quarta-feira, dezembro 31, 2008

Que o Sol Brilhe!

Eu sei que não vale a pena estar a elevar as espectativas para 2009.

Mas também sei que não nos vale, de nada, ficarmos a carpir as mágoas provocadas pelas crises e pelas incompetências de outros.
Como o Sol não vai deixar de aparecer no nosso canto, desejo que ele seja capaz de nos abrir o sorriso e roubar a melancolia dos dias tristes...

domingo, dezembro 28, 2008

Triste Sina a Nossa...

Nunca esperei ouvir tanta gente a desabafar que desejava um estado mais autoritário, mais disciplinador, em suma, mais salazarento.

E não são apenas velhos saudosistas.
Há gente mais nova que eu, que tem os mesmos desabafos. Claro que não sabem muito bem o que dizem, não sabem o que é uma ditadura, ou seja uma sociedade governada por um único partido, apoiada pela força e segurança que lhes oferecem os estados policiais e militares.
O pior de tudo é saber que os grandes culpados destes desabafos são os responsáveis pelos dois principais partidos, que em trinta e quatro anos de democracia, andaram a fingir que governavam o país. A maioria, a única coisa que fez, foi governar-se...
Sócrates, que fingiu fazer reformas na Justiça, Saúde, Educação e Finanças, tornou o nosso futuro ainda mais sombrio. Manuela Ferreira Leite e companhia, estão a mostrar a verdadeira face dos nossos políticos, que olham mais para os umbigos e para os interesses pessoais, que para os interesses colectivos...
E o 2009, que está à porta, está refém desta gente, que nem para gerir uma mercearia de bairro serviam...
Noutros tempos podiamos pensar emigrar. Hoje, perguntamos: para onde?
Às vezes penso que estes políticos poderiam montar um circo, embora fossem tão manhosos, nos seus números de acrobacias e ilusionismo, que não passariam de "palhaçadas", com todo o respeito que me merecem estes artistas...

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Boas Festas


Aproveito a originalidade deste postal, feito pelo meu filho, quando andava na primária, para vos desejar a todos Boas Festas.

domingo, dezembro 21, 2008

«Sabes Porque Existe o Natal?»

«Sabes porque existe o Natal?»

Foi isto que ele disse, sem me dar hipótese de dar qualquer resposta. Ripostou de imediato:
«Porque nós existimos, os pobres e desgraçadinhos, para uma vez por ano, os ricos lembrarem-se que existimos e fingirem que são boas pessoas e que têm muita pena de nós.»
Antes que eu abrisse a boca, concluiu:
«São tão "bonzinhos" que até nos levam para os seus lares, oferecem-nos banho, roupa lavada e a consoada. E em alguns casos até caminha. Os ricos pensam mesmo que são uns gajos porreiros, então no Natal são porreirissimos!»
E virou-me as costas...

A foto é de Eduardo Gageiro. As palavras são minhas e não passam de pura ficção. Qualquer semelhança com a realidade, é apenas coincidência...

quinta-feira, dezembro 18, 2008

A Primavera que Nunca Saiu do Outono...

A entrevista de Ana Maria Caetano à "Visão" merece-me vários comentários.

Embora compreenda a sua posição de filha, para quem o pai era uma das pessoas mais importantes do mundo, penso que não era preciso entrar em exageros, nem tão pouco tentar "fintar" a história.
Se por um lado é errado comparar os dois ditadores que nos governaram de 1932 a 1974, por outro, é perfeitamente natural. No essencial tiveram uma postura idêntica, governaram com um partido único e salvaguardados pela existência de uma polícia política capaz das maiores atrocidades, inclusive de matar. Polícia essa que ia a despacho a São Bento...
Quando a senhora diz que o pai era mais socialista que muitos socialistas, nem é uma grande descoberta, se olharmos para a política de Sócrates, mais protectora do grande capital que o próprio PSD. Embora deva acrescentar que estes governam, legitimados pelo povo, o que nunca aconteceu com Marcelo Caetano...

terça-feira, dezembro 16, 2008

A História Está Sempre em Aberto...

O fim da tarde de hoje foi especial, por ter sido recordada uma pessoa que me é bastante querida, e com quem cresci tanto, em pouco mais de meia-dúzia de meses...

Estou a falar da reunião de convívio e reflexão, que coincidiu com o décimo aniversário do desaparecimento do padre José Felicidade Alves, no Centro Nacional de Cultura. Esta homenagem teve três momentos de grande simbolismo e interesse histórico, para mim claro.
A emoção do Francisco Fanhais, que não o deixou cantar e dizer um poema especial da Sophia de Mello Breyner Andressen, embora depois tenha cantado e encantado, com uma outra canção...
A voz do padre Felicidade Alves que encheu a sala, na entrevista que deu a Manuel Vilas Boas, da TSF, no dia da reconciliação com a Igreja, através do seu casamento religioso, celebrado por D. José Policarpo, à data Patriarca de Lisboa, no dia 10 de Junho de 1998, com a sua maneira muito própria de fazer valer os seus pontos de vista sobre este episódio, com clareza e ironia q.b....
E por fim a intervenção de Diana Andringa, recheada de factos históricos relevantes, retirados da entrevista que realizou com o padre Felicidade, em 1990, para o excelente programa, "Geração de Sessenta", onde mais uma vez é notória a riqueza dos seus testemunhos, aos quais nunca falta o sentido de humor.
O que posso dizer mais? Entre outras coisas, que não tenho dúvidas que hoje sou uma pessoa melhor, graças aos seus exemplos e da Elisete, tão ricos em humanismo e liberdade.

domingo, dezembro 14, 2008

Tempo dos Reis das Versões

Neste Mês Natalício sucedem-se os espectáculos musicais televisivos, de manhã à noite, quase sempre por boas causas.

