sexta-feira, dezembro 30, 2016

À Espera de 2017, sem ter Godot por Perto...

Não tenho grandes balanços para fazer de 2016, foi um ano com parecenças com outros, recentes.

Sei que houve uma dedicação excessiva (pelo menos para quem trabalha sobretudo com as letras...) à fotografia, com duas exposições grandes (foi muito para um amante de fotografia mediano...). Algo que com toda a certeza não irá acontecer nos tempos mais próximos.

2017 será forçosamente um ano diferente: há um livro que quer muito existir (além de alguns compromissos já assumidos, ele já está a crescer e a andar de um lado para o outro...), irá nascer um novo blogue (dedicado a Romeu Correia, no ano do centenário do seu nascimento) e espero, finalmente, viajar com Fernando Pessoa por Cacilhas. 

Talvez também exista uma peça de teatro. Mas vamos ficar por aqui. Já são coisas suficientes para fazer de 2017 um ano diferente... 

(Fotografia de Luís Eme)

quarta-feira, dezembro 28, 2016

O Cenário de Guerra de um País Pacífico...


Num mundo que gosta de inventar crises em todos os continentes, que sangra África e o Médio Oriente há tempo demais, esta fotografia do Ginjal é apenas isso, uma fotografia. 

Pode parecer um "cenário de guerra", embora sejamos, aparentemente, um dos países mais pacíficos do Velho Continente.

A passividade portuguesa também se sente na recuperação das coisas...

(Fotografia Luís Eme)

segunda-feira, dezembro 26, 2016

Sesimbra de Hoje e de Ontem

Hoje passei por Sesimbra.

É sempre agradável passar por esta Terra de pescadores, que sempre soube receber os visitantes (tal como a Nazaré...) apostando no turismo de uma forma simples, com os parcos meios existentes.

Nas duas Vilas era comum parte dos seus habitantes alugarem as suas casas no Verão, para quem vinha passar férias, mesmo que isso significasse terem de dormir em qualquer barração, durante os meses de Julho e Agosto...

Felizmente tudo mudou e hoje há uma aposta mais sólida no turismo, sendo a par da pesca, a principal actividade desta bonita terra, que até tem uma "praia da califórnia"...

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, dezembro 24, 2016

Um Natal Feliz para Todos

Tal como fiz no "Casario", também deixo aqui no "Largo" uma fotografia minha com a Praça da Liberdade, com decorações natalícias bem catitas, com o desejo de feliz Natal para todos vós que gostam de se perder aqui pelo "Largo".

sexta-feira, dezembro 23, 2016

«O Pai Natal não vem de barco.»


Apesar da cor, não é de facto, a barca do Pai Natal.

E a Anita (já quase que não se chama Anita às Anas...) tem razão, o homem das barbas brancas não vem mesmo de barco, apesar de ter muito espaço no porão, para as renas e para os presentes...

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, dezembro 22, 2016

O Amor, o Cinema, o Teatro e o Livro...


A peça que escrevi e foi representada durante a 18 ª Mostra de Teatro de Almada, encenada pelo Cénico Incrível Almadense, "O Amor é uma Invenção do Cinema", agora também é um pequeno livro.

Como digo na "nota de autor", decidi finalmente, transformá-la em livro, para que possa chegar a outras pessoas, que não puderam assistir à peça, representada em Almada.

Foi uma experiência especial. Ainda me recordo de assistir a um dos ensaios e ter algumas dúvidas de ter sido o autor do texto (graças à interpretação dos actores, que deram vida às personagens e transformaram o texto que tinha escrito numa outra coisa (melhor)...

quarta-feira, dezembro 21, 2016

Conversas à Espera do Inverno com um Cheiro Natalício...


Fomos quase interrompidos por uma discussão acesa, entre três homens. Um deles passou rente à nossa mesa, quase a espumar pela boca.

O Gui retratou a situação com algum humor: «Há homens que são como as mulheres dão-se mal com as mudanças da lua.»

A Rita ofereceu-lhe três palavras: «machista duma figa.»

Eu perguntei-lhes se não era mais a mudança de estações, pois o Inverno estava mesmo à espreita.

O Gui disse que sim, acrescentando que as luas e as estações do ano são da mesma família, e que também eram primas das marés.

A conversa mudou com a passagem de um romeno, que embora andasse com um barrete de pai natal, queria uma moeda, ou até uma nota. O boné com ar de já ter feito muitos natais devia ser usado para nos dar qualquer toque no "coração". Não resultou.

Embora fosse a terceira pessoa que se abeirara de nós, a pedir qualquer coisinha, foi a única a merecer reparos. O preconceito é lixado. Foi por isso que eu aproveitei para chamar nomes ao Gui, que me devolveu um sorriso e  algumas palavras, quase certeiras, sobre a profissionalização deste povo, ao ponto de "comprar" crianças defeituosas para espalhar pelos lugares centrais da cidade. 

A Rita voltou a irritar-se, por só falarmos de coisas fora do espírito da época...

