalto" e  "Bonitinha mas Ordinária". E claro a biografia de Ruy Castro, que é quase um romance. O título nasceu das suas próprias palavras.

"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."

Hoje também faria 100 anos um grande actor, Gene Kelly, inesquecível em tantos filmes,  como na bonita "Serenata à Chuva".

quarta-feira, agosto 22, 2012

É Provável que seja Preconceito...


É provável que seja preconceito, mas não suporto ver mulheres alcoolizadas.

Embora não sejam mais patéticas ou provocadoras que os homens bêbados, deixam escapar um rasto maior de fragilidade, de solidão.

Pelo menos é o que eu sinto. Talvez não passe de preconceito...

O óleo é de Helen Masacz.

segunda-feira, agosto 20, 2012

Usamos Tanto Palavras Erradas


Usamos tanto palavras erradas, para mimosear os espertalhaços que nos fazem a vida negra, nos governos locais e no nacional.

Chamamos-lhe autistas, porque só se ouvem a eles próprios, ignorando conselhos de quem tem mais sabedoria, ofendendo quem nasceu com este problema de saúde

Confundimos-os com um dos animais mais generosos que existem, esses mesmo, os burros, quando estes não têm nada que os possa confundir com estes moiros de trabalho.

E podia continuar por aí fora, utilizando muitas mais palavras erradas. 

Curiosamente duas das que melhor lhes assentam, ladrão e mentiroso, são ditas poucas vezes, mais por pudor que por estarem distantes da realidade...

O óleo é de Christopher Thompson.

domingo, agosto 19, 2012

Manhãs de Domingo Inspiradoras


O que nunca nos falta à nossa volta são as chamadas coisas inexplicáveis, das mais simples às mais complicadas.

Eu, por exemplo, acordo sempre mais cedo ao domingo que nos outros dias. E não só o acordar às sete da manhã (quando não mais cedo...), é acordar sempre cheio de ideias, que tanto podem ser histórias como projectos. Muitas vezes limito-me a escrever meia-dúzia de palavras no caderno de mesa de cabeceira, outras sou mesmo "obrigado" a levantar-me e ir até ao computador, escrever aquilo que hoje me parece bem e amanhã uma banalidade...

O óleo é de António Capel.

quinta-feira, agosto 16, 2012

O Que Mudou nos Jornais...


Mudou tanta coisa nos jornais... sobretudo as pessoas. Quando falo em pessoas refiro-me aos donos e aos jornalistas, que começaram a querer "traçar" rumos políticos no país, ao mesmo tempo que tentavam educar as massas, com notícias cada vez menos inocentes.

Claro que o jornalismo é apenas mais uma actividade económica onde imperam on monopólios, onde é possível a uma só pessoa ser dona de uma televisão, uma rádio e vários jornais e revistas. Joaquim Oliveira, Pinto Balsemão e Pais do Amaral, são a face mais visível desta realidade, que tão mal têm feito à comunicação social portuguesa.

Foram eles que deram espaço aos especialistas em "tudologia", que enchem os jornais de opiniões tendenciosas, quase sempre com o objectivo de proteger ou prejudicar alguém.

Olhando para o jornalismo de imprensa dos últimos vinte anos, sinto que a única mudança positiva foi o fim dos jornais em tamanho "broadsheet"", que ocupavam a mesa inteira e incomodavam os nossos vizinhos nos transportes  públicos.

O óleo é de Helen Hoffman.

terça-feira, agosto 14, 2012

O Quarto de Reserva


Todo aquele barulho que lhe chegava pela janela, fazia-o perceber que aquele lugar perdera uma das suas melhores qualidades, a discrição. Sorriu ao ouvir os palavrões que lhe chegavam do pátio interior, ao mesmo tempo que se apercebia não era muito difícil saltar da janela do quarto para um terraço no piso inferior. 

Talvez fosse isso que fazia daquele quarto um lugar especial, especialmente durante a Ditadura Salazarista. Embora também escondesse gente que estava apenas de passagem pelo nosso país, enquanto os alemães fingiam purificar a sua raça e destruíam a Europa. 

