sexta-feira, novembro 30, 2012

A "Tourada" em que Estamos Metidos


Este governo é péssimo em tudo, até na sua forma de comunicar, a mais baixa e desonesta que conheço feita por governantes desde Abril. 

Consegue arranjar sempre alguém para fazer o papel de "bobo" (que de bobo tem sempre pouco, como é o caso do Borges, por exemplo...) e anunciar uma medida exagerada, que suscita sempre indignação na sociedade, para de seguida avançar com uma medida idêntica, mas ligeiramente mais suave, como se fosse o "pai natal".

O "último barro atirado à parede" já nem "bobo" teve, foi mesmo o primeiro-ministro que falou da possibilidade do ensino obrigatório, até aqui gratuito  passar a ser pago. Se esta gente agora vier dizer que afinal só o ensino secundário é que vai pagar as propinas, irá mais uma vez fingir que nos está a "dar" alguma coisa. 

Tem sido sempre esta a estratégia seguida no aumento do que quer que seja. É lançado um valor elevado, para depois dizerem que afinal só temos de pagar metade, como se ainda nos dessem alguma coisa...

Isto é do mais baixo e desonesto que existe. Além de ser uma falta de respeito pela generalidade dos portugueses, obrigados a fazer tantos sacrifícios diariamente, sem terem qualquer culpa dos erros e roubos praticados, por todos aqueles que se têm preocupado mais em governar a sua vidinha que o país.

O óleo é de Botero.

quinta-feira, novembro 29, 2012

Voltar...


Depois de ontem ter escrito aquelas palavras, quase enigmáticas, aqui no "Largo", adiei mesmo tudo o que tinha para fazer. Fiz um telefonema e fui até às Caldas, almoçar com a minha mãe.

É bom voltar, mesmo quando a chuva aparece a meio da viagem e nos possa impedir de ir aqui e ali, até por não termos levado chapéu de chuva...

Eu sei como é bom olhar, como é bom conversar, como é bom amar...

Durante a viagem tive a companhia de Rodrigo Leão, das músicas do seu cd duplo, "O Mundo" (1993-2006). Gosto de conduzir ao som de música calma, para controlar aquela coisa que parece "febre do volante", que por vezes nos torna "irracionais", pelas estradas fora, para não lhe chamar outro nome...

As palavras e a música levaram-me ao cinema. Notei em várias canções do Rodrigo a tal musicalidade que descobri em muitos filmes, que me ficaram no goto. Lembrei-me de algumas fitas italianas e da sua sonoridade muito própria, assim como do som do acordeão francês, tão diferente do tradicional português dos bailaricos e folclores, bem recuperado pelo Rodrigo, como já tinha sido pelos "Madredeus", provavelmente graças à sua influência musical, como um dos fundadores do grupo.

Em suma, foi bom adiar e voltar...

O óleo é de Armando Barrios.

quarta-feira, novembro 28, 2012

Quando Apetece Adiar Tudo...


Há dias assim.
Dias em que nos apetece adiar, tudo, 
o que queremos fazer e o que não queremos...

Não é o tempo, é o momento.

Podem ser dias com ou sem nuvens.
Olhamos para todos os lados e não vimos nada.
Partir é uma solução, sem destino, sem mapa,
só porque sim.

São dias de partir para o infinito...

O óleo é de Heidi Palmer.

segunda-feira, novembro 26, 2012

A Ética, a Estética e as Mulheres


Um amigo escultor ouvia sempre das boas, quando se encontrava connosco na casa de pasto do Ti Ventura, a dois passos do seu atelier de trabalho.

Naquele espaço masculino  falava-se com a crueza e a brutalidade das tascas, o que fazia com o que João se limitasse a sorrir e a abanar a cabeça, espantado com a imaginação fértil da malta, que também queria posar com as meninas, não para o desenho mas para outras actividades lúdicas.

O seu atelier era espaço de passagem de muitas moçoilas, jovens pagas à hora para posarem, que ele olhava apenas como corpos, sem tempo para pensar em amores, curtos ou longos.

