domingo, dezembro 29, 2019

Somos Bons a Olhar para o Lado e a Brincar às Escondidas com a Realidade


Sei que este título que escolhi, podia alimentar uma boa prosa sobre tantas coisas (da saúde ao ambiente)...

Mas vou escrever sobre algo que está quase esquecido, o acordo ortográfico, que só parece servir a meia dúzia de iluminados, que já deviam ter percebido que basta de se "fingirem de mortos", e que é mesmo necessário discutir e alterar algumas coisas, aberrantes, que não fazem bem nenhum à língua portuguesa. 

Pensava que o bom senso prevaleceria, e que os promotores do acordo seriam sensíveis e que alterariam no tempo certo o que mais fere o português. Vou dar apenas cinco exemplos, que na minha cabeça não fazem qualquer sentido: o Egipto precisa do pê, tal como o espectador do cê, o óptico do pê, o facto de outro cê e  o pára do assento no à.

Alguns defensores do acordo até foram capazes de dizer que quem estava contra, era apenas uma elite cultural. E que eram sempre os mesmos que se manifestavam publicamente contra a nova grafia. Neste último ponto podem ter razão, mas apenas porque a comunicação social só dá visibilidade a quem é conhecido.

Lamento muito o cinismo e a hipocrisia de quem fez este acordo (está quase a chegar aos vinte anos...), que nem sequer é capaz de "dar o braço a torcer", e tentar fazer algo de positivo pela Língua Portuguesa.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

terça-feira, dezembro 24, 2019

Boas Festas para Todos



(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

domingo, dezembro 22, 2019

A Natureza, Sempre Indomável...


Sei que ainda há por aí quem pense que pode "domar" a natureza... Mas o que aconteceu no nosso país, em apenas uma semana (até menos...), transformando um "país seco" num "país molhado", devia servir para muito mais que simples reflexões momentâneas...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

sexta-feira, dezembro 20, 2019

Heróis de Todos os Tempos


Assustam-me as generalizações e a forma como tratam algumas figuras da nossa história. 

Gostava que Afonso Henriques fosse menos "o filho que bateu na mãe" e mais o "conquistador". Mas desta vez os alvos da "troça" eram dois homens de letras (Gigantes)...

E por muito que tentasse, nunca iria convencer alguém, que acha que Luís de Camões e Fernão Mendes Pinto são melhores contadores de mentiras que de histórias. 

Mas também não iria querer gastar qualquer "palavra de latim", com gente incapaz de perceber que a imaginação está muitas vezes, mais próxima da verdade, que os muitos tratados históricos, da autoria dos "escribas da corte", que se limitavam a registar os gostos, as vontades  e os sonhos da realeza...

Foi neste momento que pensei que era giro que o Tarantino descobrisse (e gostasse mesmo a sério deles...) estes dois "Trinca-Fortes" e transformasse as suas aventuras em cinema, mesmo que virasse o Oriente de pernas para o ar.

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

quinta-feira, dezembro 19, 2019

Lisboa e Este Tempo Mentiroso...


Não, não vou falar da visita da "Elsa", nem no rasto que deixou por aí. Sei que se ligar a televisão e perder-me pelos canais de notícias mais fatalistas, haverá notícias trágicas quase para todos os gostos, do muito e pouco que se passou por essa madrugada fora.

Vou sim abordar o tempo que está dentro dos relógios, os minutos que têm menos segundos e as horas que têm menos minutos. Alguém resolveu "dar corda à vida" e ela não consegue girar mais lentamente, por  muito pouco que seja. Às vezes até parece um "carrossel mágico" de qualquer filme  vocacionado para desafiar o perigo, impossibilitado de reduzir a sua velocidade...

É por isso que sabe bem andar em busca de outra cidade, nostálgica e romântica (cuja existência quase que só é permitida nos livros e filmes...), recordar os nomes de ruas e pracetas, colar-lhes um e outro rosto, ver na agora barbearia moderna o café que se enchia diariamente de pessoas, de palavras e de fumo... 