Não estava ali para dormir, mas sim para escrever. Contar a história daquele quarto que escondeu, ainda que por apenas uma ou duas noites, gente da oposição, que precisava de um abrigo, para fugir aos agentes e inspectores da PIDE, espalhados pela Capital, que adoravam coleccionar "comunistas". 

Disseram-lhe que muito pouca gente conheceu aquele lugar, e quem o conhecia, só o utilizava em último caso. Mesmo assim teve durante, anos e anos, pelo menos um cliente semanal.

A grande particularidade daquele quarto, era não "existir". Quando se abria a porta, apenas se via um armário, que  guardava lençóis, fronhas e toalhas. 

Hoje continua sem receber clientes. Embora tenha perdido o secretismo, mantém o seu mobiliário tradicional, como se fosse um "museu". Para chegar à pequena divisão de dormir já não é preciso retirar alguma roupa e passar quase de cócoras pela pequena porta, quase impossível de detectar, embora parte do armário continue lá, encostado à parede, a fazer história. 

Ao não existir, não tinha preço. Ou seja, quem ali dormia, não pagava nada pela noite de descanso. E ainda podia mudar de roupa, pois existia uma arca com calças, casacos e camisas de vários tamanhos. E debaixo da cama  era possível encontrar meia-dúzia de sapatos Em frente da cama havia ainda um cabide espelho, com quatro chapéus diferentes pendurados, que também faziam parte das mudanças de cenário, muitas vezes obrigatórias.

A transformação do quarto começou por ser uma pequena vingança de um pai, inconsolável, depois de ver o filho preso após o 18 de Janeiro de 1934, sem ter feito nada de ilícito. Depois passou a ser uma questão de honra, uma forma de viver solidário com todos aqueles que lutavam pela Liberdade.

O óleo é de Jeremy Plunkett.

domingo, agosto 12, 2012

O Tudo e o Nada


Das muitas coisas que tenho para agradecer aos meus pais - talvez das mais importantes -, foi não me terem educado numa única direcção, nem me terem escolhido o futuro.

Hoje sinto que fui educado para ser o que quisesse, com toda a liberdade do mundo.

Claro que sei que isso também aconteceu por não ser herdeiro de qualquer consultório, escritório ou empresa.

O óleo é de Margarita Sikorskaia.


sexta-feira, agosto 10, 2012

O Centenário de Jorge Amado


Hoje comemora-se o centenário do nascimento do escritor brasileiro, Jorge Amado.

Li quase todos os seus livros, graças ao extraordinário, "Capitães de Areia", que  ainda hoje guardo no "top-ten" das minhas preferências.

Foi também ele que me levou a ler outros autores brasileiros e latino-americanos, que também misturavam uns pózinhos de "magia" nas suas palavras.

Obrigado Jorge!

quinta-feira, agosto 09, 2012

Desporto é Isto!


Sabe sempre bem olhar para a capa de um jornal desportivo (ainda por cima o meu preferido, "A Bola") e ver que o tema escolhido, não poderia ter sido melhor. E ainda por cima uma modalidade sem bola.

Felizmente não houve nenhuma transferência futebolística surpreendente, que conseguisse ofuscar o brilho da medalha de prata, conquistada por Emanuel Silva e Fernando Pimenta, na canoagem olímpica, em Londres.

Sabe bem ver de longe a longe um jornal fazer jus à temática desportiva, que é muito mais que futebol...

terça-feira, agosto 07, 2012

As Grades da Aldeia



O mais triste e estranho era perceber que as "prisões" tinham chegado à aldeia. 

Antes os portões abriam-se apenas com o cordão pendurado no lado de fora e muitas portas de entrada das casas tinham a chave do lado da rua...

Claro que isso era na minha infância e adolescência e já lá vão bastantes anos. De lá para cá, muita água passou pelas ribeiras, como diz a tia Ana...

O óleo é de António Capel.

domingo, agosto 05, 2012

Marylin Continua Imortal


Poucos pensariam que cinquenta depois, Marylin Monroe continuaria tão viva entre nós.

Não sei se o mito sobrevive pela sua beleza, pelo falso louro dos seus cabelos ou por ter partido cede demais e de uma forma dramática...

