quinta-feira, outubro 31, 2019

Um Dia Bom para a "Caça às Bruxas"


As modernices que nos foram chegando das américas, dizem que hoje é um dia bom para a já medieval "caça às bruxas".

Embora as pessoas sejam livres de fazerem o que lhes apetece com os prémios literários que organizam (até podem pôr uma cláusula que ele só pode ser entregue a alguém da "irmandade"...), quando estes adquirem importância nos meios literários (como é o caso do PrémioLeya), podem e devem ser discutidos.

Neste caso particular, nem sequer preciso de libertar os "caçadores de bruxas", qualquer pessoa normal achará estranho que um prémio com 409 concorrentes, não seja atribuído pela falta de qualidade dos mesmos...

E quando os argumentos falam de "limitações na composição narrativa" e "fragilidades estilísticas", a coisa até se pode considerar hilariante, mesmo que não tenha graça nenhuma, pelo menos para as mais de quatro centenas de candidatos à vitória...

(Fotografia de Luís Eme - Vila Nova da Barquinha)

quarta-feira, outubro 30, 2019

Ler e Sentir a Falta de Qualquer Coisa...


No meu trabalho de pesquisa, tenho consultado várias revistas antigas.

Ao lê-las sinto quase sempre que falta qualquer coisa, que podiam, e deviam ser, mais interessantes para o leitor. 

Sei que os tempos eram diferentes, não éramos tão exigentes e o mundo era muito mais curto e estreito, especialmente o nosso, tão fechado ao que estava para lá das nossas fronteiras, à imagem do ditador que esteve quase quatro décadas no poder. 

Ele não gostava de viajar, ao ponto de nunca ter saído do país - se ignorarmos a meia dúzia de vezes que foi "comprar caramelos a Badajoz e beber um chá com o Franco"...

A má lembrança de Salazar fez com descobrisse a "pólvora", que me recordasse que a censura e os censores, eram peritos em roubar palavras e em "espetar facas no coração" das crónicas e das reportagens...

Pobres dos países que são governados por quem precisa de uma  "PIDE" e de uma "Censura" para se manter no poder...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

terça-feira, outubro 29, 2019

Um Recado...


Noto que há muitos dias que não escrevo um poema.

Falta o momento, o motivo, ou ainda, outra coisa qualquer...

Estive a reler alguns poemas meus e fixei-me no "Recado"...

Nestes tempos
de economia de palavras
de economia de afectos

Informo que hoje 
não venho jantar
muito menos dormir

Apetece-me alguém
com quem conversar

Apetece-me alguém
com quem sorrir

Apetece-me alguém
com quem amar...


(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, outubro 28, 2019

As Segundas Oportunidades Literárias...


Lermos o livro errado pode afastar-nos de grandes escritores. 

Felizmente há sempre a possibilidade de lhes darmos uma segunda oportunidade, quando aparece um outro livro, quase a piscar-nos o olho... E como sabe bem percebermos que afinal ele é diferente, para melhor, do que pensávamos...

Claro que haverá sempre dezenas de autores, a quem eu não darei uma segunda oportunidade, mas como todos sabemos, nunca iremos ler todos os livros que temos em casa, muito menos os que se mexem nas prateleiras das bibliotecas à nossa passagem (só falta acenarem)...

Isso aconteceu com Paul Auster (graças a "O Livro das Ilusões") e também com Arturo Pérez-Reverte (bela surpresa "A Tábua de Flandres"...). Agora fiquei na dúvida, se fui eu, ou eles, quem deu  a quem, uma segunda oportunidade...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

domingo, outubro 27, 2019

Este Mar de Enganos, em que Navegamos...


Toda este mundo virtual que nos invadiu a vida, cheio de boas informações (ainda há pouco estive a ler sobre a vida de uma extraordinária mulher, chilena, que nos deixou aquela que é considerada a mais bela canção da língua espanhola - falo da Violeta e de "Gracias a la Vida"...), também é um mar de enganos... com os mesmos perigos de um verdadeiro oceano (sim tem tubarões e adamastores...).

Todo este "teatro da vida"  é de tal forma ilusório, que até nos permite entrarmos num "filme" (ao nosso gosto) e sermos outra coisa, mais bonita, mais atraente e mais interessante...