Olho para trás e aplaudo o João, por nunca sentir necessidade de explicar que aquelas mulheres eram apenas objectos de arte, no seu reino da ética e estética.

O óleo é de Jesus de Percival.

domingo, novembro 25, 2012

«Sim, deixas de ser um Homem!»


Concordo plenamente com este cartaz espanhol. Quando um homem bate numa mulher, passa a ser um animal, um cobarde. Dificilmente voltará a ser um Homem!


Uma vida sem violência é um direito fundamental de todos nós!

sexta-feira, novembro 23, 2012

A Única Coisa que Sei


Não sei se isso se aprende ou se nasce connosco. A única coisa que sei, é que tenho tendência para estar sempre do lado dos fracos, mesmo quando a razão parece querer fugir-lhe debaixo dos pés.

Sei que  nunca vou estar do lado dos israelitas, da mesma forma que nunca estarei do lado dos polícias de intervenção, ou de outra coisa qualquer. Por mais forte e cobarde que seja a "intinfada"...

E tanto se disse e escreveu sobre estes dois temas pela semana fora. 

Eu? Não escrevi praticamente nada, mas continuo aqui, no mesmo lado da barricada dos fracos e desprotegidos. Ao lado daqueles que  atiram pedras ou são capazes de sabotar os "Canhões de Navarone" espalhados pelo mundo.

A ilustração é retirada das histórias de Corto Maltese, do grande Hugo Pratt.

quinta-feira, novembro 22, 2012

O Ricardo Reis de Saramago


Uma das coisas que fiz, no dia em que José Saramago fez 90 anos, foi começar a ler, "O Ano da Morte de Ricardo Reis", que fazia vista na minha biblioteca pessoal há mais de quinze anos.

Fiz bem, pois estou a gostar bastante desta viagem por Lisboa de Ricardo Reis, em Pessoa e em Saramago.

A espaços não reconheço a escrita do escritor de "Memorial do Convento". Encontro nesta Lisboa de Ricardo Reis  muito mais beleza e poesia...

O óleo é de Francisco Xicofran.

quarta-feira, novembro 21, 2012

A Nudez da Mulher do Polícia


A maior parte das histórias que descobri sobre a passagem do meu pai, por Lisboa, foram contadas meu tio Valentim, com muito orgulho e admiração. Percebi que o meu pai não era só o irmão mais velho, era também o seu "ídolo" e o seu protector.

Ele contou-me todo o género de aventuras, umas mais burlescas que outras, como eram os convites lascivos da mulher de um polícia, que vivia no mesmo piso onde eles tinham um quarto alugado.

Sorriu quando acrescentou que o meu pai era um jovem alto, moreno e elegante, capaz de atrair vários géneros femininos, inclusive mulheres mal casadas...

O meu tio lembrava-se perfeitamente de ficar à espreita, sem dar nas vistas, quando o pai ia à única casa de banho existente no andar, ao fundo do corredor. Quando estava sozinha, a mulher do polícia abria a porta e ficava ali plantada, apenas com o robe em cima do corpo, que por artes mágicas se ia abrindo e descendo, à medida que ele se aproximava.

Confessou-me que foi naquele corredor que viu pela primeira vez, por inteiro, as curvas deliciosas que nos fazem "estampar" tantas vezes por aí...

O óleo é de John Noy.

segunda-feira, novembro 19, 2012

As Mulheres, as Bicicletas e as Conversas


Há muito tempo que uma mulher não me tentava "encher a cabeça", dizendo cobras e lagartos de uma colega.

A mensagem transmitida, era que eu estava enganado em relação a uma moçoila, com quem gosto de conversar e simpatizo. 

Fui ouvindo com um sorriso, sem fazer grandes comentários.

De regresso a casa tentei perceber as motivações de toda aquela "má língua", mas não consegui. Como não me encontro no meio de nenhum "triângulo amoroso", ainda me soou mais estranho. 

Claro que vou continuar a tratar a moçoila da mesma forma, retribuindo a sua simpatia, pouco preocupado com os problemas que possam existir com a colega.

