domingo, junho 30, 2013

A Crise e a Cultura


Olhando para trás, desde que ouso pensar mais a sério nas coisas da Cultura (há pelo menos trinta e cinco anos...), sinto que nunca foi tão desvalorizado o trabalho dos criadores, seja nas Artes ou nas Letras.

Na minha opinião o facto de não termos um Ministro da Cultura, não é o problema maior. Podia haver uma secretaria de Estado e não existir o problema do desinvestimento em todos os sectores culturais. 

Há uma "cegueira" (e até em alguns casos perseguição, por a Cultura continuar a ser olhada como algo da esquerda...) que só prejudica o país. Qualquer pessoa com alguma inteligência percebe que o melhor "casamento" que poderá ser feito com o Turismo, será  através da Cultura. 

E nós sempre tivemos uma Cultura tão rica...

Penso que há sobretudo medo. Os agentes culturais têm ideias, têm opiniões, tresmalham do rebanho de "carneiros" que habita neste país. 

E isso assusta qualquer governo manipulador, repressivo e mentiroso.

O óleo é de Boiko Asparuhov.

sábado, junho 29, 2013

Verão sem Inverno


O Verão começou com grande vitalidade, as temperaturas têm-se aproximado dos 40 graus, deixando-nos completamente esbaforidos, tanto nas ruas como em casa (ligar o ar condicionado passou a ser um "luxo"...).

Os "profetas" que quase nos aconselharam a usar "chapéus de chuva" na praia, parece que se enganaram nas previsões, embora ainda estejamos no começo da estação mais descontraída e quente que temos.

Aliás, ainda esta semana davam diminuição de temperatura a partir de quinta-feira e é o que se vê...

Tenho impressão que os meteorologistas utilizam uma "bola de cristal" da mesma marca do Gasparzinho.

O óleo é de Andrew Baines.


quinta-feira, junho 27, 2013

A Ficção da Realidade


Fala-se muito pouco de Anarquistas, enquanto seres livres e apaixonados pela Cultura, em todas as suas áreas da sociedade.

É bom lembrar que muitos deles foram presos ou deportados ainda na Primeira República, que não foi assim tão democrática, como poderemos pensar.

Era comum apelidá-los de "maluquinhos", por terem a coragem de pensar diferente e de acreditar num mundo mais justo e igualitário, onde não fosse necessária a presença de "deuses e de amos".

Um desses vestígios culturais (que está a desaparecer...) era o nome que atribuíam aos seus filhos.

Por exemplo o Jaime Rebelo atribuiu a um dos filhos o nome de Emílio Zolá (que já não conheci, pois faleceu algum tempo antes de conhecer a esposa, Idalina e os filhos, Sérgio e Ana Isabel...). António Duarte deu o nome de Júlio Verne, a esse grande amigo e apaixonado de Lisboa, que me ensinou tantas coisas, simples e preciosas...

E poderia estar o dia inteiro a dar exemplos destes, como o pai do Santana, que se chamava Gutenberg e foi músico da Incrível Almadense.

Além de paixão, havia também uma grande dose de coragem em baptizar os filhos com estes nomes, que poderiam não ser muito levados a sério pela sociedade de então e até pelos próprios professores da época, demasiado rígidos.

Escolhi o óleo de Vita di Milano, por sentir que os Anarquistas são das pessoas mais livres que tenho conhecido, especialmente de preconceitos. 

quarta-feira, junho 26, 2013

«Eu andei lá dentro, eu sei como é que as coisas se fazem.»



Estava sentado na cadeira da barbearia, no começo da manhã, quando um homem de meia idade entrou para ler o jornal desportivo, com a complacência do dono e da empregada que me cortava o cabelo.

Começou logo a comentar as notícias, com um ar que superava os entendidos da matéria (quase dez milhões de portugueses...), sem se esquecer de salientar: «eu andei lá dentro, sei como é que as coisas se fazem.»

Cada vez que comentava uma notícia, acrescentava, «eu andei lá dentro», reforçando a ideia com o sobranceiro, «eu sei muito bem como é que as coisas se fazem.» 

Falou de Eusébio, quase como termo de comparação, para dizer que era ele que marcava os pontapés de grande penalidade da equipa.

