segunda-feira, março 30, 2020

O Mestre, os Filmes e os Livros


Hoje estive a consultar algumas revistas antigas e acabei por ler algumas apreciações de Manuel de Oliveira (nestes anos sessenta do século passado ainda não era Manoel...), sobre o cinema desse tempo, e também de alguns jovens realizadores (Fernando Lopes, Paulo Rocha e António-Pedro Vasconcelos).

Gostei da sua serenidade e abertura (mesmo depois dos seus 100 anos de vida, continuava igual...) e também de sentir o quanto era respeitado e admirado pelos cineastas do chamado "cinema novo". Era praticamente a única figura que era tida como referência do pobre cinema português de então.

Embora não seja um apreciador do seu cinema (fez muitas vezes o mesmo filme...), demasiado poético e teatral, ficou para a história como alguém que fez sempre os filmes que quis fazer, e não os que queriam que fizesse.

Quando ele disse: «É necessário que haja um cinema individual, ainda que exista outro que o não seja. O que é necessário é que haja um cinema meramente artístico e outro espectacular. Não se combatem, completam-se», estava cheio de razão.

E era um cavalheiro. Adaptou vários livros de Agustina para o cinema, que ela não gostou e disse-o publicamente (de forma desagradável)... mas ele nunca lhe respondeu. Aliás, respondeu, quando disse numa entrevista: «Há uma diferença muito grande entre o que é cinema e o que é um livro. A transposição de um livro para o cinema é uma coisa extraordinariamente difícil e nunca há correspondência.» Ela, provavelmente, fingiu que não percebeu...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

domingo, março 29, 2020

"O Espectáculo da Rua"...


José Gomes Ferreira tinha uma rubrica cheia de interesse na "Seara Nova", nos idos anos 1940, que se chamava "O Espectáculo da Rua", onde escrevia o seu "olhar" sobre a Lisboa desse tempo. Achei curioso um seu texto e até fiz um "paralelo" com os dias de hoje, embora em vez de "adormecidas", as pessoas estejam ausentes, involuntariamente...

«[...] Não havia dúvida! Dormia tudo, à minha volta: homens, mulheres, crianças, burros, carroças, eléctricos, carecas, cabeludos, Teatro Nacional, tabuletas, pedras, estátuas e até o céu azul estendido como uma mulher de preguiça. Dormia tudo, sombriamente, pesadamente, a andar - um dois, um dois... - como eu naquela famosa tarde de andróide hipnotizado. Dormia tudo a sono solto. [...]»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, março 28, 2020

«Queres passear na rua? Compra um cão!»


Quando vi que um polícia estava a chamar a atenção de um homem, que estava na rua, comecei a andar mais devagar, para evitar uma possível "entrevista", embora os motivos porque me encontrava na rua, fossem perfeitamente justificados.

Entretanto o homem seguiu o seu caminho e o polícia entrou no carro e fez-se à estrada.

Quando me aproximei, um vizinho que ainda se encontrava à janela contou-me que o agente da autoridade ao ver o Faustino a andar, com o seu "estilo cambaleante", pensava que este estava bêbado e até queria levá-lo para a esquadra. Fora ele que o salvara de boa, ao dizer ao polícia que o homem tinha um problema na perna esquerda... este não ficou muito convencido, mas para evitar males maiores mandou o Faustino para casa.

Uns metros mais à frente, quando o apanhei, ele virou-se para mim e disse: «Queres passear na rua? Compra um cão!»

Continuava irritado e sem se calar, insistiu no seu "fungagá da bicharada": «Isto está bom é para todos estes camelos, ursos, cabras e macacos, que gostam mais de bichos que de pessoas e enchem os passeios de merda

Como calculam, tive de fazer algum esforço para não lhe oferecer um sorriso...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

sexta-feira, março 27, 2020

Um Dia Mundial de Teatro sem Palmas e sem "Patadas"


Se o Dia Mundial da Poesia foi estranho, não sei o que dizer do Dia Mundial do Teatro...

Não me incomoda apenas a estranheza dos palcos silenciosos e das salas vazias e fechadas. 

