segunda-feira, outubro 31, 2022

Até um dia destes, Outubro...


Não é tão grave como na adolescência e começo de idade adulta, mas Outubro continua a não me convencer...

E agora com as "cambalhotas climáticas", ainda se torna mais estranho, o Inverno mistura-se com o Outono e em alguns momentos com o Verão. Só a Primavera prima pela ausência.

Já não "perco" os amores de Verão da juventude, mas continuo a andar estranho, quase igual aos dias de Outubro, que se estão quase a despedir...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


domingo, outubro 30, 2022

O Realismo, o Tempo e os Preconceitos Ideológicos...


Quando ele disse: «Não me importava muito se os bilhetes  de avião fossem mais caros, se eles começassem a voar a horas», despertou uma série de preconceitos ideológicos, de quem está habituado a viver em "crises" quase permanentes, construídas muitas vezes de forma artificial.

Foi um simples desabafo de quem passa horas e horas em aeroportos e chega atrasado a todo o lado, até a casa... de quem sabe que o "tempo" é mesmo "dinheiro"...

Trouxeram o "terceiro mundo" para a mesa, porque é lá que todos os problemas se resolvem com dinheiro, juntamente com a "santa corrupção" dentro de envelopes.

Santa ingenuidade, pensei eu, sem vontade de me meter na conversa, mas sabedor que também é assim que se resolvem as coisas no "primeiro mundo" (a única diferença é que as malas substituem os envelopes e também não deixam rasto)...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, outubro 29, 2022

Onde estão as "Terceiras Pessoas"?


Faz-me muita confusão o que passa no Brasil, em véspera das eleições. O país está quase cortado ao meio, quer pelos apoiantes de Lula da Sila, quer pelos apoiantes de Jair Bolsonaro. O que nos diz que, seja qual for o vencedor, só será o presidente de metade dos brasileiros e terá com toda a certeza, uma governação muito complicada nos próximos quatro anos.

Não consigo perceber a razão, para que um país enorme como o Brasil, com mais de 215 milhões de habitantes, não consiga encontrar uma "Terceira Pessoa", democrata, competente e sem problemas com a justiça, como candidato. 

Ter de escolher entre alguém que continua a ser apontado como corrupto ou alguém que além de mentir com os dentes todos, têm mais que tiques de fascista, é uma tarefa muito complicada...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, outubro 28, 2022

"Vive e Deixa Viver..."


Uma das tarefas mais complicadas que nos cabem na vida, é sermos pais. Por muito cuidado que tenhamos, nunca seremos pais perfeitos, porque isso não existe...

Embora a frase "vive e deixa viver..." possa ser "colada" em quase tudo (até nos filmes de cowboys), é muito importante nas relações humanas, próximas e afastadas.

Se no nosso tempo é fácil seguir esta frase - que mesmo que tenha princípios libertários, responsabiliza desde cedo todos aqueles que a seguem e defendem -, o mesmo não se passava há cinquenta anos. Mesmo assim os meus pais procuraram seguir sempre estas palavras, tão simples e tão importantes...

Tanto eu como o meu irmão nunca fomos condicionados nas nossas escolhas, pelos nossos pais. Provavelmente ajudou um pouco não termos feito "más escolhas", ao longo da vida. Mas havia tios, ainda sem filhos, que estavam sempre a querer meter a "colherada" na nossa educação.

Talvez seja por isso, que os meus filhos também seguem a sua caminhada, sem condicionalismos. Até por saberem com irão "colher o que semearem" (bendita sabedoria popular)...

Mas quem gosta tanto de liberdade como eu, só podia mesmo "viver e deixar viver..."

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, outubro 27, 2022

O Futuro cada vez menos risonho dos Livros...


Ontem falei para mais de meia-dúzia de pessoas, sobre livros. Queriam saber a minha opinião sobre o "futuro dos livros". Embora seja optimista, disse que os livros passaram definitivamente de moda e que no futuro, serão cada vez mais um "objecto de culto", usado apenas por quem gosta de adquirir conhecimento e de ler histórias de papel.

Infelizmente não havia jovens metidos nesta conversa. Ou seja, algumas daquelas pessoas que estavam ali para conversar, ainda liam livros, ainda continuavam a dar uma importância a estes objectos, que eles já não tinham...

