domingo, abril 29, 2012

A Desconfiança nos Outros


Hoje somos um país descrente em quase tudo.

Mas penso que o pior mesmo, é sentirmos que não podemos confiar numa boa parte das pessoas, algumas das quais com responsabilidades na sociedade.

Políticos, juízes,  polícias, advogados e jornalistas,  são algumas das profissões que mais contribuem para este descrédito humano, por usarem "máscaras" e por "brincarem" com as palavras e com a verdade. 

O pior de tudo é a forma como muitas pessoas honestas e bem intencionadas, destas profissões acabam por ser olhadas...

Esta será a recuperação mais difícil de se fazer no nosso país e no mundo.

O óleo é de Gwen Fulton.

quinta-feira, abril 26, 2012

«Já foste quase feliz?»


Quando ela começava a falar da sua vida, nunca sabia onde começava a verdade e onde acabava a ficção. Talvez fosse isso que me deixava fascinado a ouvi-la, de cigarro no canto da boca, a fabricar nuvens cinzentas que aligeiravam o azul dos seus olhos.

No meio de tantas profissões, tantas cidades, tantos mundos, perguntei-lhe: «já foste quase feliz?» Ela respondeu-me com apenas um «sim». Percebeu que o meu silêncio pedia desenvolvimentos e foi então que me falou e encantou com a história da sua passagem pelo circo do tio, onde foi bailarina, trapezista, amazona, equilibrista e mulher-palhaço.

Sorri e disse-lhe que ela além de contar, também devia escrever as suas histórias...

Desculpou-se e disse que escrever nunca foi o seu forte, sempre deu muitos erros...

O óleo é de Jean-Claude Desplanques.

quarta-feira, abril 25, 2012

Olhares sem Abril


Trinta e oito anos depois da Revolução de Abril, mudou muita coisa, quase sempre para pior.

Uma boa parte das pessoas que foram (e são...) poder, preocuparam-se mais em destruir sonhos que em construir um país livre, justo e com futuro.

Ontem ao ler Manuel António Pina, no "JN", ainda sobre Rui Rio e a Escola da Fontinha, concordei mais uma vez com ele: «A história do século XX ensina-nos que o facto de um individuo ser eleito democraticamente não faz dele um democrata.» São tantos os exemplos, à esquerda e à direita, especialmente no Poder Local, onde tem sido possível governar mais tempo que o próprio Salazar...

Mas onde eu noto mais diferenças é no olhar das pessoas, cada vez mais baço e onde se pode descobrir sobretudo medo, raiva e desespero. 

Infelizmente os olhares de esperança, capazes de oferecer um sorriso a quem passa, são cada vez mais difíceis de descobrir por aí...

O óleo é de Aline Sibera.

terça-feira, abril 24, 2012

Um Dia Estranho


Sempre olhei para o dia 24 de Abril, de lado. Não é o meu dia, como não era o do Miguel Portas, que nos deixou hoje.

Não sabia que o Miguel  tinha nascido a 1 de Maio (fiquei a saber, quando passei pelo "Arrastão", pela pena de Pedro Sales). Só por isso merecia partir a 25 e não a 24 de Abril.

À boa maneira portuguesa acabei por me lembrar depois que a véspera de um dia grande e luminoso, é sempre um dia de esperança, e não apenas de despedida. Até por saber que o Miguel era boa gente.

O óleo é de Nigel Cox.

segunda-feira, abril 23, 2012

A Festa dos Livros


Hoje comemora-se o Dia Internacional do Livro.

Poderia fazer uma pausa, tal como os "mentirosos" dizem que fazem no dia 1 de Abril, mas para quê, se é sempre um prazer falar de livros?

Há um aspecto curioso no meu "amor" pelos livros, noto que aqueles que mais "entraram por mim a dentro", são obras simples mas muito bem escritas. Claro que também me apareceram em momentos cruciais da vida.