Saber que esta é a actividade cultural mais vulnerável do nosso país, por estar cada vez mais dependente dos apoios de terceiros, é que considero, muito preocupante.

Se durante os anos da "troika" houve muitos actores que foram forçados a mudar de profissão, os dias que se aproximam não vão ser melhores...

Mas a realidade é o que é, não vale a pena escondê-la atrás do "biombo": há um divórcio cada vez maior entre os portugueses e o teatro.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quinta-feira, março 26, 2020

Uma Memória Ocasional e a Boa Tradição


Soube hoje do falecimento de Manuel Fialho, que colocou o Alentejo e Évora, no mapa da excelência da gastronomia regional, acarinhando e explorando as receitas tradicionais alentejanas de uma forma saborosa e original.

Só lá entrei uma vez, há uns trinta anos. 

Procurávamos um restaurante e entrámos no "Fialho", sem sabermos ao que íamos. Fomos bem recebidos e saímos dali melhor comidos e bebidos. Só depois é que percebemos que tínhamos almoçado naquele que provavelmente já era considerado "o mais tradicional restaurante de Évora", embora nessa altura a cozinha estivesse longe de estar na moda (ainda não se falava de "chefs" nem de "estrelas michelin"...).

Voltei mais vezes a Évora, mas a "fama" já internacional, fez com que fosse "impossível" lá entrar...

(Fotografia de Luís Eme - Évora)

quarta-feira, março 25, 2020

"Isolamento versus Egoísmo"


Falei há poucos minutos com um amigo ao telefone, e entre outras preocupações, ele demonstrou ter algum receio, que tudo isto nos tornasse ainda mais egoístas. 

O seu argumento baseava-se na forma isolada como estamos a ser obrigados a viver, confinados praticamente às divisões das nossas casas, e com o mínimo de contacto humano possível.

Pode ser que não. Pode ser que no final disto tudo, tenhamos aprendido alguma lição...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

terça-feira, março 24, 2020

Ainda Antes do Dia Seguinte...


Os nossos patrões sempre foram - e continuam a ser - um grande exemplo de cidadania no nosso país. Só de pensarem que lhes "vão mexer nos bolsos", começam logo a pensar na melhor forma de passarem ao lado, de qualquer crise, mesmo que esta seja momentânea. 

É por isso que não nos devemos admirar que tenham iniciado a "onda de despedimentos", logo no dia em que foram obrigados a fechar portas, com a imposição do "estado de emergência" no nosso país.

As primeiras vitimas foram todos aqueles que trabalhavam de forma precária (a maioria estrangeiros, alguns dos quais nem sequer contrato de trabalho tinham...) na restauração, hotelaria e comércio.

Não vale a pena falar de "imoralidade", muito menos de "falta de ética", porque segundo os "livros" onde eles estudaram, estas duas condições humanas vivem distantes do mundo dos negócios. Muito menos lembrar-lhes dos milhões que ganharam nos últimos anos, graças ao "maná" do turismo...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, março 23, 2020

Há Ladrões e Ladrões (sempre foi assim)...


Uma antiga notícia de jornal, fez-me lembrar de um amigo, que durante um dos nossos almoços, me confessou que a única coisa que tinha roubado a vida toda, fora um livro, durante a adolescência. Era um livro que queria muito ler e como não tinha dinheiro para o comprar (estamos a falar do final da década de sessenta do século passado, quando os livros eram vendidos como um "objecto de luxo"...).

Arrependeu-se tanto do que fizera, que a leitura do romance de Machado de Assis (Dom Casmurro), não lhe deu o prazer que devia dar...

A nossa conversa versara sobre, o ter ou não dinheiro, para alimentar qualquer sonho, por mais pequeno que seja. Percebíamos com alguma facilidade os miúdos dos bairros pobres que traziam roupa e calçado de marca de balneários, sem dar qualquer satisfação aos donos.... Agora que tantos multimilionários, continuassem a roubarmos, sem terem qualquer necessidade, é que nos era completamente incompreensível. 

E mais estranho ainda, era sabermos que andam pelas ruas de cabeça bem levantada...