O óleo é de  Maia Ramishvive.

domingo, novembro 18, 2012

O Tempo de Espera


O tempo de espera normalmente só é sentido pelas pessoas pontuais. As outras usam o relógio quase como acessório, as horas e os minutos são olhados quase como uma coisa secundária.

Pensei nisso enquanto esperava...

Até fui capaz de sorrir, por saber que estas pessoas fazem os possíveis para não caberem dentro delas, se pudessem o tempo esticava e encolhia, sem a medida certa que nos é imposta por alguém que decidiu que cada minuto tem apenas sessenta segundos.

Desta vez estava calmo, sem pressas e sem dramas. Até estava demasiado compreensivo, aceitando mais uma daquelas diferenças que fazem de cada um de nós um ser único.

O óleo é de Peter Rocklin. 

sexta-feira, novembro 16, 2012

Memorial de Saramago


A Vitória de Saramago (e da Lingua Portuguesa)


«Foi com grande alegria que vimos José Saramago deixar o hall de entrada da sala, destinada aos eternos perdedores do Prémio Nobel da Literatura, com a serenidade que o caracteriza, depois de ser “Levantado do Chão” pela Real Academia Sueca da Língua.
O país voltou a sorrir de satisfação – e com a Expo 98 ainda tão perto na nossa memória... --, ao ponto de transformar a vitória de Saramago, num êxito de todos os portugueses. Foram erguidas bandeiras de Norte a Sul, levando bem alto “Todos os Nomes” deste escritor, digno herdeiro de Camões, Eça, Camilo, Pessoa, Aquilino e Torga. A Escandinávia dobrou pela primeira vez a coluna à língua portuguesa.
Depois de um longo “Ensaio Sobre a Cegueira”, acabou por reparar uma injustiça quase do tamanho deste século!... Embora Saramago seja um caso à parte, se fizermos uma “Viagem a Portugal”, encontramos uma mão cheia de poetas e ficcionistas que também poderiam ter sido inscritos nos “Apontamentos” da Academia Sueca. Quando dizemos que ele é um caso à parte, estamos a basear-nos num estranho casamento das Letras com Números que nos prova que Saramago é o escritor português vivo, mais conhecido e lido no mundo inteiro.
A sua obra literária é um manancial de estórias sobre a nossa História, “Deste Mundo e do Outro”, não sendo por isso de estranhar que alimente algumas polémicas. E quando se fala de coerência – uma palavra usada para dignificar Saramago e todos os seus camaradas que se mantém fiéis ao comunismo --, devemos fazer uma vénia ao Município de Mafra que continua a defender que “O Memorial do Convento” ofende o bom nome dos seus habitantes; e ao Papa, que  ao folhear “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, continua a perguntar a Deus com um olhar triste e angélico, “Que farei Com este Livro?”, por manterem vivas as suas opiniões divergentes em relação ao escritor.
Mesmo sabendo que este não é o melhor momento para falarmos da nossa taxa de analfabetismo, não devemos esconder a nossa triste realidade usando o Nobel da Literatura como peneira. Saramago sentiria, “Provavelmente Alegria”, se usássemos o seu Prémio para sensibilizar os portugueses a visitarem o campo aberto das letras, mostrando-lhes o poder da luz “Poética dos Cinco Sentidos” que nos ilumina nas nossas viagens deliciosas pelo interior dos livros.
E se nos fosse permitido sonhar, gostaríamos que o Nobel produzisse o mesmo êxito na Literatura que as medalhas milagrosas de Carlos Lopes e Rosa Mota obtiveram no Atletismo, fomentando de uma forma avassaladora a leitura nas escolas e nos lares portugueses, arrebatando toda “A Bagagem do Viajante” de Lanzarote e de outros grandes escritores.»

Texto escrito por mim após a atribuição do prémio Nobel a José Saramago e publicado no "O Scala", nº 8, Verão de 1998. É a minha homenagem ao grande escritor e até agora único nobel da Língua Portuguesa. O boneco é do Vasco.


quinta-feira, novembro 15, 2012

Caminhamos para os "Dois Países"


Até poderei concordar com o Presidente da República, quando ele caracteriza as pessoas que atingiram à "pedrada" os agentes da PSP e queimaram vários contentores de lixo, desta forma:

«São pessoas apostadas na destruição, na violência, que querem destruir a sociedade.»

