quinta-feira, janeiro 31, 2019

Olha o Tejo... (ali ao lado)


Antes que o Janeiro fosse embora, criei mais um blogue. É o  "prometido" Olha o Tejo

Com um ar simples, terá como fonte de inspiração e pano de fundo, o Tejo, que continua a ser o melhor Rio do Mundo...

Publico aqui no Largo a primeira fotografia deste meu novo blogue (que explica o título escolhido...), tirada o ano passado no passeio ribeirinho lisboeta, já quase no Cais Sodré...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quarta-feira, janeiro 30, 2019

A (Falsa) Superioridade Social...


A discussão em torno do "sermos ou não racistas", tem oferecido opiniões para todos os gostos.

Claro que somos um povo racista, e muito mais. Somos racistas, preconceituosos, machistas, feministas, classicistas, entre tantas outras coisas, pelo menos, sempre que nos dá jeito. Tal como os povos da maior parte dos países do mundo.

Mas o pior de todos os defeitos da nossa sociedade, é a pretensa superioridade social. Superioridade que assenta em coisas obtusas como o nome de família, o dinheiro que temos na carteira, a roupa que vestimos, o carro onde nos transportamos ou a casa onde vivemos. 

E somos tão pobres (até de espírito...), vítimas de tantas desigualdades, que a nossa grande aspiração (socialmente legítima...), é um dia sermos ricos...

Claro que esta "superioridade social" é quase sempre um artifício enganador, cuja aparência esconde as "misérias humanas" do costume, alimentadas sobretudo pelos jogos de mentiras e dívidas, que vão da mercearia do bairro aos bancos do costume.

Já vi um pouco de tudo isto, graças ao meu trabalho de investigador, entre o jornalismo e a história. Desde familiares falidos de antigos ministros de Salazar, que em pleno século XXI, ainda defendem uma espécie de "monarquia" (que infelizmente ainda se pratica em muitos sectores da nossa sociedade...), com a passagem dos cargos de pais para filhos, aos "novos ricos", preparados para comprar tudo o que lhes vem à cabeça - quase sempre com dinheiro sujo - menos carácter e dignidade (que além de não terem preço, são grandes empecilhos para os seus sonhos)...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

terça-feira, janeiro 29, 2019

«Afinal, ele é como nós!»


A expressão que escolhi como título deste texto, é dita vezes sem conta, quando políticos como o nosso Presidente da Republica, andam por aí, misturados com o povo, oferecendo-lhe a melhor da atenções na passagem em revista dos seus anseios e problemas. E se eles forem de "prometer", são capazes de dizer que irão até ao "fim do mundo", para tentar resolver os ditos problemas.

Lembrei-me de escrever sobre isto ao ver o bom do Santana Lopes na televisão a visitar o Bairro da Jamaica, no Seixal, naquela que terá sido uma das suas primeiras saída para o terreno,  em pré-campanha eleitoral, pelo seu Aliança.

Neste caso particular, os moradores do bairro, só não devem ter dito que ele era como eles, por causa da diferença da cor de pele...

Mas atenção, este "menino guerreiro", é dos melhores em campanhas eleitorais. Os partidos da direita que se cuidem (e até o próprio PS). Diz o que as pessoas gostam de ouvir, de uma forma clara e concisa, sem se perder em abraços, beijinhos e selfies. Ou seja, a palavra da moda (que parece assustar tanta gente...), há muito que faz parte do seu vocabulário político.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

segunda-feira, janeiro 28, 2019

O Tempo dos Livros e dos Escritores...


Já percebi, mais que uma vez, que todos os livros têm um "tempo" para serem lidos. Claro que esta é uma daquelas coisas que nem sempre dominamos, porque os livros aparecem-nos nas mãos, por variadíssimos motivos, que não têm necessariamente que corresponder ao "tempo certo".

Pensei em escrever isto, porque estou a acabar de ler "Sunset Park" de Paul Auster (um bom livro, que aborda os desencontros familiares deste nosso tempo, de tantas crises, assim como as dificuldades que temos em nos relacionarmos, e de nos compreendermos uns aos outros, entre outras coisas...).