Ouvia, esboçando alguns sorrisos para com a senhora que me ia encurtando o cabelo. Minutos depois ele saiu e voltou a entrar, para dizer mais uma vez: «eu andei lá dentro» e lá foi pregar para outra freguesia...

Perguntei ao senhor Zé se ele era um velho jogador do Almada, disse-me que sim, acrescentando: «do Almada e do Ginásio».

Não tive curiosidade em saber o seu nome, para mim ele agora era apenas o senhor "Eu Andei lá Dentro", que tinha como apelido, "Eu sei muito bem como é que as coisas se fazem".

Não sei se deu autógrafos nos seus tempos de jogador da bola. Provavelmente não, eram outros tempos, mas que gostava de ter dado, não tive qualquer dúvida...

terça-feira, junho 25, 2013

O Nosso Jornalismo de Folhetim Novelesco


Tenho andado a remexer (e a deitar fora uma boa parte...) em recortes de jornal que fui guardando nos últimos anos e percebo que sempre que surge um tema polémico ele anda "no ar" diariamente (no mínimo quinze dias e é esmiuçado de todas as maneiras e feitios). Além das reportagens, não há cronista que se preze que não manifeste a sua opinião, mesmo que seja um assunto que não domine minimamente.

Normalmente estes temas são tratados pela comunicação social de forma a cansarem e a confundirem os leitores, esgotando qualquer forma de serem debatidos com seriedade.

Depois pura e simplesmente desaparecem das páginas dos diários e do noticiário dos telejornais, como se os bons dos jornalistas apenas estivessem a escrever um guião de telenovela e resolvessem "escrever" o seu final, sem demonstrarem qualquer preocupação pelo facto destes casos continuarem à espera das decisões da nossa justiça, ainda do tempo da "máquina a vapor"...

segunda-feira, junho 24, 2013

O S.João e um Coleccionador Especial


Eu já sabia que não precisamos de ser religiosos para coleccionar santinhos.

Só não sabia que no meu círculo de amigos tinha um coleccionador de tudo o que dizia respeito a S.João, desde imagens, reproduções de quadros a pequenos cartões com orações.

O mais curioso, é que ele não frequenta qualquer templo nem professa qualquer religião.

Já falámos sobre isso e ele diz que tem dificuldade em definir a sua religiosidade, acredita sobretudo na ideia de bem. Sabe e sente que se pode ser boa pessoa, sem se estar agarrado a qualquer credo religioso. 

Compreendo-o, até por ele ser de facto uma pessoa de bem, daquelas cada vez mais raras, que ainda são capazes de ajudar desconhecidos...

O óleo é de Nicolas Poussin.

sábado, junho 22, 2013

O Medo Masculino


Ouvia as dúvidas dele e sorria, talvez por já ter escrito algo parecido.

Sempre procurara uma mulher diferente, forte e livre, que gostasse da noite e de tudo o que lhe pertence, desde o álcool ao sexo. E agora estava com medo.

Medo de não ser suficiente forte para ela. 

Medo de ser abandonado, por ela ser demasiado livre...

Enquanto o ouvia, pensava: «e ela, quais serão os seus medos?»

O óleo é de Vincent Giarrano.

sexta-feira, junho 21, 2013

O Futebol Deixa de ser o Ópio do Povo na "Pátria do Futebol"


O Brasil não deixou de ser a "pátria do futebol", mas o "desporto-rei" parece que já não é o ópio do povo, felizmente.

O povo brasileiro aproveitou a realização da Taça das Confederações, um ensaio para o Mundial de futebol que se realiza no próximo ano, para vir para a rua protestar contra as várias arbitrariedades de que continua a ser vitima.

O aumento dos transportes públicos foi apenas o rastilho, depois vieram a "lume" coisas como  a educação, saúde, emprego, que estão longe de ser um direito para todos.

Não aceitam que haja dinheiro para estádios e não para escolas e hospitais, tão necessários.

E de pouco valem as palavras do "rei" Péle ou de outros "ídolos de pés de barro", que não fazem mais que defender a sua "galinha dos ovos de ouro"...


quinta-feira, junho 20, 2013

Mudar de Café por Cinco Cêntimos


Cruzei-me com o Carlos há dias e disse-lhe que tinha uma folha cheia de faltas na nossa mesa de café.