É difícil escapar a este desfile do nosso "nacional-cancionetismo", quase sempre em "playback", onde se fica a perceber com nitidez como se alimentam estas "vedetas", tão limitadas em talento e imaginação, que preferem, de longe, importar versões a criar canções originais.
É por isso que dispenso este campeonato onde Marco Paulo, Tony Carreira, Mónica Sintra, Ruth Marlene, Anjos, Romana, Emanuel, Ágatha, Fernando Correia Marques, etc, fingem dar espectáculo.
Brilhantes só mesmo algumas roupas que usam, de resto não passam de amadores foleiros, ao lado de Rui Veloso, Clã, Sérgio Godinho, Jorge Palma, Xutos & Pontapés, Deolinda, Fausto, Mariza, Carlos do Carmo, Camané, Cristina Branco, Rodrigo Leão, The Gift, Vitorino, Maria João, Pedro Ayres Magalhães, Luís Represas, Jacinta, João Gil, GNR ou Sara Tavares.
É apenas mais um exemplo deste país a brincar...
A ilustração é de Bob Dol, "Amp Head".

quinta-feira, dezembro 11, 2008

A Singularidade de Manoel de Oliveira

Manoel de Oliveira não é uma personagem singular, apenas por fazer cem anos e continuar a fazer aquilo que gosta, com uma vitalidade e lucidez, invejáveis.

A sua maior qualidade é a resistência. Embora no desporto nunca tenha sido um corredor de fundo, preferiu saltar à vara no atletismo e conduzir bólides em corridas de velocidade, na vida é quase uma maratonista.
A quase unanimidade só chegou depois dos noventa anos (ainda há muita gente que o aplaude, embora o ache um chato).
Eu acho que ele é um poeta do cinema. Só quem tem tempo e sensibilidade para apreciar as imagens, mesmo as quase paradas, percebe aquilo que estou a dizer.
E tem outra coisa boa, a sua política sempre foi o cinema, desde o Estado Novo até hoje. Nunca se deixou apanhar na curva, nem emigrou, quando era um "mal amado".
É muito bonito ouvir da sua boca, que a melhor cidade do mundo, é o Porto...
Escolhi o desenho do Rui, porque ele é assim, está dentro da fita dos seus filmes...

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Uma Estrela Pop

Desde cedo percebi que não era "estrela" quem queria, mas sim quem podia. E na realidade, poucos podem...

Temos os nossos "evitas", adorados pelo povo, por serem sua "pertença", por terem vindo debaixo (Cristiano Ronaldo e Tony Carreira são os melhores exemplos), mas sem o "glamour" que se exige às verdadeiras estrelas.
Deve ser por isso que no nosso universo musical, só encontro uma personagem com o brilho das estrelas. Falo de Rui Reininho. O Rui conseguiu cultivar uma atmosfera única à sua volta, tornando interessante a coisa mais estapafúrdia que diga, porque faz do palco o seu teatro musical, sem banalizar a sua arte, aquilo que faz melhor.
Há várias vozes portuguesas que gosto mais, mas é quase tudo gente boa que nunca quis, nem quer ser "estrela", por falta de vocação e também de "pózinhos mágicos"...
Claro que é uma opinião meramente pessoal...

terça-feira, dezembro 09, 2008

Vidas Correntes

Apesar de toda a "virtualidade", dos muitos cenários que roçam a farsa, estou cada vez mais convencido que a blogosfera não difere muito da vida corrente, do nosso dia a dia.

A grande diferença é que aqui podemos escolher. Não temos de aturar a gente chata, convencida, antipática, invejosa, etc, que trabalha na mesma "loja" que nós...
Podemos sempre navegar por "mares" calmos e poéticos, alegres e giros, inteligentes e honestos, irónicos e perspicazes...
Aliás o mundo está tão confuso, que já nem sei o que é isso de vidas correntes...

domingo, dezembro 07, 2008

Romeu Correia Recordado

O Mural de azulejos sobre a obra literária de Romeu Correia, da autoria do pintor almadense Louro Artur, foi inaugurado ontem, em frente das piscinas da Academia Almadense.

Embora esteja num lugar afastado do centro da cidade e quase escondido, podemos acrescentar que as piscinas ficam a algumas centenas de metros da Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea de Almada. Pelo que todos os interessados em verem esta bonita obra de arte, só têm de perguntar para que lado ficam as piscinas...
Sem querer entrar em polémicas, na minha modesta opinião, era este painel que devia estar colocado no Fórum Romeu Correia e não a "Peregrinação" de Rogério Ribeiro...

sábado, dezembro 06, 2008

O Serviço Público

Ontem era para escrever sobre uma frase que apanhei na rua, quando vinha para casa. Ficou para hoje...

Uma senhora andava à procura do Centro de Emprego de Almada e estava a receber instruções de outra, que passava na rua.
O seu desabafo fez-me pensar, sem saber se era mesmo assim. Ela interrogou-se, «porque será que os centros de emprego ficam sempre escondidos?», de forma a que eu também ouvisse. Não sei se estão todos escondidos, o de Almada realmente fica meio escondido...
Pensei na frase da senhora e também na função de muitos destes lugares públicos (segurança social, finanças, centro de saúde, centro de emprego, cartório, etc), onde ficamos sempre com a sensação que as pessoas que estão no outro lado do balção, tiraram cursos de "complicação" e de "desinformação" (sem faltar da falta de educação...), ao ponto de deitarmos quase um "foguete", quando alguém nos trata com atenção e deferência, como devia acontecer, sempre...

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Um País Inesgotável em Injustiças

Não vou falar de Camarate, por uma razão muito simples, este é apenas mais um dos muitos casos "arquivados" pela justiça portuguesa, com a culpa a "morrer solteira", por várias razões, inclusive por não se ter encontrado nenhum "desgraçado" nas redondezas...

Este é um problema que nunca se conseguiu resolver, que vêm detrás, dos "Ballets Roses", dos "Tribunais Plenários", e claro, de muita gente poderosa que transitou da ditadura para a democracia (nos tribunais e nas polícias) e não quis alterar as regras de funcionamento, pelo menos lá nos corredores labirinticos, onde só se entra com "santo e senha"...
É por isso que se somam casos atrás de casos, sem solução e sem verdadeiros culpados. "Casa Pia", "Saco Azul de Felgueiras", "Apito Dourado", "Joana", "Facturas Falsas", "Maddie", "Operação Furação", etc, são o grande exemplo da nossa justiça, pouco justa e séria, que não se consegue nem quer reformar.
Só espero é que não se continue a dizer, em todas as esquinas, que temos uma das melhores polícias do mundo, etc...
O desenho é do grande Rafael Bordalo Pinheiro, sempre actual...