Talvez devesse ficar aliviado por as gentes com quem me cruzo, não me oferecerem nada de melancólico, com os seus cabelos claros e roupas leves, mesmo em Dezembro. Substituíram as mulheres com lenço na cabeça, meio curvadas pelo peso do saco das compras diárias e os homens com barba por fazer e cigarro no canto da boca, em busca de qualquer trabalhito de última hora (mas não consigo, porque vivo preso à literatura e ao cinema...).

Tanta coisa que foi roubada pelo "progresso". Nem o buraco na calçada, quase à porta da boa da Graça, que era bom para se lavar os sapatos no inverno, escapou... 

Se por um lado finjo que não ando em busca "do tempo perdido", por outro, sinto que o meu relógio está avariado há já algum tempo...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

terça-feira, dezembro 17, 2019

A Realidade é Tramada...


Não sabia se era exactamente assim, apesar da Laura insistir que o hábito de as pessoas fingirem na vida, acabava por as levar a experimentar os palcos, embora ela dissesse que falava por experiência própria.

«Se já tens de representar na vida, porque não fazeres disso profissão, e ainda ganhares bom dinheiro?»

Esta parte fez com que fizesse algumas caretas, e a trouxesse de volta ao "mundo",  onde eram muitos poucos os actores que ganhavam o tal "bom dinheiro". A maior parte limitava-se a "sobreviver". Outros nem isso. 

A realidade é quase sempre tramada...

Nem precisei de lhe recordar que, tínhamos passado por um cartaz de uma imobiliária, onde estava a fotografia e o nome de uma mulher que quando era mais jovem quis ser actriz... Ou que o empregado de mesa do lugar onde tínhamos almoçado, chegara a fazer parte de uma companhia de teatro, antes da famigerada "troika"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, dezembro 16, 2019

Mais uma "Facada" no Jornalismo...


A demissão de Maria Flor Pedroso, como directora da informação da RTP, é apenas mais uma "facada" no jornalismo, que se dizia livre e pluralista, transformado numa coisa diferente, que já não consegue fugir do mundo do espectáculo e da "guerra" das audiências.

É possível que muito boa se reveja nas "justiceiras" televisivas, com rostos e nomes (Ana Leal, Alexandra Borges, Sandra Felgueiras ou Tânia Laranjo), que gostam de montar reportagens  cheias de pontas soltas, porque o que é realmente importante é apontar o dedo a alguém, tendo quase sempre como base, as famosas  "denúncias anónimas"...

É assustador o gosto que os portugueses continuam a ter pelo papel cobarde, do "bufo"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

domingo, dezembro 15, 2019

O Adeus da "Musa de Godard"


Anna Karina, actriz e escritora, companheira e musa de Jean Luc Godard, deixou-nos ontem.

Gostei particularmente da crónica de hoje de João Lopes no "D. Notícias" (que transcrevo com a devida vénia), que ainda por cima faz de tema principal um filme realizado no ano em que nasci:

«Em Viver a sua Vida (1962), um dos filmes em que foi dirigida por Jean-Luc Godard, então seu marido, Anna Karina interpreta Nana, uma prostituta de Paris. Trata-se de um dos momentos em que Godard integra o tema da prostituição nas suas narrativas, direta ou indiretamente expondo a mercantilização do corpo e o esvaziamento da alma como componentes viscerais do "progresso" nas sociedades modernas. Ao tema regressaria, por exemplo, em duas produções de 1967. Duas ou Três Coisas sobre Ela e Antecipação (episódio da longa-metragem A Mais Antiga Profissão do Mundo, também com Karina) ou Salve-se quem Puder (1980).
Seja como for, convém lembrar que não há em Viver a sua Vida nada que se possa confundir com a sociologia de bolso que, hoje em dia, muitas vezes, vai pontuando as mais banais narrativas (cinematográficas e televisivas) que se escudam na "gravidade" dos respectivos temas. Ao filmar Karina como Nana, Godard constrói uma das mais belas confissões de amor que a história do cinema regista  em última instância, Viver a sua Vida é uma crónica intimista sobre o olhar do cineasta face a uma mulher.»

