quarta-feira, setembro 30, 2020

"A Geração Melhor Preparada"? (olhe que não, olhe que não...)


A SIC está a transmitir, dentro do telejornal,  um jeito de reportagem um conjunto de episódios sobre a vida dos jovens que têm entre os 15 e os 25 (curiosamente os meus dois filhos pertencem a esta geração, o que me permite falar sobre ela, com algum conhecimento de causa, apesar de só ter dois exemplos como "amostra"...), em que destaca este grupo como a "geração melhor preparada".

Não só não sei muito bem o que é isso, como tenho algumas dúvidas que se possa chegar a um consenso sobre a existência de uma "geração melhor preparada", porque isso depende sempre de vários aspectos. E sei que nos últimos 30 anos, graças à melhoria da oferta do ensino superior, tem existido uma melhoria qualificativa e quantitativa ao nível do conhecimento e da nossa capacidade profissional. 

Embora saiba que a televisão joga muito com frases fortes, para captar a nossa atenção, penso que este grupo poderá quanto muito vir a ser aquele que tem com mais habilitações literárias e melhores conhecimentos tecnológicos. Mas depois falta tanta coisa importante... Coisas que eles nem se preocupam em saber ou conhecer, porque existem os "motores de busca", que têm o mundo lá dentro e dão quase todas as respostas que precisam.

Particularizando esta geração, uma das coisas que me faz mais confusão nos meus filhos é a sua "falta de vocabulário". É normal perguntarem-me o significado desta ou daquela palavra (e sem ser das "difíceis" e com pouco uso). E também têm muita falta de cultura geral. Se recuarmos apenas dez, quinze anos, noto que não conhecem músicos, actores, e nem vou falar de escritores, políticos ou poetas (os mais populares). Muito menos alguns dos acontecimentos históricos mais relevantes.

Claro que sei que nunca como hoje o que aconteceu ontem, é passado. É espalhada tanta informação, que é humanamente impossível possuir os conhecimentos que eu e as gerações anteriores à minha tínhamos. Sem ir mais longe, fico-me apenas pela nossa geografia, pela localização e especificação das nossas terras e regiões. Se eu posso dizer que conheço o país de Norte  a Sul, eles terão alguma dificuldade em situar uma cidade ou uma vila, num mapa em branco, sem o apoio da tecnologia, mesmo que o conheçam fisicamente (felizmente pudemos mostrar-lhes muito mais do país, do que os nossos pais a nós...).

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


terça-feira, setembro 29, 2020

Uma Manhã Mais Fresca que as Outras...


Sei que há por aí muita gente que diz que se farta de escrever coisas, dentro desta pandemia desgraçada. Eu nem por isso. Entro na maior parte destes dias parvos sem ideias para escrever o que quer que seja.

Deve ser por isso que aproveito sempre as manhãs em que acordo com uma daquelas ideias que acho romanescas, mesmo que os galos ainda não tenham cantado. 

Levanto-me calmamente (para não espantar as ideias...), lavo-me, tomo o pequeno-almoço e sento-me ao computador, onde vou registando todos os tópicos que me foram surgindo ainda na cama, quando não sabia se estava a sonhar ou se estava acordado. Acabam por receber mais palavras, na tentativa de  fixar aquilo que penso ser uma boa ideia.

Em menos de uma hora escrevo três páginas, que quase sorriem, como se guardassem uma história "daquelas" dentro de si.

Sei que o mais certo é acontecer com tantas outras: ficarem "penduradas" numa das pastas do computador. Nada que me preocupe. Penso que a felicidade de acordar com uma história dentro de mim, compensa tudo...

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


segunda-feira, setembro 28, 2020

Coisas deste Mundo Quase Moderno...


O telemóvel serve para uma infinidade de coisas, até como desculpa para passares por um grupo de colegas sem teres de falar com ninguém.

E até pode ser uma ficção. Sim podes simplesmente imaginar uma conversa, fingir que está alguém do lado de lá a fazer-te sorrir. 

