quinta-feira, abril 29, 2021

Abril Acabou (felizmente) com o "Destino Social" de Quase todos Nós...


É tão normal estudarmos e serem as nossas notas a destinarem o nosso futuro, o curso superior (ou não...) que escolhemos, que nem sequer conseguimos imaginar um país onde tal não é possível acontecer. Muito menos conseguimos perceber que alguém queira voltar a viver num lugar desigual, onde se alimentem as "castas", pessoas mais "iguais" que outras.

Eu só tive a verdadeira noção da existência de saudosismo do "destino social", que foi uma realidade durante a ditadura, quando contactei com um descendente de uma das famílias salazaristas (avô deputado da Assembleia Nacional e tio-avô ministro salazarista...). Percebia-se à légua as limitações culturais deste individuo, que continuava a sonhar com a "almofada" e o "empurrão" familiar... que talvez o tivesse ajudado a manter os negócios da família (uma seguradora nacionalizada após o 25 de Abril e várias fábricas desaparecidas...). Não era de todo inocente a presença da fotografia de Salazar na parede do seu escritório...

O mais curioso é que alguns "pobres" (mais de espírito que de outra coisa...), também se revêem nesse país desigual, em que os médicos e os advogados passavam os seus consultórios e escritórios para os seus descendentes, tal como os engenheiros. Nunca esqueço que uma prima afastada da minha mãe, uma vez lhe disse, pouco agradada, que nós (eu e o meu irmão) éramos "quase contranatura", por contrariarmos o destino e termos chegado à universidade, quando os nossos avós eram agricultores e analfabetos...

Claro que ela é que nunca saiu do seu "mundo pequeno". Felizmente hoje somos muitos milhares (talvez até já tenhamos passado o milhão...), aqueles a quem Abril deu a possibilidade de fintar o tal "destino social".

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quarta-feira, abril 28, 2021

As Dúvidas, as Mudanças...


As dúvidas permanecem à nossa volta.

Não sabemos até que ponto mudámos.

Não temos a medida do quanto o mundo nos obrigou a mudar, em pouco mais de um ano.

Sentimos apenas que nada voltará a ser igual...

(Fotografia de Luís Eme - Lua)


terça-feira, abril 27, 2021

Três Notas Sobre Mais uma Noite Negra do Futebol Português


Quando um treinador de futebol, se sente "escandalizado", por lhe chamarem arruaceiro, javardo, gentalha, ordinário, deliquente, etc, mas insiste (sempre que perde ou empata...) no comportamento agressivo e insultuoso para com as equipa de arbitragem ou os adversários, não sei como é que poderá ser adjectivado. Resta esperarmos para ver qual será o seu castigo desportivo, quando o treinador do Sporting, por muito, muito menos, foi castigado com três jogos afastado do banco.

Quando um empresário de futebol agride um jornalista, sem qualquer razão, que não seja a "agressão gratuita", ou fazer "um bonito" para o presidente do FC Porto, que foi o primeiro a dirigir-se aos jornalistas, que estavam no exterior do estádio, terá de ser castigado exemplarmente. Num país normal, além da eventual condenação pela "justiça civil", este senhor deveria ser proibido de entrar num recinto desportivo durante pelo menos meia-dúzia de anos.

Quando os Agentes de Autoridade optam por ter uma acção passiva, devido à presença de alguns dirigentes, que pensam que "são donos do mundo", mesmo quando uma pessoa agredida, grita, a pedir auxílio, terão de ser obrigatoriamente responsabilizados, de uma vez por todas, pela sua conduta e pelo seu habitual "fechar de olhos" a situação graves, como a que se passou ontem em Moreira de Cónegos.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, abril 26, 2021

Hoje é Mais Fácil Falar do que Ontem...


Ontem foi dia de festejar o Abril que a Sophia também bem "pintou" com a sua poesia.

Foi por isso que não falei de Ruben Amorim e do Sporting, que estavam a ser pressionados de todos os lados, ao ponto de quem não estivesse a par da classificação do Campeonato e da vantagem do clube de Alvalade (quatro pontos são quatro pontos...), poder ficar a pensar que estaria com os mesmos pontos do FC Porto ou com um mero ponto de vantagem. Até o habitual Pinto da Costa, que sabe sempre quando é a altura de falar... revelou o seu "pensamento", de que o clube das Antes ia ser Campeão.