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Olhares Sobre o Tejo...

No começo da década de noventa do século passado conheci Júlio Verne (dos Santos). Não era um pseudónimo, era mesmo nome. Este registo "literário" não foi caso único, em Almada também viveu Emílio Zola (Rebelo), marido da minha amiga Idalina, que desapareceu recentemente.

Este hábito singular era normal no seio dos anarquistas, que gostavam de perpetuar o nome de algumas figuras universais que admiravam, através dos próprios filhos.
Voltando a Júlio Verne, uma das pessoas mais cultas que conheci, ele tinha uma particularidade única. Nunca saiu de Lisboa, nem tão pouco atravessou o rio, para ir almoçar uma caldeirada a Cacilhas, ou apanhar o comboio e ir até à praia a Cascais.
Nunca passeava rente ao Tejo, desculpava-se que a água do rio, lhe provocava tonturas.
Mas curiosamente gostava de espreitar o rio, no alto de qualquer colina de Lisboa, fosse Alfama, Bairro Alto, Mouraria ou Madragoa...

sábado, novembro 29, 2008

A Apanha da Azeitona

A nossa agricultura tem sido bastante condicionada pela União Europeia. Uma das actividades que vão resistindo é a apanha da azeitona. Não é por acaso que continuamos a ter um dos melhores azeites do mundo...

Os nossos maiores olivais existem nas Beiras e nos Alentejos. Muitos deles hoje são propriedade espanhola...
Apesar de ser uma tarefa árdua, vai resistindo ao tempo.
Esta prosa deve-se ao facto de ter sido convidado para participar na "apanha da azeitona" na Beira-Baixa, neste Outono, onde ainda tenho raízes paternas. Claro que com este frio, nem pensar. Mas senti alguma curiosidade em assistir e ajudar neste trabalho agricola, ainda bastante artesanal, por esse interior fora...
Esta fotografia antiga mostra-nos o traje feminino usado na apanha da azeitona, e é, de 1912. O autor é desconhecido.

quinta-feira, novembro 27, 2008

A Indiferença Portuguesa...

Há muita coisa que me irrita na maneira de se ser português, mas a que considero pior, é a indiferença, o constante abanar os ombros e a vontade de passar ao lado dos problemas, como se tal fosse possível...

Podemos não gostar dos governantes da nossa terra, do nosso país, mas preferimos não votar, porque temos medo da mudança. Quantas vezes nos escondemos atrás da máxima, «para pior já basta assim». Claro que não basta, principalmente quando temos a possibilidade de alterar o rumo às coisas...
Foi esta indiferença que ajudou Salazar a construir o seu pequeno feudo, que tanto mal nos fez e continua a fazer. A única diferença nessa época, é que os que ousavam ser "diferentes", iam parar às prisões do Estado.
Hoje, felizmente, podemos ser diferentes, podemos combater a indiferença, sem correr riscos...
A bonita fotografia de um porto madeirense é de Jean Dieuzaide.

terça-feira, novembro 25, 2008

Se Eça Regressasse...

Se Eça de Queirós regressasse, hoje, só para espreitar este Portugal, que foi uma boa fonte de inspiração para os seus livros, graças a personagens reais, facilmente transponíveis para as páginas dos seus romances, tão actuais, talvez exclamasse:
«Reparo que pouca gente leu os meus livros durante todos estes anos de ausência. Preferia que não me chamassem génio, mas que me lessem, do principio ao fim, em vez de colocarem as minhas obras a decorar estantes. Principalmente os aspirantes a políticos...»

Se há coisa que estranho neste país, cheio de "figurinhas de barro manhoso", é as ditas cujas não se estatelarem mais vezes no chão e ficarem feitas em pedaços. Claro que algumas destas figurinhas, como o Santana e o Portas, usam "cola-tudo". Além de terem sido feitas de formas arredondadas, que lhes permitem "estar sem em pé"...
Se Eça regressasse, batia-lhe palmas, neste seu 163º aniversário, por continuar tão presente e actual...

O desenho é do Rafael Bordalo Pinheiro, retirado do seu "Álbum de Glórias".

sábado, novembro 22, 2008

O Quase "Strip-tese" Laranja

O pior que pode acontecer a alguém que não tem graça nenhuma, é querer ser engraçado.

E quando a pessoa em causa, fala pouco e ri menos ainda, o ditado, «muito riso, pouco sizo», nem se aplica...
Não gosto da senhora, é feia, mal encarada, anda por aí sempre com cara de caso, como se lhe devêssemos alguma coisa. E como quase todos os políticos, finge esquecer o passado, as suas prestações "brilhantes" como ministra da educação e das finanças...
Não lhe conhecia era esta forma especial de utilizar a ironia, deixando os seus defensores quase sem muitas palavras, para além de insistirem que os jornalistas e os socialistas lhe retiram todas as frases do contexto...
Pior que ela, só o renascido "Pinóquio", conselheiro de estado do cavaquistão, que garantiu ter ido ao Banco de Portugal pedir para investigarem a sua própria gestão do BPN...

quinta-feira, novembro 20, 2008

Olhares na Cidade Maior

Conseguimos descobrir sempre coisas novas, de forma quase sempre espontânea e improvável, nas ruas, nos becos e até nos túneis da cidade...

Sim túneis, o Metro lisboeta desloca-se ao longo de várias redes de túneis, no subsolo da Capital...
Toda esta conversa, porque foi no interior de uma das carruagens que descobri que este é o único transporte onde olhamos os outros, que nos cercam, olhos nos olhos, durante mais que um simples segundo.
Isto acontece pela ausência de qualquer paisagem urbana, nas janelas, para nos distrairmos...
Nos autocarros, eléctricos e táxis, temos o quotidiano das ruas movimentadas, com pessoas, veículos, edifícios, monumentos, etc. Nos barcos temos a beleza do Tejo e das suas margens, além da ponte e de outras embarcações que sobem ou descem pelo rio. No Metro para lá das janelas só temos a escuridão... é por isso que restam os companheiros de viagem para ver alguma luz...
O curioso disto tudo, é que só hoje é que pensei nisto, ao olhar as pessoas...

segunda-feira, novembro 17, 2008

O Poder Muda Mesmo as Pessoas...