Sim, estas conversas de passagem, a dizer "estou a telefone, não me incomodem", têm sempre sorrisos. São aquilo que se pode e deve, chamar "conversas felizes"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, setembro 27, 2020

«Somos por natureza curiosos e gostamos de olhar para o que não temos»


Estive meses e meses sem me encontrar com o Carlos Alberto. Às vezes passava pela sua rua, via a janela da varanda aberta, mas dele nem sinal. 

Acho que o pior efeito da pandemia é o afastamento físico, quase forçado, dos outros. Fala-se muito da ausência do abraço e do beijinho, mas o olhar, o sorriso e a voz - sem filtros - não são menos importantes...

Bebemos um café juntos na esplanada onde o Carlos noutros tempos, quase que tinha mesa marcada. Falamos de muitas coisas. Ele como de costume contou-me um ou outro pormenor de um amor antigo (não fiz nenhum estudo, mas tenho quase a certeza que os solteirões falam muito mais de amor e de mulheres que os casados...). E sempre que passava uma moçoila bonita perto de nós ele olhava. Reparei que ele desta vez limitou-se a olhar, não disse nada do género, "que bem que faz lavar os olhos com coisas bonitas".

Fui eu que quis saber (quis mesmo...), qual a explicação que ele me dava, dentro da sua sapiência de quase oitenta outonos de vida, para esta nossa quase necessidade, de olhar para as mulheres quase sempre ao pormenor, em busca de mais do que aparece à vista.

Ele não precisou de muito tempo para responder: «Somos por natureza curiosos e gostamos de olhar para o que não temos.»

Não estava à espera daquela explicação. Mas talvez tivesse alguma lógica e seja sobretudo a curiosidade que faz com que os olhos queiram ir mais longe que nós.

Sim, são tantas vezes que nos apanham distraídos e olham para onde não devem...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sábado, setembro 26, 2020

"A Arte Mais Fácil do Mundo!"


Hoje, ainda vou continuar com a fotografia, que para tantos é "a arte mais fácil do mundo", algo que não sei muito bem se existe.

Aparentemente é. E talvez seja mesmo, mas só em algumas partes... À partida é mais "limpa", pois depende sobretudo do olhar. E há ainda outro pormenor não menos importante, conta muito com a ajuda do "acaso".

Mas a arte tem muito que se lhe diga. E começa logo pelo seu entendimento, que não é igual para todos. É por isso que nem toda a gente acredita nessa coisa que chamam a "alma de artista". Muito menos naquela que é a grande "aspiração" do artista, que sonha sempre em fazer algo completamente novo e revolucionário, ao ponto de "fingir" acreditar que pode mudar o mundo...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, setembro 25, 2020

Entre a Desilusão e a Ilusão


Quem gosta de andar por aí a fotografar, fica muitas vezes desiludido, quase sempre pela mesma razão: não ter conseguido "apanhar o passarinho" a sorrir em pleno voo.

Mesmo assim, penso que as desilusões de hoje, são menores que as de ontem. Felizmente o digital acabou por facilitar a vida a quem "falhava" muitas vezes, oferecendo-lhe uma infinidade de oportunidades para "treinar a pontaria".

Quem é do tempo dos rolos, sabe que eles acabavam por ser uma limitação. Cada fotografia era estudada ao pormenor, quase todas as imagens eram pensadas e contadas, uma a uma, não permitindo a infinidade de "gatilhadas" dos nossos dias, o que acabava por ser uma chatice. Ou seja, não nos era possível tanta experimentação nem tanto desperdício.

A possibilidade de se tirarem cem fotografias sobre um tema, e num curto espaço de tempo, fez que se tornasse mais fácil  descobrir dez imagens aceitáveis, e ainda, duas ou três boas.

Claro que toda esta facilidade fez com que fossem negligenciados uma série de procedimentos técnicos. Sentimos que a máquina faz quase tudo sozinha, ao ponto de nos limitarmos a escolher o melhor enquadramento do objecto que queremos fotografar e pouco mais. 