E hoje é mais fácil falar do que ontem... Nem adianta eu contar que aqui em casa animei a minha companheira ("lagarta"...), dizendo que o Sporting ia ganhar em Braga. E que o FC Porto ia empatar hoje (sem qualquer bola de cristal)...

Não tenho qualquer dúvida que se há equipa que mereça ser campeã, é o Sporting. Tal como o seu jovem treinador, que ainda ontem explicou o porquê do seu discurso tranquilo de quem "ainda não ganhou nada" e que só pensa em "ganhar o próximo jogo" , pois ganham-se e perdem-se pontos, onde e quando menos se espera, desde que os árbitros, sejam apenas isso, árbitros.

E mesmo que hoje seja mais fácil escrever do que ontem, espero que o Ruben e os seus jovens jogadores cumpram "Abril em Maio".

(Fotografia de Luís Eme - à hora que tirei esta fotografia, passeava pelo Ginjal e estava longe de imaginar que Sporting já estava a jogar só com dez jogadores...)


domingo, abril 25, 2021

Abril não é de Toda a Gente


Embora hoje seja feriado e dia de festa é preciso afirmar, sem qualquer hipocrisia, que Abril não é de toda gente. 

Abril só é de quem ama e defende a Liberdade e a Democracia, os valores máximos da Revolução que aconteceu no dia 25 de Abril de 1974.

Todos aqueles que têm contribuído para que Portugal seja um país cada vez mais injusto e desigual, são sobretudo do "24 de Abril". Este não é, definitivamente, o seu dia...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, abril 24, 2021

Um Novo Paradigma na Ficção Portuguesa


Normalmente as telenovelas e as séries televisivas exploram temas rebuscados, que têm como principal foco dramas familiares, que não fogem muito do burlesco e do absurdo. Os autores apostam na "normalização" dos filhos que nascem fora dos lares, das famílias duplas, dos abandonos familiares, ou ainda, no milagre da "ressuscitação", tanto de pais como de filhos, que aparecem quase sempre no último episódio.

É por isso que olho com curiosidade para este novo paradigma ficcional (na SIC...), em que existe uma maior aproximação com a realidade, com os argumentistas a inspirarem-se em personagens de carne e osso, cujo "exotismo" e "modo de vida", faz com que se diga com alguma frequência, que "davam mais que um filme"...

Na telenovela, Amor, Amor, é difícil não descobrir algumas pontas soltas que nos podem levar para os universos musicais de um Tony Carreira ou de um Emanuel. E na série, Prisão Domiciliária, até se aproveitou o "timing" do primeiro ensaio da justiça de acusação sobre a Operação Marquês, para a apresentação ao público. "Timing" que, curiosamente também foi aproveitado pela personagem central do processo, para lançar mais um livro...  Esse mesmo, o antigo primeiro-ministro José Sócrates. 

Mesmo que se diga que qualquer semelhança com a realidade é um mero acaso, por se tratar de uma "obra de ficção", nem mesmo o nome do principal autor do argumento da série Prisão Domiciliária engana... 

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, abril 23, 2021

«Porque é que os portugueses lêem pouco?»


Hoje é dia de festejar os livros e até algum escritor, que esteja à mão, para o "trabalho político" do costume (as eleições estão quase à porta e a malta da cultura dá jeito para "decorar o ramalhete"...): tirar fotografias, oferecer um almoço ou atribuir uma medalha qualquer.

Quem gosta de discursos e de frases feitas, coloca qualquer coisa bonita na sua rede social preferida. Os jornais e a televisão têm de reserva meia página e alguns minutos, para fazerem - todos - a pergunta do costume: «Porque é que os portugueses lêem pouco?»

Porque será? Se há coisa que se estimula no nosso país, é a leitura, especialmente de livros... tão baratos e acessíveis. Na pandemia, se houve coisa que esteve aberta foram as livrarias... por serem lugares de grandes ajuntamentos de pessoas.

Falando mais a sério, é triste viver num país que nunca deu aos livros a importância que eles têm. 

Apesar de vivermos em democracia há quase meio século, desconfio que ainda há por aí muita gente que tem medo do que está dentro dos livros, das palavras que podem ficar na cabeça das pessoas e fazê-las pensar em "coisas perigosas".

Para não ser "desmancha-prazeres", vou terminar com um aplauso para as bibliotecas municipais, que um pouco por todo o país, disponibilizaram livros para quem gosta de ler, fazendo entregas ao domicílio, sem qualquer custo.