Foi por isso que abrimos o jogo e resolvemos fazer a habitual troca de presentes. Coisas simples, mas com o "carimbo e o carinho de autor".

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, dezembro 19, 2016

A Filha e a Telenovela


Ela nunca conseguiu compreender a filha... 

Foi preciso uma telenovela para as aproximar, para ela finalmente sentir afinidades com a agora mulher, que ela tantas vezes fingiu que continuava a ser a menina das tranças, que penteava com desvelo, antes de saírem para o passeio pela Vila...

Nem sequer quis pensar que a filha que voltou a amar, era só uma personagem, um papel escrito por alguém, que nem fazia ideia que ela existia algures.

Ainda teve a tentação de lhe telefonar, mas depois de pensar melhor sobre o assunto, resolveu esperar. Bastava sentar-se no sofá, depois do jantar, e ficar por ali, a ver a telenovela da noite...

(Óleo de Salvador Dali)

domingo, dezembro 18, 2016

Os Verdadeiros Amantes do Oceano


Hoje fui espreitar o Oceano.

O frio não me assustou, provavelmente por gostar do mar de inverno.

Não sei se foi por a maré estar cheia, mas reparei que a praia está quase desaparecida, graças ao bailado das ondas que andam para cá e para lá, com energia da boa.

Os únicos que não desistem da praia são os surfistas, que agora até têm ondas capazes de dar alguma luta, ainda que distantes das provocadas pelo famoso "canhão" da Nazaré. 

Olho-os e percebo que o seu amor ao mar e às ondas não tem estação, bom ou mau tempo.

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, dezembro 17, 2016

O Presidente Que Adora Ser "Super-Herói" e "Salvador da Pátria"

Achei estranha a posição televisiva que Marcelo Rebelo Sousa tomou hoje à tarde, de mediador entre o Teatro do Bairro Alto e o Ministério da Cultura, como se os problemas que se arrastam há anos, pudessem ser resolver em minutos...

Por muito que o governo quisesse passar ao lado de mais esta questão, não teve qualquer hipótese. E o pior de tudo, foi o ministro da Cultura me parecer mais vitima que réu, em todo este processo, quando foi confrontado com Marcelo...

É preciso percebermos que esta "morte anunciada" do Teatro da Cornucópia é mais complicada do que parece, porque também significa o fim de um ciclo na sua direcção, devido aos problemas de saúde do seu director, Luís Miguel Cintra.

Por outro lado não estou a ver o Luís Miguel e todos os elementos que fazem parte da sua companhia teatral, a aceitarem qualquer tipo de tratamento de excepção. O que eles querem sim, é que se olhe para a Cultura em geral e para o Teatro em particular, com olhos de ver, e se deixe de uma vez por todas de fugir dos problemas e se dê o mínimo de dignidade aos agentes culturais deste país.

E isso não se resolve com as aparições marcelistas na pele de "super-herói" ou de "salvador da pátria", por um dia ou uma hora, a vida é muito mais que isso.

Pensava que ele já tinha percebido que a televisão não é o mundo real, até por ter sido um "actor político" durante longos anos... 

(Fotografia de autor desconhecido - de um presidente que "mete mais água" do que parece devido à sua aparente simpatia e simplicidade)

sexta-feira, dezembro 16, 2016

O Adeus da Cornucópia

O anúncio do adeus do Teatro da Cornucópia, ao fim de quarenta e três anos, só pode surpreender quem não conhece a realidade da grande parte das companhias teatrais do nosso país.

Mas dá que pensar que a este grupo, que sempre foi mais do Príncipe Real que do Bairro Alto (mesmo que fosse conhecido como parte integrante do bairro...), não tenha bastado o facto de ser reconhecido como uma das melhores escolas de teatro lisboetas (trabalhar com Luís Miguel Cintra sempre foi uma ambição natural para qualquer actor...). 

Sei que a qualidade e o rigor têm um preço demasiado alto e não se compadecem com os tempos longos de crise que vivemos, em que a Cultura tem sido a principal vitima dos cortes orçamentais do governo central e também dos governos locais.

E se juntarmos a tudo isto, o facto de muito boa gente achar natural e apoiar que se cortem os subsídios aos "malandros dos artistas que sempre viveram à conta do orçamento"... está tudo dito.

O argumento utilizado para o final desta aventura feliz de mais de quatro décadas, é o respeito pelo público. Não só compreendo, como sei que faz todo o sentido.  É muito bom não perdermos a dignidade, mesmo que os nosso sapatos comecem a ficar com uns buraquitos, aqui e ali....

(Fotografia de autor desconhecido)

quinta-feira, dezembro 15, 2016

Duas Certezas Natalícias


Há pelo menos duas coisas que tenho como certas na quadra natalícia.

É a época em que a hipocrisia se torna mais evidente. De repente, muito boa gente (especialmente os ricos, que continuam a coleccionar o seu "pobrezinho" no Natal...) repara que há pessoas que vivem nas ruas e estão meses e meses sem comer uma refeição decente ou vestir uma roupa confortável... 