Com algum descaramento, até disse que eles até tinham perdido valor como ornamento decorativo. Já quase ninguém exibia orgulhosamente uma "biblioteca" na sala de estar. Talvez estivesse a exagerar, mas era o que pensava. Fui novamente "contra a corrente"...

E nem me quis alongar com os índices de leitura, que correm o risco de ainda serem piores que os que nos são oferecidos, e que parecem caminhar para fazer de "cada leitor um tolinho", dando por vezes até a impressão que a leitura de livros "é uma perda de tempo".

Claro que os livros também têm vantagens, quem gosta mesmo de ler, vai ler sempre livros (talvez tenha exagerado novamente, mas foi a melhor maneira de acabar a conversa).

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, outubro 26, 2022

Este Mundo Desigual é Tudo menos Normal...

Estou cansado de saber que nós não somos um país muito normal.

Mas é de todo estranho que o preço do gasóleo, da gasolina, da electricidade e do gás natural, subam a preços recordes, tal como os lucros das empresas que nos vendem estes produtos.

Este exemplo pode ser transposto para a área retalhista, onde todos os preços sobem especialmente, os dos chamados bens essenciais, assim como os lucros de milhões das principais sociedades.

Na banca os juros também sobem, especialmente os dos créditos à habitação, também em paralelo com os lucros dos banqueiros...

Sei que se pode dizer que isto está a acontecer em "todo o mundo". O que só nos explica que somos, cada vez mais, vítimas de um capitalismo cego, que enriquece meia-dúzia de pessoas, ao mesmo tempo que empobrece milhões... 

Não sei quanto tempo é que possível viver neste registo completamente desigual, tão ao gosto dos liberais, que se aparecer por aí, mais alguma pandemia, não se vão esquecer de voltar a "bater à porta" do Estado (mesmo que tenham contas bancárias de milhões)...

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


terça-feira, outubro 25, 2022

Os Ricos, os Pobres e o Ambiente...


Talvez seja mesmo assim... Só com menos dinheiro, é que conseguimos consumir menos e cumprir as metas dos acordos "defensores da vida" neste nosso Planeta.

Menos dinheiro no bolso faz, entre outras coisas, que nos habituemos a apagar a luz quando ela é se torna desnecessária, fazer menos descargas no autoclismo, fechar a torneira da água enquanto esfregamos os dentes, entre muitas outras coisas.

Pois é, parece que os "pobres" são obrigados a ser amigos do ambiente...

Talvez o mundo seja mesmo uma coisa melhor sem ricos...

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)


domingo, outubro 23, 2022

A Escolha entre Submissão e Solidão...


Olho para as pessoas maiores de idade e fico a pensar que nunca fomos submissos, apesar de existirem vários indícios contrários.

Sim, podemos precisar de um "chefe" (gostamos de lideres fortes e que também consigam transmitir uma mescla de seriedade, isso explica o sucesso de Salazar e também de Cavaco...), para gerir o país, as nossas cidades e até a empresa onde trabalhamos, mas não quer dizer que lhes sejamos submissos. Talvez seja por isso, que sempre que podemos, seguimos as "nossas regras" e não "as deles" (talvez seja por isso que sempre produzimos menos do que devíamos nos empregos, normalmente mal pagos)...

Regressando aos nossos lares, reparo (até por exemplos familiares...), que são as mulheres quem mais impõe regras, mesmo nas coisas mais insignificantes. E que as mães e sogras (os homens têm o bom senso de serem os primeiros a partir...), quando começam a perder faculdades, fingem ainda terem a autonomia que lhes foge entre os dedos, para não se sujeitarem a terem de deixar as suas casas para serem metidas nas "prisões" das casas dos filhos (algumas sob o comando das noras), ou pior ainda, nos asilos...

É quase uma escolha entre submissão e solidão...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sábado, outubro 22, 2022

Sair pelo Próprio Pé ou Ser Empurrado (Dilema de Cristiano e de Telma)


Ao ler as palavras de um presidente de Federação (de judo), além de perceber que é pouco adepto do bom senso, tenho ainda a sensação de que não será muito digno do cargo que ocupa. 