Por exemplo a "Engrenagem" do Soeiro Pereira Gomes, surgiu de uma forma revolucionária no começo da minha adolescência, ao apresentar-me o mundo do trabalho, tal como ele é, repleto de injustiças e enganos. "O Malhadinhas" do Aquilino Ribeiro foi o livro decisivo do meu regresso à leitura (e à escrita...), já adulto. A magia das palavras de Aquilino fez de mim quase o único cliente da rica biblioteca da escola onde dava aulas, com os livros a transportarem-me para outras viagens, no interior da carruagem do comboio que me transportava diariamente entre Santa Apolónia e Vila Franca de Xira.

E os "Bichos" de Miguel Torga?  Que maravilha... e claro, "Os Capitães da Areia" ou "Os Velhos Marinheiros" de Jorge Amado. 

Um dos últimos livros que me encantou foi "O Velho que Lia Romances de Amor", de Luís Sepúlveda.

Tenho lido bons livros e bons autores, mas não deixaram o mesmo encantamento que esta meia-dúzia de obras me proporcionou.

Quando me perguntam qual o melhor livro que já li, penso sempre que ele não é único. Mas quando penso melhor no assunto, há um livro que sobressai e que achei fabuloso e que talvez seja o tal número um. Falo de  "Por Quem os Sinos Dobram", de Ernest Hemingway (até tenho medo de o ler novamente e não encontrar a beleza e a qualidade, que descobri, ao ler aquele relato tão intenso, que acaba por ser mais sobre a honra e a lealdade e as escolhas que temos de fazer em tempos difíceis, que sobre a Guerra Civil de Espanha...). 

domingo, abril 22, 2012

Jorge Amado e os Capitães da Areia



Hoje ao passar por um cartaz que anunciava a estreia brevemente do filme, "Capitães da Areia", falei ao meu filho do livro, um dos que gostei mais de Jorge Amado e que faz parte da pequena lista de obras que recomendo a qualquer leitor. Disse-lhe que era uma história muito bem contada sobre as crianças brasileiras, abandonadas e exploradas, que encontravam "refúgio" no areal das praias...

Reparei também que estamos no ano do centenário de Jorge Amado. Fiquei a pensar que tenho sido bastante injusto com o Jorge, pois quando me perguntam pelos meus autores e livros preferidos, tenho esquecido este escritor brasileiro, que me fez passar tão bons bocados, na companhia dos seus "filhos"...

sábado, abril 21, 2012

Ainda a ES.COL.A do Alto da Fontinha


Continuo a comprar jornais, mais por vicio que por outra coisa.

Ler, leio mais através da "net".

Se há coisa que não perco no "DN" e no "JN", são os artigos de opinião de Manuel António Pina e Ferreira Fernandes, os melhores comentadores da realidade deste país, que não se consegue libertar da "batalha naval" a que continua sujeito, com tanta gente a dar-lhe "tiros" para o fundo...

O poeta Manuel António Pina foi lapidar na forma como comentou a acção de Rui Rio, ontem. É que para se ser um bom político, não basta oferecer uma imagem de seriedade e confrontar os "poderes" de Pinto da Costa...

«Uma ilha de iniciativa, de partilha, de democracia participativa? Era demais para Rui Rio. Ateliês de leitura, de música, de teatro, de fotografia?, formação contínua?, apoio educativo?, aulas de línguas?, xadrez?, yoga?, debates?, assembleias? - Intolerável!»

«As retinas de Rui Rio não suportam as cores vibrantes e indisciplinadas dos sonhos. Ontem, por sua ordem, a Polícia cercou o bairro, invadiu armada a Escola da Fontinha, prendeu pessoas e destruiu e pilhou as instalações. E Pepperland voltou de novo a ser cabisbaixa e cinzenta.»

Mais um excelente cartaz da Gui (cliquem no seu nome e terão a reportagem na primeira pessoa, com imagens e palavras bem elucidativas).

sexta-feira, abril 20, 2012

Porque Não Ocupar o País?


Somos um país em que a cada dia que passa, surge sempre uma nova situação que nos devia envergonhar a todos, enquanto cidadãos.

E já nem estou a falar dos "BPN's", dos "Sobreiros decapitados", dessa maltinha laranja e rosa, que se fartou de "roubar" o que é de todos nós e que agora se acha com moralidade para transformar o nosso país numa nova "albânia" da Europa.