(Fotografia de Ghislain Dussart)

sábado, dezembro 14, 2019

Uma Travessia (quase) Esclarecedora


Eu sei que quando passamos quase diariamente por alguns lugares, deixamos de ter sentido crítico e discernimento, para lhes oferecer um retrato fidedigno.

Ou seja, nem sequer pensamos em diferenciar a monumentalidade do Terreiro do Paço (uma praça que honraria qualquer Capital Europeia...) da vulgaridade do Largo de Cacilhas (que há muitos anos, deixa bastante a desejar...).

Não era preciso ter no centro a estátua do D. José, do seu cavalo garboso e de toda a animação artística à sua volta, mas poderia ser outra coisa, como era o entendimento do meu Pai e também agora da Joana e do Pedro, bem mais agradável, para receber todos aqueles que querem vir dar uma volta até à Outra Banda.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, dezembro 13, 2019

Ler nos Olhos e nas Palavras...


Talvez a senhora da loja tenha razão. Ela não disse, "somos um país de velhos e de doentes", por acaso.

Ela sabe quem são as pessoas que a visitam e as coisas que dizem...

E depois sobram os outros, que gostam da sexta-feira, seja ela 13 ou 14. Porque significa o fim do "pesadelo", de segunda a sexta, geralmente mal pago, com rotinas a mais... Sorriem vezes demais sem vontade e olham sem ver, porque é quase sempre tudo demasiado igual.

É por isso que é bom pensar que amanhã é sábado, como disse a Cláudia...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

quinta-feira, dezembro 12, 2019

As Paredes do Ginjal em Constante Mutação...


As paredes dos velhos armazéns, restaurantes e casas de habitação do Ginjal, em ruínas há décadas, oferecem, involuntariamente, espaço para albergar mais de uma centena de desenhos - ou simples riscos - de artistas de ocasião e também de muita gente de gosto duvidoso.

Percebe-se que é um zona "sem lei", ao ponto de ser normal, que com o intervalo de apenas uma semana (e por vezes até menos), surjam novas pinturas nas paredes, ignorando os "artistas" e a "arte" colocada anteriormente em exposição pública.

De longe a longe encontro um artista com a "mão no spray". Foi o que aconteceu ontem...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

quarta-feira, dezembro 11, 2019

Campeões Dentro e Fora dos Estádios


Rogério "Pipi", deixou-nos há poucos dias, com noventa e sete anos. Foi um extraordinário avançado benfiquista e uma simpatia de pessoa.

Não disse nada no dia, porque pensei que ao falar dele, teria de falar de pelo menos mais três grandes futebolistas, da sua geração e que ainda tive o prazer de conhecer graças ao jornalismo. Falo de Guilherme Espírito Santo, José Travassos e Jesus Correia.

Embora jogassem num tempo em que o profissionalismo dava os primeiros passos (todos eles tinham uma segunda profissão, mesmo que fosse quase "fictícia", pelo menos enquanto brilhavam nos estádios...) e não ganhassem milhões, eram pessoas muito gratas ao futebol, por tudo o que este lhes dera, e também aos seus clubes de coração (era o tempo do "amor à camisola"...).

terça-feira, dezembro 10, 2019

A Carga Ideológica da Cultura


Há já alguns anos que se tenta esbater a existência da "esquerda" e "direita" na nossa sociedade, como se isso fosse natural, e uma consequência da evolução dos tempos.

Só que infelizmente, pelo menos no nosso país, o "fosso" entre ricos e pobres tem aumentado, ou seja, os ricos são cada vez são mais ricos e os pobres mais pobres. Logo, continua a fazer todo o sentido, que existam ideologias antagónicas, para defender causas cada vez mais extremadas.