Quando um dirigente máximo federativo se refere à melhor judoca portuguesa de todos os tempos, utilizando a idade da Telma e os seus maus resultados - todos sabemos que tem tido muitas lesões e foi operada recentemente -, como arma de arremesso,  está tudo dito. 

Onde será que colocou os títulos de Campeã Europeia e a Medalha Olímpica de Telma Monteiro?

Nas ilhas britânicas é Cristiano Ronaldo (embora tenha sido ele a criar o problema...), que além de ser alvo de inveja, ainda é "empurrado" para o final de carreira, sem ser consultado e sem que existiam dados sobre a sua actual perfomance atlética, que nos digam que está "acabado".

Embora saiba que tanto o Cristiano com a Telma, devem saber acabar as suas carreiras ao mais alto nível e não deixar que seja demasiado visível a sua decadência, como grande ídolos do desporto, não precisam de ser empurrados por ninguém. Sejam eles dirigentes, treinadores ou jornalistas.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, outubro 21, 2022

Quase no final de 2022 percebe-se que Cristiano Ronaldo, afinal, sempre é Humano...


Cristiano Ronaldo desde o começo da época que tomou opções, que tinham tudo para acabar mal, como parece que irá acontecer (é quase impossível reverter a sua situação em Manchester...) num futuro próximo.

A única solução que iria conseguir "apagar" a sua ausência na pré-época, seriam os golos. Só que eles não têm aparecido. Só eles é que teriam conseguido derrotar a "arrogância" do novo técnico holandês.

E é aqui que se percebe que, afinal, Cristiano Ronaldo sempre é humano. Não tem nada de "extra-terrestre", como se chegou a insinuar. Também tem fragilidades, comete erros, não é perfeito. 

Mas tem um passado, que fala por ele (ou pelo menos devia falar...).

Infelizmente o treinador do M. United não tem qualquer respeito pelo passado e presente de Cristiano Ronaldo. Até se fica com a sensação que só aceitou ficar com Ronaldo no clube, para lhe "dar uma lição", para lhe explicar que é ele que manda na equipa e que só joga quem ele quer.

Ao contrário de muitos, tenho a convicção de que Cristiano Ronaldo não está "acabado" para o futebol, mas terá de ser mais inteligente a gerir este final de carreira. Caso contrário, arrisca-se a ter de ir para as Arábias ou Américas e acabar a carreira de futebolista (sem qualquer dúvida, um dos cinco melhores do mundo de sempre) na sombra...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


quinta-feira, outubro 20, 2022

Comunicar é Enganar?


Nos tempos que correm, fica-se com a sensação de que comunicar é enganar.

Não estou a falar dos "vendedores de banha da cobra" que estão nos intervalos de todos os canais de televisão e vendem de tudo um pouco, desde comprimidos milagrosos, que nos fazem emagrecer, limpam o fígado e fortalecem os ossos, aos colchões ou chinelos mais confortáveis do mundo.

Estou a falar de quem faz e escreve notícias (até nos telejornais...). Têm cada vez menos problemas em dizer que o que não é, é. 

Estou a falar dos nossos políticos (há cada vez menos excepções), que andam sempre a "navegar à bolina", das meias verdades e meias mentiras. E mesmo quando são apanhados, tem sempre outra "mentirinha" na manga, para se defenderem.

E nem vou falar de futebol, onde o objectivo dos principais clubes, é desinformar os seus sócios e "achincalhar" os adversários, através dos seus departamentos de comunicação.

A única certeza que tenho, é que em nenhum dicionário comunicar é sinónimo de enganar.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


quarta-feira, outubro 19, 2022

Somos Demasiado Cobardes para "Morrermos por Amor"...


Ontem, quando as três mulheres da nossa mesa resolveram "romantizar" o suicídio do chefe Anthony Bourdain, dizendo que ele "morreu por amor", ao não conseguir superar a "traição" da sua companheira, a actriz Asia Argento, houve alguém que tentou quebrar aquela "magia", quase cinéfila, afirmando que a história estava incompleta. Depois acrescentou que ele caminhava a passos largos para a falência, devido, entre outras coisas, aos seus vícios demasiado caros, onde se incluía a "maldita cocaína".

E depois houve espaço para tudo, até para dizer que Bourdain tinha tudo na vida... Era demasiado óbvio, que não tinha, mas...