Se me dissessem, há meia-dúzia de anos, que o Zé Sá Fernandes, o homem do contra, o "inventor" de causas por Lisboa, ia estar num programa de televisão, a dar o peito pelos "contentores", com uma série de "músicas" de serrote, em defesa de uma Lisboa para "sonhadores"
, com um tapete verde até Alcântara, não acreditava...
Como era diferente o "Zé das Causas", desta nova versão de Vereador de Lisboa.
Tanta areia que a Secretária de Estado me tentou atirar para os olhos ...
Significativa foi a intervenção do engenheiro Nunes da Silva, quando referiu o projecto de ampliação do parque de contentores referido numa entrevista do responsável pela APL em 2006, de 8 milhões, em contraponto com o de agora, de mais de 150 milhões (afinal parece que é mais, também se fala em mais de 300 milhões)...
Estas diferenças de valores, como todos sabemos, foram negociadas nos bastidores, sem qualquer concurso público. E é aqui que está todo o problema, a falta de transparência do costume, com a gentalha do costume, a encher o bolso e a lesar o Estado (que somos todos nós) em milhões.
Esqueci-me de referir que o desenho é do sempre genial, Rafael Bordalo Pinheiro (obrigado Gaivota...).

domingo, novembro 16, 2008

«O Que é um Amigo?»

Uma pergunta com tantas respostas, daquelas que raramente se fazem...

Acho que logo no berço, descobrimos e sentimos quem são os nossos primeiros amigos.
Depois vamos crescendo, as coisas vão mudando, ainda que lentamente. Até sermos maiores, em idade, tamanho e juízo, ainda temos tempo de fazer amigos dos bons, daqueles que não se esquecem pela vida fora...
Exemplos?
Um amigo é tanta coisa...
É aquele que nos escuta, mesmo quando ficamos chatos, e que tem coragem para nos mandar calar, quando começamos a fazer figura de parvos.
Também é aquele que não nos deixa desamparados, quando as coisas correm para o torto. Sim, mesmo que tenha de se atirar para o pescoço de um gajo de um metro e noventa e apertar-lhe os "garganetes", para ele parar de socar, ainda que momentaneamente, ou inventar uma manobra de diversão, com uma mesa ou cadeira, para chegarmos mais rápido à porta e corrermos a caminho da liberdade...
E claro, é aquele que não prescinde da nossa companhia, mesmo a troco de qualquer boa aventura passageira...
Não sei qual a forma mais sintética de caracterizar um amigo, mas penso que é alguém em que confiamos, ao ponto de abrirmos o mapa das nossas vidas...
Sei que não te respondi totalmente. Também, diga-se de passagem, a tua pergunta era lixada...

A Ilustração é de Raul Cólon.

sexta-feira, novembro 14, 2008

Não Sei se Parei no Tempo, Mas...

Não sei se parei no tempo, mas adoro as obras inspiradas no realismo e no naturalismo, dos finais do século XIX, princípios do século XX.
Não sei se o facto de ter nascido na mesma terra de José Malhoa, teve alguma influência. Provavelmente sim....
Mas ele não está sozinho. Está bem rodeado por Alfredo Keil, João Vaz, Silva Porto, António Ramalho, Ribeiro Cristino, etc, naquele que terá sido um dos períodos áureos das nossas artes plásticas.

Embora não esteja a chover, está apenas frio (e os meteorologistas dão baixa de temperatura para o fim de semana...), adoro "Os Chapéus de Chuva", de Renoir.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Arte é Isto?

Li hoje no "Global" que um artista italiano fez uma escultura em tamanho real da cantora, Amy Winehouse.
Não vejo qualquer problema na realização de uma escultura da artista pop, só que o objecto desta trabalho artístico, é uma Amy Winehouse, assassinada com um tiro de cabeça e sobre uma poça de sangue.
O autor pode dizer e pensar o que quiser, sobre a arte e a sua peça.
Para mim é repugnante que alguém utilize uma "estrela", já de si, tão cadente, desta forma.
O pior de todo este episódio, é o facto de existirem por aí muitos psicopatas que precisam de fontes de inspiração.
A peça faz parte de uma exposição que é inaugurada sexta-feita em Manhattan, Nova Iorque...

terça-feira, novembro 11, 2008

Hoje é Dia de S. Martinho

Hoje é um dia especial, pelo menos para quem está mais enraizado com as nossas tradições populares.
Este dia dedicado a S. Martinho, além das castanhas assadas, regadas com água-pé, também é o dia da prova do vinho novo...
Ainda me lembro de o avô esperar, religiosamente, por esta data, para convidar os amigos para uma visita à adega, para provarem a "pomada" das últimas vindimas...

A fotografia é de Jean Dieuzaide.

domingo, novembro 09, 2008

Entrevistas Com Voz...

Ao ler a entrevista de Miguel Esteves Cardoso, na revista "Ler", senti essa coisa rara, que é sentir a voz do Miguel, e até os seus próprios tiques, tal é a descontracção com que a conversa se apresenta, quase de café...

Claro que o mérito não é apenas do entrevistado, há aqui muito trabalho e talento de Carlos Vaz Marques, o entrevistador...
Se puderem, leiam.

sábado, novembro 08, 2008

Edmundo Pedro Faz 90 Anos

Edmundo Pedro faz hoje noventa anos, uma idade maior para um grande democrata que conheceu a prisão mais tenebrosa do salazarismo, o Campo do Tarrafal, onde esteve desde a sua inauguração, em 1936, até ao fim da 2ª Guerra Mundial, em 1945, ou seja, desde os dezassete até aos vinte e seis anos.
Edmundo Pedro continua senhor de uma lucidez invejável, para esta idade e por tudo o que sofreu na luta contra o fascismo português. Esteve perto de protagonizar uma das fugas mais espectaculares da ditadura, no Tarrafal, que só não teve sucesso, por falta de sorte...
Depois de Abril também esteve ligado a um episódio que o levou à prisão, acusado de contrabando de armas. Manteve sempre o silêncio, para proteger o PS, do qual ainda faz parte. Só há pouco tempo é que esta história foi esclarecida, afinal as armas tinham sido distribuídas ao PS pouco tempo antes do 25 de Novembro de 1975, para proteger as sedes do partido, em caso de se verificar um conflito armado, entre a extrema esquerda e as forças democráticas e de direita.
Edmundo acabou por ser "traído" por alguém, que sabia que ele estava a recolher as armas para as entregar ao Exército Português...
Todas estas histórias e mais, podem ser lidas nas suas, "Memórias - Um Combate pela Liberdade", uma obra que vale a pena ler...

quarta-feira, novembro 05, 2008

Contentores Rente ao Tejo, só os da Maluda...