Ultimamente também se tem falado  da reconstrução de uma "cultura de direita" (a propósito da crise da direita no campo político...). 

É uma questão que não é tão inocente quanto nos poderá parecer. Como neste espaço não é muito desejável divagar (escrever um texto longo e chato...), de uma forma simplista, digo que tenho muitas reservas em relação ao que pensam, e defendem, os "reconstrutores" de uma cultura de direita. Segundo a minha perspectiva, o que é pretendido é o regresso a "uma cultura dos salões", dirigida a uma elite, "endinheirada e brazonada", que gostava de se passear por estes lugares com vestidos de noite e  fatos de gala.

Continuo a pensar, e a defender, que a Cultura, tal como a Educação e a Saúde, além de serem um direito, deverão estar ao alcance de todos, por muitas cócegas que façam às "famílias" que continuam a acreditar que existe "sangue azul"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

segunda-feira, dezembro 09, 2019

"Bestas Quadradas" ao Volante nas Estradas e no Facebook...


A frase foi dita com raiva e repulsa, por um homem de meia-idade, que quase era atropelado quando se preparava para atravessar uma passadeira, a meia-dúzia de metros de mim:

«Hoje onde se encontram mais bestas quadradas é ao volante nas estradas e no facebook.»

Claro que ele estava a exagerar. O que não faltam por aí são "bestas quadradas", sem carro e sem facebook...

Até porque se o homem não parasse era atropelado (o condutor à velocidade que vinha não ia conseguir parar o carro...) e a "besta quadrada" podia tornar-se um assassino, como tantos que acham que o "volante é uma pistola".

Mesmo assim achei curiosa a associação...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

domingo, dezembro 08, 2019

No Ensino em Portugal Só deve Haver uma Língua Portuguesa (a Mãe...)


Por muito que isso possa dificultar o trabalho dos estudantes  de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe ou Timor, no nosso país só existe uma língua oficial, o Português de Portugal.

Quando um estudo promovido pelo CIES (Centro de Investigação e Estudos Sociologia) e pelo IGOT (Instituto de Geografia e Ordenamento do Território), da Universidade de Lisboa, conclui que: há choque de culturas, casos de discriminação, não aceitação da língua portuguesa falada por estudantes lusófonos, ou falta de sensibilidade dos professores; à excepção do último ponto, não descubro problemas de maior.

Estamos em Portugal, muito mal seria se começássemos a ensinar o Português que se fala nestes países (a maioria dos quais nem sequer obedece ao novo acordo ortográfico, ainda que uma das teses dos seus grandes defensores tenha sido "uma língua única para toda a comunidade lusófona"...), em detrimento da Língua-Mãe.

Escrevo isto, na defesa da nossa identidade como Povo, sem ir atrás de qualquer "nacionalismo bacoco".

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, dezembro 07, 2019

Há Mensagens Simples, que Dizem tudo...


Se há imagens que valem pelas tais mil palavras, este cartaz é uma delas.

Com uma simplicidade desarmante, obriga-nos a olhar e a pensar na realidade que nos cerca, na gente que não se consegue adaptar a um mundo de iguais (nos direitos) e a aceitar as diferenças...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

sexta-feira, dezembro 06, 2019

O Clima na Ordem do Dia


Podem chamar os nomes que quiserem à Greta (Thunberg), a adolescente do Norte da Europa, mas há algo que não lhe vão conseguir tirar: o ter conseguido colocar a questão climática na ordem de todos os dias, pelo Mundo inteiro. 

Mas ela não se ficou por aqui, tem "arregimentado" a juventude de todos os continentes, para um problema que é de todas as gerações, embora se saiba que serão os mais jovens (mesmo os que ainda não nasceram...), quem mais irá sofrer no futuro, por se continuar a adiar medidas, que já são urgentes há pelo menos uma dúzia de anos.

O grande problema continuam a ser os políticos das principais potências mundiais, reféns do capitalismo e, por isso, incapazes de fazer o que deve ser feito.