Não diz nada de novo. 

O mais curioso é  as suas palavras também poderem ser utilizadas para caracterizar a acção deste governo, apostado na destruição do "Estado Social" português, servindo-se da violência psicológica para  violar alguns dos direitos mais elementares da Constituição da República, ao mesmo tempo que está destruir a sociedade, tal como ela existe desde Abril, para que Portugal volte a ser o país da meia-dúzia de famílias riquíssimas,  que viviam em "ilhas", rodeados de gente pobre e muito pobre...

Este é o presidente que gosta de afirmar, «eu disse» (pensa que a missão do presidente é ser um avisador...), mas raramente diz,«eu fiz». Não é por acaso que só se lembra que foi o primeiro-ministro entre 1985 e 1995, quando lhe convém, só que a história não se apaga com uma borracha, ele é a mesma pessoa que ajudou a "destruir" as pescas e a agricultura e que agora defende que nos devemos voltar para o mar e para os campos...

A ilustração é do Rui Pimentel.

As Perversões do Poder


O exercício do poder é uma das coisas mais perigosas que existem à nossa volta.

O melhor exemplo é a prática governativa de uma boa parte dos políticos, desde a pequena junta de freguesia ao governo central.

Pensava que era difícil encontrar alguém tão mentiroso e manipulador como José Sócrates na chefia do governo. Estava enganado. Pedro Passos Coelho em apenas um ano e alguns meses de governação, já manipulou e mentiu mais, que Sócrates nos seis anos em que foi primeiro-ministro.

Às vezes tento perceber o que o leva a fazer tudo ao contrário do que prometeu na  campanha eleitoral e só encontro uma explicação: em vez de servir o país ele está ao serviço de "alguém", apostado em criar na Europa um país (ou países...) com índices sociais e económicos ao nível da Ásia mais pobre e miserável. 

É por isso que poema de Zé Gomes Ferreira, "Acordai", está mais actual que nunca. Temos todos de acordar!

Não tenho dúvidas que esta gente tem mesmo de ser corrida do poder, o mais rápido possível. São muito, mas muito mais perigosos que a "troika". Não é por acaso que uma das suas bandeiras era ir ainda mais longe que a "troika".

O óleo é da grande Paula Rego. Escolhi-o pelo seu traço grotesco que  identifica a capacidade desta gente de se "transvestir", sem me esquecer de lembrar que a sua "Casa das Histórias" também lhes provoca comichão.

terça-feira, novembro 13, 2012

As "Virgens Ofendidas" Angolanas


Já tinha observado os angolanos a fazerem muitos papeis nos "palcos" do nosso país, quase que só faltava mesmo este último,  o de "virgens ofendidas", encenado nos últimos dias nas páginas do "Jornal de Angola".

O subsolo de Angola é tão rico, que quase que se levantam do chão diamantes, ouro e petróleo. Esta "coisa" tem fabricado uma quantidade considerável de governantes milionários, que têm uma fixação especial em comprar um pouco de tudo o que mexe (ainda por cima em saldo...), no país que os invadiu e colonizou. 

Sempre atentos às notícias (também são donos de jornais...) sobre o BPN e outros negócios estranhos, não gostaram nada de receber um tratamento discriminatório. Queriam ter a mesma atenção que tiveram (e têm) os amigos Dias Loureiro, Miguel Relvas, entre outros, por parte da nossa justiça.

Nesta "comédia" não deixa de ser curioso ver ainda os "actores" africanos a queixarem-se de perseguição das companhias do PSD e do CDS, que têm sido tão amigas...

Num tempo em que a Cultura, os nossos teatros e os nossos actores estão quase ao abandono, eis que surge de Angola concorrência improvável e desleal...

O óleo é de Alexander Klingspor.

segunda-feira, novembro 12, 2012

Um Outro Lado do País


Há um parte do país que finge que não pára, por ser dia da visita da chanceler alemã ou do regresso à pátria de um dos "metralhas" mais famosos do burgo, até aqui, "exilado" em Londres.