Falo da estupidez de um Rui Rio, que prefere ter uma escola fechada, vandalizada e cheia de lixo - que era com toda a certeza um perigo para a saúde pública -, a um espaço cultural, onde se ofereciam uma série de valências, gratuitamente, a gente de todas as idades.

A Cultura continua a meter medo a toda esta gente, que nem de direita é, e que têm tanta dificuldade em viver em democracia. É por isso, que se puderem, mantêm o povo preso no "mundo das aparências", à imagem do portugal salazarento, que parece estar a ser levantado debaixo do chão.


Provavelmente em vez de ocuparmos escolas e casas abandonadas, devíamos ocupar os ministérios deste país, tão mal frequentados...

O cartaz é da Gui, ligada ao projecto cultural da Es.Col.A do Alto da Fontinha.

quinta-feira, abril 19, 2012

O País do Salazar já Anda por aí, à Espreita, numa Esquina Perto de Nós


Os "prodígios" económicos e financeiros deste governo, não param de me espantar. Cada vez há menos emprego e as perspectivas de sairmos do buraco" onde nos encontramos, estão a ficar mais longe. 
Mesmo assim os senhores insistem em ser mais duros que a própria "troika", em qualquer medida ou reforma. Mas como não querem que ninguém morra à fome, fazem publicidade aos refeitórios que vão abrindo, onde distribuem sopinha para os pobres. E agora também distribuem terras, para quem as quiser cultivar.

O tentativa de recriar o país rural que existia antes de 1974 está de volta,  em que mais de metade da população se limitava a trabalhar para comer.


Compreendo cada vez mais os capitães de Abril que se manifestam e dizem que não foi para isto que fizeram a Revolução dos Cravos.

O óleo é de Gene Brown.

quarta-feira, abril 18, 2012

As Histórias em Movimento


A conversa sobre a escrita, acabou por saltar para as histórias em movimento, com toda a naturalidade. O Gui aproveitou para desabafar, para dizer que as minhas "dores" eram um doce à beira das dele. Como eu o percebia, a sua primeira longa metragem continuava enrolada, aparentemente sem grandes hipóteses de chegar um dias às salas de cinema, até por ele não jogar no "euromilhões"...

Felizmente com o digital, pode filmar o que lhe apetecer, sem andar por aí a queimar fita. E histórias não lhe faltam...

Embora cada vez tenha menos paciência e vontade de viver neste país que faz gosto em ser "pimba", em promover o foleiro e ignorar a qualidade.

Quando vai para fora, já não sente as saudades de outros tempos. Confessou-me com alguma mágoa, que esta gente que nos governa, não merece o povo que tem, e que eles é que deviam emigrar. Estou plenamente de acordo.

Com a falta de trabalho que existe por cá, dentro de pouco tempo vai regressar a Londres, para fazer mais um filme, como assistente de realizador. Vai ficar afastado meia-dúzia de meses do nosso canto e disse-me que desta vez é mesmo capaz de acabar por ficar por lá...

O óleo é de Wendy Chidester.

terça-feira, abril 17, 2012

Como Fugir da "Armadilha" de ser Romancista


Ontem tive uma conversa, mais longa e séria que o costume, sobre a escrita. Do outro lado estava um amigo, que também escreve e que tem cada vez mais dificuldade em fazer o que mais gosta, filmar o mundo...

Não sei se foi desculpa, mas disse-lhe que o meu casamento normal, com dois filhos, era uma das "chaves do meu insucesso literário", da minha fuga à "armadilha" de me tornar romancista (publiquei o meu único romance em 1995, há dezassete anos, embora tivesse sido escrito em 1993...). Ele sorriu com os meus argumentos, de que era necessário ter uma vida solitária e também desordenada, para conseguir escrever um romance, pelo menos de forma visceral, com as personagens a escaparem ao autor e a tornarem-se  donas da história.

Tudo isto porque literatura, para mim (e para ele...), não são os livros do José Rodrigues dos Santos e de outros operários das letras. Não entendo o labor da escrita, como um trabalho das nove às cinco.

