quarta-feira, agosto 25, 2010

Quando dos Vencidos é que Reza a História...

O jornalismo futebolístico deve ser o género que mais explora a paixão do povo, por razões nem sempre óbvias, mesmo que se possa perceber as dificuldades diárias em "alimentar" três diários da especialidade.

Isso explica que se façam tantas manchetes de contratações fictícias para os "grandes", que nem os próprios clubes entendem, ao ponto de 80% não passarem de "estórias de papel".

Mas o que me choca mais nas suas páginas é que não se dê relevo aos vencedores, quando está em causa um grande, como é o caso do Benfica, neste começo de campeonato. Não vi em nenhum jornal referências elogiosas aos treinadores da Académica e do Nacional, Jorge Costa e Jokanovic, e às suas equipas, por terem derrotado o campeão. Quase todas as notícias se centram no demérito do Benfica, colocando o guarda-redes na "fogueira", ao mesmo tempo que oferecem "fósforos" aos leitores.

Também por aqui a "justiça" anda em crise.

O mais estúpido, é que mesmo sabendo disto tudo, continuo a comprar a "bíblia"...

terça-feira, agosto 24, 2010

Grande Braga!

O Sporting de Braga há vários anos que é um exemplo de boa gestão e também de prática de bom futebol.

Ainda há pouco mostrou porque razão foi quase Campeão Nacional da época passada.

Tem um grande treinador, um excelente presidente e muitos bons jogadores, eu diria, uns autênticos guerreiros no melhor sentido da palavra.

Não percebi porque razão Pinto da Costa optou por André Villas Boas e não por Domingos Paciência, no comando da equipa do FC Porto.

Talvez ainda se arrependa, quando for tempo de se fazerem as contas finais...

E nem falo do Benfica e do Sporting, que jogam como jogam e não viram entrar tanto jogador novo, como este Braga, na primeira equipa. Hoje em Sevilha jogaram nada mais nada menos que seis jogadores, que se estreiam esta época com a camisola bracarense (Filipe, Silvio, Elderson, Salino, Lima e Elton).

E como gostei desta vitória, de quatro a três, em Sevilha.

A foto foi retirada do site do "Record".

segunda-feira, agosto 23, 2010

Coragem de "Prima Dona"

Se há algo que une António Lobo Antunes a José Saramago, é a forma livre com que sempre escreveram e falaram.

Claro que o estatuto de "prima donas" da nossa literatura acabou por reforçar esta coragem de chamar as coisas pelos verdadeiros nomes.

Saramago deve ter sido o único militante comunista que se desviou (ainda que ligeiramente...) das premissas do seu partido, sem sofrer qualquer tipo de represália ou censura.

Lobo Antunes mesmo sem ligações partidárias, também nunca se refugiou no "politicamente correcto", inclusive em relação ao Prémio Nobel. Na sua última crónica da "Visão" não se coibiu de atirar algumas "directas" ao seu "patrão", para quem os livros são apenas um negócio e não uma paixão:
[...]«A maior parte dos editores ou são ignorantes ou são vigaristas, oferecendo ao público pacotilha impressa: um bom editor, tal como um bom leitor, é mais raro que um bom livro.» [...]

O mais curioso é que depois desta crónica, surgiram uns rumores que uns "militares", indignados com as palavras publicadas no livro de João Céu e Silva, "Uma Longa Conversa com António Lobo Antunes", no ano passado, lhe queriam chegar a "roupa ao pelo". Isto é o que se chama sentido de oportunidade.

Pior que isso foram as insinuações de que Lobo Antunes faltou a uma sessão literária em Tomar, com medo das agressões.

Não. Lobo Antunes não é homem para isso, da mesma forma que Saramago também nunca fugia ao confronto de ideias.

Não foi por acaso que Lobo Antunes escreveu um livro com o título, "O Meu Nome é Legião".

domingo, agosto 22, 2010

Domingo de Agosto

Domingo quente, mais quente do que o costume na recta final de Agosto.

Muita gente de férias, mesmo assim a esplanada do café enche-se.
Fala-se de coisas banais procurando esquecer outras banalidades. Quase ninguém ousa falar do Benfica ou do Sporting, muito menos da Selecção. O Necas continua a banhos nos algarves e não incomoda ninguém - é praticamente o único dragão da rua, a festa que deve fazer a Sul com estas derrotas dos "lagartos" e dos "pardais"...