E é também a época em que se gasta mais dinheiro em inutilidades, graças ao "Pai Natal", essa excelente invenção, que mesmo em tempos de crise, sabe a filhoses e a bolo-rei para as crianças e para para os comerciantes.

(Ilustração de autor desconhecido)

quarta-feira, dezembro 14, 2016

«Quem reparar em nós há-de pensar que somos um casal de espantalhos, plantados aqui neste morro batido pelo vento.»


«Isto agora parece o paraíso, mas no Inverno passamos por aqui dias terríveis. Quando saímos à rua sentimos o mar do seu pior lado, entranha-se de tal forma dentro de nós, que o que nos apetece é ir viver para um lugar normal.»

Foi quando quis saber o que era isso de um lugar normal... E ele respondeu-me, apontando:

«A aldeia, onde vivem os outros.»

Mas depois aparece a Primavera e tudo volta ao normal, insisti eu.

«Sim, em Março já passamos o tempo fora de casa. Quem reparar em nós, há-de pensar que somos um casal de espantalhos, plantados aqui neste morro batido pelo vento, onde se ouve e sente o coração do mar.»

Quando falei do Verão ele sorriu e disse:

«Não sei o que é melhor, se o Verão ou o Inverno. O que um tem a menos, tem o outro a mais...»

Devolvi-lhe o sorriso. Como o compreendia... 

(Óleo de Albert Marquet)

terça-feira, dezembro 13, 2016

O Poder, Essa "Droga" do Nosso Tempo...


Não é novidade para ninguém, que os outros são sempre o nosso espelho.

Claro que nem sempre pensamos nisso, porque é sempre mais fácil olhar para o lado, ou para cima, que para dentro de nós próprios...

Nestes últimos dias houve um acontecimento que me fez mais uma vez ter medo do poder (que é mesmo uma "droga", daquelas viciantes...). 

Sei que até agora nunca fiquei "agarrado", talvez por ter cuidado com as "doses" que tomo, e também por não precisar do "palco" para me realizar pessoalmente. Gosto muito mais de organizar e de criar coisas para os outros, que de ser a "vedeta" do que quer que seja. Claro que gosto que se lembrem de mim, que elogiem o meu trabalho, mas sem exageros. Sem se entrar na bajulice ou na hipocrisia, tão presentes no nosso tempo.

Espero conseguir "dosear" sempre esta "droga", que deixa tanta gente a fazer figuras tristes...

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, dezembro 12, 2016

Quando o Talvez fica "Tatuado" nas Frases...


Não sei, não estou muito preocupado em entender, menos ainda em explicar.

Talvez sejam tempos, modas, vaidades, insistiu ela.

Talvez é aquela palavra que dá para todas as respostas, consegue ficar entre o sim e o não, mas ao contrário de outras, deixa sempre uma réstia de esperança...

Ela assumiu que gosta de algumas, do género flores perto do pé ou outras coisas assim pequeninas em sítios inesperados. Já esteve tentada em fazer uma, num local quase secreto.

Sorri por o corpo dela ainda ter lugares secretos, depois dos quarenta. Quis descodificar o meu sorriso e eu falei do 007 e de outras coisas de livros e filmes. 

Insistiu e disse que como tinha sido marinheiro devia ter algo num dos braços. Voltei a sorrir, sem vontade de lhe mostrar os braços, para que ela conferisse que não tinha nenhum coração com "amor de mãe" ou uma "âncora" como alguém aparentado do Popeye.

(Fotografia de Robert Doisneau)

domingo, dezembro 11, 2016

Gostar sem Sentidos Proibidos...


Sempre que estou com ela, sinto-me bem. Sei que isso acontece por mais de uma dúzia de razões. Pensamos e gostamos de muitas coisas parecidas. A  cultura também dá uma ajuda, o escrever, o pintar, o fotografar, faz com que seja mais fácil a nossa comunicação. Mas acho que o que se torna decisivo é sermos ambos pessoas simples, não damos grande guarida a "bichos estranhos" na nossa cabeça.

Acho curioso a sexualidade nunca ter interferido na nossa relação, já que ambos gostamos de mulheres.

Isso deve acontecer por gostarmos muito um do outro. Claro que sei que nem toda a gente tem a mesma noção de respeitabilidade que existe em nós.

Um dia destes pensei mesmo que somos amigos raros, é quase como se nos conhecêssemos desde a infância e nunca tivéssemos crescido.

(Fotografia de Thomas Veres)

sábado, dezembro 10, 2016

Conversas, Amores & Fixações

É normal que as conversas com as pessoas de quem gostamos sejam sempre mais abertas e saborosas, que as outras, com os outros.

Mesmo assim, às vezes somos surpreendidos, por pessoas que conhecemos quase só de vista e que descobrimos que gostam de conversar e de fazer daquelas perguntas que nos parecem inteligentes. Quando digo que parecem inteligentes, faço-o, por normalmente serem coisas que me fazem pensar. E como eu gosto de pensar (vá-se lá saber porquê), acaba por calhar bem...