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

quinta-feira, dezembro 05, 2019

O Fado Hoje é de Alfama...


Não estava muito interessado em entrar na discussão sobre a paternidade do fado. Enquanto os "alfacinhas" trocavam argumentos e traziam para a mesa os bairros históricos com retiros de fado (Bairro Alto, Mouraria, Bica, Madragoa e Alfama), eu pensava o quanto eram estúpidas estas tentativas de sermos os primeiros em qualquer coisa (e como nós somos bons nisso, o "Guiness" que o diga...).

Apeteceu-me dizer-lhes que por muito que se esforçassem, o fado hoje era de Alfama. Ponto final. E que não era por acaso que o Museu estava onde estava... Mas fiquei em silêncio, a folhear uma revista semanal, até descobrir "As doces memórias de Alice Vieira"...

(Fotografia de Luís Eme - Alfama)

quarta-feira, dezembro 04, 2019

O Melhor Observatório Humano do Mundo...


Eu sei que a rua é o melhor observatório humano do mundo, para quem gosta de escrever e de agarrar "personagens", pelas mãos e pelos pés.

Se olharmos para as pessoas com cara de quem está longe... Sim, até pode parecer que estamos em qualquer avenida de Nova Iorque (não desisti de aparecer, apesar de dizeres que o cheiro das ruas é bem pior que o da velha cocheira do "Zé Narciso"...), as pessoas desinibem-se e representam a vida, quase como ela é... mesmo quando fingem que são melhores actores a actrizes na novela que passa dentro das suas cabeças, que na vidinha...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, dezembro 02, 2019

«O mundo é dos espertos, mas também dos outros...»


Todos aqueles que passam a vida a "descobrir a pólvora" deviam lembrar-se, de vez em quanto, que já andamos por cá há muito tempo, desde que "deixámos de ser macacos"...

É por isso que não lhes fazia mal nenhum, em respeitarem um pouco mais a "espécie humana".

Algés acolhe este ano uma coisa chamada "Capital do Natal", cujos preços de entrada estão ao nível de uma "Disneyland" ou "Isla Mágica". Segundo os testemunhos de quem por lá esteve (especialmente turistas espanhóis...), esta iniciativa não passa de uma fraude. Queixam-se de publicidade enganosa, pois não há neve, só existem três atracções, os animais não estão a ser tratados com o mínimo de dignidade, longas filas, comida péssima, casa de banho mal preparadas, etc.

Se é verdade tudo o que se diz (não estou a pensar passar por lá para me certificar...), espero que tenham o que merecem, quando fizerem as contas, depois do Natal...

Porque deviam lembrar-se, que, "o mundo é dos espertos, mas também dos outros..."

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

domingo, dezembro 01, 2019

Ilusões, Mentiras e Ficções


Provavelmente não existem comentadores perfeitos, sobre o quer que seja. E eles tanto podem ser políticos, jornalistas, historiadores ou outra coisa qualquer.

Quem está de fora até podia desejar que fossem mais livres e que tivessem uma agenda própria. Mas isso não existe (pelo menos no futebol e na política - só falta pedir-lhes que apareçam de cachecol e com a camisola do "clube"...).

Quando são convidados para "comentar", nas televisões ou jornais, a única coisa que se espera deles, é que não sejam independentes nem tenham ideias próprias (os produtores e moderadores dizem que é uma "chatice do caraças", além de ser perigoso, porque dá "cabo de qualquer guião"...).

Talvez esta seja a explicação para que ex-ministros "manhosos", como Marques Mendes ou Paulo Portas, tenham um espaço de opinião, dentro dos telejornais de domingo à noite, onde aproveitam o seu tempo de antena para tudo. Tanto "vendem peixe" como tratam de fazer alguns "ajustes de contas", antigos e modernos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, novembro 30, 2019

Gente com Cada vez Menos Palavras no Bolso...