Provavelmente quando Victor Hugo escreveu "Os Miseráveis", já devia ser assim...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

domingo, março 22, 2020

As Novas (e Velhas) Rotinas Diárias


Sei que soa quase a "lugar-comum", dizer que o que sinto mais falta, na minha rotina diária, é a liberdade de movimentos - que todos perdemos, pelas razões que conhecemos -, da qual usava e abusava, sempre que era possível. 

Ter a família em casa, praticamente vinte e quatro horas por dia, até agora, está a ser uma coisa boa.

Como já trabalhava em casa, nada mudou neste campo. Só não posso (é mais, não devo...) é "inventar" algumas reuniões de trabalho em Lisboa - às vezes aconteciam apenas para "fugir de casa" e para trocar dois dedos de conversa com duas ou três pessoas especiais, aproveitando também para atravessar o rio  de cacilheiro e, depois, no "regresso a casa", partir à descoberta de outras lisboas, caminhando de preferência por uma ou outra rua desconhecida (como eu gosto de conhecer uma nova rua... e felizmente ainda há muitas à minha espera na Capital) com "viagens" saborosas de hora e meia, e até mais...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, março 21, 2020

«Sou Poeta!»


É esta a minha forma de comemorar o "Dia Mundial da Poesia, aqui no "Largo":


«Sou Poeta!»


Quando lhe perguntam a profissão,
responde sempre:
- Sou Poeta!
Gosta de ser olhado de alto abaixo
como se os outros andassem a ver
de onde lhe faltava um parafuso.

Que satisfação boa e secreta...


(Luís (Alves) Milheiro


(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, março 20, 2020

Ontem e Hoje...


O que achei mais curioso da minha caminhada de hoje, foi ter-me cruzado com mais pessoas, que  antes de ontem, no mesmo percurso, entre Cacilhas, Ginjal e Almada, e com um tempo muito menos agradável (e com o "estado de emergência" decretado)...

Havia gente a correr, a pedalar e a caminhar (as três pessoas de ontem foram substituídas por mais de duas dezenas...).

Estranhei que algumas pessoas não fizessem qualquer movimento para manter a distância de "segurança" recomendada (quando passei por elas,  além de me afastar, dentro do que era possível, também virei a cara para o lado oposto, ou seja, para o rio...).

Espero que a nossa "estatística" (ainda com poucas mortes e casos graves...), não leve as pessoas a "aligeirar" os cuidados, que todos devemos ter...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

quinta-feira, março 19, 2020

"Isto está tudo ligado"...


Embora possa parecer um lugar comum, é a verdade: tanto o dia do Pai como o da Mãe, não precisam de nenhuma data especial, porque os recordamos, diariamente, quase sempre por pequenos nadas.

E se eles já não estão entre nós, há sempre uma ou outra coisa, que nos leva de viagem, ao seu encontro...

A situação actual do mundo fez com que me lembrasse do meu pai (não hoje, há já vários dias...), ele que sempre foi um amante da liberdade, e me perguntasse, como reagiria a esta quase "reclusão voluntária"... Felizmente teria muito espaço para passar o tempo, no nosso casal, que nunca mais foi o mesmo, sem os seus cuidados de "agricultor" fora de tempo...

E céptico, como sempre foi (aprendi com ele...), iria dizer que este "vírus" não nasceu do nada. Sei que não se iria agarrar a nenhuma "teoria de conspiração", falaria sim, da acção destruidora do homem para com a natureza... E mesmo sem conhecer as palavras do poeta Guerra, diria, que "isto está tudo ligado"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quarta-feira, março 18, 2020

As Saudades de "Outros Tempos"...


Hoje vai decidir-se, se entramos ou não, no "estado de emergência".

Embora só possa falar da minha "urbe", parece-me que a generalidade das pessoas estão a tomar as medidas necessárias para que o "covid 19" não avance de uma forma "galopante", de Norte a Sul.

Fui às compras de manhã a uma média superfície e estava tudo tranquilo. As pessoas esperavam pela sua vez, ordeiramente, a uma distância superior ao "metro de segurança", poucas com máscaras, mais com luvas.