Mudando de cenário, de Sócrates e Passos Coelho, também se diz pouca coisa. Está tudo farto da mesma lengalenga, de se fazerem sacrificios para nada, de não se vislumbrar no horizonte nenhum "salvador da pátria".
A única excepção à banalidade acabou por ser o meu vizinho que deixou sair num tom de voz mais alto: «para que é que afinal pago os impostos, pá?», numa conversa mais acesa que despertou a atenção das outras mesas, inclusive a minha.
Mas ele não estava preocupado com o país, mas sim com a higiene da sua rua (a tal que já falei no "Casario"), com a lixeira a céu aberto que está a menos de quinze metros da janela do quarto, no primeiro andar.

Olhei para sitio nenhum, farto de saber que temos as vistas curtas, que só nos preocupamos com as problemas, quando nos batem à porta.
E também não lhe vale de nada chamar nomes à presidente e aos rapazes que a rodeiam, pois além de estarem de férias, têm ouvidos selectivos como o Sócrates ou outro "vendedor de banha da cobra" que se preze.
Este café é do grande Van Gogh.

sexta-feira, agosto 20, 2010

O Ensino e a Saúde no Nosso País

As medidas governamentais do fecho de 701 escolas básicas, só tem uma explicação: redução nas despesas do Estado. Não vale a pena a ministra vir com a "música de serrote socretina", com os argumentos gastos de que o que se pretende é melhorar a qualidade ou o rigor do ensino.

Foi mais ou menos assim que o Estado "decretou" o encerramento de muitos Centros de Saúde, de Norte a Sul, com prejuízos evidentes para as populações. A ministra também veio argumentar que o que se pretendia era melhorar a qualidade dos serviços de saúde no país e a oferta.

Infelizmente estes argumentos não passam de mentiras encapotadas, seguindo a "pauta" do "chefe da banda".

Não tenho dúvidas que a única coisa que o Estado quer é reduzir as despesas, tanto na saúde como na educação, abrindo ao mesmo tempo as portas às clínicas privadas e aos estabelecimentos de ensino particular.

Ou seja, a tendência deste PS, é seguir o caminho proposto pelo PSD, liberalizando direitos constitucionais que eram de todos. O caminho traçado é privar a curto e médio prazo os mais necessitados de bens essenciais, como são a Educação e a Saúde.

Talvez no futuro próximo até seja inventada uma coisa parecida com as "novas oportunidades" para as crianças do interior, possibilitando-lhe a realização do ensino básico em apenas um ano...
Desta forma será mais fácil guardarem o gado e os rebanhos da família, como acontecia há cinquenta e sessenta anos, sem a "chatice" da escola a imcomodar, como sugere este óleo de Robert Duncan.

terça-feira, agosto 17, 2010

O Sítio das Mulheres Mortas

Não, não vou falar dos políticos hipócritas e incompetentes, que se refugiam atrás de estatísticas falaciosas, seja sobre incêndios, saúde ou desemprego.
Prefiro falar da crónica de Inês Pedrosa da revista "Única", de 14 de Agosto. Começa assim:
«Neste preciso momento há uma mulher a ser espancada pelo homem que amou. Uma mulher que não apresentará queixa das sevícias que sofre e aguentará calada, pensando no exemplo dessa Maria de Fátima que foi esfaqueada até à morte - 36 facadas - pelo homem de quem tinha apresentado queixa.»
É possível que algumas pessoas achem a crónica da Inês exagerada. Não, não é. Está lá tudo. Especialmente o papel passivo da justiça e das forças policiais, demasiado conservadoras, no pior sentido do termo.
Já não olho para esta questão de uma forma tão racional e fria como olhava. Especialmente depois de conhecer as vitimas de dois casos, um dos quais só terminou quando a mulher em causa deu entrada nas urgências do hospital, em muito mau estado. Ela aceitou a situação durante anos, pela completa dependência económica do pai dos seus dois filhos. Na cama do hospital deu-se o "click" e conseguiu libertar-se da besta com quem tinha casado. Mas voltou a ser vitima da nossa justiça, mais uma vez, pois ficou sem a guarda dos filhos. O tribunal entregou os filhos ao agressor cobarde, que nunca se incomodou de bater na mulher, na presença das crianças.
Quando as forças de autoridade deixarem, de uma vez por todas, de se recordarem do ditado, «entre marido e mulher não metas a colher», salvarão muitas vidas.
Dos tribunais nem falo, a comparação que a Inês faz entre o número de queixas (30.543) e as pessoas que estão a cumprir pena (59), diz tudo...
O bonito óleo é de Paul Turner.