O Rui conseguiu ir mais longe e dizer que se ele se "matou mesmo por amor", não tinha nada de português, e ainda bem. No nosso país os homens que se sentem traídos, costumam matar e não morrer por amor....

E concordei com ele, quando, quase em jeito de conclusão, disse que éramos demasiado cobardes, para "morrermos por amor".

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


terça-feira, outubro 18, 2022

A Psicologia de Café, com Bourdain e Esgaio à Mesa...


Anthony Bourdain, que decidiu deixar-nos há já mais de quatro anos, começou por ser revisitado à mesa do café, pelas mulheres, a propósito de uma tema que terá de ficar para amanhã ("Morrer de, e, por Amor"...).

Como acontece nestas conversas, quase tipo "Flashback", com várias nuances a subirem e descer da mesa, houve quem acrescentasse que ele estava deprimido há muito, e que foi por isso que pôs termo à vida num hotel em Kayserberg, na Alsácia francesa. O amor mal resolvido, era apenas um dos seus problemas...

A única certeza que todos tínhamos, era que ninguém sabe o que vai dentro da cabeça dos outros. E que nem todos dão sinais de que estão cansados de viver...

Quase a despropósito, um dos sportinguistas da mesa resolveu falar de Esgaio, uma espécie de "patinho feio", que tem sido bastante contestado em Alvalade, pelo seu historial de erros quase infantis. Disse-nos que ele tinha pedido ao treinador para não jogar, por não estar em boas condições psicológicas. 

Talvez Esgaio seja apenas mais uma vítima da pressão do "jogador de clube grande", que tem de jogar sempre para ganhar e nunca deve virar as costas para as bancadas, adiantou o Rui. 

Felizmente este não é um caso de vida ou de morte. Mas talvez o Rui tenha razão e o Esgaio tenha de pensar em ir jogar para outro clube, em que possa perder (e falhar...) de vez em quando...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, outubro 16, 2022

O Futebol-Espectáculo é Isto...


Fiquei muito orgulhoso por o "meu Caldas", quase ter ganho ao "meu Benfica", na noite de ontem. O jogo acabou por ser decidido na "lotaria" das grandes penalidades, depois de mais de 120 minutos de futebol-espectáculo, mesmo quando os jogadores do Caldas estavam de rastos, fisicamente, nunca perderam o discernimento e continuaram a jogar com a bolinha no chão. 

A equipa treinada por José Vala pede meças a muitas equipas profissionais, pois mesmo a jogar com a primeira classificada da Primeira Liga, invicta (que tinha acabado de empatar com o Paris SG, uma das equipas mais poderosas do mundo...), jogou sempre, de igual para igual, sem medo e complexos em relação às "prima-donas" da Luz.

Felizmente, o "autocarro" do Caldas só serve mesmo para o transporte de jogadores...

(Fotografia de Luís Eme - a partir da televisão)


sábado, outubro 15, 2022

A Festa da Taça nas Caldas


O Caldas está a menos de uma hora de defrontar o Benfica, no velho Campo da Mata, para a Taça de Portugal.

Embora chegasse a pensar ir às Caldas ver o Benfica, percebi que dificilmente arranjaria bilhetes e também não me quis "fazer convidado". Além disso, gosto mais de ver futebol na televisão. Nos campos de futebol distraio-me com grande facilidade, porque há "outros jogos" que se jogam nas bancadas. 

Isso aconteceu quando o Caldas chegou à meias-finais da Taça e fui ao Campo da Mata ver o Caldas eliminar o Farense. Com as bancadas cheias de gente a puxar o nosso clube para cima, mas sempre num ambiente de festa (até a claque era um exemplo...), olhava para todos os lados, satisfeito pela forma como a equipa caldense trocava a bola e transmitia serenidade e esperança ao público.

E agora só me resta esperar, sem esconder um desejo de benfiquista caldense: querer que aconteça Taça nas Caldas, com os Alvinegros a derrotarem o Benfica, proeza que nem a Juventus e o Paris Saint-Germain conseguiram esta época...

(Fotografia de João Miguel - Almada)


sexta-feira, outubro 14, 2022

«Queres filhos? Vai tê-los pela barriga das pernas!»