(Fotografia de Luís Eme - Uma mulher apanhada ontem a ler no jardim da Fonte da Pipa)


quinta-feira, abril 22, 2021

O "#Me Too" Chega ao nosso País com o Atraso do Costume...


Foi preciso uma actriz contar no "confessionário" televisivo  - onde as figuras públicas podem e devem chorar, com ou sem vontade... - que tinha sido vitima de assédio sexual por parte de alguém poderoso (cujo nome continua "escondido", à espera de melhores dias...) de uma produtora que trabalhava para um canal televisivo (que não é a SIC, pelo que suponho ser o seu concorrente mais feroz...), para começarem a surgir mais relatos sobre assédio sexual.

Mas Sofia Arruda não se ficou pelo assédio, foi ainda mais longe. Disse que, tal  como fora ameaçada pelo "assediador" (que passados estes dias continua "anónino", vá-se lá saber porquê...), esteve vários anos sem conseguir trabalhar para esse canal de televisão...

Nada disto é novidade para quem trabalha ou conhece os bastidores da televisão, embora o assédio seja tanto homossexual como heterossexual (será que algum actor masculino alguma vez irá falar disso?).

O curioso é o "#Me Too" chegar ao nosso País, com os anos de atraso do costume. Ou seja, as coisas no nosso "cantinho", não mudaram assim tanto como nos tentam fazer crer.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, abril 21, 2021

«É Sempre assim. Aprendemos muito pouco com a história.»


Quando o meu amigo Carlos me disse ao telefone: «É sempre assim. Aprendemos muito pouco com a história», estava cheio de razão.

O individualismo, o egoísmo, o preconceito, a ingratidão, a mentira e a ganância, estão mais vivos do que nunca, neste começo da terceira década do século XXI.

Nem mesmo uma pandemia mundial, como a que continuamos a viver, conseguiu mudar alguma coisa dentro das pessoas, especialmente das que detêm o poder...

Claro que, mais tarde ou mais cedo, os mais pobres lutarão contra os mais ricos. A fome e a miséria falarão mais alto que qualquer "anestesiante capitalista"...

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)


terça-feira, abril 20, 2021

A "Festa" não Durou um Dia...


Não estava à espera que a "derrota" de uma pequena elite miserável do futebol, acontecesse em menos de 24 horas.

Gostei de ver as reacções de uma boa parte de treinadores e jogadores (antigos e actuais...), inclusive das equipas inglesas que faziam parte do projecto, que foram "convidadas" a desistir com as manifestações públicas dos adeptos e dos próprios governantes.

Das equipas espanholas e italianas, não se ouviu nem um pio contra. Jogadores e treinadores estão "reféns" dos dirigentes, que esperavam que esta Superliga as salvasse da "falência" e os permitisse continuar a gastar milhões e milhões...

Dos adeptos ingleses já esperava esta reacção. Não é por acaso que o Reino Unido é a "pátria do futebol". Disseram aos "donos dos clubes", que são apenas isso, donos de clubes e não donos do futebol.

Agora os "derrotados" vão encher-se de desculpas, até são capazes de dizer que o seu objectivo era "ajudar o futebol" e até "salvá-lo" (como já disse o presidente do Real Madrid).

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, abril 19, 2021

Será o Futebol a Provocar a Primeira Grande Derrota ao Capitalismo (século XXI)?


A criação da Superliga Europeia (uma competição de futebol internacional com algumas das melhores equipas do mundo, onde não se sobe nem de desce, e a coisa mais importante são os milhões...), promete dar muito que falar nos próximos dias, porque além dos clubes alemães e franceses convidados se terem recusado a participar, por estarem contra esta liga de futebol, praticamente todas as federações europeias estão contra (inclusive as dos clubes dos países fundadores, Espanha, Inglaterra e Itália).

Há ainda a agravante de todos os atletas que participarem neste competição ficarem proibidos de participar nas competições internacionais  da UEFA e FIFA entre países (Campeonatos da Europa e do Mundo).

Se tudo se mantiver como até aqui, os jogadores portugueses que jogam no Manchester City (Ruben Dias, João Cancelo e Bernardo Silva), Manchester United (Bruno Fernandes), Liverpool (Diogo Jota), Atlético de Madrid (João Félix), Barcelona (Trincão) e Juventus (Cristiano Ronaldo), não poderão jogar na selecção...