É também por isso que deixo por aqui o belo poema, que durante muito tempo foi divulgado como da autoria da nossa Sophia (quase a fazer cem anos...)

O Mar dos Meus Olhos
  
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
... Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes
e calma.


Adelina Barradas de Oliveira

Porque mesmo tendo mudado de autora, o poema da Adelina, não perdeu a beleza...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

sábado, outubro 26, 2019

As Palavras e o Silêncio...


Sei que estou mais comedido a falar com pessoas que não conheço bem sobre o dia-a-dia. E então se for para dizer mal dos políticos, dos polícias, dos médicos, dos professores, dos enfermeiros... Não há qualquer hipótese de diálogo.

Só os meus amigos é que conseguem que me "liberte" e diga coisas quase terríveis, misturadas com outras, divertidas, sobre estes tempos com demasiadas cores (mesmo que muitas desapareçam com os primeiros pingos de chuva...).

Os "70" foram tema de conversa, assim como o bloco central, que sempre pareceu uma "cozinha", pela quantidade de tachos e panelas e também de ingredientes diferentes (para tantos paladares...). 

Como não podia deixar de ser, também se criticou, de alto a baixo, a sua qualidade. A deixa foi aproveitada para se alargarem horizontes e se trazerem, à vez, para a mesa, os actuais líderes do mundo, que usam e abusam da meia branca e dos penteados exóticos. Enquanto eles iam dizendo raios e coriscos, lembrei-me do Hitler, do Salazar, do Franco e do Estaline, mas fiquei em silêncio...

O mundo nunca foi um lugar muito recomendável para se viver, na paz do senhor (ou da senhora)...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

sexta-feira, outubro 25, 2019

Dia Inteiro e Limpo


Mesmo que estejamos a caminhar para o fim do mês de Outubro, ainda é possível saborear dias, inteiros e limpos, ao gosto da Sophia, como o de hoje...

Os turistas ainda se passeiam por aí, de Lisboa a Cacilhas, de calções e camisa, porque frio para eles, tem neve no horizonte...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

quinta-feira, outubro 24, 2019

O "Crítico" que Está Dentro de Nós...


Acontecem-nos coisas ligeiramente estranhas, que só são estranhas porque pensamos e temos também dentro de nós um sentido crítico (mesmo ao lado dos pensamentos...), que pode ser mais ou menos aguçado.

Estava a fazer compras no supermercado (perto da peixaria...), quando uma senhora se aproximou de mim e perguntou-me se eu a podia ajudar e comprar-lhe salmão. Disse-lhe que não e virei as costas.

Mas fiquei a pensar porque razão a senhora me tinha pedido ajuda para comprar salmão (que normalmente custa o dobro da dourada ou robalo) e não peixe...

Lembrei-me da sabedoria popular, que nos diz que "não devemos ser pobres a pedir", embora pudesse arranjar mais meia-dúzia de ditos com sentido contrário.

E também pensei que me deveria limitar a dizer não, sem ter de fazer uma "análise crítica" ao pedido da senhora... Mas desculpei-me quase se seguida, ao lembrar-me que não passo de um humano pensante e erróneo...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quarta-feira, outubro 23, 2019

Escrevemos Quase Sempre Para Nós...


Escrevemos quase sempre para nós, mesmo quando estamos a pensar nos outros.

Nem sempre enfrentamos esta evidência, olhos nos olhos, por "distracção" ou por "negação".

É mais ou menos isto: não "conseguimos ver" por que não "queremos ver"...

E somos tontos ao ponto de fingirmos, que se não fossem os "outros", nem sequer escrevíamos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

terça-feira, outubro 22, 2019

Sporting, uma Metáfora da Sociedade...


O Sporting é o grande exemplo da dificuldade com que muitas pessoas têm em viver em democracia.

Não só não aceitam a vontade das maiorias, como têm muita dificuldade em conviver com a alteração de regras, que neste caso particular teve como objectivo acabar com benefícios e poderes excessivos (muitos deles sem sentido, como são os das claques...).