Acho que ela tem a culpa de eu gostar de louras...

O Medo Estampado no Rosto



Olhei para ela e percebi que toda aquela apreensão fazia algum sentido.
Quarenta e sete anos a residir na mesma casa, sem que o senhorio alguma vez tivesse feito alguma obra...
Janelas e portas, que só não caíram de podres porque o marido foi fazendo pequenas melhorias e compraram estores. A cozinha e a casa de banho estavam longe de ter as condições desejáveis, mas mesmo assim, tudo o que lá estava, tinha sido pago por ela e o marido.


E agora apareceram por ali a filha e o genro do senhorio, a dizer que lhe iam aumentar a renda para cem euros (agora paga trinta e cinco...), ela que tem uma reforma de menos de trezentos euros.
Indignada, perguntou-lhes onde tinham andado nos últimos anos. De seguida convidou-os a entrar de seguida e mostrou-lhes a cozinha e a casa de banho e disse-lhes que pagava esse aumento quando lhe arranjassem aquelas duas divisões.
Entraram, viram e saíram, sem dizer qualquer palavra.


Como costuma ver as notícias, sabe que a lei do arrendamento foi alterada e ficou ao jeito dos senhorios.
Sosseguei-a, dizendo-lhe que não a podiam aumentar por aqueles valores, e muito menos sem fazer as obras necessárias. 
Claro que não a consegui descansar e percebi o seu desabafo quando disse que esta gente que governa só sabe tirar dinheiro a quem não o tem... 


O óleo é de Bernard Safran.

sábado, agosto 04, 2012

Uma Outra Revolução


Quase que não se fala da "revolução" higiénica que se fez de Norte a Sul, depois de Abril de 1974. Apesar de não ter chegado a todos os lugares - pelo que de vez em quando se ouve falar na televisão -, mudou completamente o paradigma das famílias menos abastadas.

De vez enquanto surge uma ou outra reportagem sobre as "vilas" (aglomerados de anexos, sem grandes condições de habitabilidade...), especialmente das partes antigas de Lisboa ou Porto, onde ainda existem habitações sem casa de banho. A sanita continua a ser uma pia exterior e os banhos são feitos utilizando o alguidar ou com um duche desmontável (de pendurar...), no interior das casas, mas isso só confirma a regra.

Mas as grandes diferenças verificam-se nas aldeias, onde os seus habitantes mais idosos cresceram sem este "luxo" e agora todos têm  a sua casinha de banho.

Mas se a electricidade e a água canalizada não chegavam à maior parte das aldeias do país, muito menos chegaria o saneamento...

O óleo é de Pierre de Mougins.

quinta-feira, agosto 02, 2012

Pinturas de "Guerra"


Quando era mais novo, não achava muita piada  aos exageros na pintura do rosto das mulheres.

Agora gosto, desde que não fiquem esborratadas, claro. Acho mesmo que esta técnica até pode ser considerada um sub-género artístico, como muitos outros.

Embora seja quase impossível transformar uma mulher feia numa mulher bonita (vem nos "anais" do anedotário alentejano, quando o Manel descobriu que a Maria estava a pintar os beiços para ficar mais bonita...), uma boa pintura pode dar o toque que falta.

O óleo é de Joshua Petker.

quarta-feira, agosto 01, 2012

Dizer Não é Sempre Mais Difícil que Dizer Sim


É verdade (é coisa quase de La Palisse...). Dizer não, é sempre mais difícil que dizer sim.

Quanto mais não seja, por toda a carga negativa que esta palavra encerra.

Talvez também seja por isso que muitos pais, têm dificuldade em dizer não aos filhotes.

Embora no caso familiar seja preferível não dizer nada, para não habituarmos os filhos a "não falsos", que depois são seguidos de um sim...

Perguntaram-me hoje se digo muitos nãos, como fiquei em silêncio, perguntaram-se se já tinha dito algum hoje. Fiquei a pensar e achei que não... nem mesmo aos meus filhos.

O "não" é muitas vezes o último recurso, utilizado para fechar conversas, relações, empregos, ou nem isso. Fugir também é mais fácil que dizer não.

O óleo é de Paul Devaux.