Sorriu e disse que agora costumava ir ao "concorrente" da esquina, que cobra menos cinco cêntimos por cada bica.

Acrescentou que a culpa era nossa e que se fossemos fregueses diários como ele, não tinha mudado, mas a nossa irregularidade não lhe deu grande espaço para ficar ali, até porque gosta mais de ser atendido por uma simpática, que lhe oferece um sorriso dos bonitos logo de manhã.

Não tive argumentos para o convencer, pois um sorriso logo de manhã, vale mais de uma mão cheia de cêntimos. 

E claro, a vida está cada vez mais difícil. O Carlos bebe no mínimo dois cafés por dia por ali, um logo de manhã e outro depois do almoço. Ao fim da semana, são dois cafés que bebe de borla.

Mesmo que eu seja teimoso e não ligue a coisas pequeninas, tenho de dar razão ao Carlos, pois estamos a voltar ao tempo em que se "contavam os tostões". Mas ele convenceu-me mesmo foi com a história do sorriso que recebe, logo  pela manhã...

O óleo é de Raymond Leech.

terça-feira, junho 18, 2013

Passar ao Lado da Escrita (mas não dos papeis...)


Embora tivesse alguns trabalhos para acabar, larguei o teclado e resolvi vestir o "fato" de arquivista, resolvido a organizar uma série de recortes, guardados há algum tempo.

Felizmente só aproveitei um quinto do que estava guardado.

Lembrei-me de uma frase do Pina sobre estas coisas: «descobri que as coisas importantes, se as pusermos num monte, passados uns meses deixam de ser importantes. É tudo inútil, são urgências que entretanto deixaram de ser urgentes.»

E é mesmo assim, o poeta Pina sabia bem do que falava.

É quase igual às excelentes ideias que temos e registamos num papel e que no dia seguinte não passam de mais uma banalidade...

o óleo é de Jesus Navarro.

segunda-feira, junho 17, 2013

Sim à Greve dos Professores


Estou solidário com a greve dos professores, mesmo sabendo que foi marcada num dia de exames.

Estou convicto que não mudaria de opinião se um dos meus filhos fosse "vitima" desta paralisação.

Sei que as greves para fazerem sentido, têm de fazer mossa, como é o caso. Tem de alterar a "ordem das coisas", têm de nos fazer pensar. E a educação vai de mal a pior e os menos culpados são os professores e os alunos.

Não acho muita piada ao sindicalista de Coimbra, mas acho ainda menos às manipulações dos governantes, que tentam passar a imagem que os professores é que são os maus da fita e que não querem chegar a qualquer tipo de acordo.

O óleo é de Katherine Frazer.

domingo, junho 16, 2013

«O que pensará Herberto Helder deste "fenómeno recente, chamado Herberto Helder"?»


Estive com a Rita e falámos de livros e, inevitaverlmente, da nova obra de Herberto Helder, "Servidões".

Tanto ela como eu não conseguimos comprar o livro, porque nunca pensávamos que esgotasse em dois dias (5.000 livros!!!), até por ser um livro de poesia, os tais que os editores dizem que não vendem nada...

Eu perguntei: «o que pensará Herberto Helder deste "fenómeno recente, chamado Herberto Helder.?»

A Rita sorriu e disse que provavelmente não achou muita piada e talvez tenha lançado um sorriso de escárnio, por o quererem transformar naquilo que ele nunca quis ser, um objecto comercial.

Concordei. Esta procura anormal do seu livro, vai contra tudo o que ele pensa da poesia e da literatura.

Há quem afirme que houve quem comprasse o livro às dezenas, apenas a pensar no "negócio", de ficar com uma primeira edição do Herberto em armazém, a render juros. Outros foram atrás da palavra "esgotado", mesmo quem não lê poesia nem conhece as palavras do poeta madeirense.

«Ora aí está, mais um fenómeno à portuguesa.» concluiu a Rita.

sábado, junho 15, 2013

O País Onde Tudo é Possível


Ao ouvir a notícia sobre o aumento do gás natural, registei um facto não menos curioso, uma das causas deste aumento foi a quebra de consumo dos portugueses.

Até a jornalista que deu a notícia, salientou esta alínea, com alguma perplexidade.