Nunca foi tão fácil termos a ilusão de que somos "grandes fotógrafos"...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quinta-feira, setembro 24, 2020

«A imaginação e a inspiração sabem mais que a técnica»



Vinha a descer a estrada que vai da Boca do Vento ao Olho de Boi, com a máquina fotográfica na mão e comecei a pensar numa conversa quase em jeito de brincadeira que tive com a Ester, sobre a importância de nos esquecermos das questões técnicas, quando criamos. E isso tanto pode acontecer quando tiramos retratos como quando escrevemos.

Sorri quando pensei que lhe tinha dito que «a imaginação e a inspiração sabem mais que a técnica», mesmo sabendo que as coisas não são assim tão lineares.

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


quarta-feira, setembro 23, 2020

O Tejo Está Longe de ser "Tudo"...


Eu sei que as palavras dos políticos valem o que valem, mas não estava à espera de ouvir na televisão, a presidente da Câmara da minha Cidade, dizer que "não se importava de ir viver já amanhã para o Bairro Amarelo, com aquela vista maravilhosa".

Para quem não saiba, este é um dos bairros do Concelho de Almada mais problemáticos a nível social. E como se isto não bastasse, uma boa parte dos seus apartamentos estão longe de oferecer condições dignas de habitabilidade. 

Pois parece que se "salva" a vista, tão boa que é capaz de esconder tudo. Ao ponto de ser "invejada" e "desejada" por Inês Medeiros...

Isto pode levar-nos para muitos caminhos. Até podemos viajar até ao século XIX, em que muitos artistas (pintores, poetas e romancistas) viajavam até Almada, para olharem Lisboa, com olhos de ver. Muitos deles disseram inclusive que a única coisa que se aproveitava em Almada era a vista para Lisboa, através dos seus miradouros, quase todos naturais. E tinham razão, a pobreza de então dos almadenses estava espelhada nas ruas da então Vila e pertencia a um "mundo" demasiado distante do seu.

Hoje mais que os miradouros, inveja-se a vista de muitas casas de almadenses (a minha também olha para o Tejo...). E acredito que muito promotor imobiliário, se pudesse, "implodia" o bairro do "Picapau Amarelo" para construir naquele lugar "abençoado" pela vista para o Tejo, dezenas e dezenas de condomínios de luxo...

Pobre gente esta, que não percebe que o Tejo (aliás, fingem que não percebem), apesar da sua beleza, está longe de ser "tudo"...

(Fotografia de Luís Eme - Monte de Caparica)

segunda-feira, setembro 21, 2020

Estes Mundos Paralelos...

Esta coisa dos cabelos cinzentos que nos vão aparecendo, com mais frequência depois de virarmos os cinquenta, faz com que deixemos de acreditar em muitas coisas, que não têm nada a ver o "pai natal", ou com exemplos ainda mais folclóricos. 

É por isso que penso que há pessoas que muito dificilmente mudarão a sua forma de ser e de estar, porque estão mesmo convencidos que são mais espertos que os outros (e quando tudo corre mal, inventam novos esquemas, para que tudo continue a correr mal...). Foi essa a forma que escolheram para enfrentar os problemas que lhes vão surgindo pela frente e muitas vezes, e nem mesmo depois de passarem algum tempo atrás das grades, mudam...

Os seus valores mais importantes são o poder, o dinheiro e a mentira, aliados à hipocrisia e aos cinismos do costume. 

Aquilo que para nós parece ser demasiado sinuoso, para eles é rectilíneo. É esta a explicação que encontro para que existam tantos "socrátes", "salgados", "silvas", "mimis", "vieiras" ou "costas", à nossa volta. Gente que se vale quase sempre da sua esperteza pouco saloia, para nos tentarem levar à certa.

É também por isso que raramente demonstram arrependimento pelas suas acções. Não lhes basta mentir aos outros, também passam a vida a mentir a eles próprios, longe ou perto do espelho, para oferecerem "realidade" ao seu "mundo paralelo".

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

domingo, setembro 20, 2020

O Vagabundo e a Dama


Ele não sabia como explicar à sua bonita Dama que não queria mudar.