Já conhecia a expressão, talvez até venha dos tempos da minha avó, mas nunca gostei dela. E naquele momento ainda menos, por ter sido dita com desdém, em resposta a alguém que queria muito ser pai.

Deixei-me ficar no meu canto. Sabia que as mulheres  são cada vez mais, as donas do seu corpo, e ainda bem, mas continuam a irritar-me os exageros e os fundamentalismos do que quer que seja.

Estava a pensar que o mundo não seria grande coisa, se a maior parte dos homens começassem a fazer como os japoneses, fingindo preferir o mais fácil: brincar com bonecas que nunca dizem não, nem têm dores de cabeça. Depois dei um salto, até às mulheres que também fingem preferir cuidar de um cachorrinho que de uma criancinha.

Foi quando a Alice se sentou a meu lado, quebrando a linha quase estúpida dos meus pensamentos.

Sem que eu lhe perguntasse o que quer que fosse, contou-me a história simples da sua vida, irritada com aquela quase desumanidade feminina, disfarçada de brincadeira.

Confessou-me que tinha duas filhas e não imaginava a vida sem a sua presença. E sempre quisera ter um rapaz, mas não quis correr o risco de insistir e ficar com uma "equipa" feminina para qualquer desporto curto. Mesmo as discussões que tinha com elas, acabavam por ser o sal da vida. Mas foi mais longe, trouxe para a mesa os milhões de mulheres por esse mundo inteiro que querem ter filhos e o corpo não deixa, por isto ou por aquilo.

Não fomos mais longe, pelo tempo e também para não dar mais corda a uma conversa com "pano para mangas"...

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)


quinta-feira, outubro 13, 2022

"A Flor que Havia na Água Parada"


A descoberta do livro de poesia, "A Flor que Havia na Água Parada", da autoria de Maria Judite de Carvalho, foi uma boa surpresa.

Mas nem devia ser, a Maria Judite quando escrevia as suas crónicas do quotidiano, enchia-as de vida (boa e má...), mas também de poesia. E é mais comum do que o que parece, que os prosadores escrevam poesia, mesmo que seja apenas para a gaveta...

Graças ao prefácio de Eugénio Lisboa, fiquei a saber que foi o Urbano Tavares Rodrigues, que depois do adeus da Maria Judite de Carvalho, resolveu dar "vida" aos poemas que ela deixara numa das suas gavetas lá de casa. Mas antes de os publicar quis saber se eles poderiam de alguma maneira deixar alguma "nódoa" na sua bonita bibliografia. 

Acredito que não estão aqui todos os poemas que a Maria Judite escreveu. E ainda bem. Pois quem os seleccionou, fez um belo livro, equilibrado e cheio de poesia da boa.

(Fotografia de Luís Eme - Arealva)


quarta-feira, outubro 12, 2022

Desta vez é verdade, não há duas sem três...


Nesta minha vida de "pesquisador de passados", encontrei uma frase curiosa, que o poeta Pedro Tamen, numa entrevista que deu à revista "Ler" (Fevereiro de 2011), em que cita o escritor Nuno Bragança, que transcrevo:

«O facto de ser um homem de agenda fez com que muita gente dissesse: "É um poeta que não parece poeta". Falando uma vez com o Nuno Bragança sobre isso, lembro-me desta frase que ele me disse: "Há duas espécies de artistas relativamente às convenções sociais e aos hábitos do mundo: aqueles que os enfrentam declaradamente, que os contrariam, que os violam - são os chamados 'marginais'; e há os outros que têm um tal medo do mundo que cumprem religiosamente essas convenções e esses ritos".»

Penso que existe pelo menos, mais uma espécie de artista (onde me coloco e onde penso que o Pedro também estava... apesar do Nuno o colocar no segundo grupo). Aquele que não se sente bem na pele de "marginal" (pelo menos a tempo inteiro...), nem gosta de dar nas vistas pelos piores motivos (insistentemente alcoolizados, mal vestidos, mal lavados, com um gosto especial de gritar "palavras de qualquer ordem"), mas vive em liberdade, sem estar preso aos tais ritos e convenções que nos cercam. E até posso acrescentar, que uma das coisas que sempre me incomodou em alguns "artistas", é que eles sejam mais conhecidos pela forma como se vestem e vivem, do que pela obra que produzem...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, outubro 11, 2022

A "Justeza" de Prémios que Têm pouco a ver com Justiça...