Estávamos sentados à mesa e estranhamos o silêncio das duas únicas crianças que estavam em casa. Algo impossível noutros tempos, em que se tinha uma atenção especial à escada, que era descida e subida em correrias levadas da breca... Estavam presos aos sofás da sala pelos telemóveis, onde deviam correr, mas apenas com os olhos e os dedos...

Na mesa, o uso abusivo do telemóvel foi transportado para o desconhecimento de palavras, que fujam do "vocabulário básico" usado nas mensagens, nos jogos e nas redes sociais, que substituem cada vez mais, uma boa conversa... Com exemplos e tudo, dados pelos dois professores presentes.

O Chico falou dos livros que hoje não se lêem (ou se lêem cada vez menos...), onde descobríamos uma porção de palavras novas. E eu acrescentei a quase ausência de conversas, substituídas pela "conversa com os dedos", que enviam mensagens para cá e para lá, a um ritmo quase diabólico, mas utilizando quase sempre as mesmas palavras, e até abreviações...

São os tempos modernos, da economia das palavras, da gente com cada vez menos palavras no bolso...

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)

sexta-feira, novembro 29, 2019

Finge-se Muito, nesta Coisa que é o Ser-se Português...


Eu já sabia, há muito tempo, que não somos um país de gente que "dá murros na mesa". Somos sobretudo povoados por fulanos que quando se irritam, agarram-se aos outros, e pedem-lhes que não os libertem, porque são "capazes de desgraçarem a sua vida"...

Preocupam-se muito com os problemas que nos afligem a todos nós, mas esperam sempre que alguém dê o primeiro passo, que arrisque, que grite. E depois se as coisas correrem bem, até são capazes de saltar para a frente e esgotarem os fatos de "super-heróis", preparados para o carnaval, que sempre foi móvel...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

quinta-feira, novembro 28, 2019

O Deslumbramento...


Mesmo quando pensamos estar preparados, para exercer determinados cargos ou funções, ao sentirmos quase todos os holofotes a incidirem por cima de nós, e à nossa frente, pode acontecer o inexplicável. Como por exemplo, fazer com que nos "espalhemos ao comprido".

É mesmo muito difícil resistir ao deslumbramento, sem se ficar com marcas (internas e externas)...

Nem todos transportamos dentro de nós a "estrela" e o "brilho" do nosso chefe de Estado (eu diria mesmo, que são raros...), que lhe dá o à vontade, para ser ele a perseguir os "holofotes", se necessário for...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quarta-feira, novembro 27, 2019

Palavras, entre o Sábio e o Sensato...


A experiência de vida faz-se notar de várias maneiras: através dos cabelos brancos, das rugas, mas sobretudo, da oferta de palavras, umas vezes sensatas, outras sábias.

Falou-se da deputada do Livre e no "lastro" que deixa quase todos os dias, por onde passa, dentro e fora do parlamento. 

O Carlos fez jus das suas barbas, quase de Pai Natal, ao explicar-nos:

«Todos nós conhecemos pessoas, que têm o condão de atrair problemas. E quando são boas nisso, é vê-los chegar,  uns atrás dos outros. O que nos vale é que acabamos por perceber, mais tarde ou mais cedo, que são elas próprias, o problema...»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

terça-feira, novembro 26, 2019

Os Sonhos não Voam no Dia Seguinte...


O que escrevi ontem foi falado hoje à mesa do café.

Quem é pessimista por natureza, tem medo dos dias seguintes, do que vem depois da festa. Ao ponto de ser capaz de amaldiçoar todos os dias vinte e seis das nossas vidas...

De Abril, por ter escancarado as portas aos oportunistas; de Novembro, por ter fretado aviões para os fascistas.

Não valeu de nada eu dizer, que "os sonhos não voam no dia seguinte..."