Olhando para a sociedade, é notória a falta de respeito, crescente, pelo espaço dos outros e pelas diferenças, todas (de opinião, de cor, de sexo, de religião, de gosto, etc), ao ponto de ter ser o Estado a regulamentar sobre muitas delas (com multas e tudo)...

Fixando-me nos movimentos colectivos, sem querer fazer qualquer comparação, em termos de visibilidade e de poder, assisti em Almada a situações quase surrealistas, na minha experiência associativa de duas décadas e meia.

Percebi que o poder pode "cegar" as pessoas (por muito pequeno que seja), ao ponto de as fazer esquecer as regras democráticas. Muitas delas acham que estão sempre certas e não conseguem viver sem o seu "quero, posso e mando".

O cúmulo desta atracção pelo poder aconteceu com duas pessoas, que ao serem derrotadas, democraticamente, saíram para fundar os seus clubes (onde podiam fazer o que queriam - curiosamente mantêm-se como presidentes desde a sua fundação...). 

Talvez todas estas pessoas gostem mesmo é de viver em ditaduras, e se sintam mais em "casa" com a repressão que com a liberdade...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

segunda-feira, outubro 21, 2019

As Coisas Aparentemente Simples da Vida...


Contínuo a pensar que somos sempre mais influenciáveis do que aquilo que parece, por tudo aquilo que nos rodeia.

É por isso que numa cidade suja torna-se mais fácil deixar cair um papel para o chão, que num lugar limpo e agradável.

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)

domingo, outubro 20, 2019

A Esquerda e a Direita Fazem Parte da Nossa Natureza...


Quando alguns "entendidos" dizem que já não se percebe bem onde começa a direita e acaba a esquerda, têm sempre algum interesse obscuro, em se manifestarem desta maneira. Porque há sempre pequenos nadas que nos dizem o contrário, é não é apenas uma questão da utilização dos braços ou das mãos, ou da direcção que seguimos nas estradas e caminhos...

Uma das coisas que nos definem, nesse espaço vasto das "esquerdas" e "direitas" (sempre houve muitas, umas para reinar, outras para dividir e outras ainda para nos confundir...), é a forma como olhamos e nos situamos no mundo.

Eu por exemplo, sem conhecer a fundo a questão dos Curdos, por sentir há já algum tempo a vontade imensa de alguns povos em os exterminar, não consigo deixar de estar a seu lado. O mesmo se passa em Espanha. Aqui já estou mais dentro das várias questões que dividem a Espanha e a Catalunha. E  é sobretudo a falta de bom senso de quem exerce o poder em Madrid, que faz com que seja cada vez mais "Catalão"...

Sei que estas minhas posições, além de humanistas, também são de esquerda.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, outubro 19, 2019

Boas Surpresas no Meio dos Rabiscos...


De vez em quando lá aparece um artista pelo Ginjal e consegue fazer a diferença, deixando a sua marca nas paredes dos muros e dos casarios abandonados há quase quatro décadas...

E quando isso acontece, apetece-nos dizer, " Boa"!

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

sexta-feira, outubro 18, 2019

Rui Jordão (1952 - 2019)


Rui Jordão, antigo avançado do Benfica, Saragoça, Sporting, V. Setúbal e da Selecção Nacional e um dos melhores goleadores do futebol português, deixou-nos hoje.

Embora fosse um extraordinário futebolista, tinha uma personalidade muito peculiar, pois gostava muito de futebol, mas só dentro das quatro linhas. 

Detestava tudo o que rodeava o "desporto-rei", inclusive o "eudeusamento" que se fazia dos jogadores. Nunca se sentiu confortável no seu papel de "ídolo das multidões", por timidez e também por não aceitar as "invasões" que tentavam fazer à sua vida privada...

Foi por ele ser "diferente", que alguns dos seus antigos companheiros não estranharam, que ele assim que abandonou as quatro linhas, se afastasse completamente do futebol.

Apaixonado pelas artes plásticas tornou-se pintor, tendo feito várias exposições, mas mantendo-se distante das "luzes da ribalta". continuando avesso a entrevistas e à exposição pública (tentei entrevistá-lo para o "Record" no início da década de noventa, sem êxito...).