Detestava andar com roupa vincada, de sapatos e penteadinho,  e preferia andar perdido pela cidade a frequentar festas que o obrigavam a andar quase como se estivesse numa "passerelle". Mas havia ainda coisas piores: além de ser péssimo a falar sobre o "nada", gostava muito mais de pairar pelos cantos das salas que pelo centro.... 

Não deixava de ser curioso, embora gostassem da mesma canção, pertenciam a "mundos" diferentes. O brilho e a glória dela nunca iria bater certo com os seus cinzentos e pretos...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

sábado, setembro 19, 2020

A Vida Tonta de um Treinador do "Pontapé na Bola"...


Quando olho para a vida de um treinador de futebol, fico sempre com a sensação de que ele tem de ter dentro de si muitas coisas diferentes do sujeito que chamamos "cidadão comum". 

A maior de todas deve ser um amor desmedido, ao jogo do "pontapé na bola". Sim, uma paixão. E como costume acontecer com todas as paixões, acabam por se tornar doentias, ao ponto de poderem ser confundidas com qualquer uma das várias "dependências" fatalistas que nos cercam. 

Algumas pessoas mais materialistas, podem pensar que eles correm é atrás do dinheiro que ganham (e alguns ganham autênticas fortunas...), mas é muito mais que isso.

Acredito que não há dinheiro que pague a forma como vivem o seu dia-a-dia, Vivem quase perdidos num "carrossel" imparável. Sobem e descem; ganham e perdem; caem e levantam-se. São idolatrados quase ao mesmo ritmo que são insultados. E esta variação até pode ser inferior a uma semana. São colocados domingo no olimpo para na quinta-feira seguinte serem devolvidos  a qualquer "caixote do lixo". Sim, são sempre os primeiros a "cair". Se as vitórias costumam ser divididas por todos, jogadores, dirigentes, treinadores e até roupeiros, as derrotas só cabem no fato do treinador...

Talvez o treinador se sinta dentro de um filme ou de um livro... e nunca acredite que é o melhor do mundo, na mesma medida que também sabe que não é o pior treinador do planeta...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)

sexta-feira, setembro 18, 2020

Uma Imitação Desnecessária...


Embora possa parecer à partida pouco importante, sempre achei que a própria sigla, DGS, devia obrigar os dirigentes da Direcção Geral de Saúde a terem posições mais objectivas e transparentes, algo que não acontece, desde o começo da pandemia.

Embora no inicio, com tantas dúvidas e incertezas, se aceite que se alterem pontos de vista e regras de um dia para o outro, penso que é algo que não devia acontecer seis meses depois.

Não faz falta nenhum "pulso forte", faz falta sim, clareza e fundamento nas regras que nos são impostas. É importante explicar abertamente coisas tão simples como por exemplo: porque razão não há público nos estádios de futebol (que eu compreendo e apoio...) e há nas touradas ou noutros espectáculos; um jogo de futebol é adiado porquê; qual é a justificação para a diferença de tratamento entre a "Festa do Avante" e a "Peregrinção a Fátima". 

Podia continuar aqui com exemplos ainda mais sérios, como por exemplo a lotação das salas de aulas nas escolas, que varia consoante as condições existentes em cada estabelecimento. Ou seja, tanto podem existir turmas com 15 alunos como turmas de 25 alunos, num espaço físico idêntico (o que para mim é uma contradição enorme)... O mesmo se passa com os transportes públicos, uma coisa é que se diz, outra o que se faz. Não tenho andado muito em transportes, mas verifico que não há qualquer controle de entradas, são as pessoas que decidem se querem ou não entrar, quando o cacilheiro ou o metro já têm a lotação prevista nesta situação especial.

Era bom que esta DGS não tivesse qualquer parecença com a outra DGS, de tempos tão sombrios, que tudo fosse mais claro e objectivo à sua volta. Para "subjectivo", já nos basta o "Covid 19"...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

quinta-feira, setembro 17, 2020

Uma Televisão Cada Vez Mais de "Autor" (mas de gosto muito duvidoso...)