Paul Auster é um grande escritor. Mas a minha primeira experiência com um dos seus livros, não correu muito bem. Neste caso particular não diria que foi feita antes de tempo, foi sim, feita com a obra errada (sim, acontece muitas vezes lermos um dos livros mais fracos de um autor e ficarmos com uma impressão errada, ao ponto de não voltarmos a ele... foi o que me aconteceu, ainda no século passado, com Paul Auster). 

Felizmente em 2016 uma Amiga, leitora fiel deste blogue, ofereceu-me "O Livro das Ilusões", que gostei muito de ler (e que recomendo, claro...). 

Foi o "O Livro das Ilusões" que fez com que sentisse o "Sunset Park" a "piscar-me o olho", numa das bancas desarrumadas com promoções da FNAC. E foi o "Sunset Park" que me levou a escrever sobre o "tempo dos livros e dos escritores" (isto está mesmo tudo ligado)...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

domingo, janeiro 27, 2019

Olhar para Dentro e para Fora dos Estádios...


Os campos de futebol sempre foram lugares especiais. Antes da Revolução de Abril, eram os únicos lugares onde se podia insultar quem quer que seja, sem sofrer qualquer tipo de represália.

Sei do que falo, porque visitei o velho Campo da Mata, das Caldas da Rainha com seis anos, de mão dada com o meu pai (1968, 1969...). Nunca antes tinha assistido a um espectáculo do género. Algumas pessoas até eram capazes de pensar que fazia parte do bilhete de ingresso, encher o campo de insultos e palavras feias, a partir das bancadas, dirigidas quase sempre para o árbitro, fiscais de linha e os jogadores adversários.

Felizmente o meu pai fazia parte de outro filme, talvez por ser mais de interiorizar que de exteriorizar as emoções. E eu segui o seu exemplo. Posso dizer com algum orgulho, que nunca fui a um estádio para insultar quem quer que fosse...

Quando ia ao futebol, ia à procura de algo que raramente encontrava, o chamado "futebol espectáculo", com beleza e emoção. Senti essa emoção sobretudo durante a adolescência (o período em que acompanhei mais os jogos de futebol do Caldas e fazia quase "claque" com os meus amigos...) e nos chamados jogos grandes no Estádio da Luz, em que o Terceiro Anel tanto abanava como tremia (abanava mesmo com o bater de pés dos sócios e também  ficava mais pequeno quando o Benfica perdia...).

O jornalismo desportivo roubou o adepto  fez com que assistisse aos jogos com outro olhar (o mais curioso, é que isto aconteceu naturalmente...). E depois deixei mesmo de visitar os estádios (nos últimos vinte anos devo ter assistido ao vivo a três ou quatro jogos de futebol, o último dos quais foi muito bom, quando na época passada voltei ao Campo da Mata, na companhia do meu irmão, para ver o meu Caldas passar às meias-finais da Taça de Portugal...). Embora também deva confessar, que não consigo estar muito atento aos jogos de futebol nos estádios. As reacções das pessoas (até mesmo as insultuosas...) distraem-me com grande facilidade e perco-me mais pelas bancadas que pelo relvado...

Mas não é apenas por isto que não vou aos estádios. Embora reconheça que os jogos do campeonato português são demasiado pobres, tanto em jogo jogado como em emoção. Foi o jornalismo que fez com que conhecesse o pior lado do futebol. O lado da "vigarice", da "batota" e da "violência". Escrevia no "Record" no tempo do famoso "Guarda Abel", que existiu mesmo, assim como as histórias que ainda se contam, aqui e ali,  sobre a figura e o bando armado que comandava, que infelizmente está ligado - da pior maneira - ao "reinado" do FC Porto no futebol dos anos noventa do século passado...