Mas sim, quando gostamos de um sitio, é mais fácil escrever sobre ele, tirar fotografias ou até pintá-lo. Há algo que nos prende e faz ver beleza onde outros vêm ruína ou descobrir poesia nos objectos mais improváveis...

É também por isso que penso que o conhecimento das coisas anda quase sempre de mão dada com as artes. Embora nem toda a gente acredite nisso, o "acaso" normalmente dá uma trabalheira do caraças...

(Fotografia de Luís Eme - da exposição, "50 Anos - 50 Pontes, do Tejo e de Abril").

quinta-feira, dezembro 08, 2016

O Prazer de Almoçar à Beira do Tejo...


Podia ser este o título da fotografia que aqui deixo, mas não. 

Escolhi quase um sinónimo: "O Almoço Está à Nossa Espera Rente ao Tejo".

É uma das 50 imagens que vão estar expostas na sede-galeria da SCALA a partir de amanhã, em Almada.

(Fotografia de Luís Eme)

quarta-feira, dezembro 07, 2016

Uma Escolha de Última Hora...

Para escolher as 50 fotografias com a Ponte Sobre o Tejo para a minha exposição que será inaugurada na sexta-feira, tive como ponto de partida 120 imagens. Depois umas foram desaparecendo, ao mesmo tempo que surgiam outras novas do lado de lá (notei que tinha muito mais fotografias da Margem Sul que da Margem Norte...). 

O mais curioso foi ter ido buscar uma fotografia que estava de fora para o cartaz... que acabou por entrar à última hora na exposição.

É a fotografia que ilustra estas palavras, e foi escolhida pelas pessoas, embora a maioria das imagens da exposição estejam limpas de gente. Elas próprias parecem estar a ver a "exposição", foi isso que pesou na escolha e não a sua qualidade...

(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, dezembro 06, 2016

Trazer Gente para a Mesa...

Se há qualidade que os meus amigos da "Tertúlia do Bacalhau com Grão" têm, é a de trazer gente para a nossa mesa, quase sempre por bons motivos, exaltando, não as suas melhores qualidades, mas aquilo que possuem de "mais literário".

O que mais me chama a atenção são as "alcunhas", algo que se perdeu no tempo. Houve uma época em que uma boa parte das pessoas eram mais conhecidas pelos nomes que se colavam a eles, fruto das várias contingências da vida, que pelos nomes de baptismo. E esses quase "cognomes" muitas vezes chegavam aos netos...

É dessa forma que surge na nossa mesa o "Capitão Galã", que estava invariavelmente bêbado e que não tinha grandes atributos para merecer estes dois epítetos. Mas se calhar foi por isso mesmo que foi promovido a "capitão" e ainda recebeu o miminho de "galã"...

Foi também numa mesa, mas com outros amigos, que recordámos uma personagem que nem era grande coisa, mas tinha uma alcunha das boas, o "Pisa-Campas". Nunca soube quem foi o padrinho, mas talvez fosse coisa do João Bugia, sempre danado para a brincadeira. Neste caso o nome fazia sentido, porque o moço em questão gostava muito pouco de correr e se pudesse dava aulas por "video-conferência"... Só que em vez de o colocarem a "pisar ovos", a "malandragem" enviou-no para o cemitério...

(Fotografia de Henri Cartier-Bresson)

segunda-feira, dezembro 05, 2016

Relógios de Corda com o Tempo a Fugir

Hoje foi um daqueles dias com menos horas que as dos relógios de corda...

Pelo menos é a sensação que experimento, quase no virar do dia. Comecei mais cedo e acabei mais tarde, sem conseguir fazer tudo o que era preciso.

Até o almoço foi rápido. Não fizemos sala nem conversámos tanto. Todos tínhamos coisas para entreter o tempo. Também sentimos a falta do Carlos.

E mesmo assim sei que fiz muitas coisas. Mas não todas...

Espero que amanhã não acabe o dia com esta estúpida sensação, de não ter feito tudo o que era preciso fazer.

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, dezembro 04, 2016

O Cigarro a Caminho da Clandestinidade...


Estava sentado no café à espera de uma companhia melhor que a chuva. O "vai e vem" da mesa ao lado chamou-me a atenção que ali já não era possível beber uma bica e fumar um cigarro em simultâneo, um prazer desfeito na maior parte dos lugares públicos...

Eu que nunca fui fumador fiquei a pensar que este vício caminha para a clandestinidade, com as pessoas que gostam de saborear o tabaco a serem tratadas como cidadãs de segunda, quase a caminho da "criminalidade".

Se esquecermos os alunos das escolas (especialmente as meninas da escola que fica a uma centena de metros deste lugar onde escrevo, que gostam de fumar e dizer caralhadas, em nome da "liberdade"), já ninguém usa o cigarro como instrumento social.