Mesmo assim o Gui ficou na dúvida, se uma vida familiar equilibrada, poderia ser inimiga ou não da boa literatura. Focou como exemplo o caso Saramago.

Conversámos mais de duas horas e não chegámos a qualquer conclusão. Nem era esse o objectivo...

Escolhi este óleo de Jonh Meyer, porque a boa literatura não usa qualquer peça de roupa.

domingo, abril 15, 2012

Gostos e Olhares


Ontem antes da inauguração da minha exposição de fotografia, ainda passei pelo lançamento do livro, "Linhas do Sentir", do pintor almadense Francisco Bronze (com poemas de Inácia Reis, Manuel Fernandes e Sónia Grave) na Casa da Cerca. Além de ter gostado da "encenação" poética da apresentação, achei curiosas as palavras de Isabel Ribeiro sobre as particularidades do nosso olhar.

Pouco tempo antes, ainda em casa, ao pensar na minha exposição e no Robert Doisneau, lembrei-me que olhamos para a mesma imagem de formas diferentes, seja ela um desenho, uma pintura ou uma fotografia. Por educação, por sensibilidade e por gosto, claro. Tantas vezes que gostamos da mesma imagem, por razões diferentes...

Durante a minha exposição um dos visitantes  (o Francisco) ficou encantado com a fotografia que ilustra estas palavras. 

sábado, abril 14, 2012

O Centenário de Robert Doisneau


Hoje comemora-se o centenário do nascimento do fotógrafo francês, Robert Doisneau, um dos retratistas que mais me encanta no "mundo colorido" das imagens com pessoas a preto e branco.

Presto-lhe a minha homenagem, no dia em que também inauguro uma exposição de fotografia em Almada (esta sem gente...).

"Lista de Espera" é uma das muitas belas fotografias deste génio do século XX.

quinta-feira, abril 12, 2012

A Louça Chinesa


Não sabíamos muito bem o que fazer aquele conjunto de chá e café da China, que já devia ter mais de sessenta anos.

Com a proliferação das lojas dos trezentos, estas peças foram completamente desvalorizadas, assim como quase todos os produtos "made in china". Começámos a olhar para este país gigantesco essencialmente como um produtor de "lixo".

Lá deixámos as chávenas, os pratos e o bule numa caixa de papelão, à espera de uma decisão definitiva...

O óleo é de Wang Weidong.

quarta-feira, abril 11, 2012

«Só há um nome para isto: roubo.»


Ainda não tinha passado pela A23, desde que instalaram as portagens electrónicas.

Fiquei completamente estarrecido com o "roubo" que é praticado por um estado, que há muito tempo deixou de ser pessoa de bem.

Depois de sairmos da A1, praticamente de cinco em cinco quilómetros lá aparecia a portagem e o respectivo valor a pagar (variável, entre 1,10 e 1,30 euros). Em menos de 50 quilómetros percorridos já tinhamos pago 6,95 euros.

Não sei o que é que passa pela cabeça deste governantes, cujo único pensamento é "sacar" dinheiro ao contribuinte. Não fazem nada para que a economia cresça, limitam-se à reles função de "cobradores de fraque".

E claro, com este caminho, não tarda seremos outra Grécia, embora mais de 80% da população seja completamente alheia a este estado de coisas e pouco ou nada tenha contribuído para a situação económica e financeira do país.

Por isso é que digo: «Só há um nome para isto: roubo.»

O óleo é de Toni Becerra.

terça-feira, abril 10, 2012

O Riacho Desapareceu


O velho riacho, onde as rãs "coachavam" quando a tarde partia para outras bandas, a cinquenta metros da nossa  casa, desapareceu. 

O terreno foi "terraplanado" e a cova ficou quase direita, ao mesmo tempo que tornaram a linha de água existente, subterrânea.

Acredito que tenha sido uma obra legal, feita segundo a vontade dos donos, etc, mas não havia necessidade, pelo menos em nome da natureza.

Imaginem o que é, em vez desta imagem, olharem e verem apenas areia.