sábado, agosto 14, 2010

Almoço à Beira Mar

É tão agradável almoçar rente a uma janela, ver a linha do horizonte, seja do Oceano ou dos Campos sem fim...
E se for num lugar calmo, mesmo em Agosto, melhor ainda...

O óleo é de Ugo de Cesare.

quinta-feira, agosto 12, 2010

Fogos e Hipocrísia

Não era para voltar a falar dos incêndios, mas ainda há tanto a dizer...

Quem já visitou os parques nacionais da Peneda-Gerês e da Serra da Estrela, conhece bem o património natural que está a ser destruído, quase sempre por mão criminosa.

Património esse que está à guarda deste governo hipócrita, que hoje ameaçou expropriar terrenos particulares abandonados, pela voz do ministro da agricultura, esquecendo que uma boa parte dos parques naturais e matas estatais, também estão ao abandono, sem que se faça a limpeza necessária, antes do Verão...

Como já vem sendo habito nas tragédias, a "culpa continua a morrer solteira". Num país diferente, provavelmente o ministro da administração interna já tinha pedido a demissão.

Há ainda outro aspecto que me faz confusão. Embora compreenda o choro das pessoas, quando vêem o fogo aproximar-se das suas casas, sei que muitas também têm a sua cota de responsabilidade. Se limpassem os terrenos em redor das suas habitações, o perigo seria reduzido...
A foto é de Rodrigo Cabrita.

quarta-feira, agosto 11, 2010

O País a Arder

As temperatura subiram e os incêndios apareceram, especialmente a Norte, onde ainda existe floresta para arder, revelando mais uma vez as nossas fragilidades.

Eu até li no jornal que o governo chegou a anunciar a utilização de mil desempregados como vigilantes das nossas matas, embora o projecto não saisse do papel, para variar.
No começo da Primavera houve espaço para sugestões (nos cafés e até na blogosfera) sobre a criação de bolsas de emprego de Norte a Sul, com o objectivo de limpar as matas, para que no Verão não assistissemos aos dramas do costume.
Algumas autarquias admitiram inclusive não ter dinheiro para alimentar esta boa ideia...
Infelizmente o governo também nunca tem dinheiro para a prevenção, prefere gastar vinte vezes mais, no rescaldo dos incêndios...
Como todos os anos se passa a mesma coisa, não é muito difícil de supor que os "fogos" devem ser um grande negócio para muito boa gente, no governo e nas autarquias, contrariamente à prevenção.
Sim, estou cada vez mais convencido que este "deixa andar", é tudo menos inocente.

segunda-feira, agosto 09, 2010

Mourinho Tem Toda a Razão

Houve muito boa gente que não gostou que Mourinho dissesse a verdade, quando disse que não havia qualquer comparação entre ele e André Villas-Boas, inclusive na forma como chegaram ao F.C.Porto, como treinadores.

Os jornalistas e comentaristas com falhas de memória, para não lhes chamar outra coisa, chamaram-lhe "infeliz", invocando mais ou menos o mesmo número de jogos disputados por ambos como treinadores, esquecendo o essencial: Mourinho antes de treinar o F.C.Porto, treinou um grande de Lisboa, o Benfica, que abandonou depois de ter vencido o "derby" lisboeta por três a zero e que na época seguinte quando deixou o U. Leiria, para treinar o F.C.Porto, este estava no terceiro lugar da 1ª Liga.

André Villas-Boas limitou-se a fazer uma época incompleta na Académica (a partir de Outubro de 2009), terminando o campeonato profissional num modesto 11º lugar...
Sei que depois de vencer o Benfica, o jovem técnico passou a ser o maior e fartou-se de levar palmadinhas nas costas. Embora o André possa ser um gajo bestial, não vale a pena "fintar" a realidade.