Há causas que têm o condão de juntar pessoas de sensibilidades e gostos diferentes, como tem sido o caso do protesto contra o processo pouco transparente, do aumento da área de desembarque e embarque de contentores, no Porto de Lisboa.

Nem mesmo os especialistas do costume, hábeis a soltar "fumo" para a confusão, têm conseguido convencer os lisboetas de que Lisboa precisa desta mudança, como de "pão para a boca", com historietas de economia, finanças e negócios...
Negócios, sabemos que sim, devem ser muitos, assim como interesses...
Eu tenho várias dúvidas em tudo isto, mas há uma maior que todas: se os contentores forem desviados mais para o interior do Tejo, para a zona da Santa Apolónia, será que os cargueiros deixam de ter interesse em vir para Lisboa, por terem de se deslocar mais duas ou três milhas?
Eu nem era para falar disto, mas ao deparar com esta serigrafia da Maluda, não podia deixar de dizer, que, contentores rente ao Tejo, só ficam bem, nos quadros desta excelente pintora de Lisboa...

segunda-feira, novembro 03, 2008

A Arte de Criar

Há já algum tempo (poucos dias depois da entrevista de José Rodrigues dos Santos ao "DN"), que me apetecia escrever sobre o processo criativo artístico. Não sabia muito bem como abordar o tema, sem ser excessivamente polémico, conseguindo ao mesmo tempo dizer o que penso, de uma forma curta e simples.
Primeiro que tudo, penso que criar é sobretudo um acto de inspiração e não de transpiração, por muita disciplina e capacidade de trabalho que tenhamos.
Segundo o meu ponto de vista, o acto de criar, tem um tempo próprio. Vou mesmo mais longe e digo que a criatividade vive dos compassos de espera, do imprevisto, porque as coisas (pelo menos as boas...) nem sempre saem quando queremos...
Isto serve para todas as artes, da literatura à música, passando pelas artes plásticas e pelos palcos.
Claro que exercitar a criatividade é fundamental e torna tudo mais fácil. Mas não é todos os dias que se cria algo bom ou genial...
Só pela entrevista do jornalista da RTP ao "DN" (nunca li nenhum livro dele e já devia...), percebi que ele é um escritor de transpiração e não de inspiração, já que com as suas palavras desvalorizou o acto criativo, realçando a sua capacidade de trabalho.
É por isso que arrisco dizer, mesmo sem conhecer a sua obra, que os seus livros poderão ser bons, mas nunca serão brilhantes ou geniais.
Claro que é uma mera opinião pessoal...
Este bonito óleo, "O Pombo e Ervilhas", é de Picasso, na sua fase do cubismo sintético.

sábado, novembro 01, 2008

A Escolha de Joaquin

Achei no mínimo curiosa a opção de Joaquim Phoenix, que resolveu anunciar publicamente o abandono da vida de actor para se dedicar à música.

Não sei se será definitiva, porque neste nosso mundo actual há cada vez menos escolhas definitivas...
Claro que nem todos se podem dar ao luxo de abandonar uma vida de estrela de cinema, para entrar num mundo diferente, onde as coisas aparentemente são bastante mais efémeras...
Mas é importante realçar que Joaquim Phoenix não é nenhum principiante na área musical, em 2006 ganhou um "grammy", na categoria de melhor compilação de banda sonora para o filme, "Walk The Line".
E agora vai atrás daquela que sente ser a sua verdadeira paixão...

quinta-feira, outubro 30, 2008

Um Quase Deus Latino

Maradona é considerado um deus na Argentina, onde nasceu, e até na cidade de Nápoles, onde viveu os melhores momentos da sua carreira futebolística. Um deus quase no verdadeiro termo da palavra, ao ponto de até existirem capelas em sua homenagem.

O futebol infelizmente também tem destas coisas, mirabolantes...
Claro que Maradona é um deus menor, não só pela sua estatura mediana, como também pela forma como sempre viveu, demasiado dependente da fama e de outros "elixires" demasiado perigosos, que colocaram a sua sobrevivência em risco, mais que uma vez.
Há quem defenda que ele foi o melhor jogador do mundo. Acho que não. Penso que o Pelé foi mais completo, mas...
Ele foi, sim, genial, um dos expoentes máximos do futebol latino, onde a técnica mistura sempre o malabarismo circense com alguma batota, tão bem patente no seu célebre golo baptizado como a "mão de deus", e até no uso de substâncias proibidas...
Há é verdade, hoje Diego Maradona completa 48 anos.

domingo, outubro 26, 2008

Recordar José Cardoso Pires

Não tenho a certeza, mas penso que só nos cruzámos uma única vez, no "Ribadouro".

Entrei na cervejaria lisboeta com dois amigos do jornalismo, a meio da noite e era impossível não repararmos na sua mesa, até pelas vozes animadas de algumas personagens conhecidas. Depois de nos sentarmos a alguma distância, acabei por ser surpreendido por um dos seus companheiros de mesa, um grande realizador português, que me reconheceu e fez questão de me vir cumprimentar.
Mais ou menos na mesma época tentei entrevistar Cardoso Pires, mais que uma vez, mas nunca o consegui. Desculpou-se sempre ao telefone com o livro que estava a escrever, dizendo que nessas alturas não dava entrevistas nem estava para ninguém...
Nesses tempos também costumava passar por Benfica e trocar algumas palavras com o Francisco José Viegas, na sede do Circulo de Leitores, sobre jornalismo e livros. Recordo-me de numa dessas conversas termos falado da importância da caracterização das personagens. O Francisco falou-me do Cardoso Pires, da forma exaustiva com que ele trabalhava as personagens dos seus livros, ao qual nem faltavam fotografias, recortadas de jornais e revistas...
Outra coisa muito especial na sua forma de escrever, eram as várias versões que fazia do mesmo romance. Penso que só o Lobo Antunes (eram muito amigos...) é que também cria mais que uma versão das histórias que escreve.
Falando do escritor, o livro que mais gostei de ler do Cardoso Pires foi "O Delfim", que curiosamente acabou por ser adaptado para o cinema e realizado pelo amigo, que naquela noite fez questão de me cumprimentar no "Ribadouro", e do qual também gosto muito.