O que devia haver, sim, era desinfectante à entrada (e saída), mas...

De tarde passei pelo talho e percebi que um dos funcionários queria estar em casa e não ali a cortar carne. Irritado, até parecia um "repórter" daquele canal que oferece notícias ao jeito das telenovelas, (dessas mesmo, que "fazem chorar as pedras das calçadas"), a espalhar "alarme" pela clientela... Embora o entenda, em relação ao perigo que corre (aliás, que todos corremos), um pouco mais de serenidade e esperança, era bem vinda por quem está cá deste lado.

Antes, aproveitei para andar, uma caminhada de quase uma hora, à beira-Tejo, em que me cruzei com duas ou três pessoas, que também precisavam de "apanhar ar" (já a precaver-me do que pode vir aí amanhã)...

Mas não deixa de ser curioso, que seja a direita (a começar no Presidente da República...), a querer muito o "estado de emergência". 

As saudades de "outros tempos", são terríveis...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

segunda-feira, março 16, 2020

A Quase "Racionalização"...


Ao começar a escrever, ia dizer que quem tem menos de sessenta anos nunca passou por uma situação como a que começámos a viver hoje (entradas condicionadas até na mercearia de bairro...). 

Mas se calhar só quem tem mais de oitenta é que se lembra dos "racionamentos" dos tempos da Segunda Guerra Mundial.

Claro essas filas eram motivadas pela falta de produtos essenciais, as de agora são para evitar os "contactos sociais", na tentativa de conter a propagação do "Covid 19" (e esta é a melhor maneira, sem qualquer dúvida)...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

domingo, março 15, 2020

Uma Cidade Quase Fantasma


Reparo que as ruas de Almada estão quase sem gente.

Na zona onde moro, fico com a sensação de que as pessoas "desapareceram". Há vizinhos que não vejo há dias (mesmo os do meu prédio...). Isso significa que quase toda a gente está a levar esta ameaça a sério.

Tenho saído diariamente porque pertenço ao grupo de pessoas que têm familiares que precisam de atenção e de apoio (apesar da idade têm alguma autonomia e gostam de muito de viver na sua "casinha"...),  e têm mesmo de sair de casa.

A meio do caminho cruzei-me com um carro da polícia e fiquei a pensar que se mantivermos este comportamento, não será necessário chegar a extremos e proibir a circulação das pessoas pelas ruas.

(Fotografia de Luís Eme - Convento dos Capuchos)

sábado, março 14, 2020

Bom Dia Rua, Bom Dia Liberdade


De repente, até aqueles que passavam horas e horas, fechados em casa, sentem saudades da rua.

Não é bem da rua, é mais da liberdade, essa coisa tão preciosa, que nem sempre lhe damos o valor devido...

Sim, a liberdade de ir, mas também a de ficar...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

sexta-feira, março 13, 2020

Efeitos Positivos? Onde?


A televisão nestes dias mornos, presta-se a tudo, ao melhor e ao pior que se pode fazer a nível informativo. Até aparecem por lá umas "alminhas bem intencionadas" que dizem que tudo isto pode ser positivo para a sociedade, que é nos momentos maus que as pessoas se unem, etc, etc.

Só que, infelizmente, os exemplos que nos são dados no nosso dia-a-dia, apontam quase todos no sentido contrário...

Podia começar pela "primeira corrida", às máscaras, ao álcool e aos desinfectantes... depois falar da segunda, ao papel higiénico (esta foi das que me fez mais confusão...) e aos enlatados (deve haver gente que vai andar a comer feijão, grão, salsichas e atum o ano inteiro...).

Mas o pior mesmo é o comportamento das pessoas, com o egoísmo sempre ao de cima (se pudessem faziam um "mundo" só para eles...), mas também o preconceito. Ontem aconteceu um caso numa escola lisboeta, de bradar aos céus. Um miúdo com asma, ao tossir, começou a ser gozado pelos colegas, que "tinha o corona", etc, etc, Com os nervos não conseguiu parar de tossir, ao ponto de ter sido colocado numa sala à parte, como se tivesse mesmo o vírus. Imagino que tenham ligado para a "saúde 24" e depois chamaram os pais e até a polícia. 