Lembrei-me agora que só tenho um amigo que fuma desalmadamente, capaz de acender cigarros uns atrás dos outros. Em reuniões com mais "nervo" chega a acender dois cigarros quase em simultâneo, sem se aperceber. É a única pessoa que me consegue perfumar a roupa de uma forma desagradável e que suscita a pergunta da ordem em casa: «Onde é que andaste? Que cheiro horrível!»

Sorri ao pensar no Vitor, que tantas vezes fumou nas mesas deste café e que nunca foi incomodativo... Eram outros tempos, em que o "hábito fazia o monge"...  E claro, éramos mais tolerantes e despreocupados com os malefícios do sal, do açucar ou do tabaco...

(Fotografia de Georges Dambier)

sexta-feira, dezembro 02, 2016

Quando os Livros Quase que Pedem para ser Lidos...

Caminhava rente à estante de literatura portuguesa da biblioteca, quase à espera de um sinal, por gostar de acreditar que talvez  um dos daqueles livros usados fosse capaz de me fazer parar, para de seguida saltar para as minhas mãos e viajar comigo dali para fora, para ser lido, algo que não acontecia há uns bons anos...

Foi quando o Ramalho Ortigão mexeu no bigode e me mostrou uma palavra quase mágica: Paris.

Quando dei por ela trazia dois livros na mão, ambos escrito pelo Ramalho das "farpas", de quem nunca tinha lido um livro...

E agora tinha nas minhas mãos, a sexta edição de "Em Paris", editada pela Livraria Clássica Editora em 1958 e "Banhos de Caldas e Águas Minerais", da mesma editora, datado de 1944, com uma introdução de Júlio César Machado e sem número de edição (seria a primeira?).
O primeiro livro veio por causa da tal "palavra mágica", o segundo por curiosidade, pelo que poderei descobrir sobre as Caldas da Rainha, pelas palavras de um seu frequentador dilecto.

E agora tenho de lhes fazer a vontade: lê-los...

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, dezembro 01, 2016

Vale Tudo Menos Morder a Língua...

São quatro mulheres, todas com idade para serem minhas mães. Se as quiser encontrar basta passar de manhã pelo "meu café".

Cada uma delas continua a valer pelo menos três páginas de jornal, tais são as novidades que trocam sobre o que se passa nas suas ruas e  também na rua dos outros. Têm uma particularidade que as une e transforma quase em editoras: sabem mais da vida dos outros que da sua própria vida.

Infelizmente as suas páginas cada vez têm mais notícias de necrologia. Sei que preferiam o tempo em que ofereciam na primeira página a "fotografia" da amante de qualquer "bom rapaz" que viram crescer, porque como uma boa parte das mulheres antigas, acham que são sempre "elas" que fazem e desfazem lares.

Hoje lembrei-me que se ainda fossem a tempo de  ter "facebook", eram meninas para se tornarem-se rainhas dos "likes".

Foi também por isso que pensei que o género de conversa que sempre cultivaram, aproxima-se mais das "revistas cor de rosa" (coitadas no seu tempo só existiam a "Crónica Feminina" e a Plateia"...) e das "redes sociais", que do mundo dos jornais...

(Óleo de Armando Barrios)

terça-feira, novembro 29, 2016

As Nossas Histórias que Ficam Fora dos Livros...

Não nos encontramos todos os dias, por não vivermos na mesma cidade e também por nem sempre termos histórias para inventar e contar um ao outro.

Sim, contamos quase sempre um ao outro as histórias que nunca iremos escrever... Posso mesmo acrescentar que se tornou um vício.

Gostei da história que me contaste, um policial a espaços delicioso, com suspense, humor e personagens dignas de qualquer livro escuro. Disse-te que desta vez podias fintar a "superstição do escritor" e transformar em realidade a história que me ofereceste. Sorriste antes de dizer que não.

E faz sentido. Ambos sabemos que as histórias que contamos aos outros ficam demasiado "gordas" para caber dentro dos livros.

No mundo dos livros como em tantos outros, "o segredo continua a ser a alma do negócio"...

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, novembro 28, 2016

Revoluções e Palavras em Novembro

Falava-se do 25 de Abril por ser 25 de Novembro.

No início eram quase a "antítese" (o céu e o inferno), mesmo que na mesa estivesse alguém que tinha feito parte deste último movimento, que apenas queria devolver a democracia ao país, acabar com os exageros cada vez mais perigosos, de tantos esquerdistas agrupados em mil e um partidos, que tanto poderiam ser maoistas, como marxistas e leninistas. As amplas liberdades deram-lhes a possibilidade de andarem armados (também em parvos, mas andavam mesmo com armas de verdade). Habituaram-se a ocupar tudo o que parecesse vazio, sempre em "nome do povo" (que costas tão largas que tu sempre tiveste...).

Foi então que a memória os recordou desses tempos cheios de "polícias" (quase todos gadelhudos e com barba revolucionária...), que tiveram o seu auge no dia 28 de Setembro, um dos dias em que puderam virar quase de pernas para o ar todos os carros que lhes apareceram à frente...