Acho que foi por conhecer este "lado negro" que, ao contrário do meu pai, não levei os meus filhos ao futebol pela mão. O meu filhote já devia ter uns dez anos quando entrou num estádio para ver um jogo de futebol. Foi a família toda, mais para satisfazer a sua curiosidade, que por outra coisa. Talvez por não ter muito jeito para jogar, nunca se deixou impressionar por tudo o que rodeia o futebol. E ainda bem. Ele a a irmã gostam do Sporting, porque a mãe fez alguma "publicidade enganosa" cá por casa, mas sem qualquer tipo de "doença".

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)

sábado, janeiro 26, 2019

A Estupidez Crescente do Comentário Televisivo e a Banalização da Memória


Se há coisa que me incomoda ouvir nas ruas e nos cafés são as discussões doentias sobre futebol, quase sempre distantes do jogo em si, pois fala-se sobretudo de clubes e de árbitros. 

Sim, raramente ouço falar da beleza do jogo, da qualidade técnica dos jogadores ou da sabedoria dos treinadores (ou da falta de ambas as coisas...). 

O amor e o desamor pelos clubes torna impossível a existência de uma conversa normal sobre um jogo de futebol. A "cegueira" e a desconfiança (sempre que uma equipa é beneficiada a primeira coisa que se diz é que "o árbitro estava comprado"...) são mais fortes que tudo o resto.

O mais curioso, é que estas "discussões de café" são alimentadas diariamente em programas transmitidos nos canais de notícias dos principais operadores televisivos, com comentadores que são capazes de dizer hoje uma coisa e amanhã o seu contrário, sem qualquer pudor.

O grave da questão é que esta "clubite", também é, cada vez mais, praticada na política, e pelos próprios dirigentes  partidários (muitos deles também comentadores televisivos, que têm o mesmo comportamento dos seus colegas do desporto, dizem uma coisa hoje e amanhã outra, completamente diferente, como se não existisse memória...

Só assim é que se percebe que quando o líder do maior partido de oposição apoia a existência de "pactos de regime", em áreas sensíveis como a justiça ou a  saúde, defendidas pelo Presidente da República, tenha a oposição de gente do seu partido, que prefere o "bota abaixo", a "intriga" e a "mentira", à defesa dos interesses e das condições de vida dos portugueses e de todos cidadãos que vivem no nosso país.

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)

sexta-feira, janeiro 25, 2019

Um Escritor Único...


Acabei de ler o romance, "Andam Faunos pelos Bosques", do grande Aquilino Ribeiro, requisitado na Biblioteca da Incrível Almadense.

Foi uma sugestão de um amigo, durante uma conversa, em que por qualquer motivo, falámos da influência da religião católica junto das comunidades, especialmente no Interior Norte, durante a ditadura e o PREC. A meio da conversa perguntou-me se já tinha lido o livro. Como disse que não aconselhou-me a sua leitura, sem se esquecer de referir a riqueza vocabular única.

E sim, mais importante que a história do livro (o aproveitamento da mitologia por parte das jovens, bonitas e casadoiras, que "inventaram" um demónio que as atacava e violava, metade bicho, metade homem, conseguindo dar vida aos "faunos", para justificar os seus devaneios... que também é um bom retrato de época, especialmente da vida dos padres, ao ponto de percebermos que a maioria achava estranho que um deles, o padre Dâmaso, não tivesse mulher, não fumasse nem bebesse...), é a utilização primorosa da linguagem regional (ou popular).

Percebi também que Ricardo Araújo Pereira, foi buscar algumas palavras ao Aquilino, misturando-as nas frases de humor inteligente, que é uma das suas imagens de marca  (já o ouvi mais que uma vez a falar de "éguas rabonas" ou de "fúfias de cócoras" ou ainda de "marmanjos amolecidos"... ou referir-se a "safardanas", coisa que nunca faltou por aqui).

Foi bom voltar a ler Aquilino (talvez não o lesse há mais de vinte anos...).

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

quinta-feira, janeiro 24, 2019

Temos Passado, mas não Temos Futuro...