Depois da conversa, vinha na rua a conversar com "os meus botões", às vezes com som (pois é, eu sou como os maluquinhos, gosto de falar comigo nas ruas...), satisfeito por não ter nenhum amigo a querer que Abril seja Novembro... 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, novembro 25, 2019

25 de Novembro


Podia falar de várias coisas, neste 25 de Novembro, que 44 anos depois, tem a "novidade" de ver alguém fingir que descobriu a pólvora, ao ponto de querer colocar este golpe militar, ao mesmo nível do 25 de Abril. 

Essa ideia só poderia "nascer" no seio de gente com pouco conhecimento de história, e sempre à espera de uma oportunidade, para dar nas vistas, mesmo que seja pelos piores motivos.

Mais de quatro décadas depois, não é difícil chegar à conclusão, de que não foi uma mudança totalmente feliz, nem mesmo para os seus principais protagonistas (Melo Antunes, Ramalho Eanes e Vasco Lourenço). O objectivo do "grupo dos nove",  era evitar uma "guerra civil", mas... 

Acredito que estavam longe de pensar, que com o 25 de Novembro seria possível "recuar" quase até ao 24 de Abril, muito menos em oferecer o poder económico às mesmas famílias que dominavam o país durante a ditadura. Mas os golpes políticos nem sempre se conseguem fixar nos seus objectivos, e foi vê-los regressar à "pátria amada", vindos do Brasil e Espanha...

Sei que seria mais feliz falar de Jorge Jesus, que conseguiu antecipar o Natal no Rio de Janeiro, mas o céu hoje nem sequer está pintado de azul.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

domingo, novembro 24, 2019

Os Leitores é que Decidem...


Neste ano de centenários literários, de esquecidos e recordados, de quem fica e de quem parte, a Sophia ficou com os melhores bocados do "bolo". 

Isso não aconteceu por acaso. Ela é não é apenas diferente dos outros (neste caso particular de Fernando Namora e de Jorge de Sena), é melhor.

Sei que estas palavras poderão ser polémicas, mas não é esse o seu objectivo. Trata-se apenas de uma pequena análise pessoal (embora goste muito mais da Sophia que de Namora ou Sena), sobre o que se continua a ler e porque se continua a ler... 

A única coisa que sei, é que a "imortalidade" dos escritores é decidida sobretudo pelos leitores, por muito que os editores se esforcem. E claro pela qualidade dos escritores. A "vulgaridade" da escrita terá muito poucas possibilidade de resistir ao tempo...

A Sophia só quis ser poeta, das melhores, mesmo quando escreveu histórias infantis. O Sena quis ser tudo e mais alguma coisa, complicando a vida a quem passa a vida a fazer "rascunhos". O Namora nunca saiu do "Domingo à Tarde", poderá ter-se esforçado muito, mas nunca conseguiu ser um grande escritor.

Claro que tudo isto é muito simplista. Mas a única coisa que eu queria deixar bem clara, é que são sempre os leitores que decidem o destino dos escritores e dos livros...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

sexta-feira, novembro 22, 2019

A "Corrida ao Ouro" dos Nossos Tempos...


Acredito que ainda existem algumas pessoas (embora devam ser cada vez menos...), que acreditam que o dinheiro não traz felicidade... 

Se em relação ao "alívio" das costas que proporciona, terá muitos mais "crentes", com toda a certeza, em relação à infinidade de prazeres, que pode "comprar", nem é bom falar...

Para lá das mulheres bonitas (nas conversas "compram-se" sempre mais mulheres que homens bonitos, não sei porquê...), é o dinheiro que compra os "ferraris", as quintas com cavalos, as viagens de cruzeiro e as manhãs fartas de golfe...

A falta de assunto transporta-o para conversas, quase invejosas, em mesas de cafés, onde se partilham sonhos diários que se "materializam" nas tabacarias, transformadas em "casas da sorte", onde gente madura de ambos os sexos, constrói filas infindáveis, "viciados" na troca de moedas de um euro por "raspadinhas", enquanto não surge a terça e a sexta do "euromilhões"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quinta-feira, novembro 21, 2019

Estes Dias com Nuvens...