Como vemos, até nestes pequenos pormenores, corre tudo ao jeito do capital.

As pessoas que querem poupar (e é tão importante para o ambiente a poupança em energia e água, que passou a ser secundário...), recebem como "prémio" o aumento dos preços.

Maldita selvajaria capitalista. Maldito país onde tudo parece ser possível, então se for para prejudicar o consumidor...

O óleo é de Diane Mc Lean.

sexta-feira, junho 14, 2013

«Quem não quer ser burro,não lhe veste a pele.»


A minha avó dizia muitas vezes a frase: «quem não quer ser burro não lhe veste a pele (com orelhas e tudo).» E tinha toda a razão.

É a sensação que tenho, sempre que ouço ou vejo a criatura que anda "perdida" pelos paços de Belém.

O mais grave é sentir que cada nome que lhe atribuem, ofende sempre alguém, que não tem nada que ver com os assuntos da governação.

Não são só os Palhaços que não gostam de ser metidos no mesmo saco com o sujeito, o mesmo acontece com os Malandros que se prezam ou ainda com Proxenetas, Homossexuais ou até Machos da Cabra.

Com a história das multas e dos "circos", não tenho dúvidas de que nunca houve tanta gente a chamar toda a espécie de nomes, ao inquilino do Palácio Cor de Rosa, mesmo que seja em surdina...

Nota: Quando falamos no "cara de pau", insultamos sempre alguém, desta vez foi um burro, mas podia ser um urso, um camelo ou até um lobo...

O óleo é de Lesley Humphrey.

quinta-feira, junho 13, 2013

Fernando, no Dia do António


Gosto deste Fernando Pessoa, de Carlos Botelho, difuso, quase mais que um. 

E ele foi tantos...

Tantos que conseguiram fazer quase tudo com as palavras...

As bebidas fortes que ele tanto gostava, ou pelo menos usava, para "afogar" as mágoas, também o faziam ver em duplicado ou triplicado...

Não acho que se deva tirar o dia ao António, Santo Popular, que enche os bairros lisboetas de alegria, pelo menos em Junho, mas o Fernando, não lhe ficou nada atrás em talento. 

Claro que não quebrou tantas bilhas e menos casamentos fez.

Tudo por causa do Desassossego, que raramente o deixava em paz...

quarta-feira, junho 12, 2013

Confiar e Desconfiar


Eu sei que podemos criar as divisões que quisermos para  identificar ou distinguir as pessoas.

Por isso é que o Júlio era uma personagem singular, pois para ele só existiam dois tipos de pessoas, os que confiam e os que desconfiam. 

No início faziam-me confusão esta "simplicidade", mas com o tempo percebi que esta divisão era uma das que tinha mais lógica, em relação aos seres humanos e definia quase tudo da nossa natureza.

Os que confiam, muitas vezes passam por "otários", "ingénuos", "inocentes", "parvos", "estúpidos", etc, apenas porque conseguem ver o o lado melhor que existe em cada um de nós.

Os que desconfiam, vivem quase sempre em sobressalto, só existe um lado, o deles. Olham para todos os lados, nem conseguem confiar na própria sombra, que muitas vezes até parece querer fugir deles...

Lembrei-me do Júlio, hoje, e não foi apenas porque sim. 

O Júlio era um sábio. Acho que ele sabia isso.

O óleo é de Natasha Villone.

segunda-feira, junho 10, 2013

Dia de Portugal: Definições para Vários Gostos


O 10 de Junho deve ser um dos feriados com mais definições, quase sempre ligadas a questões ideológicas.

Para alguns falsos puristas, ainda continua a ser o Dia da Raça, um daqueles detalhes tão difíceis de apurar... pois se até a realeza era boa a fabricar "filhos bastardos"...

Felizmente chegámos ao século XXI, sendo muitas raças. Além de termos deixado vestígios pelos cinco continentes, nunca tivemos medo de nos misturarmos e absorvermos as coisas boas de outras culturas.

Para outros é o Dia da Nação, onde não faltam saudosismos de um Portugal Imperial, com praças nas Áfricas, nas Américas e nas Ásias.