Os chamados canais generalistas, com a excepção da RTP, por razões óbvias, seguem os "caprichos" e as vontades de duas ou três pessoas, que acham que o "seu gosto é o gosto de toda a gente".

Para o meu gosto (que vale o que vale, embora tenha o poder de mudar de canal, sempre que me apetece...), a televisão nunca teve a fasquia da qualidade tão baixa. Limita-se a fazer o mais fácil, seguindo a linha do popularucho, ao mesmo tempo que usa e abusa da publicidade, até mesmo dentro das suas telenovelas ou séries (já não é "encapotada"...). E nem vale a pena falar do "auto-elogio" descarado e bacoco, por serem "os primeiros".

Não tenho qualquer dúvida, que merecíamos muito mais, mas este é o tempo das "cristinas" e dos "daniéis"... O que vale é que o cabo - com toda a panóplia de canais -, ajuda-nos a esquecer toda esta nossa mediocridade.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

quarta-feira, setembro 16, 2020

Coisas Interiores...


Há dias em que não temos quase nada para dizer.

Continuamos a escrever, a aproveitar uma frase aqui e outra ali, mas coisas que parecem distantes do dia-a-dia, que têm mais a ver com livros (mesmo que seja para esses que ficam na gaveta... ou para ser mais exacto, no disco rígido) que com blogues.

Acabei o dia a "remexer" em fotografias que estão num dos meus discos externos e acabei por descobrir algumas coisas interessantes, como esta fotografia no interior de um dos restaurantes do Ginjal...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

segunda-feira, setembro 14, 2020

Fica Para Amanhã...


Não é que eu não tivesse saudades do cheiro a terra molhada, mas os meteorologistas de vez em quando  são "embrulhados" pela natureza, que deve adorar trocar-lhe as voltas.

E assim, o céu continuou azul, o Tejo apetecível como de costume, e os turistas presos às suas margens, a quererem agarrar toda a paisagem com a câmara que está metida dentro do telemóvel...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

sábado, setembro 12, 2020

A PSP, a Crítica, a Poesia e a Liberdade de Expressão


O "Governo Sombra" continua a ser um dos meus programas televisivos preferidos sobre a actualidade nacional.

Embora quase tudo seja discutido e apresentado de uma forma diferente, com mais leveza e boa disposição, gosto de escutar as palavras dos quatro elementos deste "governo", porque são mais honestos e livres que a maioria dos membros de "governos às claras".

E depois aparece sempre uma ou outra novidade, que escapou às notícias diárias. A desta semana foi a história do homem que foi detido pela PSP por estar a colar numa parede um poema, que se tinha inspirado na diferença de tratamento dada por esta força policial às chamadas "minorias".

Podia ser uma simples história de agentes que não gostam de poesia, mas infelizmente é muito mais grave que isso.

É quase uma verdade "lapaliciana", que a liberdade de expressão faz demasiadas cócegas, a quem se acha acima der qualquer crítica. Mas neste caso em particular acaba por ser ainda mais, grave por percebermos que a polícia se preocupa bastante com desenhos e poemas, menos simpáticos e com dedicatória, que com as pessoas. 

Embora neste país ninguém queira ser racista, estamos todos cansados de saber que não é apenas nos EUA que há um tratamento diferenciado entre cidadãos com cor de pele diferente...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, setembro 11, 2020

«Se não queres ser comediante, nunca faças duas comédias seguidas»


Enquanto vira o entrecosto que está na grelha conta o que um encenador lhe disse logo no início de carreira: «Se não queres ser apenas um comediante, nunca faças duas comédias seguidas.»

Não lhe deu ouvidos e acabou por deixar, involuntariamente, que lhe colassem "à pele" a imagem de um "contador de anedotas".

Lutou durante alguns anos contra o próprio "sistema", para conseguir reverter a situação. E para o conseguir, perdeu alguns papeis importantes... mas conseguiu.

Hoje é sobretudo um actor, mais que preparado para participar em dramas ou comédias. E sim, aprendeu a lição. Nunca mais cometeu o mesmo erro. Não voltou a fazer duas comédias seguidas.