E a partir desse momento ele passou a ser o "infectado", até para os professores e funcionários - que sabiam que ele era asmático...

Este episódio é verídico. Sou amigo da tia do jovem de dezasseis anos, que não quer voltar mais àquela escola...

(Fotografia de Luís Eme - Caramujo)

quarta-feira, março 11, 2020

A "Quinta" do senhor Alfredo...


A forma como o poder é exercido tem mudado, quase sempre para pior. Finge-se que se vive em democracia, mas se observarmos com atenção o mundo que nos cerca, percebemos que esta não é mais que um conjunto de "quintas", cada uma delas com a sua voz dominante, que com o mesmo sentido paternalista salazarento, acham que podem decidir por todos nós...

Têm-se passado coisas tão caricatas, especialmente nas autarquias (de Norte a Sul...) em que o gosto pessoal se impõe ao colectivo, que não podem ser ignoradas nem silenciadas.

É como se um vereador com o pelouro da educação, por não gostar de sopa, determinasse o fim desta, nas cantinas escolares... 

Embora o exemplo seja excessivo, é um pouco disto que se vai passando, e que nós, distraídos do essencial, aceitamos, com a maior das bonomias...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

terça-feira, março 10, 2020

A Fase da Indecisão e da Desconfiança


Estamos a entrar na fase mais estranha da "pandemia": a fase da indecisão e da desconfiança.

A indecisão prende-se com a deslocação a alguns lugares e até com o habitual cumprimento entre amigos e conhecidos.

A desconfiança é mais óbvia e leva ao distanciamento das pessoas que circulam com máscaras. E tossir (pobres pessoas que têm alergias e tosses secas...), ainda é pior, passou a ter "selo de proibido". 

Talvez daqui a uns dias estejamos todos mais adaptados a este "novo tempo", que ninguém sabe muito bem se é passageiro, ou se é outra coisa...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, março 09, 2020

Uma Manhã de Domingo na Praia do Rio


Passamos por muitos sítios, ocasionalmente. 

Estamos por perto e resolvemos ir ver as vistas...

Foi o que aconteceu na manhã agradável de domingo, para matarmos o tempo. Já que estávamos no Miratejo, resolvemos dar um giro até à Ponta dos Corvos.

Tirando o péssimo estado da estrada esburacada de areia, foi bom o depois... O passear na areia, rente ao rio e descobrir gente que se encontra e encontra a beleza do rio e do campo, num Março a querer agarrar o Verão...

(Fotografia de Luís Eme - Ponta dos Corvos)

domingo, março 08, 2020

Igualdade Apenas no Papel


O mundo tem mudado muito nos últimos anos, mas ainda está longe de olhar para o homem e para a mulher, da mesma forma. 

Ou seja, a igualdade plena nos direitos, teima em sair do papel...

Há pelo menos dois pontos que ainda fazem toda a diferença: a desigualdade salarial e a forma como muitos homens ainda olham para a relação conjugal, onde as coisas continuam a acabar demasiadas vezes da pior maneira...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, março 07, 2020

«Porque sim...»


Há muitas desculpas que podemos arranjar para deixarmos de ler... Como em tudo na vida, umas são mais válidas que outras. 

Talvez a mais pertinente, e razoável, seja a natural perda de visão, "roubada" pelos muitos anos de leituras, que faz com que se demore mais tempo a ler e a perceber as palavras.

Foi por isso que quando ouvi um amigo, sem problemas de visão, desabafar: «Porquê continuar a ler, se me esqueço logo das histórias que estão dentro dos livros?»

Só consegui dizer: «Porque sim...»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, março 06, 2020

A Espera...


A Espera...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quinta-feira, março 05, 2020

Espero que Tenha Resultado...


Ao passar perto de um quintal de uma das ruas calmas de Almada descobri um cartão com um "aviso". Depois de me aproximar e ler, percebi que de alguma forma, ameaçava o amigo do alheio, com a "vida".

Acabei por o fotografar.

Espero que o "ladrão" tenha tido vergonha na cara e que o "aviso" tenha resultado...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

quarta-feira, março 04, 2020

O Espectáculo da Justiça, com o "Actor do Costume"...