Esta fotografia antiga, mostra-nos José Cardoso Pires a recolher informações para mais um romance, provavelmente próximo do espaço físico da obra...

sábado, outubro 25, 2008

Simplesmente Picasso

Picasso continua a ser um nome do mundo, usado para caracterizar qualquer pintura que fuja aos padrões figurinistas normalizados...

É a prova de que poucos conseguiram atingir a sua grandeza mitológica.
Pablo Ruiz Picasso foi um dos maiores génios do século XX, provavelmente o mais relevante das artes plásticas, ou pelo menos o que melhor tirou proveito das extraordinárias qualidades artísticas que possuía.
Picasso nasceu em Málaga, a 25 de Outubro de 1881.
Dizem que nasceu pintor. Sim, só pode...
Gertrude Stein também diz que sim: «Ele desenhava desde pequeno. E não eram os desenhos de uma criança, mas os de alguém que nasceu pintor.»
Uma das suas obras mais conhecidas é a "Guernica", uma obra polémica que presta homenagem às vitimas do franquismo, em particular às do bombardeamento da localidade espanhola.
Picasso ficou de tal forma marcado com a Guerra Civil Espanhola e com o fim da democracia no seu país, que não mais voltou a pisar o seu país, até falecer a 8 de Abril de 1973, em Mougins, França.
Foi sua vontade, que a "Guernica" (exposta mais de quarenta anos em Nova Iorque) só voltasse a Espanha, com o fim do Fascismo, o que aconteceu em 1981...

A fotografia de Picasso é de Robert Doisneau, de 1952.


quarta-feira, outubro 22, 2008

Fado Triste

Foi assim em 1928, numa edição da Sasseti, com a voz de Margarida Ferreira...

Oitenta anos depois, o nosso fado não mudou muito, apesar das várias variações que surgiram desta nossa canção, à qual não foi indiferente o aparecimento de excelentes fadistas...
Guitarristas também foram aparecendo muitos, dos bons.
Oportunistas também nunca faltaram ao longo deste tempo, de Salazar a Sócrates, para escreverem no papel, o nosso "fado triste"...

segunda-feira, outubro 20, 2008

Viram Por aí Rimbaud?

Arthur Rimbaud tornou-se uma figura quase mitológica, como acontece com quase todas as pessoas que morrem cedo demais, depois de prometerem tanto...
Foi assim com Dean, Marilin, Che, e com tantos outros.
O Poeta francês nasceu em Ardennes, a 20 de Outubro de 1854.
Extremamente precoce e um aluno brilhante, Rimbaud escreveu toda a sua obra na adolescência, entre os 15 e os 19 anos.
Isso talvez explique a razão de a sua poesia ser tão forte e visionária, além de possuir uma beleza tão inquietante. Foi escrita nos anos em que travamos mais lutas com o mundo que nos rodeia, por não nos adaptarmos com facilidade a todas as normas que os adultos nos querem impor.
Em 1871 Rimbaud partiu para Paris, onde conhece Verlaine, o amor e outros tantos artistas mundanos...
Desiludido com o amor e com as pessoas que rodeavam, partiu para África onde andou perdido quase vinte anos, sem voltar a escrever...
Voltou a França para morrer, quase anonimamente, num hospital de Marselha, a 10 de Novembro de 1891.
O seu adeus coincidiu com a edição da primeira colectânea dos seus poemas...
Felizmente durante todo o século vinte, Rimbaud, foi fonte de inspiração de imensos poetas e dramaturgos, que além de o popularizarem, deram uma dimensão mundial à sua obra poética.

O óleo que acompanha este texto é "O Rapaz do Colete Vermelho", de Paul Cézanne.

sexta-feira, outubro 17, 2008

O Amor de Mário Eloy

A 17 de Outubro de 1900, Lisboa ficou mais rica com o nascimento de Mário Eloy, um pintor especial, amante da cor e das formas, com uma densidade pouco usual na época.
A sua vida foi atravessada por fugas e paixões, que o influenciaram decisivamente. Madrid, Paris e, especialmente, Berlim, marcaram a sua obra.
Não foi um pintor muito amado pelos críticos, houve mesmo quem o baptizasse de "Pinta-Monos".
Felizmente também viu o seu trabalho reconhecido, especialmente pelos presencistas e surrealistas, que reconheceram Mário como o primeiro artista a «fazer entrar o sonho nas artes plásticas nacionais.»
Este é o "Amor", pintado em 1938...

quarta-feira, outubro 15, 2008

O Poeta do Largo

Manuel da Fonseca, um escritor e poeta de todos os largos do mundo, é recordado hoje no "largo da memória", porque nasceu em Cerromaior, num já longínquo 15 de Outubro, em 1911.

Escolhi uma parte do seu poema "Maltês" (III), desta antologia que ilustra o "post", para homenagear este grande contador de histórias do Sul:

Gente chegou às janelas,
saíram homens à rua:
- as mães chamaram os filhos,
bateram portas fechadas!
E eu, o desconhecido,
o vagabundo rasgado,
entrei o largo da vila
entre dez guardas armados;
- mais temido e mais amado
que o deus a que todos rezam.
- Que nunca mulher alguma
Se rendeu mais a um homem
Que a moça do rosto claro
Ao cruzar os olhos pretos
Com o meu olhar de rei!

terça-feira, outubro 14, 2008

O Sósia...