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)

quinta-feira, setembro 10, 2020

Sol e Sombra


Posso - e devo - falar da Madeira por pelo menos três motivos.

O primeiro terá de ser sobre esse grande jornalista que amava o cinema: Vicente Jorge Silva. Mesmo que hoje seja mais fácil dizer bem que antes de ontem, porque a morte ameniza todas as coisas feias e más de quem parte... Devo acrescentar que neste caso é ligeiramente diferente, porque o "jornalista-cineasta", nunca quis ganhar nenhum prémio de simpatia. Curvam-se perante o Vicente, porque ele foi sem sombra de dúvida um dos poucos jornalistas que fizeram a diferença no nosso pequeno mundo das notícias, nos últimos cinquenta anos. Isso aconteceu por por muitas razões (encheram as páginas dos jornais de ontem...), embora eu só escolha três: por ser extremamente culto, gostar da verdade e ser sempre um cidadão livre.

O segundo foi a surpreendente tentativa de trazer para a nomenclatura dos candidatos à eternidade, como nome de aeroporto, o poeta Herberto Helder. Só podia ser uma coisa poética e de um poeta (Cláudio Hochman), publicada no excelente blogue, "Cais do Olhar". Quem conhece bem a personalidade de Cristiano Ronaldo e conhecia o pensamento de Herberto Helder sobre homenagens, sabe que ao sorriso de alegria do primeiro, corresponderia uma careta feia do poeta...

E o terceiro motivo volta a ser Cristiano Ronaldo - que é muito mais que um boneco -  e os seus dois bonitos golos que marcou na Suécia que fizeram que fosse o primeiro europeu a ultrapassar a barreira dos cem golos com as cores de uma selecção nacional.

Escolhi o título deste texto por saber que Ronaldo desde muito cedo quis ser um "Deus Sol", ao contrário de Vicente Jorge Silva e de Herberto Helder, que apenas quiseram ser muito bons naquilo que faziam (e conseguiram...), sem nunca precisarem de qualquer foco de luz, mesmo solar, a incidir sobre as suas cabeças...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quarta-feira, setembro 09, 2020

A Rua, a Solidão, as Conversas e os Cães...


Por morar numa rua sossegada, por vezes fico com a sensação que as únicas pessoas que continuam a conversar umas com as outras no espaço público, são os donos de cães, que adoptaram como seu um rectângulo verde que foi em tempos parque infantil (a pequena delinquência juvenil destruiu o sonho e a realidade de adultos e crianças...), como o seu "espaço de descargas" preferido.

A senhora de alguma idade, viúva e - aparentemente - sem filhos, que vive no segundo andar da casa de frente, costuma aparecer à janela quando ouve vozes, e já deve ter pensado em comprar um cão, só para voltar a conversar com pessoas...

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)

terça-feira, setembro 08, 2020

Porque não, uma Presidente da República?


Uma das poucas convicções que tenho, neste tempo de tantas indefinições, é que votarei numa mulher para a Presidência da República.

Sei que tanto a Marisa como a Ana, não irão estar em todo o lado, nem tirarão tantas selfies como o Marcelo,  mas irão oferecer uma forma de estar diferente, com uma outra sensibilidade, e até seriedade, àquele que é o cargo político de maior importância do nosso país.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

segunda-feira, setembro 07, 2020

Particularidades do Nosso tão Mal Amado País...


Quando se diz mal sobre qualquer coisa do nosso país, interrogo-me sempre se nos outros países não se passará a mesma coisa. Em alguns casos, fico a pensar que sim, noutros nem por isso. Cada vez estou mais convencido que são coisas só nossas.

É o caso das várias dezenas de incêndios que têm início depois da meia-noite... e que só podem nascer a partir de mãos humanas, cobardes e criminosas...

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)

sábado, setembro 05, 2020

Olhar as Berlengas...


Todos aqueles que conhecem a Região do Oeste, sabem que ela tem um microclima especial. Por vezes basta andarmos pouco mais de uma dúzia de quilómetros, para que a temperatura desça dez graus.