A escolha desta fotografia - de autor desconhecido - não é de todo inocente. Jordão foi de todos os "novos eusébios" que foram aparecendo no futebol português, aquele que foi mais bem sucedido, conseguindo fintar este estereotipo, criando uma identidade própria e um estilo singular, ficando "imortalizado" na história do futebol como Jordão, a "Gazela de Benguela".

quinta-feira, outubro 17, 2019

Muito Turismo - Pouco Fólio...


Fui às Caldas e antes dei uma saltada por Óbidos.

Fui muito bem recebido por uma boneca que me esperava à janela.

Dei um giro pela Vila e, curiosamente vi muito turismo, alguma ginja e pouco Fólio...

(Fotografia de Luís Eme - Óbidos)

quarta-feira, outubro 16, 2019

Modas Estranhas (de outros tempos, penso eu...)


De vez em quando passo pela Feira da Ladra, mais para olhar toda aquela paisagem humana exótica, que para comprar as mil e uma coisas diferentes, que por ali aparecem.

Uma dessas coisas que achei curiosa foi ver dois meninos tristes dentro de quadros, lado a lado, à espera de comprador.

Fixei a imagem e fiquei a pensar por que razão havia o hábito de colocar estas gravuras com meninos tristes (muitas vezes mesmo com a lágrima no olho...) nos quartos de crianças.

Nem eu escapei a esta moda estranha, e também tive "um menino triste" na parede do meu quarto...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

terça-feira, outubro 15, 2019

Impressões quase Digitais...


Estamos a conversar quando apareceu um amigo comum, que nos disse um olá e depois continuou a sua marcha, quase rápida.

O mais curioso, foi termos trabalhado juntos, em lugares e situações diferentes.

Sem que eu pedisse qualquer definição, ela disse que o que mais gostava dele, era nunca falar de doenças nem dizer mal dos colegas...

Compreendi o que me quis dizer. Uma das coisas mais comuns no trabalho é dizer-se mal dos colegas, nas suas costas. E sim, a partir de certa idade (acho que dos quarenta...) há também o hábito estúpido de acrescentar as doenças às conversas do dia-a-dia (o que é sempre doentio)...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, outubro 14, 2019

uma bela memória dos dias de sal...


Tinha pensado escrever algo sobre o "rastilho" que se acendeu hoje na Catalunha... Mas ao chegar a casa tinha um recado, um vizinho tinha recebido uma encomenda para mim.

Era um livro. Belíssimo. Com mais preto que branco, todo ele poesia, das imagens às palavras...

Sim,  este é o meu primeiro olhar, só de folhear, embebecido, as suas páginas.

O marcador estava preso no poema, que quis ficar na fotografia, também ela com as cores que tanto gostas... e que melhor ilustram "a permanência da memória dos dias de sal".

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

domingo, outubro 13, 2019

O Espaço Público (cada vez mais aberto)


Li no mês passado uma frase sobre a fotografia nos nossos dias, com a qual concordei.

Sérgio C. Andrade escreveu no Público que: «Com a popularidade (e problematização estética) da fotografia anónima há cada vez menos uma sensação de voyeurismo no acto de "entrar" no quotidiano alheio sem ser convidado.»

Pois é, por muito que procuremos defender a nossa imagem no espaço público, isso começa a ser uma coisa praticamente impossível, tantas são as máquinas e os telemóveis (muito mais que as máquinas...) a quererem fixar o espaço por onde circulamos... 

A coisa mais fácil que temos de fazer é virar a cara para o lado, parar (até para não "estragarmos a fotografia"), quando percebemos que estão a querer retratar algo próximo de nós.

Por mais "legalistas" que queiramos ser, o direito à privacidade no espaço público é algo que se pode dar como perdido, principalmente nas grandes cidades...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

sábado, outubro 12, 2019

A Paternidade do Acordo Ortográfico


Hoje o "Expresso" dá voz aos pais do acordo ortográfico, com Malaca Casteleiro, sua eminência parda, a dizer algo como:

«Não se pode voltar atrás, iríamos atraiçoar as novas gerações. Não é possível nem honesto nem justo», quando foi questionado sobre a possibilidade de uma eventual revogação do documento.