Enquanto bebo o café olho para o Manel, que se finge distraído e deixa que a mulher, que deve andar entre os trinta e os trinta e cinco, faça o "golpe" do costume. 

Folheia as páginas do "CM" sem se preocupar com as páginas manchadas de sangue ou com as notícias do dia. A sua única preocupação é desviar o caderno dos classificados, sem dar muito nas vistas, para no regresso a casa, sublinhar as ofertas que podem interessar.

Sabe que não são os alemães, e muito menos os governantes portugueses, que lhe vão tratar da vidinha. Tem de ser ela, a responder diariamente a anúncios e a fazer um papel qualquer, a sorrir sem vontade, para conseguir emprego, mesmo que seja por apenas meia dúzia de meses.

O óleo é de Vicente Giarrano. 

domingo, novembro 11, 2012

Pois foi, Mudei a Fotografia


De vez em quando falo sobre as pessoas que passam por aqui, em silêncio, que preferem guardar os comentários para quando nos cruzamos na rua ou no café. As suas palavras vêm sempre acompanhadas de um sorriso de cumplicidade.

Dizem-me coisas giras, misturadas com outras que me deixam a pensar se devo ter ou não mais cuidado com o que escrevo.

Desde o Jorge que me pergunta se não tenho medo de possíveis represálias da Câmara de Almada (pelo que escrevi no "Casario" sobre o apoio à Casa do Benfica da Charneca...), à Natália que diz que já sabe quase tudo de mim, através dos meus blogues.

Felizmente os blogues podem ser tudo, não existe uma linha editorial definida como num jornal, por muito que lhe queiramos dar um rumo certo. 

Entrei no mundo da blogosfera em Maio de 2006, primeiro com o blogue, "Casario do Ginjal". Como o próprio nome indica, é desde inicio um espaço regional, que nunca se afastou muito de Almada e da Margem Sul. Em Agosto do mesmo ano criei o meu segundo blogue, "Viagens pelo Oeste", porque tinha vontade de escrever sobre as minha memórias de infância e também sobre a minha Cidade Natal, Caldas da Rainha.

Dois blogues depois, senti que me faltava um espaço mais livre, quase sem fronteiras. Foi desta forma que nasceu o "Largo da Memória", logo no começo de Janeiro de 2007, que podia ser quase tudo, um diário, um jornal, um espaço de estórias e de história. E acho que tem sido muito isso. Já em Abril de 2011, criei a "Minha Carroça de Livros", um espaço sobretudo de divulgação da minha obra editada (livros e cadernos...), que não tem merecido o mesmo carinho dos outros (não sou muito bom a divulgar o meu trabalho)... 

Também me tenho preocupado com a imagem em qualquer dos espaços. Se no "Casario e nas "Viagens", socorro-me com frequência (e gosto claro) das minhas fotografias, no "Largo" prefiro colorir as minhas palavras  com a pintura dos artistas do mundo. 

Fui escrevendo e quase que me esquecia da Rita, que me perguntou se não tinha uma fotografia melhor para colocar no "perfil". Disse-lhe que não. Acrescentou que parecia uma foto de prisioneiro. E eu disse que era mesmo a ideal, não fosse eu um "prisioneiro" da blogosfera... 

sexta-feira, novembro 09, 2012

«Faz o que eu digo, não faças o que eu faço.»


A senhora do Banco Alimentar tem sido o centro de muitas conversas de café e também a fonte de inspiração de vários textos e comentários na blogosfera.

A experiência de vida é das coisas mais importantes quando nos deparamos com um tema pertinente e polémico como este. O Carlos, para espanto de todos, defendeu a dona Isabel Jonet, enquanto saboreávamos o café. Foi mais longe e disse que o seu discurso é fruto da sua educação religiosa e também dos hábitos austeros das famílias salazaristas, pelo menos dentro do país.

Ficámos mais convencidos quando ele afirmou: «as famílias do Estado Novo, tal como a Igreja Católica, sempre viveram inspiradas na expressão, faz o que eu digo, não faças o que eu faço.»