Apesar de todas as mudanças económicas e sociais que têm transformado a nossa sociedade, ainda  se sente que a história das localidades têm uma influência directa no comportamento das pessoas. Ou seja, uma cidade que tem como principal actividade económica o comércio, será sempre diferente de uma localidade com profundas raízes industriais, seja em Portugal ou na China. E, obviamente, a mentalidade das pessoas também será diferente.

Mas não sei até quando é que será possível compor estes "retratos"...

Digo isto por que nos tempos que correm, as localidades começam ser mais difíceis de caracterizar. O comércio mudou completamente (está quase tudo centralizado nas grandes superfícies comerciais, esvaziando o coração das cidades...) . E a industria também vive num outro paradigma (quase toda ela é mecanizada e não emprega milhares e milhares de pessoas como noutros tempos...).

Poderei mesmo dar o exemplo das minhas cidades (Caldas da Rainha e Almada). A primeira  tinha no comércio o seu grande alicerce socioeconómico, a segunda tinha profundas raízes industriais (no sector naval e corticeiro). Ambas vivem hoje tempos de grande indefinição, que poderão provocar inclusive "crises de identidade", num futuro próximo.

Só não sei é se se há espaço para vivermos quase exclusivamente de serviços e de turismo, de Norte a Sul do País...

(Fotografia de Luís Eme - Seixal)

quarta-feira, janeiro 23, 2019

O Perigo da Nossa Passividade...


Já escrevi por aqui várias vezes sobre o "populismo" (utilizando outros nomes...), que é mesmo um dos maiores problemas do nosso tempo, e que não se resume à política e à ideologia, está a entranhar-se por todos os sectores da sociedade.

Quase todos os seus adeptos e defensores dão nas vistas por duas razões, uma mais visível (o discurso fácil e a falta de pudor - misturam mentiras com verdades, com a maior das facilidades, seguindo os exemplos que todos conhecemos, com realce para as duas "américas"...), a outra, mais escondida, pois só se descobre, quando  contactamos de uma forma mais directa com essas pessoas (o vazio de ideias, de conhecimento, e até de inteligência. Valem-se quase sempre da esperteza, que há muito tempo deixou de ser "saloia" e abrem caminhos para a mediocridade e para o "vale tudo").

Quase todos os dias tenho conhecimento de casos, em que um ou outro defensor desta forma de estar, ocupa um cargo importante numa instituição, perante a passividade dos seus companheiros e associados (quando se trata de associações...).

A grande questão, é como iremos conseguir travar estes "avanços", quase sempre dissimulados...

(Fotografia de Luís Eme  - Lisboa)

segunda-feira, janeiro 21, 2019

Quando a História e a Dignidade Valem Muito Pouco...


Alguns amigos chegaram-me a falar da possibilidade de a Incrível Almadense vir a ter problemas no futuro, com o edifício onde está instalada a sua sede social, após a morte do seu principal proprietário. Porque os herdeiros poderiam pensar apenas no prédio e não em toda a história que este encerra. Uma história que já terá mais de 118 anos, como edifício-sede, da Colectividade mais antiga de Almada, que comemorou em Outubro de 2018, 170 anos de vida associativa, ininterrupta.

Infelizmente foi isso acabou por acontecer. E a Incrível Almadense foi notificada que a sua renda ia ser actualizada (para valores obscenos...), porque há muitos anos que não sofria qualquer aumento...

Claro que todos sabemos que a lei não contempla questões morais ou éticas. Mas devia. Pois no caso particular do prédio onde está instalada a sede social da Incrível, sabemos que seu senhorio não realizou qualquer obra de beneficiação, pelo menos nos últimos cinquenta anos (provavelmente o número real está mais próximo dos 100 que dos 50...).

Poderia enumerar dezenas de obras, algumas avultadas, como foi a substituição do telhado, da canalização, da instalação eléctrica, das janelas e portas, das múltiplas reparações de paredes, das pinturas, interiores e exteriores, etc. Ou seja, a Incrível gastou milhares de euros em benefício de umas instalações, que sempre considerou suas (é importante referir que a Colectividade tentou comprar o prédio várias vezes, mas o  principal dono, disse para não nos preocuparmos com isso, por que era um processo complicado, havia muitos herdeiros, etc), com o apoio dos associados e também do Município e da Junta de Freguesia.