Eu sabia que o 25 de Novembro não tinha sido feito para que tudo voltasse a ser como dantes. Para que as famílias exiladas no Brasil e em Espanha regressassem com vontade de "reconquistar" os seus impérios nacionalizados (o que acabou por acontecer, mais ano menos ano...), ao mesmo tempo que se fingiam "vitimas" e pediam indemnizações milionárias ao Estado (e não é que alguns as receberam mesmo?).

Entretanto voltei ao presente. 

E não é que dois dias depois das "iscas" o "melhor administrador de bancos deste país" (só pode ser isso ou algo parecido...) pediu a demissão. 

Um homem passeava na rua com uma folha que parecia um mapa e que abria aqui e ali, para mostrar que fulano era filho de beltrano e neto se sicrano. Talvez por um mero acaso, lá voltavam as velhas famílias, que sempre se "governaram bem" neste país, ora disfarçados de banqueiros, ora de empresários, e sempre "de sucesso!", à baila...

E eu fiquei a pensar que mais importante que saber de onde tinham vindo tantos ministros, secretários de estado, deputados e gestores, com nomes que eram tão familiares a Salazar, era o que tinham feito para chegar até aqui...

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, novembro 27, 2016

O Bom Jornalismo, as Mentiras e as Redes

Nunca foi tão necessário o bom jornalismo, numa época em que parece ter deixado de existir o meio termo e que querem empurrar o "bom senso" para longe. Até porque só o bom jornalismo poderá derrotar as  notícias "falsas" que se tornaram moda nas redes sociais...

Há acontecimentos que fazem com que algumas pessoas façam exercícios de memória. É o que tem acontecido com a despedida do "Diário de Notícias" do seu bonito edifício num dos lugares mais nobres de Lisboa. No meio de algum lamechismo também  têm aparecido boas crónicas (nos jornais e na blogosfera).

Ontem quando ainda estava sozinho no café escrevi sobre "os jornais onde nunca irei escrever", até por depois dos cinquenta os sonhos serem diferentes... prendem-se menos com lugares e cargos (até por ser a partir desta fasquia que começamos a ser empurrados para o clube dos "velhos"...). Também só me lembrei de referir dois títulos, "A Bola " e o "Diário de Notícias". Sim, são os únicos onde escreveria com gosto, se fosse convidado para tal. Isso não acontece apenas por serem duas "instituições" no mundo do nosso jornalismo, são também os primeiros jornais que me habituei a ler no começo da adolescência.

Dos desaparecidos também lia com gosto (nos seus bons tempos...) o "Diário Popular", o "Diário de Lisboa" e "A Capital", curiosamente todos vespertinos, algo que acabou, pois deixaram de existir jornais da tarde...

Com a chegada de um amigo, a prosa de café foi interrompida.

Falámos de outras coisas, distantes do mundo dos jornais e das notícias. Mas o bom jornalismo continua a ser necessário. Claro que só há bom jornalismo com bons jornalistas. Sei que hoje se mente com facilidade por todo o lado, a começar nos políticos (perderam de vez a noção do ridículo...), mas quem tem como missão a procura da verdade, doa a quem doer, não pode ter preço nem medo de incomodar os vários "poderes instalados".

Nota: Esta é a minha opinião, mesmo que vá contra a nossa realidade, em que o jornal que mais vende, é aquele que mais explora as meias-verdades e que não aceita ser neutro.

(Óleo de Francis Luís Mora)

sábado, novembro 26, 2016

Mais um Mito que Desaparece...

Mesmo que Fidel Castro me desperte simpatia, por ter sido sempre um lutador e um resistente (especialmente contra os EUA...), não esqueço que foi um ditador. 

Não sei se fez mais bem que mal a Cuba, mas acredito que a balança se incline para o lado positivo, por nunca ter sido um "mal amado" pelo seu povo, pelo tempo que durou no poder e também por ter saído pelo próprio pé (ainda que se tenha feito substituir como se vivesse numa monarquia...).

Mas Fidel nunca foi um paladino da liberdade, pois fez tudo menos respeitar aqueles que pensavam de maneira diferente no seu país (perseguiu, mandou prender e - no mínimo - torturar...).

É mais um "mito" que nos deixa, ainda que nunca tenha atingido a popularidade de Che, que se distanciou dele e morreu antes de tempo...

(Fotografia de autor desconhecido)

sexta-feira, novembro 25, 2016

Arte de Rua da Boa...


Em três imagens com ângulos diferentes conseguimos ver coisas diferentes... E não se trata apenas de ilusão de óptica.  Na primeira é o que é, "sucata pintada".


Na segunda imagem todos os materiais utilizados começam a ganhar vida e a querer ser alguém.


Mas é preciso olharmos a imagem bem de frente para darmos de caras com o "animal". E deixarmos de fazer quase figura de "urso"...

Fotografias de Luís Eme - Obra de Bordalo II rente ao Centro Cultural de Belém)

quarta-feira, novembro 23, 2016

Árvore de Outono à Beira Tejo

Hoje de manhã andei a passear pelos campos, sem perder o Tejo de vista, na zona do Monte da Caparica.