Ficámos todos de acordo, que só iremos perceber o verdadeiro alcance das palavras da senhora, quando for realizado um novo peditório para o Banco Alimentar...

O óleo é de Charles Levier.

quinta-feira, novembro 08, 2012

O Meu Previsível 2013


Sem estar a pensar na situação real do país  (embora não fuja dela, abstraio-me sempre que posso, por uma questão de saúde, sobretudo mental...), tinha (e tenho, claro) alguns projectos para 2013.

Para os concretizar tinha de "afunilar" um pouco a minha vida, deixar de estar metido em tantas coisas. Embora ainda estejamos em Novembro de 2012, sei que não o vou conseguir. Estou a deixar mais uma vez, que os interesses colectivos se sobreponham aos individuais.

Sinto saudades de escrever uma história grande, mas sei que para isso acontecer tinha de me isolar, esvaziar a cabeça deste meu quotidiano.

É também por isso que tenho pensado mais em "arrumar as botas" como escritor. Sei que o que não falta por aí é gente a escrever livros. Mas depois levanto outra questão ao espelho: o que é que faço às ideias e pensamentos que surgem por aí e que querem ser uma história qualquer? Ou seja, percebo que dificilmente me liberto da escrita. Em relação à publicação, isso já é outra história.

O pior de tudo é sentir que muitas das coisas que faço  ligadas ao associativismo, são por obrigação e não por prazer. Vamos ver se em 2013 me consigo desligar de algumas "obrigações", porque o mais importante é gostar e sentir prazer naquilo fazemos.

O óleo é de Rajkumar Sthabathy.

terça-feira, novembro 06, 2012

Será que o Século XX foi uma Invenção?


Com toda esta "desordem" social no mundo, até dá para pensarmos se o século XX, não terá sido uma invenção.

Foi um século com muitas vitórias e conquistas, que até nos deu a ilusão de que poderia existir um mundo mais nivelado, com ricos muito menos ricos e com pobres muito menos pobres.

Uma ilusão boa, pelo menos para nós "Povo".

Andávamos tão entretidos a brincar à democracia, que se esquecemos-se dos saudosistas das histórias de príncipes e princesas, e claro, dos amantes de qualquer tipo de poder, que assim que puderam, viraram o mundo novamente de pernas para o ar.

Arranjaram os aliados de sempre, com os banqueiros e cardeais à cabeça da "manada". Os primeiros tinham saudades de se sentirem os donos do dinheiro, Os segundos sentiam a falta dos seus "pobres" e das senhoras de boas famílias, que voltaram a ter o seu passatempo  preferido, praticar a caridazinha por ai, aos coitados e desgraçados. 

Hoje há quem diga que quase nada mudou, mas é mentira, mudou muita coisa.

Claro que os ricos nunca deixaram de ser ricos, nem os pobres de serem pobres. Houve apenas uma melhor distribuição da riqueza, a tal ilusão. Algo que sempre desagradou aos primeiros. Nunca aceitaram que os "pobres" pudessem um dia ser doutores ou tratados como iguais num hospital público.

Só precisavam de espaço, para fazerem a sua "revoluçãozinha".

É por isso que se olharmos com atenção para o CDS e para a franja mais conservadora deste PSD, encontramos por lá uma boa parte dos descendentes da "Corte Salazarista". Os apelidos não enganam...

O óleo é de Adveed Mikhalovich.

segunda-feira, novembro 05, 2012

Hoje há Cegonhas e Quase não há Bebés...


Os milhentos ninhos de cegonha são uma constante por esse interior fora, contrastando com a ausência de "bebés", pelas razões que se conhecem. 

Pensar que ambos povoavam uma velha história que ainda ouvi contar na minha infância, que era usada para não se aprofundar de forma alguma a arte natural de se fazerem criancinhas. Ou seja, diziam-nos que os bebés vinham de França (nunca percebi porquê....), transportados  em segurança pelas benditas cegonhas e não se falava mais disso.