Para mim é sobretudo o Dia de Camões, poeta que simboliza muitas coisas boas, para além da poesia. Como por exemplo a nossa língua pátria, nem sempre bem tratada, como acontece com este acordo ortográfico que não agrada a ninguém (nem sei como é possível chamarem-lhe acordo...), desde a Pátria Mãe, ao Brasil, acabando nos países lusófonos africanos...

O óleo é de Isabel Nunes.

domingo, junho 09, 2013

O Povo que Somos


Uma palestra a que assisti ontem, que devia ser  sobre Antero de Quental (e foi, com os méritos do prof. Américo Morgado...), acabou por servir para quase todos os presentes falarem sobre essa coisa, boa e má, que é o ser-se português.

O mais curioso é como algumas qualidades (o pacifismo, o voluntarismo, a obediência, a  responsabilidade) se aproximam de alguns defeitos (o comodismo, a servidão, os brandos costumes, a submissão).

Mas fomos mais longe, apontámos mais causas para sermos assim. O clima foi referido várias vezes, assim com as nossas origens. Mas também foi dito que os espanhóis têm o mesmo tipo de clima que nós e descendem dos mesmos povos e são tão diferentes. Saem para a rua para defenderem os seus interesses, não ficam em casa, acomodados à situação, por mais difícil que ela seja.

Como não podia deixar de ser, Salazar também apareceu, pelas piores razões claro, assim como a igreja - sempre solicita a pedir sacrifícios aos mais humildes em nome de deus, prometendo-lhes o mesmo céu que "vendiam" aos seus "donos" - e os senhores todos poderosos das terras, que quase faziam as suas próprias leis.

É triste, mas penso que ainda não nos conseguimos libertar deste "jugo feudal" de tantos séculos, que só foi aliviado em Abril de 1974 (embora eles tenham voltado pouco depois e continuem no poder, como então, a servirem-se e não a servir o Estado...), muito menos de uma igreja que sempre esteve ao lado do tal poder (e assim continua...), que aproveita esta crise para apelar à caridadezinha e chamar a si os "pobrezinhos" e não para denunciar os atropelos que se fazem à dignidade humana...

Não chegámos a conclusão nenhuma, mas lançámos muitas pistas sobre o povo que somos e nem sempre gostamos de ser...

O óleo é de Will Barnet.

sábado, junho 08, 2013

A Melhor Equipa nem Sempre se Constrói com os Melhores Elementos


O desporto é uma boa metáfora das nossas vidas e tanto pode ser utilizado para caracterizar o nosso local de trabalho como outra actividade qualquer, associativa ou recreativa.

Ou seja, os melhores nem sempre fazem a melhor equipa. Muitas vezes as guerras de "egos" deitam tudo a perder...

E nem estava a pensar na nossa selecção, que é uma equipa cada vez mais banal, apesar de ser constituída por alguns jogadores que pensam ser os melhores do mundo.

Estava sim a pensar num encontro fortuito com um companheiro, que fez parte das melhores equipas de trabalho em que participei. E estávamos longe de ser as "vedetas" da casa...

No entanto quando era preciso alguma coisa, era à nossa porta que vinham bater. Por uma razão simples: embora cada um de nós tivesse a sua função específica, sabíamos mais que o essencial sobre o trabalho de cada elemento da equipa, pelo que qualquer ausência raramente se fazia notar, ao contrário dos outros "cérebros insubstituíveis", que faziam parar as suas secções, quando se ausentavam...

E como sabia bem "tocarmos" afinados e sentirmos a camaradagem como um bem essencial para o nosso dia a dia.

O óleo é de Hector Páride  Bernardó.

sexta-feira, junho 07, 2013

«Segredos? Não acredito muito nisso. O que há é olhares atentos, imaginativos e sensíveis.»


Falava-se de fotografia à mesa e eu ouvia mais do que falava. Até por ouvir coisas que achava um bocado disparatadas.

Algumas pessoas pensavam que havia bastantes segredos em volta das fotografias e que só quem conhecesse alguns truques técnicos é que podia aspirar a tirar boas fotografias. 

Falavam do photoshop como se fosse um santo qualquer, milagreiro. Como não tenho este programa, não sabia muito bem o que dizer ou pensar. Lembrei-me que a arte de fazer fotografias sempre foi um processo muito manual, havia quem perdesse horas e horas a trabalhar em quartos escuros, em busca da exposição desejada, da chamada "obra prima". Isto aconteceu pelo menos até aos anos setenta do século passado.