Há muito boa gente que questiona a justeza de alguns prémios, como é o caso do Nobel da Literatura, normalmente o que gera mais "estados de alma" à sua volta, de todos os entregues pelos suecos.

Penso que este prémio não tem muito a ver com justiça, até porque há sempre, pelo menos umas cinco dezenas de escritores que são potenciais candidatos a receber, este quase "óscar" da literatura.

O mais curioso é o papel de quase "detectives", do júri sueco, que consegue, ano após ano, "desencantar" alguém que nem sequer faz parte dessa lista, como aconteceu mais uma vez, com a francesa Annie Ernaux.

Nesta aspecto, até tem uma coisa boa, sabe-se que nunca é entregue a "amigos", como acontece com tantos prémios cá no nosso burgo.

Claro que escritores como o nosso António Lobo Antunes, que acham que fazem parte do grupo muito restrito (menos de meia-dúzia...) dos "melhores do mundo", além de terem vontade de "trepar paredes", devem dizer das boas, quando ouvem o nome de laureado, ano após ano...

(Fotografia de Luís Eme - Laranjeiro)


domingo, outubro 09, 2022

"Actores" (tantos) que Fogem da Realidade a Sete Pés...


Não vou tão longe, como o Carlos, quando insiste que a «política suja os dedos e cheira a esgoto», e é por isso que há muito tempo não vê notícias na televisão e prefere ler os jornais que falam do seu Benfica.

Não gosta que eu escreva sobre política e políticos, por ser a coisa mais desinteressante do sociedade, devido ao baixo nível dos seus "actores" (gosta de lhes chamar assim...).

Mudei de assunto e disse-lhe que cada vez estava mais parecido com um teclado cansado, a pedir substituição, pois começo a "roubar" letras às palavras, mais vezes do que queria (já aconteceu três vezes neste pequeno texto)...

Ele sorriu. E depois disse que havia mais sintomas da velhice, além da cor do cabelo e das rugas. Ainda lhe falei da tinta do cabelo e do botox, para ele acrescentar, que esse era um sintoma ainda mais grave, de quem foge da realidade a sete pés.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, outubro 08, 2022

Uma "Lente de Aumentar" da Sociedade...


Há quem goste de dizer que o futebol é uma metáfora da sociedade, eu prefiro utilizar a expressão "lente de aumentar", porque tudo é vivido neste espectáculo com mais rapidez e emoção. É por isso, que muitas vezes as vitórias e as derrotas não traduzem a realidade, tanto podem esconder como mostrar os problemas.

Sim, quando se perde tudo é colocado em causa, até o guardanapo que estava fora de sítio na mesa do pequeno almoço. Quando se ganha, a euforia do momento é capaz de esconder até ordenados em atraso ou o mau feitio do treinador...

Sei que se esta "lente de aumentar" também fosse usada na política, muitos governantes passavam o tempo a saltar de cadeira em cadeira, até se estatelarem, definitivamente, no chão. Pode-se dizer que as coisas estão a mudar, com os sucessivos "casos e "casinhos" do governo de Costa, mas talvez não seja bem assim.

O que acontece é que a "direita" foi ocupando o espaço do comentário político nas televisões e jornais, e os comentadores sim vão para os estúdios e para os jornais com a indispensável "lente de aumentar", porque estão cansados de levarem com a "arte circense" de António Costa, que traz quase sempre um "número" diferente no bolso para enfrentar as oposições.

Do que não tenho dúvida, é que se António Costa fosse treinador, nos últimos anos já tinha sido vítima da famosa "chicotada psicológica", mais que uma vez. Só que ele é político...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa) 


sexta-feira, outubro 07, 2022

"Reservados", "Inícios de Serviço" e "Plenários"...


Cada vez sinto menos respeito pelos funcionários das empresas de transportes, que escolhem, quase sempre, formas de luta que só têm como único objectivo: prejudicar os utentes.

Ontem precisei de me deslocar ao Laranjeiro e como tenho o passe decidi ir de transportes e não de carro. Só não estava à espera era que uma viagem que de carro fazia em menos de meia-hora, demorasse mais de hora e meia...