Eduardo Lourenço de repente passou a ser um nome na moda, na cultura portuguesa.
É destacado como um dos grandes pensadores portugueses do século XX.
No entanto ele surge aqui no "Largo", graças a uma confidência de uma amiga recente, que também faz parte da blogosfera (e muito bem...) .
Num dos muitos colóquios e palestras para o qual Eduardo Lourenço costuma ser convidado, ela esteve presente e assustou-se a valer, quando reparou naquele vulto, de cabelo branco e nariz comprido, que estava sentado na primeira fila. Pensou que era uma "assombração" do ditador Oliveira Salazar, mas com o decorrer do encontro, descobriu que afinal se tratava do professor Eduardo Lourenço.
Através da fotografia que publico (a cor é para lhe dar um toque mais carnavalesco), é possível descobrir várias parecenças. Não é que a Isabel tinha mesmo razão?
Felizmente as parecenças são apenas físicas...

sábado, outubro 11, 2008

Um Novo Conceito de Vender Cultura

O aparecimento da FNAC entre nós foi algo completamente novo e revolucionário, no campo da cultura.

A loja francesa ofereceu-nos mais qualidade, quantidade e diversidade, e a preços convidativos. Além dos livros, também nos foram oferecidas secções de música, filmes, fotografia e informática.
Dez anos depois, aquele que foi um dos seus maiores atractivos (o desconto de 10%...), vai passar a ser privilégio apenas dos "clientes FNAC", ou seja dos possuidores de cartão de cliente.
Não sei porque razão o fazem. Como sou cliente, não serei afectado, no entanto penso que as vendas vão descer, e talvez tenham de voltar atrás, daqui a uns tempos...
Claro que nem tudo foram rosas, o chamado mercado tradicional da cultura sofreu na pele esta concorrência pouco leal, ao ponto de terem sido encerradas dezenas de lojas na Capital, especialmente discotecas...
Não há bela sem senão.

sexta-feira, outubro 10, 2008

O Poeta Anónimo...

Não tinha pensado escrever sobre Herberto Helder, que tem um novo livro, "A Faca Não Corta o Fogo", mas acabei por associar a sua singularidade enquanto homem de letras, a uma notícia estapafúrdia sobre o lançamento de um livro de poesia, ontem, de um banqueiro reformado com valores dignos do "euromilhões", que agora é livreiro e talvez poeta.
Quando era mais jornalista do que sou hoje, ou seja, quando tinha uma página fixa de um diário e podia escolher pessoas com quem conversar, tentei entrevistar Herberto Helder.
Sabia que ele não dava entrevistas nem aceitava prémios, mas como era mais jovem, também sabia que não perdia nada em tentar...
Conhecia um dos lugares onde parava, o café "Expresso", no Largo da Misericórdia, no Bairro Alto, onde havia uma tertúlia animada por Manuel da Fonseca, Baptista-Bastos, António Assunção, entre outras pessoas quase anónimas, como o Herberto.
Quando soube ao que ia, escusou-se a falar e não gostou da minha insistência. Foi por isso que me senti quase "empurrado", pelo seu olhar...
Nem me deu tempo de lhe dizer que gostava das suas palavras, todas...

terça-feira, outubro 07, 2008

És Um Espectáculo Beatriz!

Gosto da Beatriz Batarda, por muita coisa.

A que salta mais à vista, é ser uma excelente actriz, em qualquer palco ou fita.
Antes do monólogo, "De Homem para Homem", Beatriz já era uma das nossas melhores actrizes, só não tinha era tantos holofotes a iluminá-la...
Outra coisa que me faz gostar dela, é não se "vender" à televisão que brinca à ficção portuguesa. São raros os actores que não banalizam o seu talento em novelas de cordel, que se confundem, cada vez mais, umas com as outras, graças à vulgaridade dos temas e à realização em série...

sexta-feira, outubro 03, 2008

O Que Diz Molero...

Dinis Machado, despediu-se de nós...

Conhecemos-nos através do jornalismo, tornámos-nos amigos graças aos livros...
Era um verdadeiro lisboeta, generoso, simples, mas com muita pinta...
Escolhi uma passagem deliciosa da sua obra mais emblemática, "O Que Diz Molero", para o homenagear, como grande homem de letras que foi e será:
[...] «Eu, Molero, poseur, ignorante e cabotino, falso íntimo de profundidades várias e outros abismos, correndo há milhares de anos atrás da minha veia caótica, fazendo agulha para os descampados das aferições mais ou menos compartimentadas, distribuindo de passagem lantejoulas literárias em segunda mão, confesso muitas vezes dar comigo, em certas manhãs suspensas, sentado num banco de jardim, vendo as crianças correndo alegremente para a escola, desenhando no ar os gestos da minha antiquíssima imagem, e confesso este espanto, este perfume, esta luz sobre os telhados, esta ave e este céu, este riso e esta cor, este jogo do agarra, estas mãos que tudo querem, esta estampa na sacola, este grito de alegria, esta troca de pedrinhas, este saltitar à chuva, esta água de brincar deste chafariz que canta, este bibe, esta violeta, esta mulher que vai ali, esta mulher que eu amo tanto, este filho que eu lhe dava, este coração que quero, este mundo que começa, este sol que é o primeiro, esta nuvem que se forma, este som que desagua, este sonho que se afasta.» [...]

terça-feira, setembro 30, 2008

Esta Lisboa, Gasta...

Sei que não é novidade nenhuma para ninguém, a forma como Lisboa tem sido maltratada nos últimos anos...

Sinceramente, tenho alguma esperança que Helena Roseta, consiga fazer algo de positivo, pela cidade e pelas pessoas, embora saiba que ela não faz milagres.
Quando a Rute escolheu uma frase de Gonçalo Cadilhe, do livro, "Nos Passos de Magalhães", em que ele diz que Lisboa está gasta, para dizer que não concordava, eu concordei com o Gonçalo. Comentei que também acho que Lisboa está gasta, pelo menos fisicamente.
Estou convencido que não há cidade nenhuma que consiga sobreviver normalmente, sem habitantes no seu "coração".
É por isso que acho que a grande aposta do Munícipio, deverá ser a recuperação e o aluguer de casas a casais jovens, que queiram viver e dar uma nova vida à Baixa Lisboeta. E não precisam de ser todos artistas, a diversidade é muito saudável...