Eu diria, que a sua implementação escolar (as "criancinhas" das escolas continuam a ser o argumento mais utilizado na sua defesa, não a sua qualidade...) é que não foi honesta, nem justa. Embora tenha sido estrategicamente bem delineada...

Tudo isto é demasiado sério para se cair na tentação de recorrer ao humor de Ricardo Araújo Pereira, mas quando os "pais do acordo" se chamam Malaca Casteleiro e Evanildo Bechara, é difícil fugir...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, outubro 11, 2019

Um Outro Olhar (cru)...


O que mais sobressai da minha margem, vista de Lisboa, são os montes, mais castanhos que verdes. Montes que escondem a cidade... 

Cacilhas é a única coisa visível... o Ginjal são ruínas, também elas descoloridas. Junto ao elevador há um "rasgo" na montanha, que permite ver o casario lá no alto...

O Cristo-Rei é o único "arranha-céus" que se aproxima do céu...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quinta-feira, outubro 10, 2019

«Ler? Não! Só passeio os livros.»


Sempre que me cruzava com aquele homem bem vestido e perfumado (como quase todos os homens que gostam de outros homens...), interrogava-me se ele lia mesmo todos os livros que trazia numa das mãos, encostado ao peito.

Interrogava-me, embora soubesse a resposta. Não acreditava que alguém andasse todos os dias a passear um livro, sem o ler... E que não amasse os livros.

E também sabia que se alguma vez lhe fizesse essa pergunta ele me responderia: «Ler? Não! Só passeio os livros.»

Porque há perguntas parvas que só merecem ter respostas parvas...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

quarta-feira, outubro 09, 2019

Estão Mesmo a "Roubar-nos" Lisboa...


Ontem estive a beber café com uma amiga, que mora num dos bairros históricos da Capital (que nem sequer fica nas imediações da Baixa...), e que se queixou de tudo, inclusive da "invasão silenciosa", que se vai fazendo, com alguns investidores a comprarem tudo o que pode ser comprado (no bairro dela os franceses são os reis do investimento...).

Já lhe fizeram uma proposta milionária para comprarem a sua casa. O problema é que ela não só gosta da sua casa, como do bairro onde vive há décadas. Embora cada vez tenha mais dificuldade em apanhar autocarros ou eléctricos, vai resistindo...

Mas muitos não resistem, principalmente ao poder do dinheiro. Houve quem comprasse o seu apartamento ao senhorio por 20.000 euros e agora surgem-lhe as imobiliárias a acenar-lhe com meio milhão... E quem já está quase na idade da reforma, vende mesmo. Aluga uma casa nos subúrbios e sonha voltar, um dia destes, às suas origens, porque Lisboa deixou de ser para lisboetas, está transformar-se num "pesadelo diário" para quem lá vive e trabalha...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

terça-feira, outubro 08, 2019

Esta Coisa de "Roubar Rostos" nas Ruas...


A minha sorte é que a maior parte dos "rostos que roubo" são de países distantes, tanto no Ginjal (foto) como na Capital.

Mas durante muito tempo não tirava fotografias a pessoas. Chegava a estar minutos à espera que as pessoas resolvessem dar "corda aos sapatos" para me deixarem a paisagem limpa de humanos.

Depois percebi que esse era um negócio quase impossível e que os humanos faziam parte das geografias das cidades. Comecei a dar preferência às pessoas de costas e de lado (pessoas que podiam ser outras, pois só eram identificáveis pelas roupas...). De vez em quando as pessoas viravam-se e ficavam com o rosto nas minhas fotografias.... Isso fez com que a partir de certa altura deixasse de me preocupar (as pessoas hoje "roubam" todas as paisagens...) muitas percebem que estão a ser fotografadas, outras nem por isso, mas nunca nenhuma me importunou. 

Até que na passada sexta-feira, no começo do Campo Grande, estava parado nos sinais e tirei uma fotografia à estátua (continuo a fotografar tudo o que são estátuas, manias...), com a paisagem humana que por ali estava. Um dos fulanos, de bicicleta, aproximou-se e começou a disparatar comigo que não podia fazer aquilo, tirara fotografias às pessoas sem lhe pedir autorização, etc. Informei-o que tinha tirado uma fotografia à estátua e que não me era possível tirar as pessoas da rua... Ele insistiu e eu acabei a conversa com um "chame as polícia", e virei-lhe costas.