Nada que incomode os novos senhorios. Eles querem lá saber dos 170 anos de Incrível, de todo o seu passado histórico, que tanto dignifica a Cidade de Almada. Querem sim, dinheiro, quanto mais melhor. 

Claro que não alugarão o prédio a ninguém, pelo valor que que estão a pedir à Incrível. Mas vão conseguir ficar "famosos" em Almada, por retirarem a Incrível no espaço que funciona como sua sede social, há mais de 100 anos (118, segundo os relatos dos antigos...).

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

domingo, janeiro 20, 2019

O Mar do Néon" é só para Disfarçar...


Chove um dia e complica quase tudo da nossa vidinha.

E não é só por nos molharmos, dos pés à cabeça, por não gostarmos de sair à rua de guarda-chuvas, é toda a confusão que se gera, na cabeça das pessoas, que depois se transfere para os carros que formam filas nas estradas, com buzinadelas e exaltações, de quem nunca se habitua ao pior do Inverno.

Até acabamos por nos sentir aliviados com o vento gelado, como este domingueiro, que tem soprado desde madrugada, porque sempre há Sol... pelo menos fora das sombras...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, janeiro 18, 2019

Este Rio de Mil Encantos...


A minha ligação ao Tejo, cada vez mais profunda, fez com que  hoje pensasse seriamente em o homenagear com um blogue (mais um...).

Sem aprofundar muito o assunto, pensei que  seria ilustrado com fotografias minhas (só minhas...) e com palavras dos outros, sempre sobre este Rio, que abraça o Mar, ainda em Almada e em Lisboa...

Tudo isto porque hoje olhei-o (e fotografei-o...) em lugares onde ainda nunca tinha estado.

O mais curioso, é que o nome do blogue que sou capaz de escolher, provavelmente será o mesmo de uma exposição de fotografia, que também tenho em preparação...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

quinta-feira, janeiro 17, 2019

A Minha Margem ("tão feinha")...


Hoje, enquanto olhava a para a minha margem, do alto do cacilheiro, pensei nas palavras de meu pai, quando se referia a Cacilhas, Ginjal, Fonte da Pipa e restantes lugares, desta Outra Banda: «sabes, o Tejo deve-se sentir um bocado envergonhado por ter uma margem tão feinha, incapaz de reflectir a sua luz.»

Por muito que goste deste lado do Rio, sei que ele tinha toda a razão. O "exotismo" da ruína e do abandono, só é sentido por quem passa por aqui com alma de turista...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

quarta-feira, janeiro 16, 2019

Viagens Só com Bilhete de Ida e Histórias de Amor Trocadas...


Há pessoas que partem, para não voltar.

Sei que são mais do que parecem... Porque só algumas cabem na nossa memória.

Se um amigo não começasse a falar da nossa rua de infância e das pessoas que cirandavam à nossa volta, não me recordaria da Dulce. 

Falámos dela por nunca mais termos tido qualquer notícia. Um amor tonto e uma gravidez inoportuna levaram-na para o Canadá e depois para a Austrália.  

Ele gostou dela... talvez por ela não gostar dele. O que não faltam por aí são histórias de amor trocadas.

Entretanto passaram trinta e alguns anos e um sem número de histórias com casamentos, divórcios, filhos, netos, amantes...  

Ele confidenciou-me que gostava de a voltar a ver. Disse-lhe que talvez fosse boa ideia comprar um bilhete para a Austrália, até porque  se ela alguma voltou ao nosso país, foi quase de forma clandestina, apenas para ver os pais e os irmãos.

A Dulce é apenas um exemplo de que os sítios onde vivemos e as pessoas com quem nos cruzamos todos os dias, nem sempre nos deixam felizes...

(Fotografia de Luís Eme - Cabo Espichel)

terça-feira, janeiro 15, 2019

Foi Também por Isso....