A notícia de abertura dos telejornais do começo da tarde foi "uma das maiores operações de sempre levadas a cabo pelo tribunal criminal central", sem se esquecer de referir, um facto não menos importante, "com a presença do juiz Carlos Alexandre".

Embora o alvo principal seja o empresário de futebol, Jorge Mendes (e a sua empresa, a Gestifute), foram feitas buscas aos nossos maiores clubes de futebol (desta vez ninguém se pode queixar, estão lá o Benfica, o Porto e o Sporting...), mas também a casas particulares - do empresário, de dirigentes e jogadores de futebol - e escritórios de advogados.

Como costuma acontecer com as "operações televisivas" da justiça e do juiz Carlos Alexandre, a "montanha lá irá parir o ratito do costume"...

Mas é uma vergonha termos uma justiça que além de não funcionar como deve ser - não é célere nem justa -, em vez de optar pela discrição (que já foi em tempos a "alma de qualquer negócio"...) nas suas operações, presta-se a estes espectáculos televisivos, quase sempre com o mesmo "actor" e com o mesmo "filme".

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

terça-feira, março 03, 2020

É Tão Importante Saber Ouvir...


Uma das coisas mais complicadas destes nossos tempos (além de nos esquecermos de "pensar"...), é não termos "tempo" (nem muita vontade) para ouvir os outros.

E muitas vezes isso começa logo nas nossas casas, nas relações entre marido e mulher, e também entre pais e filhos.

Depois vai-se agravando no trabalho, no café, no clube, até chegar a lugares como o Parlamento, onde se percebe que o bom senso e a noção da realidade, deixaram de ter um papel importante em qualquer discussão, há já algum tempo...

E depois deixa-se crescer a "bola de neve" do costume...

O caso da escolha do aeroporto é sintomático. Depois de Ota, Rio Frio, Alcochete, chegou-se ao Montijo (no tempo da Troika e de Passos Coelho, por ser uma opção mais económica...). E agora que parecia estar tudo encaminhado para a sua construção, surge o "coro" do costume, a contrariar o que parecia ter alguma unanimidade. Até o PSD, o "pai da criança", está contra...

Infelizmente esta forma de funcionar já passou dos corredores da política para a sociedade. Começa a ser normal estarmos numa reunião qualquer de trabalho, expormos uma opinião, darem-nos razão, para depois acabarem por fazer exactamente o contrário...

Como se costume dizer, "quem manda pode". Mas isto explica bastante o porquê do nosso país "não sair da cepa torta"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

segunda-feira, março 02, 2020

Pensar Duas, Três Vezes...


É cada vez mais importante, pensarmos duas, três vezes, sobre as coisas estranhas que se contam por aí. 

Deve haver gente que mal se levanta, a primeira coisa que pensa, é: "o que é que eu vou inventar hoje?"

E quem não gosta muito de pensar, acredita logo às primeiras, nas muitas patranhas que circulam entre nós.

Mas, mesmo sabendo que "pensar" não é o nosso forte, faz-me muita confusão, que algumas pessoas sejam capazes de acreditar em coisas completamente estapafúrdias...

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)

domingo, março 01, 2020

"Talvez seja, prá Amanhã..."


Para "desespero" dos jornalistas televisivos (são os que deixam transparecer mais as emoções...), ainda não há nenhum caso de "Covid-19", no nosso país.

Fartam-se de publicitar casos suspeitos, com um ar esperançoso, mas depois descobrem que os resultados, afinal, continuam a ser negativos...

Todos têm o desejo secreto de serem os primeiros a dar a notícia.

Provavelmente a presença do escritor chileno, Luís Sepúlveda (infectado com o vírus), nas "Correntes d' Escritas", na Póvoa do Varzim, no fim de semana passado, irá fazer algumas vítimas. Vítimas que tanto poderão ser escritores, programadores ou simples espectadores... tudo depende da "aproximação" que tiveram e dos "afectos" que trocaram...

Por tudo isto, caros jornalistas, talvez seja, "prá amanhã"...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)