quinta-feira, agosto 03, 2023

Dias quase comuns (se esquecer a hora do café)


Ontem bebi café com um dos meus amigos pintores. É sempre um prazer falar com ele, mesmo vivendo num momento de grande indefinição em todas as artes, em parte porque quase "toda a gente quer ser artista" e isso acaba por banalizar (cada vez mais) o acto criativo.

Hoje foi tempo de tomar café com letras (o saudoso nome de um café que fez furor em Cacilhas no começo de século...), na companhia de dois escritores "ressabiados", que gostam de se servir da ironia para o seu habitual bota-abaixo ou para explanarem uma ou outra teoria da conspiração.

Quando era assinante do "Jornal de Letras" e da revista "Ler", chamavam-me tudo e mais alguma coisa. Não foi por causa deles que me esqueci de renovar as duas assinaturas, mas tinham alguma razão no que diziam, estas duas publicações são mesmo "duas quintas", nem sempre bem frequentadas.

Lá me estou eu a desviar da conversa.... 

Estou a reler  os "Passos Efémeros (Dias comuns 1)" de José Gomes Ferreira e depois de deixar estes dois amigos vim pelo caminho a pensar numa das suas frases do livr0: «Pobre razão neutra! (de quem sonha com páginas neutras), revistas neutras, poetas neutros, homens neutros!) posta com indignação fingida na balança, para justificar a tirania e concordar com ela.»

Foi mais ao menos isso que disse a estes dois companheiros, mas fui derrotado facilmente. Encheram-me de exemplos de "livros de trampa" (eles usaram outra palavra...) que são criticados como se fossem obras da prima, ou de escritores e poetas que não valem um chavelho (foi mesmo esta a palavra dita...) e são vendidos quase como candidatos ao Nobel.

Mudando de assunto, sei que leio e releio esta e outras obras diarísticas do nosso grande "Poeta Militante", por me identificar bastante com a forma como José Gomes Ferreira "pinta a cor dos seus dias". Talvez isso aconteça por normalmente ter mais que fazer que me preocupar demasiado com o "Mundo dos Outros"...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


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