Já não tenho muita paciência para algumas conversas gastas, sobre as mudanças sociais, que todos conhecemos.

Se a sociedade é mais individualista (e egoísta...), é natural que isso se note também na forma como as pessoas interagem umas com as outras. Reparar que falam e olham menos umas com as outras (ainda por cima têm a distracção do telemóvel, que as mantém acima dos últimos acontecimentos na China e na América...), é quase uma "lapalissada". 

Quem ainda finta esta realidade são as pessoas de mais idade, ainda sem "smart fone", que mantêm alguns hábitos antigos. Talvez seja por isso que ainda enchem alguns cafés e pastelarias, na hora do lanche.

Foi também por isso que escolhi esta jovem da fotografia que, quase parece uma "formiga sozinha no carreiro"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

segunda-feira, janeiro 14, 2019

Ensaio para o Banho...


É verdade, tirando a "maluquice" do dia primeiro de Janeiro, com a emoção do banho número um do ano, só as aves se atrevem à experimentar o gelo do Tejo.

Reparo que um ou outro pato, mergulha, depois aparece, voa ... e desaparece.

Mas do que eu falar é da gaivota, que quase se confunde com as cores da areia e da água, enquanto finge preparar-se para o banho...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

domingo, janeiro 13, 2019

O Sol de Janeiro na Caparica


Hoje à tarde na Costa de Caparica, rente ao Oceano, na companhia do Sol, facilmente se esquecia o frio...

Foi por isso que tanta gente resolveu aproveitar a tarde de domingo para ir passear e ficar a apanhar um solinho à beira-mar.


Foi assim, pelo menos até ao Sol resolver ir-se embora...

(Fotografias de Luís Eme - Costa de Caparica)

sábado, janeiro 12, 2019

Os Óculos Escuros são Óptimos para Dizer Bom Dia ao Sol...


De certeza que já falei disso por aqui (quando fico sentado alguns minutos no banco de madeira do "Largo", falo mais do que a conta...). Sempre fui ligeiramente distraído, com o bom e o mau da coisa. 

Além desta característica, tenho também uma grande capacidade de abstracção, o que faz que me digam muitas vezes, que não "vivo cá".

E na verdade eu prefiro mesmo não "viver lá". É por isso que às vezes fujo das ruas onde há demasiadas pessoas a andarem, para baixo e para cima. E até sou capaz de acelerar o passo, se sentir um cheiro a fritos, quase exóticos.

Às vezes penso que duas ou três pessoas têm inveja de não conseguirem aproveitar as oportunidades, mesmo pequenas, de esvaziar os bolsos de problemas, algo que também sempre fiz, sem grande dificuldade. Digo isso porque este meu "positivismo natural", acaba por irritar algumas gentes, especialmente as que vivem abraçadas à "desgraça" e tentam transformar a vida em algo parecido com um "álbum duplo de fado escuro"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

sexta-feira, janeiro 11, 2019

Os Artistas que se Alimentam de Sorrisos...


Ainda em relação ao que escrevi ontem, faz-me alguma confusão, que se convoquem tantas vezes os palhaços, em discussões ou mal entendidos, como se estes fossem personagens do piorio, e não os artistas generosos, que passam o tempo a labutar por um mão cheia de sorrisos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quinta-feira, janeiro 10, 2019

Os "Amigos" do Tejo...


Sei que lá para os lados de Vila Velha de Rodão o Tejo está cheio de amigos, que o gostam de pintar de cores escuras.

Sei que em Cacilhas as coisas são muito diferentes, mas mesmo assim encontrei um empregado de restaurante a deitar a porcaria que tinha numa caixa de plástico para o Rio. 

Disse-lhe que o Tejo já deixara de ser caixote do lixo, há algum tempo. Embaraçado, respondeu que não estava a deitar fora lixo. Talvez achasse que estava a dar de comer aos peixes com os restos de comida...