Sem querer, foquei dois pontos polémicos, as casas da Câmara de Lisboa e o famoso "magalhães", menino dos olhos do primeiro ministro.
A fotografia, os "Porteiros", é de Robert Doisneau. Também em Lisboa, as pessoas de idade foram as últimas a fecharem as portas das suas casas, antes de passarem para as suas últimas moradas...

segunda-feira, setembro 29, 2008

O Centenário de Machado de Assis

Esta semana li várias peças jornalísticas, em se dizia que Portugal estava a passar ao lado do centenário do falecimento de Machado de Assis.

Sinceramente, acho que não. E então se colocarmos a questão, em relação à forma como se têm comemorado algumas efemérides importantes da nossa literatura, no Brasil, estamos falados...
A Casa Fernando Pessoa dedica o dia de hoje ao notável escritor brasileiro (um dos meus preferidos, a par de Jorge Amado, José Lins do Rego, Cecilia Meireles, Clarice Lispector e Nelson Rodrigues) e a Gulbenkian promove um colóquio também hoje e amanhã, sobre o romancista.
Os seus livros? Gostei bastante e recomendo as suas "Memórias Póstumas de Brás Cubas"...

sábado, setembro 27, 2008

Goodbye Paul

Paul Newman despediu-se de nós hoje.
Felizmente a sétima arte já tratou de o imortalizar, graças às dezenas de papeis memoráveis que o Paul nos ofereceu...

sexta-feira, setembro 26, 2008

Rouba-se de Tantas Maneiras...

Um daqueles pobres diabos, que são olhados de lado nas ruas e gostam de falar alto, atacou forte uma mesa de três bancários que estavam a almoçar na esplanada do café. «Ladrões! Vendidos!», foram as palavras mais suaves que escutaram, à medida que se deviam sentir, cada vez mais desconfortáveis, por os "holofotes" da vizinhança não os deixarem em paz...

Como nunca reagiram, limitaram-se a comer de cabeça baixa, o "louco" assim que esgotou o reportório foi-se embora...
Sorri para dentro, perante o quadro, mesmo sabendo que estava errado. Ele deveria chamar aqueles nomes aos banqueiros e não aos bancários, que saem sempre de cena mais ricos e sem culpa formada nas falências e nos negócios menos claros.
Quando disse que eram sempre os mesmos a roubarem o pão ao povo... a plateia ficou mais silenciosa, provavelmente por estar de acordo. Lembrei-me logo dos tipos das petrolíferas.
Continuei a andar, sem me esquecer desta frase. Sabia no último século se conseguiu esbater as diferenças entre as várias classes sociais, mas nunca se reduziu muito o fosso entre ricos e pobres (que infelizmente tem aumentado, com as últimas "cavalgadas" deste capitalismo selvagem que agora finge agonizar...).
Perguntei ainda, para os meus botões, porque será que os "loucos" são os únicos que se atrevem a falar alto nas ruas, a dizer uma série de coisas verdadeiras e a apontar o dedo a quem de direito?
Nós que nos achamos com o juízo quase todo, nem sequer nos podemos refugiar nas leis deste país, pois a liberdade de expressão, ainda não foi banida...

A fotografia é de Alfredo Cunha, do álbum, "Naquele Tempo".

quarta-feira, setembro 24, 2008

O Sonho Livre de Anyana


Sonho Livre

Tenho ânsia de correr
E fugir desta forma de mulher
De correr o mundo inteiro
O mundo que me pertence
Enquanto nele viver
Enquanto o tempo quiser
Tenho ânsia de correr
Em continuo deambular
Toda a raça conhecer
A todos poder amar
Tenho sede de calma, de paz
Tenho fome doutro ar
Deixai-me vida, tempo para o inspirar
A ver o sol morrer a ver o sol nascer
Do mirante dos meus sonhos
Deixai-me mundo, correr.

Esta é uma singela homenagem a Anyana, amiga e poetisa de Cacilhas, que nos deixou ontem.
Que o seu sonho se concretize e continue a correr no Paraíso...

segunda-feira, setembro 22, 2008

O Outono Começa Hoje...

O Outono começa hoje...

com de costume,
ele promete trazer uma mão cheia de coisas.
(nem sequer estava a pensar na chuva de madrugada...)
Contrapõe a nostalgia que se sente da estação leve e quente,
com a frescura no começo da manhã e ao fim de tarde,
o aconchego das roupas mais quentes,
os dias mais curtos e nocturnos,
os dourados das folhas que "pintam" o chão,
os cinzentos das nuvens que enchem o céu...
e também a água-pé e o vinho novo,
as castanhas que perfumam as ruas de Lisboa...
e alguma chuva, pois...

O óleo "Outono" é de José Malhoa.

sábado, setembro 20, 2008

Uma Grande Senhora da Música

Ontem gostava de ter assistido ao serão musical de Maria João Pires, no Centro Cultural de Belém, em que contou com a companhia de Pavel Gomziakov (violoncelo) e Rufus Müller (tenor), inspirado na obra de Beethoven.

Apesar do seu ar aparentemente frágil, Maria João Pires é uma das grandes mulheres do nosso país.
Com a excepção de Amália, que foi um caso único no mundo, Maria João terá sido a primeira mulher, pós Abril, a conseguir a consagração mundial, como pianista de excepção.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Paisagens de Outros Tempos (9)

Quem diria que o Cais Sodré, no século XIX, albergava várias barracas, maioritariamente das pessoas que viviam do rio, os pescadores do Tejo e as varinas que subiam e desciam as sete colinas de Lisboa...

domingo, setembro 14, 2008

Um Areal e um Mar Especial

Qualquer praia é especial, se nos for possível, ouvir o mar, sem interrupções...

Também gosto do areal quando já "pertence" às gaivotas...
Foi por isso que ao deitar-me na areia, depois de fechar os olhos, quase que consegui ver a Cadeira do Poeta, e até uma Caravela sumida, no meio das nuvens...

O óleo cheio de simbolismo é de António Costa Pinheiro, com o tal título, "A cadeira do poeta Fernando Pessoa no seu espaço poético".