Uma das boas surpresas que encontrei foi esta árvore, quase outonal.

Apesar do frio de Novembro o Sol estava bastante brilhante e intenso (fiz bem "vadiar" hoje porque, segundo os meteorologistas, amanhã espera-nos um dia cinzento)... 

(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, novembro 22, 2016

Porque Partimos (ou não)...


Eu sei que as pessoas que escrevem nos jornais quando não têm assunto, inventam (também já me aconteceu... e acontece aqui no blogue). É por isso que algumas ideias muitas vezes repetidas vão-se tornando "verdades"...

Uma das coisas de que continuo a ter dúvidas da sua veracidade, é a história de que quem parte são os melhores, e que sempre foi assim. Quanto muito é mais uma daquelas "meias-verdades" que somos bons a explorar e nos levam a viajar pelo menos até aos descobrimentos...

Esquecem-se é que quem partia nessas "empreitadas" de há quinhentos anos era o "povo", eram aqueles que pouco ou nada tinham para comer, e que aceitavam com maior facilidade o risco de partir para o desconhecido, muitas vezes para a "morte"...

Mesmo durante os grandes períodos de emigração, quem partia era quem vivia pior, e como ambicionava a mais qualquer coisa, partia... Mais uma vez, não eram os melhores de nós. Quando muito eram os mais atrevidos e ambiciosos.

Sei que hoje as coisas são um pouco diferentes. Por que se procura uma emigração de qualidade, gente já formada que faz falta aos países mais desenvolvidos (médicos, engenheiros, enfermeiros, arquitectos, etc).

E mesmo quem faz mutações internas, quem muda apenas de terra, não o faz por ser melhor ou pior. Não vou dizer que é o "destino", para não dar um ar fadista a esta prosa, mas acaba por ser a soma de vários acasos. Eu por exemplo, deixei as Caldas, aos dezoito anos. Além de saber que se continuasse por lá, teria o futuro muito condicionado, não me sentia bem a "respirar" aquele ar. Aquela mentalidade pequeno-burguesa não cabia dentro de mim. Mas não havia qualquer tipo de valorização, de ser melhor ou pior que os outros, que ficaram.

Acho que também tem muito que ver com uma frase utilizada pelo anterior governo, que convidava as pessoas a saírem da "zona de conforto" (embora nessa altura fosse utilizada com outro sentido, de fazer com que as pessoas não ficassem à espera de empregos que nunca mais iriam existir...). Se te sentes bem na tua pele, no teu emprego e na tua casa, não precisas de ir para fora...

(Fotografia de Luís Eme - ainda não sei se vou utilizar esta imagem na minha próxima exposição, mas já tem título: "Pisar o Mundo")

segunda-feira, novembro 21, 2016

O Jornalismo Com e Sem Rede...

Continuo a pensar que os blogues são ligeiramente diferentes das "redes sociais" (mesmo que sejam incluídos por muito boa gente nestas novas formas de comunicar), por não resumirem a sua existência a frases curtas, fotografias de ocasião e exploração de casos polémicos, quase ao segundo. E claro, permitem que exista uma distância saudável entre os gestores e os os comentadores. 

Nos últimos tempos (graças às eleições americanas...), o facebook tem sido o alvo escolhido para as críticas de jornais e de jornalistas.

Eu ao não ter - ou frequentar - esta ou outras "redes", acabo por passar ao lado de muitas coisas "interessantes", especialmente para quem gosta de "mexericos". Mas estou longe de diabolizar estas formas de comunicação. Até porque basta-me analisar a matéria jornalística do diário que mais vende no nosso país - desde os títulos da primeira página aos seus conteúdos -, com as meias verdades e alguma ficção (apostam na notícia-novela, com episódios quase diários...) a serem transformados diariamente em notícias, para preferir ficar a ver as barcas a passarem no rio em vez de apontar dedos. 

Por fazer autocrítica, sei que bom era que alguns jornalistas e comentadores olhassem mais para o "mundo" que os rodeia e menos para o seu umbigo...

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, novembro 20, 2016

O Natal Continua a Ser Antecipado...

Há vários anos que se antecipa o Natal.

Onde se nota mais esta antecipação é nas iluminações das ruas, que duram de um a dois meses, dependendo apenas da boa ou má vontade dos "alcaides das terras"...

Na publicidade nem vale a pena falar, tenho impressão que já se anuncia por aí o Natal desde Setembro. 

Às vezes pergunto aos meus botões se toda esta "febre" não se torna demasiado cansativa, acabando mesmo por "matar a galinha dos ovos de ouro"...

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, novembro 19, 2016

A Ciência Portuguesa Premiada

Elvira Fortunato, cientista e professora almadense, recebeu hoje a "Medalha Blaise Pascal", da Academia Europeia das Ciências.