Mas o pior mesmo é a ausência da musicalidade dos antigos habitantes do riacho...

sexta-feira, abril 06, 2012

O Outro País


Vou passar três dias ao Interior, ao outro país, que sentirá a crise de uma outra forma. Ou seja, onde as pessoas voltaram a ficar quase isoladas, onde se recuou no tempo e voltou ser possível morrer em paz e em solidão. Algo que nem desagrada de todo a estes idosos das aldeias isoladas, que sentem pavor só ao ouvir a palavra hospital...

É normal encontrar mulheres resistentes (duram sempre mais tempo e suportam melhor a solidão e o fel da vida que nós homens...) sentadas em bancos, próximos das suas casa, como se fizessem uma espera ao futuro, cada vez mais próximo...

O óleo de Ursula McCannele, exprime a paisagem que costumo encontrar, só faltam mesmo as vestes negras da sua viuvez...

quinta-feira, abril 05, 2012

A Páscoa é uma Mulher


Colocando de parte a religiosidade da quadra, tal como todas as tradições seguidas de Norte a Sul, olho para a Páscoa sobretudo como uma mulher florida.

Este pensamento acabou por ser concretizado como texto, graças ao encontro feliz com este óleo de Jean-Claude Desplanques.

quarta-feira, abril 04, 2012

O Som Mágico do Corredor


Hoje aconteceu-me um daqueles acasos felizes, quando passava próximo do casario do Olho de Boi.
À medida que me aproximava comecei a escutar com mais intensidade o som mágico de um acordeão.
Fiquei na dúvida se seria um disco ou música ao vivo. Foi por isso que fui entrando sem ser convidado, até descobrir uma jovem a tocar, nas velhas escadas das traseiras da casa da família Santos.

Ela assim que me viu parou de tocar. O silêncio fez com o velho Orlando espreitasse e me acenasse, quase ao mesmo piscou o olho à moçoila, para que continuasse a tocar.
E ela tocou e encantou.
Quando ela resolveu fazer um intervalo o Orlando cheio de orgulho apresentou-ma como sua neta, a Rita, filha da Carla, que tem mais ou menos a minha idade.
Disse-lhes que há muito tempo que não escutava aquele som, quase mágico, acrescentando que ela tocava muito bem, mais perto de Paris que dos bailes das aldeias.

Ficámos por ali alguns minutos à conversa, na companhia de umas cervejolas, que a dona Aurora nos trouxe.
Antes de me despedir pedi à Rita para voltar a tocar, para partir em beleza. A moça sorriu e fez-me a vontade, enquanto me despedia dela e dos avós.

O óleo é de Jeanette Guichard Bunel.


terça-feira, abril 03, 2012

Olhares Clandestinos e Muros


Sei que somos um país especial, com características únicas, desconcertantes, muitas vezes.

Era para colocar aqui uma fotografia de um muro no meu "bairro", que tem vindo a crescer, quase sem darmos por isso. De tempos a tempos lá "nasce" mais uma fila de tijolos, para esconder o quintal, dos olhares indiscretos.

O que faz mais confusão é ser normal passar por aquela rua e ver gente a espreitar do lado de dentro das janelas (os cortinados substituíram as cortinas...). Ou seja, gostamos de olhar o que nos é alheio, mas escondemos o que é nosso dos olhos dos outros. Não sei porquê, mas parece-me estranha, esta maneira de ser e de estar nas cidades.

Achei o óleo de Marta Czok mais ilustrativo que a minha fotografia, daí a escolha.

segunda-feira, abril 02, 2012

Bons Ares


Provavelmente estou enganado, mas não me incomodo muito com isso. Sei que até poderei ficar desiludido, com as pessoas, com a cidade, e claro, com toda aquela atmosfera que está longe de ser apenas um "tango", tal como Lisboa, não se resume apenas ao fado.

Mas Buenos Aires continua a estar no primeiro lugar na lista de preferências dos lugares a visitar, na "latina-américa", até está à frente da Baía...

Talvez exista por aqui alguma influência dos livros que fui lendo, do Jorge Luís. Do futebol? De certeza que não. Se há sitio onde não irei será às "capelinhas" do Maradona...

O óleo é de Elena Climent.