Não há nada como estes dias, que fingem ser de Inverno, para quem gosta de "apanhar boleia das nuvens", e andar por aí, meio perdido, quase à boleia do vento...

(Fotografia de Luis Eme - Monte de Caparica)

quarta-feira, novembro 20, 2019

"Crime e Castigo" em Almada


A Casa da Cerca volta a receber uma exposição comissariada por Jorge Silva, desta vez com ilustrações da literatura policial portuguesa, com o título, "Crime e Castigo".


É extraordinário o efeito das capas dos pequenos livros, em tamanho de poster. Só assim olhamos com olhos de ver para a sua qualidade artística (e muitas delas foram mesmo feitas por grandes artistas plásticos portugueses...).

É uma exposição simples, mas bonita, e que vale a pena apreciar...

(Fotografias de Luís Eme - Almada)

terça-feira, novembro 19, 2019

A Falta de Memória do Futebol...


Faz-me confusão a quantidade de pessoas, pelo mundo inteiro, que depois de tantos recordes, tantos títulos e tantos golos, ainda continua a colocar em causa a qualidade futebolística de Cristiano Ronaldo.

Por estar com problemas físicos (informação dada pelo seu treinador e por ele próprio) e por não gostar de ser substituído (visionado pelo mundo inteiro e assumido pelo jogador), tem sido alvo de todo o género de ataques, alguns de onde menos se esperava, da própria Itália, que viu Ronaldo colocar a Serie A, de novo, no topo nas principais ligas de futebol da Europa...

Um treinador italiano de renome mundial até foi capaz de dizer a patetice, mentirosa, de que Cristiano não faz um drible há três anos (além de driblar em todos os treinos, também o faz em quase todos os jogos... claro que há muito tempo que não faz "números de circo", por saber que são quase sempre inconsequentes...).

Sei que o futebol é a área social com mais falta de memória, passa-se de besta a bestial e vice-versa, em minutos, mas Cristiano Ronaldo é Cristiano Ronaldo.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

segunda-feira, novembro 18, 2019

Os Três "Falsos Cavalheiros"...


Quando cheguei à paragem do autocarro, estavam lá apenas duas pessoas.

Alguns minutos depois, quando chegou o primeiro autocarro, já éramos uma dúzia.

As pessoas de idade - como de costume - são quem menos respeita a ordem de chegada. Nada que me preocupe, até por a minha viagem ser curta, pouco mais de cinco minutos.

Mas achei curioso que três homens de idade me passassem à frente e depois quando já estavam quase a entrar, interrompessem a marcha para deixarem passar duas senhoras da sua geração, tendo um deles dito com alguma vaidade "primeiro as senhoras". Esqueceu-se foi que atrás dele estavam duas senhoras de cor, que me olharam com cara de caso e responderam-lhe com alguma lata, "Então e nós?". 

Eu deixei-as passar à minha frente e disse-lhes que era por virem de calças, o que as fez sorrir.

O mais curioso foi elas fazerem questão de se sentarem ao lado de dois dos três "maduros"... Até porque havia mais lugares sentados vagos (fizeram-lhes quase marcação cerrada).

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

sábado, novembro 16, 2019

A Verdadeira Paternidade e a Quase Acidental...


As primeiras palavras do título do livro de António Policarpo, apresentado hoje na Cova da Piedade ("Pais Fundadores"), fizeram-me pensar que, sim, há fundadores e fundadores, das Associações, Colectividades, Clubes ou Sociedades - há denominações para todos os gostos. 

Há aqueles que assumem mesmo a sua "paternidade" e fazem tudo para que o crescimento do Clube que ajudaram a criar, seja harmonioso. E depois há os outros, cujo nome consta na lista de fundadores, mas pouco mais fizeram, além de terem emprestado o seu nome, para que ficasse para a história (mesmo que a sua fosse e seja tão insignificante...).

Infelizmente, também é assim na vida, o que não faltam por aí são pais ausentes...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)