Apesar de sermos o que somos, não deixa de ser uma boa notícia para o nosso país. Nem tão pouco importa que nos últimos anos tenhamos formado excelentes investigadores, que depois são convidados a emigrar, porque por cá não existem empregos para eles, muito menos dinheiro para investir nos seus projectos de investigação...

Elvira Fortunato é a excepção que confirma a regra.

(Fotografia de autor desconhecido)

sexta-feira, novembro 18, 2016

Uma Fotografia Entre o Privado e Público

É daqueles casos para dizer; «nem de propósito» (escrevi sobre isso há poucos dias...). 

Pois foi, estava à espera do cacilheiro e de repente vi-o a aproximar-se e apeteceu-me fotografá-lo. Depois de tirar a fotografia, reparei num segurança que tinha surgido do nada e que devia ter pensado que eu queria "entrar pela saída" para não pagar bilhete. Descansei-o que só estava a tirar uma fotografia. Foi então que me informou que era proibido tirar fotografias naquele espaço "privado".

Eu apenas lhe perguntei como é que um espaço de passagem de tanta gente, podia ser entendido como privado? Ele disse mais qualquer coisa mas eu limitei-me a sorri-lhe e fui apanhar o cacilheiro.

Mas fiquei a pensar que há realmente uma grande confusão na cabeça das pessoas entre o que é público e o que é privado...

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, novembro 17, 2016

Tanta Malta que Ficou à Porta...

Embora Almada tenha fama (e algum proveito...) de ser uma "Cidade de Teatro", é sobretudo uma Terra de muitas culturas. Há muita gente que escreve, muita gente que pinta e muita gente que toca e canta...
Provavelmente, se esquecermos Lisboa e Porto, não deve haver uma outra cidade do nosso país, com tanta actividade cultural e tantos criadores.
Mas o que eu quero falar é de música, das "memórias" que ficaram de uma quase revolução musical que se iniciou no final dos anos 1970, que ficou conhecida como "rock cantado em português", que foi iniciada com o "Chico Fininho" do Rui Veloso e se espalhou de Norte a Sul. Almada sempre gostou de revoluções, deve ter sido por isso que foi um dos lugares onde surgiram mais músicos e mais bandas a trocar o habitual inglês (quase sempre de praia...) pela nossa língua. homenageados este ano pelo Tim, com o espectáculo e o disco, "À Sombra do Cristo Rei".
Um dos grupos de Almada que achei piada quando ainda vivia no Oeste  foram os "Iodo", que vi ao vivo num concerto na Benedita, em que fizeram a primeira parte dos UHF (talvez em 1980 ou 1981...).
Estava longe de pensar que trinta e muitos anos depois iria conhecer um desses rapazes e falar com ele sobre esses tempos, com tanto espaço para sonhos...
Contou-me que em apenas cinco anos tocou em sete bandas e depois mudou de vida, ao perceber que éramos um país demasiado pequeno, sem espaço para todas as bandas que cresciam à volta de Lisboa, como se fossem cogumelos...
Sorriu ao recordar-se que o dinheiro dos espectáculos depois de dividido por todos era uma "miséria". Era por isso que os únicos profissionais das bandas eram os desempregados ou os desocupados a tempo inteiro. E depois ainda havia uns tipos que tinham a mania que eram os "lideres" das bandas, que achavam que deviam ganhar mais que os outros...
Confessou-me ter uma admiração especial pelos "Xutos", por terem conseguido sobreviver a muitas "batalhas" e a tantos "filhos da puta". Sublinhando que são a única verdadeira banda de culto do rock português.
Conversámos sobre mais coisas, mas confesso que me soube a pouco. Mesmo sem estar a pensar fazer a "história do rock português em Almada", fiquei com curiosidade sobre várias personagens que foram aparecendo ao longo da conversa. Ou seja, temos de repetir este regresso ao "25 de Abril do nosso rock".

(Escolhi este título porque um dos grandes êxitos dos Iodo foi a "Malta à Porta"...)

quarta-feira, novembro 16, 2016

Quando a Normalidade faz Toda a Diferença

Lisboa continua a ser mesma cidade de sempre, simples, bonita, calma, acolhedora e barata.

Atributos que num passado recente não eram suficientes para cativar turistas, pelo menos com o volume destes dias fartos em gente, de todas as idades, que nos chegam  das "europas" e das "ásias".

Talvez que dos cinco adjectivos que ofereci a Lisboa, a tranquilidade (calma...) seja o mais apetecível, num tempo em que Paris, Londres, Bruxelas, Berna, Berlim ou Istambul, estão distantes dos tempos em que tinham alguma proximidade com o "paraíso"...

Se por um lado sei que estamos longe de ser um povo optimista, também sei que sermos demasiado distraídos, dá uma boa ajuda, para que Lisboa continue a ser uma cidade onde ainda se pode andar de turbante ou véu, sem chatices de maior..

Mas não deixa de ser curioso, que nos nossos dias seja a normalidade a fazer toda a diferença. E só espero que continue a ser assim por muito tempo.

(Fotografia de Luís Eme)