Este óleo de Tom Root, quase que retrata um "porto de transbordo de criancinhas", que estão à espera de embarcar para o tal país, que parece que fabricava bebés em série,  onde nem falta a ave guardiã.

sábado, novembro 03, 2012

Querer Escrever Sobre Este Pesadelo "Fascista" que Está a Destruir o País


Não sei se conseguirei chegar ao romance, mas estou feliz com o regresso das ideias e das personagens, que tentarão retratar esta espécie de gente que se tem governado à nossa custa, que quando se olha ao espelha deve achar-se "iluminada" na arte de enganar. Fazem-me imaginar o feirante sem alma, que exclama, quando conta as notas gordas a um canto mais sossegado da venda, «já enganei mais um.»

Claro que pretendo ir mais longe, não me ficar pela feira, ir mesmo aos salões bafientos do Estado Novo, que estão a voltar a ser recuperados nas casas seculares.

Foi a propósito de uma cena que se passou comigo num desses "salões", que percebi que quando escrevemos é mais importante o que verdadeiramente sentimos que a própria realidade. Vou tentar desmontar o que acabei de dizer. Na história de ficção há uma parte em que o meu "alter-ego" é interpelado desta forma crua: «com que então você é comunista!» Fica sem palavras, até dizer apenas um, «e depois?»

Aconteceu-me algo parecido, mas nunca usaram a palavra comunista, provavelmente por pudor, colocando em causa o meu rigor enquanto historiador. Incomodado, afirmei que a história terá pelo menos sempre dois olhares, antagónicos, um de direita e outro de esquerda. O senhor ainda foi mais longe, falando de uma forma alterada. No mesmo tom acrescentei que era um produto do 25 de Abril e da democracia e que quando escrevia sobre Almada, escrevia essencialmente sobre o povo. 

A terceira pessoa que estava connosco tentou acalmar-me, ao mesmo tempo que o senhor  saiu da sala, depois de o chamarem numa outra divisão. Dois minutos depois voltou, completamente calmo, fingindo que não se tinha passado nada entre nós.

Embora me apetecesse vir logo embora daquela casa, por uma questão de educação aguentei por mais algum tempo a hipocrisia do senhor, agora cheio de amabilidades.

Em princípio iria fazer um trabalho sobre a sua família. 

Claro que depois de pensar a sério sobre a questão, abandonei o projecto. A pessoa amiga que estava envolvida neste trabalho tentou demover-me da minha decisão, mas não conseguiu. Tive pena por ela, mas há princípios que ainda me posso dar ao luxo de seguir, um deles é escrever livremente, sem qualquer tipo de condicionalismo ideológico, mesmo quando se trata de história.

Não estava a espera de escrever tanto, de dizer tanto, neste começo de manhã de sábado, em que mais uma vez as "ideias" fintaram o sono...

A ilustração é de Maria Keil.

sexta-feira, novembro 02, 2012

Este Ano Parece que Temos Inverno


Este ano parece que temos Inverno.

E não é um Inverno qualquer, até trouxe a estação das chuvas, que tem andado por outras bandas nos últimos tempos.

Eu sei que provavelmente daqui a quase nada, já estamos fartos da água que escorre do céu, de andar de chapéu aberto pelas ruas, a fintar as poças de água.

O óleo é de Diana Garcez de Marcelia.

quinta-feira, novembro 01, 2012

Sons da Vida...


Hoje incomodou-me particularmente o barulho da loiça no café, das chávenas, das colheres, no vai vem entre o balcão e a copa. 

Foi então que pensei na possibilidade das funcionárias ainda não terem recebido o ordenado de Outubro (para não recuar mais no tempo...) e por isso mesmo não conseguiam esconder a raiva em relação ao patrão.

Raramente pensamos nos problemas de quem está do outro lado, quando estamos sentados a uma mesa de café queremos é ser bem servidos e com bom modos.

E como estes tempos correm de feição para os patrões, os "ulrichs" podem sempre aproveitar a crise para enxovalhar ainda mais os seus empregados e dizerem, »aguenta».

Esquecem-se que a paciência tem limites e que não se trata apenas da questão de mais prato, menos prato partido.

O óleo é de Edouard Manet.