Para lá, as coisas correram normalmente, agora o regresso, foi desesperante.

Comecei por esperar na paragem do metro, mas depois de ter visto passar cinco conjuntos de carruagens, que passaram sem parar, que ostentavam no nome do destino "Início de Serviço", percebi que o "surrealismo" andava por ali. E entretanto passou mais de meia-hora, com a estação a ficar cada vez com mais gente... Farto destas "brincadeiras" desloquei-me para a paragem dos autocarros, ali ao lado. E aqui comecei a ser brindado com o "Reservado" como destino (três autocarros "reservados" - sabe-se lá por quem - e dois que iam para Lisboa...).

É uma vergonha a forma desrespeitosa que estas transportadoras tratam os passageiros, suprimindo horários, apenas porque sim. 

A somar a estes "reservados" e "inícios de serviço", só faltava mesmo precisar de ir a Lisboa e levar com um dos famosos "plenários", quase semanais, da Transtejo...

É por estas e por outras, que só pode ser uma brincadeira (mais uma...), a "legalenga" dos governantes, sempre expeditos a convidar as pessoas a deixarem os carros em casa e andarem de transportes públicos.

Era bom que experimentassem esta "trilogia"...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quinta-feira, outubro 06, 2022

«Tenho de me pôr a pau, um ano destes ainda me apanham distraído e oferecem o Nobel»


Há pessoas que invariavelmente nos deixam bem dispostas, por terem a capacidade de fazerem humor com quase tudo. São um bálsamo para os nossos dias.

E felizmente, continuam pouco preocupados com os puritanos e com essa coisa curiosa que é o "politicamente correcto". 

Foi por isso que me fartei de rir, quando o meu amigo Rui, escritor da terceira divisão (tal como eu...), disse: «Tenho de me pôr a pau, um ano destes ainda me apanham distraído e oferecem o Nobel.»

É possível que haja muita gente que diga que conhece e já leu a escritora francesa, Annie Ernaux. Na nossa mesa nunca ninguém tinha ouvido falar da senhora, muito menos lido qualquer obra... 

Pois é, estes senhores júris do Nobel, devem fartar-se de procurar escritores que quase ninguém conhece, para lhes premiarem a vida e obra...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, outubro 05, 2022

A Falsa República Salazarista (e Marcelista)...


Não sei se foi por hoje ser 5 de Outubro, que dei por mim a pensar, que a partir de 1933, com a aprovação da nova constituição salazarista, passámos a viver novamente numa "monarquia", disfarçada de república.

Digo isto porque só a partir de 1976 é que os Presidentes da República passaram a ser escolhidos pelo povo, em eleições livres e com o voto secreto.

Durante a ditadura, Óscar Carmona, Craveiro Lopes ou Américo Tomás, foram escolhidos a dedo. E não passavam de figuras decorativas do regime, só lhes faltava mesmo a "coroa" e o "sangue azul"...

O mesmo se passava com as "famílias do regime" (que continuam a ser poder, aqui e ali..), que embora não ostentassem os títulos de duque, conde ou barão, mantinham os respectivos privilégios...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, outubro 04, 2022

Os Poemas e o Livro ("Versos") de Amália Rodrigues...


A curiosidade fez com que lesse há poucos dias o livro de poesia de Amália Rodrigues, "Versos", organizado por Vitor Pavão dos Santos.

Além de não gostar da forma como a edição deste livro está organizada (penso que é a primeira, de 1997, da "Cotovia"...), com os poemas cortados, ou seja a continuarem para a página seguinte, apenas porque sim (cabiam numa simples folha...), também não achei boa ideia editar poemas tão desiguais, porque o bom e o mau fazem sempre um péssimo "casamento"...

Há poemas realmente bonitos, que deram belos fados, cantados por Amália e também por outras e outros fadistas. É impossível não gostar de "Lágrima, "Ó Gente da Minha Terra", "Estranha forma de Vida" ou "Gostava de ser Quem Era". É por isso que não percebo que estejam misturados com estes poemas, alguns versos muito fraquinhos.

Continuo a pensar que o segredo de qualquer livro, é o seu equilíbrio. Sei que é difícil manter sempre um ritmo alto, mas não se deve "descer demasiado", como acontece neste caso. 