Foi o que aconteceu na quinta-feira. Felizmente não havia nevoeiro e era possível olhar as Berlengas, nas rochas que ficam junto ao Cabo Carvoeiro, em Peniche...

(Fotografia de Luís Eme - Peniche)

sexta-feira, setembro 04, 2020

Discutível mas Corajoso


Embora ache a realização da "Festa do Avante" discutível - pelos tempos que vivemos -, entendo alguns dos motivos que fizeram com que a sua realização fosse avante.

O motivo mais óbvio, é conseguir fazer jus à sua longa vida de resistência.

Sei que é importante resistir contra o clima de medo que algumas mentes tacanhas querem instalar na sociedade. E também sei que todas as pessoas que vão actuar na Festa, precisam muito de subir aos palcos, por necessidades artísticas mas também materiais.

Agora só é preciso que corra tudo bem, mesmo que as pessoas com discursos anti-comunistas primários, tenham quase de subir paredes, se não existir qualquer surto de Covid na Quinta da Atalaia.

(Fotografia de Luís Eme - Vila Franca de Xira)

quinta-feira, setembro 03, 2020

«Não acreditem em tudo o que dizem. Acabei de inventar isto agora»


Por nenhuma razão em especial, lembrei-me de três bons amigos, que gostavam de aquecer as conversas, ao ponto do pessoal das outras mesas ficar a olhar para nós pelo canto do olho, talvez à espera de mais qualquer coisa que palavras.

Mas isso nunca aconteceu, nem aconteceria, porque éramos bons só nos "duelos" com palavras.

Às vezes chegávamos a "ruas" sem saída. Foi num desses momentos que o Gui se lembrou de dizer que a violência e o som do mar influenciava as pessoas, que as gentes que viviam onde o Atlântico era mais batido, eram mais pacatas, olhavam mais do que falavam, ao contrário de nós.

O que ele foi dizer... Foram levantadas logo uma série de questões, que só foram interrompidas quando ele disse, no meio de um sorriso: «Não acreditem em tudo o que dizem. Acabei de inventar isto agora.»

(Fotografia de Luís Eme - Porto Covo)

quarta-feira, setembro 02, 2020

Fátima, "Santuário do Dinheiro"...


Mesmo sem ser religioso - e muito menos "mariano" -, fez-me bastante confusão ver e ler notícia sobre o despedimento de 50 funcionários (vá lá, não falaram na dispensa de 50 colaboradores...), que foi duplicada pela TVI ("malditas fontes", que também referem que os resultados dos últimos três anos foram negativos...).

Pensava que a gestão do Santuário de Fátima tinha ligeiras diferenças em relação à habitual "lógica de mercado" capitalista. Pensava que os seus trabalhadores fossem gente, e não meros números.

Pelos vistos estava enganado...

(Fotografia de Luís Eme - Fátima)

terça-feira, setembro 01, 2020

O "Papão" da Cidadania...


Já tinha escrito algo sobre a disciplina "Educação para a Cidadania", que deve ter sido criada para colmatar uma lacuna de que quase todos os que vivemos em comunidade nos queixamos, em relação aos jovens... 

Se nas nossas casas não ensinamos os nossos filhos a viver em comunidade e a pensarem pela sua própria cabeça, respeitando as opiniões, as opções e o espaço dos outros... continuo a pensar que a escola é um lugar ideal para melhorar os conhecimentos dos nossos filhos sobre a Cidadania e também sobre o seu comportamento social.

O facto de haver por aí um abaixo assinado, que quer "accionar" a "objecção de consciência", em relação à frequência da disciplina, para evitar casos como o de Famalicão, vale o que vale. Até penso que o facto de ser assinado por figurinhas como o Cavaco e o Passos Coelho, de mão dada com bispos e cardeais (Salazar se ainda andasse por cá também assinava, por ele, pelo primo e pelo tio...), só o desvaloriza, pois os seus exemplos de cidadania sempre deixaram muito a desejar...

(Fotografia de Luís Eme - Monsanto)