Foi assim, não foi Francisco?

domingo, agosto 08, 2010

O Futebol Não é uma Guerra

Quem é que é capaz de explicar aos jogadores do F.C.Porto e do Benfica, que o futebol não é uma guerra?

Se o jogo fosse arbitrado por um árbitro decente, não teria chegado ao fim, devido às expulsões devidas aos jogadores das duas equipas.
Infelizmente, todos nós sabemos que enquanto os dirigentes e os treinadores fizerem a apologia da violência, nada mudará nos estádios de futebol portugueses.
(foto do site do "Record")

sexta-feira, agosto 06, 2010

Hiroshima: Metáfora de todas as Guerras

Hiroshima não é uma canção, foi a primeira cidade do mundo a ser arrasada por uma bomba atómica, lançada pela força aérea dos EUA no Japão, há exactamente sessenta e cinco anos.

Como acontece em todas as guerras e atentados, as principais vitimas são sempre a gente comum, inocente, que não pôde escolher entre a paz e a guerra...

quarta-feira, agosto 04, 2010

As Bolas e a Bolacha Americana

Uma das profissões ocasionais mais duras do Verão Algarvio, é a dos vendedores de bolas de berlim, que passam o dia no areal, a andar de um lado para o outro, com ditos e sons muito próprios.

Como é natural, alguns têm mais veia para o negócio, usam a voz, em falsetes entre o "pavaroti" e o "zé cabra", e claro, os sorrisos e a simpatia como servem a clientela.
No meio destes "heróis da areia", ainda aparecem uns "supers", como o da fotografia, que além das duas caixas de bolos e bolas nos braços, ainda trás às costas o "bidon" da bolacha americana, que parece estar de volta às praias...

terça-feira, agosto 03, 2010

Os "Vampiros" da Conquilha

Se há coisa que me faz confusão nas praias do sul, são as pessoas (de todas as idades...) munidas de saquitos ou garrafas de plástico a esgravatar a areia molhada da beira-mar, com os pés, em busca de conquilhas minúsculas...

Grande paciência! Talvez comam grandes barrigadas deste molusco, talvez...

O óleo é de Mark Meunier.

segunda-feira, agosto 02, 2010

Uma Aventura no Fim dos "Chumbos"

Há frases que parecem ditas, quase como se fossem brincadeiras carnavalescas.

Foi quase assim que a Ministra da Educação anunciou o fim dos chumbos (claro que provavelmente foi mais um mal entendido, bem à medida deste governo...). Nem sei se teve tempo para pensar no assunto, se fosse inspiração momentânea.

Este país já é tão a brincar, só faltava mesmo isso. Até já temos as "novas oportunidades", onde se oferecem diplomas, quase ao gosto do freguês...
"O Violeiro" é de Ernane Cortat...

domingo, agosto 01, 2010

O Pesadelo...

Não pretendia que a minha primeira postagem de Agosto fosse sobre gente que está longe do "panteão dos meus heróis", mas acho que devo dizer alguma coisa, por que me incomoda este "vale tudo" que tomou conta do nosso país.

Não acho que Sócrates seja um bom primeiro-ministro, muito pelo contrário. Acho-o o principal responsável pelo agravamento da "crise" do nosso país. É por isso que me irrita profundamente que o tentem "beliscar" por todas as razões, menos a mais visível, a sua sofrível prestação como chefe do governo.

Da mesma forma penso que Carlos Queirós já provou não ser a pessoa certa para exercer o cargo de seleccionador, mas é vergonhosa a forma como os seus "amigos" o tentam "empurrar" da carruagem em andamento. Digam ao senhor que não tem mais espaço como técnico de futebol, sem argumentos cobardes. Ele tem razão, isto parece quase um "linchamento público".

Em ambos os casos, percebe-se que é demasiado perigoso escolher como inimigos algumas sumidades do nosso jornalismo, cada vez mais tendencioso e servil, que ainda por cima tratam por tu alguns juizes e procuradores...
Só podia escolher como ilustração, "O Pesadelo", de Rafael Bordalo Pinheiro.