Não acredito muito no futuro da prova, mesmo que movimente os milhões que se falam. Os adeptos não são tão estúpidos como alguns dirigentes gananciosos pensam.

Talvez surja aqui a primeira grande derrota deste capitalismo selvagem que acha que pode fazer tudo, com o objectivo de sempre: enriquecer a meia-dúzia do costume, ao mesmo tempo que empobrece e prejudica muitos milhões.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sábado, abril 17, 2021

Uma Tarde (quase) de Verão na Fonte da Pipa


Este sábado fez esquecer os últimos dias, com aguaceiros e nuvens cinzentas. Parece que a segunda metade de Abril vai ser bem mais agradável. 

Hoje esteve um dia quente e limpo, quase que se podia confundir com um dia de Verão.

O calor e o fim do confinamento fizeram com que o "oásis" relvado da Fonte da Pipa estivesse bem povoado, com vários grupos de amigos a quererem agarrar o Sol e o Tejo ao mesmo tempo.

Foi este o retrato que encontrei ao meio da tarde...

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)


sexta-feira, abril 16, 2021

Regresso às Origens...


Hoje foi o meu dia de regresso às Caldas, quase quatro meses depois.

Nunca perdemos o contacto. Partilhámos a cor dos nossos dias... E percebemos que era preferível esperar, gerir o tempo com toda a calma do mundo.

Curiosamente, nem sentimos que tínhamos estado tanto tempo sem nos vermos. Abraçámo-nos e beijámo-nos apenas com o olhar e com palavras ternas... E foi bom.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


quinta-feira, abril 15, 2021

O Nome e a Cor dos Livros (dentro dos "jogos da sedução")


Penso que a escolha do título e da capa de um livro, nunca se revelaram tão importantes, como neste nosso tempo.

O autor e a editora sabem que é cada vez mais necessário (a bem do negócio...) chamar a atenção do "comprador aleatório", que se encanta com as primeiras palavras e a imagem que lhe surgem à frente e quase lhe piscam o olho nos escaparates mais apelativos.

Acho que eles sabem que alguns dos livros comprados vão directamente para a estante. Ou seja há muitos livros que não são comprados apenas com a finalidade da leitura...

Irene Vallejo, que escreveu esse livro extraordinário que é "O Infinito num Junco", fala sobre a sua crescente importância, acrescentando que o crescimento do jornalismo, o aumento da leitores, assim como o desenvolvimento do mercado, fizeram com que fosse cada vez maior a necessidade de chamar a atenção do leitor (e até de o seduzir...).

José Saramago, por exemplo, antes de começar a escrever um novo livro, já tinha o título escolhido...

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)


quarta-feira, abril 14, 2021

Ler e "Ouvir" Quem Escreveu (é capaz de ser coisa de malucos mas...)


Por vezes acontece-me estar a ler e conseguir, a espaços, "ouvir a voz" do autor do livro ou crónica de jornal. Não deixa de ser surpreendente e agradável (mesmo que só aconteça de longe a longe...).

Claro que isto só acontece quando a própria escrita parece ter "pronúncia", como foi o caso, e quando conhecemos a voz de quem escreve...

Para não deixar suspense no ar, eu conto. Estava a arrumar papeis e parei os olhos numa crónica antiga (e deliciosa...) de Júlio Machado Vaz. Quando deu por mim, estava a "ouvi-lo" contar a crónica, com o seu jeito especial de comunicar...

(Fotografia de Luís Eme - Quinta da Arealva)


terça-feira, abril 13, 2021

"Há Gente para Tudo..."


Nas minhas caminhadas costumo encontrar "lixeiras" nos lugares mais imprevisíveis.

Às vezes são lugares onde não é é possível circularem carros, e mesmo assim, há gente que consegue conspurcar a natureza, pura e dura.

Chego mesmo a perguntar aos "meus botões", quem é que se dá ao trabalho de transportar tanta porcaria, para lugares isolados, quando têm a possibilidade de a colocarem nos contentores do lixo...

Mas nem devia ficar muito surpreendido, a vida está sempre a dizer-me, que "há gente para tudo..."

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, abril 12, 2021

Sim, "Frágil" é a Palavra...


Ela continuava a regar as plantas que tinha na marquise, ao mesmo tempo que dizia não sentir saudades da rua. Talvez por a olhar todos os dias, por conhecer muitos dos passos da vizinhança, e claro, por sentir que por ali só aconteciam "normalidades".