Acredito que Amália foi completamente alheia à forma como esta obra foi organizada...

(Fotografia de Luís Eme - Alcochete)


segunda-feira, outubro 03, 2022

É mais comum do que parece, dar voz dentro dos livros, ao "Ressentimento", que existe dentro de nós...


O último romance que li foi "Dentro de Ti Ver o Mar", de Inês Pedrosa. Não gostei da história, nem da caracterização das personagens pela autora. Achei tudo muito "telenovelesco"...

Além de sentir que o livro era demasiado explicativo (gosto de ter espaço para pensar e imaginar dentro das histórias...), também me pareceu ter sido  escrito quase como um "ajuste de contas", para com os homens. Homens esses, que no que toca ao amor e ao sexo, segundo a Inês, são quase todos uns "canalhas"...

A única coisa boa desta leitura foi ter-me feito pensar bastante, nesta coisa "complexa", que são as relações (de todo o género) entre homens e mulheres. Acho mesmo que nunca nos conseguimos perceber, totalmente. E é algum do mistério que permanece entre nós, que faz com que não desistamos uns dos outros.

Como sempre me relacionei profissionalmente com mulheres, sem que existissem interferências amorosas e sexuais (às vezes a custo, porque existem sempre jogos de sedução, de parte a parte...), tenho alguma dificuldade em compreender a autora. Eu sei que sempre tive uma "desvantagem", nunca exerci qualquer tipo de poder sobre mulheres (ou homens...), sempre tivemos uma relação de igual para igual. Nunca fui chefe de nada, quanto muito fui coordenador de várias actividades, com mais trabalho que poder.

Claro que não é a primeira vez que sinto que existe "ressentimento" dentro de um livro. É até mais comum do que o que possa parecer. 

A escrita também serve para exorcizar os nossos fantasmas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, outubro 02, 2022

O (nosso) Desperdício de Talento


Hoje tinha pensado falar das "corridas de carros" que ocuparam a Margueira (Lisnave...) durante o fim de semana, mas a única coisa de interesse que encontrei por lá foram as pessoas que  fui guardando na minha máquina fotográfica.

Mas já à noite, enquanto ia assistindo, aqui e ali, à "feira de vaidades da SIC" (prémios globos de ouro), fui surpreendido por um momento especial.  A Catarina Vasconcelos foi premiada na categoria de melhor filme, com "A Metamorfose dos Pássaros". Não estava presente e foram os dois produtores que receberam o prémio e agradeceram ao público.

Um deles, aproveitou a presença do ministro da Cultura e do presidente da Câmara de Lisboa, para lhes lembrar as dificuldades com que vivem os realizadores, actores e técnicos, assim como o pouco apoio que o Estado dá à Cultura no geral e ao Cinema, em particular.

E em jeito de desabafo disse que não devia haver um país onde se desperdiçasse tanto talento como o nosso.

Mas o mais grave, é que este desperdício de talento faz-se em todas as áreas. Os nossos melhores jovens acabam por partir, mais tarde ou mais cedo, para outros mundos onde o seu talento e o seu trabalho é reconhecido e aplaudido.

Que estamos na cauda da Europa em quase tudo, não é nenhuma novidade para ninguém. (Os medíocres dos nossos governantes fingem não perceber que a sua preocupação em serem "bons alunos", além da "esmola" de fundos, não tem trazido nada de novo nem de útil ao país).

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sábado, outubro 01, 2022

Outubro é Mês de Muitas Coisas, até da Incrível Almadense...


Fundada no primeiro dia de Outubro de 1848, a Incrível Almadense festeja durante todo este mês, o seu aniversário.

E realmente é mesmo Incrível, uma Colectividade Popular, conseguir chegar aos 174 anos. 

Como conhecemos a sua história e a sua matriz operária, sabemos que toda a sua história é feita da vontade e do orgulho do povo de Almada, naquela que é conhecida como a "Catedral do Associativismo Almadense" e também como "Mãe" de todas as Colectividades do Concelho.

Sinto um grande orgulho em ser seu associado, ter sido seu dirigente e ser também autor de dois livros sobre a sua história extremamente rica, que atravessa os séculos XIX, XX e XXI.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)