Quando eu já em encontrava afastado, chamou-me palhaço, entre outras coisas. Contei até cinco e continuei a minha marcha, sem voltar a olhar para trás...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

quarta-feira, janeiro 09, 2019

O Triunfo (cada vez mais evidente) da Mediocridade


Este começo do ano tem sido pródigo em factos, que julgávamos difíceis de acontecer. No entanto aconteceram. E sempre com a televisão a querer fazer o pino (talvez estejam a fazer tudo para sobreviver a este tempo, em que podemos escolher o que queremos ver, e onde já se vê a internet na esquina, a querer tomar conta do "pequeno ecrã", que é cada vez maior e mais versátil...).

Desde a escolha para conversa, num programa matinal de entretenimento, do pior exemplo de um nacionalista (um nazi e bandido confesso...), ao telefonema do Presidente da República, para a apresentadora de um outro programa da manhã que se estreava - concorrente do referido anteriormente -, misturando os gostos do cidadão com os do representante máximo do Estado português. Ou seja, vale tudo na "conquista das audiências" e da "popularidade"...

E como tem acontecido nos últimos anos, a tendência é sempre de descer, de nivelar por baixo, com a desculpa mais que esfarrapada, de que "é disto que o povo gosta"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

terça-feira, janeiro 08, 2019

Uma Coisa em que Somos Bons...


Apesar de existir por aí muito boa gente que gosta de nos retratar, em alguns esboços "fadisteiros", vestidos de cores escuras, e misturados com a tristeza e melancolia, penso que estão ligeiramente enganados.

Provavelmente já fizemos parte desse "retrato", mas isso aconteceu num tempo especial, em que quase todos os dias nos roubavam coisas e não tínhamos grandes motivos para sorrir (sim, falo do período de 1926 a 1974...). Estávamos "viúvos" da liberdade...

Hoje, não somos exactamente aquele povo que foi retratado por um político holandês (do Sol, das mulheres fáceis e das bebidas fortes...). Sim, ele não pode, nem deve, confundir os seus amigos governantes e empresários, com o povo português. 

Mas continuamos a ter uma característica muito nossa: somos capazes de nos rir de nós próprios. Explico isto com dois bons exemplos: a criação pelo grande Rafael Bordalo Pinheiro do já centenário Zé Povinho, que ainda "anda aí para as curvas", e a popularidade do teatro de revista, durante a ditadura.

As palavras são tramadas, queria colocar por aqui, uma simples transcrição, que também fala de nós como povo, da tal capacidade de nos rirmos de nós próprios e de invenção, ao mesmo tempo que mostra que olhamos com  bonomia (se calhar demasiada...), para os políticos,  hábeis na oratória e na manipulação de dados, como é o caso do nosso actual primeiro-ministro.

Mas vamos lá à anedota que recebi por e-mail:

"O Custo de Vida"

- Tem a palavra o Senhor Deputado do BE.
- Senhor Primeiro-ministro, isto está de tal maneira, que até as raparigas licenciadas, têm de se prostituir para sobreviver.
O Senhor Primeiro-ministro com o seu sorriso, responde:
- Lá está o Senhor Deputado a inverter tudo, o que se passa é que o nosso sistema de ensino está tão bom, que até as prostitutas hoje são licenciadas...

Eu sei que devíamos ser mais exigentes com esta "gente", mas não é das coisas piores, esta criatividade e capacidade de nos rirmos de nós próprios.

(Fotografia de Luís Eme - uma parede alegre do Barreiro)


segunda-feira, janeiro 07, 2019

A Quase Natural Ilusão Óptica...


Tantas vezes que olhamos para as coisas, e vá-se lá saber porquê, num primeiro olhar vislumbramos coisas que, depois de sermos levados pela razão, descobrimos que "são outras coisas"...

Talvez sejam os nossos olhos que se gostam de iludir, ao ponto de conseguirem ver coisas que vão muito mais longe que qualquer fotografia.

Sei que eles não agem isoladamente, são quase sempre cúmplices da "nossa caixa de mecanismos", que só não manda muito no coração, que curiosamente, também é rapaz para se iludir com uma grande facilidade.