Não dizia que era a dificuldade em andar que a "fechava em casa". Dificuldade que já chegara antes da pandemia. Às vezes dizia, sem perder o sorriso, que a velhice era uma chatice e um desconsolo. Mas nunca dizia que ninguém devia chegar a velho, por que ser velho queria dizer ser "vivo".

Fazia perguntas sobre pessoas, que lhe parecia terem desaparecido. Era como se tivessem ido morar para um país distante. Nunca fora muito de falar ao telefone. Sempre teve dificuldade em falar com as pessoas quando não tinha nada para dizer...

Foi então que me olhou nos olhos e disse, enquanto fazia uma festa a uma flor: «Somos tão frágeis...»

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, abril 10, 2021

"Cada pessoa é um livro"


É quase um lugar comum, dizer a frase que tanto encanta a Esther, de que "cada pessoa é um livro".

Mas acaba por ser verdade. Pode ser um "livro", mais ou menos aberto. Pode ser, bom, mau ou assim assim.

Até a temática pode retratar o melhor e o pior que existe dentro de nós...

Claro que a Esther é uma sonhadora. E ainda bem.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, abril 09, 2021

A Justiça e os "Justiceiros" do Costume...


A leitura do despacho de pronúncia da Operação Marquês pelo juiz Ivo Rosa, não deve surpreender ninguém, nem mesmo os "jornalistas-justiceiros" - que hoje e amanhã vão demonstrar a sua grande  "indignação" e "repúdio" pela decisão - e o próprio ministério público, que conseguiu construir um "mega-processo", com mais suposições que provas bem fundamentadas, conduzido ao fracasso do costume. 

Sei que José Sócrates é tudo menos uma pessoa recomendável, e que foi graças à sua "esperteza" (utilização de "dinheiro vivo" e da sua rede de amigos e familiares, para "branquear" vários crimes de corrupção...), que conseguiu sair quase "ileso" em todo este processo.

Faz-me confusão de que no meio de tantos "indignados", ninguém diga que a lei tem de ser alterada, que estes crimes de corrupção não podem continuar a prescrever, como aconteceu em mais um julgamento de "ricos", em que de 28 arguidos, apenas cinco se vão sentar no banco dos réus, e com acusações que nos deviam fazer corar de vergonha.

Acho que o mais importante continua a ser o "espectáculo". Bom, bom é conseguir prender um ex-primeiro-ministro em directo do aeroporto, dar voz a um procurador com ânsias de ser "xerife" como aqueles dos filmes norte-americanos ou fazer programas acusatórios com "jornalistas-justiceiros" de dedos em riste, também presos ao imaginário do Oeste americano...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, abril 08, 2021

A Força e a Beleza Primaveril...


Ontem e hoje fui mais "curto" que o costume, talvez por saber que nem sempre é necessário utilizar muitas palavras, quando a força reside sobretudo na imagem.

Não se trata apenas de "falta de assunto", é também gostar de uma fotografia (de ontem) e não saber muito bem o que fazer com ela...

Pois é, basta a legenda... escrever sobre o poder e  a força da natureza. Neste caso particular, das flores que conseguem crescer no meio da ferrugem e da poluição, que resiste ao tempo, nos velhos estaleiros da Lisnave...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, abril 07, 2021

Saudades de Ver "O Mundo a Passar"...


Estávamos todos a precisar das esplanadas.

O Sol, os donos dos cafés, e os outros, que neste caso particular, somos nós.

E não tem de ser necessariamente para estudar ou escrever. Pode ser apenas para ver "o mundo a passar"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, abril 06, 2021

A História Pode ser Outra Coisa?


O avanço dos "nacionalismos" e "populismos" acabou por ser o centro de uma conversa com amigos que têm como interesse comum, a História. 

A nossa grande questão, era se a história poderia ser interpretada e apresentada de forma diferente, sem tantas lendas e mitos (e mentiras também, claro...), puxando-nos a nós sempre para cima e aos outros para baixo.

Claro que a história hoje já não se baseia tanto em lendas e mitos, mesmo no primeiro e segundo ciclo (os tempos em que precisamos mais de heróis...). Mas todos estivemos de acordo, que ela tem sempre de ser positiva e puxar ao nosso orgulho nacional. Mas também concordámos que as "mentirinhas" e as "omissões", não fazem falta nenhuma.