Mas depois lembrei-me que lhe devia ter dito que ele era demasiado feio, para ficar nas minhas fotografias (eu sei que não devia, só ia aumentar a fúria do fulano)...

Mas não me admiro nada, que neste tempo de "falsas liberdades", a gente que deixa que lhe vigiem todos os passos (através dos telemóveis, cartões de débito, facturas, etc),  comecem a andar nas ruas com folhas de "papel selado" e a empunhar cartazes "não quero ficar na fotografia"...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

domingo, outubro 06, 2019

Pequenas Surpresas Eleitorais


As primeiras sondagens das eleições legislativas têm algumas surpresas. A principal é a possibilidade de entrarem mais dois partidos (pelo menos...) para o parlamento, o Livre e a Iniciativa Liberal.

Quando se falava na possibilidade do "desaparecimento" da CDU, quem fica muito por baixo é o CDS de Assunção Cristas. Estou curioso pelo conteúdo do seu discurso (não sei se desta vez haverá alguma possibilidade de se sentir "vitoriosa"...).

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, outubro 04, 2019

Uma Campanha (quase) Vazia de Ideias


Não me lembro de assistir a uma campanha eleitoral tão pouco esclarecedora como a que termina hoje (amanhã é dia de reflexão...).

Todos aqueles que estavam indecisos, ou que não sabiam mesmo em quem deveriam votar, ainda devem ter ficado com mais dúvidas, depois de assistirem a uma campanha com mais "golpes baixos" (especialmente da direita, que ficou de cabeça perdida por ver as sondagens a "roubarem-lhe o chão"...) que ideias...

Felizmente não é o meu caso.

Depois queixem-se com o habitual aumento da abstenção...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quinta-feira, outubro 03, 2019

"Vai Tu!"


Há sempre alguém a querer mandar-nos para qualquer parte, mesmo que o faça cheio de "salamaleques"...

É também por causa desta gente que existe este bar em Lisboa...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quarta-feira, outubro 02, 2019

Museus e História


Se pedirmos definições da palavra museu, pode ser quase uma aventura. Corremos mesmo o risco de receber respostas surpreendentes e distantes do verdadeiro conceito (que não tem de ser único nem fechado...).

João Fernandes, que passou de Serralves para Espanha, numa entrevista à revista "E", ofereceu-nos uma definição simples: «O que diferencia um centro de arte de um museu é este último ter uma colecção. Um museu relaciona-se com a história e constrói uma interpretação sobre ela, porque uma colecção é sempre um exercício de reflexão e a construção de um ponto de vista sobre a história. Construir essa colecção obriga-nos a criar relações entre as obras de arte numa perspectiva histórica.»

Concordo com ele...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)

terça-feira, outubro 01, 2019

A "Troika" e a Ausência de Rissóis e Croquetes...


Uma conversa durante a inauguração de uma exposição passou pela nossa mesa de café, com "bocas" para quase todos os gostos.

Tudo porque em 2019 ainda há quem culpe a "troika" pela ausência de rissóis e croquetes nas inaugurações de algumas exposições, e claro do imprescindível moscatel de Setúbal. 

O Carlos com a sua ironia, lamentou que os organizadores se tivessem tornado forretas, que nem ofereçam um bolinho seco ou uma miniatura, acompanhados por sumos instantâneos...

A conversa mudou de rumo, quando o Jorge disse que as galerias não são pastelarias ou bares, onde as pessoas aparecem apenas para lanchar.

O Rui abanou a cabeça de forma negativa e recordou que as inaugurações são lugares onde se aparece mais para se ser visto, que para ver as obras de arte expostas. E é normal que esta parte mais social (as revistas é que se esquecem de aparecer, para as fotografias...) tenha dificuldade em passar sem os croquetes da ordem.

Como de costume não se chegou a lado nenhum, mas rimos bastante, especialmente com alguns ditos, daqueles que não cabem nos blogues...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)