Penso que só mesmo os pintores adeptos do "realismo mágico" (não, não é apenas um género literário...) é que conseguem ir tão longe. Os surrealistas? Nem por isso, eles não gostam nada da realidade, fazem tudo para a virar de pernas para o ar...

Escrevi estas linhas depois de olhar a janela do cacilheiro, que quase que jurava pertencer uma carruagem de comboio...

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, janeiro 05, 2019

Não Sei se Foi um Teste, Mas...


Depois da tentativa de "branqueamento" do ideário fascista, através da figura de um nazista confesso, num dos programas televisivos mais populares, fico com a sensação que há mais gente do que o que parece, interessada (sabe-se lá porquê...) em forçar o aparecimento dos "populismos" que invadem a Europa, neste nosso canto.

Como já perceberam que não vão lá com "coletes amarelos",  utilizam outras "armas", com a conivência de alguns canais de televisão, amantes e defensores da "ideologia", debaixo da largura imensa da liberdade de expressão...

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, janeiro 04, 2019

As Coisas que o Venta Leva...


O excesso de informação leva, inevitavelmente, ao esquecimento.

Senti isso hoje, por duas vezes, durante uma conversa com dois amigos.

Falou-se da casa onde morava um escritor local e eu acabei a pedir referências do lugar. Depois de as receber, percebi que afinal sabia perfeitamente onde ficava o primeiro andar onde habitava...

A segunda "branca" não foi muito diferente. Falou-se da GNR de Almada nos anos quarenta, cinquenta do século passado (da sua acção repressiva...) e eu disse que nessa época o Forte (Castelo...) era militar, e que não sabia onde ficava o "quartel" da GNR. Voltaram a oferecer-me referências e eu voltei a recordar a sua antiga localização, na Boca do Vento...

Depois destes dois "enganos" fiquei a pensar que é um erro "saber coisas demais"... porque uma boa parte delas acabam por voar com o vento.

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, janeiro 03, 2019

Conversas Quase Embrulhadas em Papel de Jornal...


Hoje almocei com velhos amigos do jornalismo, quase todos do tempo das máquinas de escrever, que transformavam as redacções em quase salas de ensaio de bandas filarmónicas, desafinadas.

Um deles ainda era do tempo em que não se assinavam as notícias que se escreviam, como se o jornal fosse um imenso colectivo (nunca foi...). Neste caso particular, todos demos vivas ao "individualismo", com a feliz decisão de se entregar cada texto ao seu dono.


Falo deste pormenor, porque uma das histórias que girou pela mesa, foi a da habitual "usurpação" de textos (os bons...) por duas ou três personagens, que já nesse tempo eram adeptas das "falsas notícias" (coisa que sempre existiu nos jornais, não tinham era a dimensão e o eco dos nossos dias...) e da "colheita dos louros" dos outros.

Éramos maioritariamente simpatizantes do Benfica (nunca nos escondemos atrás da independência jornalística, como é apanágio do famoso "ribeirinho"...), pelo que falámos da saída inevitável de Rui Vitória, que já não consegue convencer nenhum dos jogadores do clube a seguir as suas directrizes (soube há pouco que vai mesmo embora...). 

(Fotografia de Luís Eme)

quarta-feira, janeiro 02, 2019

Margens do Sul...


Há sítios que consideramos especiais, mesmo sem nunca lá termos vivido. O lugar mais perto de Almada no qual experimento essa sensação, é o Seixal.

Podia começar por falar do esplendor de toda aquela baía, que felizmente nunca foi "estragada" pelos políticos e empresários, que gostam muito de "roubar" aquilo que devia ser de todos e para todos. Mas acho que não é apenas isso.

Sinto nas suas ruelas que há ali algo de "aldeia", de "povo", que não encontro, por exemplo, em Almada (talvez o "Pragal velho", já a querer desaparecer, seja o espaço menos urbano da cidade...).

Claro que este aspecto que me agrada, desagradará a pessoas mais cosmopolitas.

É sempre assim, cada um de nós olha para as coisas com os seus olhos e com a sua "alma"...

(Fotografia de Luís Eme)