Penso que o objectivo da história é transmitir uma mensagem positiva a todos nós, do que somos e fomos como povo. É por isso que o espírito de nação terá de estar sempre presente, tem de ser algo que nos mostre o que fizemos de grandioso noutros tempos, deixando sempre presente a tal pontinha de orgulho.

Uma coisa são os Descobrimentos, outra o comércio de escravos. Não podem nem devem ter a mesma leitura, por que são coisas diferentes.

Deve ter sido por isso que também estivemos todos de acordo, que o avanço dos "nacionalismos" e "populismos" não está directamente ligado com a nossa história. O exemplo que saltou para a mesa foi o de Salazar, que está longe de ser uma figura positiva do século XX, e mesmo assim é idolatrado por praticamente toda a extrema-direita.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, abril 05, 2021

"Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa..."



Às vezes paro para pensar e fico no mundo onde cresci e percebo, um pouco melhor, tudo aquilo que me rodeia, e o porquê de muitas coisas... 

As coisas diferentes nunca podem ser iguais, dizia o meu avô, quando as minhas tias defendiam um mundo onde houvesse espaço mais para as mulheres. Claro que elas não se ficavam. E muito bem. Tal como o avô.

Claro que estas coisas passaram-se há mais de quarenta anos... felizmente, mudou muita coisa. Embora o avô estivesse certo que "as coisas diferentes nunca podem ser iguais", não é disso que quero falar. Quero falar sim, de um rapaz da minha geração, que não aceita, que para trabalho igual exista salário igual. Acha que as mulheres devem ganhar menos, mesmo que os seus argumentos tenham cada vez menos "pernas para andar" (as habituais diferenças biológicas...). Tenho a certeza que até o avô, estaria contra ele, porque "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa"...

Mas é difícil pensar em "igualdade", enquanto muitas mães continuarem a defender os seus filhos, homens, contra as suas "eternas inimigas", noras, com atitudes, tão ou mais machistas, como a deste amigo, que tem tanto orgulho no seu marialvismo ribatejano", herdado da família paterna...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, abril 04, 2021

Primavera Pascal


A Primavera tem o poder de transformar, visualmente, qualquer espaço abandonado, oferecendo-lhe tantas vezes a beleza que falta, graças ao abandono e ao vandalismo que reinam...

(Fotografia de Luís Eme - Quinta da Arealva)

sábado, abril 03, 2021

O Mundo do "Faz de Conta"...


Já me perguntaram, mais que uma vez, o que leva algumas pessoas a "decretarem" o fim da esquerda e da direita, acrescentando, que, além de serem antiquadas, estão desajustadas no nosso tempo.

Curiosamente, ou não, estes "decretos" partem sempre da direita (da tradicional e da outra, "populista", que se acha moderna...). E têm como objectivo iludir (sei que enganar é mais apropriado...) as pessoas de que já não existem "classes sociais", existem sim pessoas, que têm mais e menos dinheiro.

Esta "teoria" acaba por ser ainda mais intrigante, por vivermos num tempo em que a desigualdade social tem aumentado, com os ricos a ficarem mais ricos e os pobres a ficarem mais pobres.

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


sexta-feira, abril 02, 2021

Nós e os Outros (nas fitas da vida)...


Cada vez tenho menos ilusões e certezas em relação a tudo o que gira à minha volta. O mesmo se passa com as pessoas.

Sei que são os gestos espontâneos que nos levam a conhecer verdadeiramente as pessoas e não a chamada "simpatia social" (somos facilmente seduzidos pelas boas actrizes e pelos bons actores...), que é praticada em quase todos os lugares por onde passamos.

Nada me diz que o meu vizinho, que vive com um cão e fuma sem parar, não possa ser diferente da personagem que o assombra e se cola à sua pele, que cabe muito bem num filme americano sinistro, encharcado em sangue e lágrimas.

Talvez ele veja filmes e mais e fale com  pessoas a menos (antes, durante e "depois" da pandemia)...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, abril 01, 2021

E Se tudo Voltasse a ser "Normal", Hoje?


Pois é, hoje é o dia em que os "não mentirosos" costumam fazer uma ou outra brincadeira, ao contrário dos brincalhões que adoram a "península do engano" e que fingem que o dia um de Abril é feriado.

Foi por isso que pensei: E se tudo voltasse a ser "normal", hoje? (o que quer que isso seja é com toda a certeza melhor do que o que estamos viver...)

Mas depois lembrei-me que a era dos milagres já passou à história...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)