Só que depois inventaram-se máquinas mais perfeitas que o homem, no que toca à revelação e impressão, poupando tempo e dinheiro.

Também percebi que uma boa parte das pessoas associava as fotografias bonitas a grandes máquinas, Quando me perguntaram o modelo e a marca da minha máquina, ficaram surpreendidas, porque era normalíssima  Mas não queriam ir por aí, queriam era desvendar segredos. Paciência...

Quando disse: «segredos? Não acredito muito nisso. O que é é olhares mais atentos, mais imaginativos e mais sensíveis.»

Continuaram a não acreditar. Como se eu estivesse a fazer bluff...

O óleo é de Andrian Bekiarov.

quarta-feira, junho 05, 2013

O Vazio Atrai o Nada


Sempre que passo rente a um café cá do burgo, noto que tem cada vez tem menos freguesia.  Fico sem qualquer dúvida, que o vazio atrai o nada.

É possível que tenha existido algo mais que a crise, para tal debandada, embora não faça ideia o que poderá ter acontecido.

Nunca fui seu cliente habitual, embora parasse por lá algumas vezes, para falar com pessoas que marcavam encontros nas suas mesas.

Um dos funcionários estava longe de ser uma simpatia, em vez de cair em graça armava-se em engraçado e isso é fatal num empregado de mesa, segundo o meu ponto de vista...

Curiosamente ainda se mantém por lá.

Mas a verdade, nua e crua, é que não há espaço para todos, porque cada vez as pessoas têm menos dinheiro...

O óleo é de Janet Termoff.

terça-feira, junho 04, 2013

A Prática da Auto-censura


Penso que todos praticamos a "auto-censura", mesmo nos nossos blogues.

Eu faço-o sobretudo porque há coisas da qual não me apetece nada falar.

Se há coisa que me irrita é falar de política e de políticos, ou então da tribo de futebol... aqui talvez com demasiado conhecimento de causa de algumas "batotas", por ter sido durante algum tempo, um quase jornalista desportivo.

Sinto-me como se estivesse a remexer na "merda".

Ontem falei de música, quando me apetecia falar desta gente que passa a vida a criticar os antecessores e conseguiu a proeza de - em tempos de crise e de números recordes de desemprego - ter nomeado mais gente que o PS, nos seus dois primeiros anos de governação, com a agravante de ainda nem sequer os ter completado. 

Segundo o "D. Notícias" este governo PSD/ CDS nomeou nada mais nada menos que 4.463 "bois", que só podem ser de "raça", pois recebem vencimentos médios superiores a 3.000 euros. E se pensarmos que com cada ordenado destes se podiam contratar pelo menos seis auxiliares para as escolas ou para os hospitais...

Mas segundo a cartilha desta gente, sem qualquer pingo de dignidade ou vergonha, não se podem fazer contratações na função pública, só nomeações...

O óleo é de Andrei Buryak.  

segunda-feira, junho 03, 2013

A Tua Música


Podia ficar ali a tarde toda a ouvir a música que fazias sair do piano de cauda. 

Apeteceu-me dizer um poema, mas não tinha trazido nada no bolso e se há coisa que não aprendi, foi a declamar de memória.

Depois tudo aconteceu rapidamente...

Foste tu que me chamaste e me deste um poema da Sophia para eu dizer, nos intervalos da tua música. O medo que tive de estragar toda aquela "magia" que criavas com o piano...

O óleo é de Boyko Asparuhov.

sábado, junho 01, 2013

«Pai tens alguma coisa para mim?»


«Pai tens alguma coisa para mim?»

Não foram as primeiras palavras da manhã da minha filha, mas não andaram muito longe.

Respondi apenas com um sorriso enigmático.

E depois lá lhe entreguei o presente, para receber um abraço de volta.

O rapaz mais velho perguntou pelo seu presente. Respondi-lhe que pensava que ele já não era criança.

Fez-se luz na sua cabeça e fez um ar de mais crescido do que realmente é, porque com quinze anos já se acha no mínimo um "semi-adulto"...

O óleo é de Steve Hanks.