quarta-feira, dezembro 31, 2014

O Meu Companheiro Está de Volta


Ontem, ao fim do dia, o meu "Acer" voltou para casa, com um disco novo.

Ainda estou a instalar algumas coisas, mas é delicioso perceber que no essencial não se perdeu nada.

Depois de um ano com vários percalços, é bom entrar o ano de uma forma animadora.

Aproveito para vos desejar um melhor 2015 (em relação aos últimos anos...), com mais motivos para sorrirem e para se sentirem felizes neste pedaço de mundo, que desejo que passe a ser melhor frequentado. E claro, com muita inspiração.

O óleo é de Cristopher Stott. 


terça-feira, dezembro 23, 2014

Boas Festas


Continuo sem o meu computador (embora o meu sobrinho, que conseguiu salvar praticamente tudo de importante que estava no disco e me tenha emprestado um outro, mas com uns programas "estranhos" (não são da família "microsoft"...), aos quais ainda não me adaptei...

Mesmo assim, não quis deixar de passar por aqui, para desejar Boas Festas a todos os que passam por este lugar (comentadores ou não) e de alguma forma dão vida ao "Largo" que gosta de ter memória.

Um forte abraço para todos.

Vou colocar aqui este desenho do Banksy (grato Joana...), pelo seu simbolismo, pois Jesus neste milénio tem de escolher outro lugar para nascer, já não poder ir a Belém...

sábado, dezembro 20, 2014

As Avarias das Máquinas que Já Fazem Parte da Nossa Vida


O meu computador resolveu meter "baixa", pelo que nos próximos tempos vou estar mais afastado do que tinha pensado, da blogosfera. Ou seja, estou com umas férias natalícias antecipadas destes jogos de palavras e de algum convívio, mesmo virtual.
 
Como costuma acontecer nestas coisas, estão por lá muitas coisas importantes, que não guardei no disco externo, porque pensamos que o nosso computador é "eterno". Espero que consigam resistir a esta "imtempéride" e que voltem a respirar, com alegria (principalmente para minha alegria, estão lá três livros inacabados...).
 
 É mais um "balde de água fria" para me despedir serm grandes saudades de 2014.
 
O óleo é de Javad Azarmehr.
 

quarta-feira, dezembro 17, 2014

Perdido e Encontrado na Imensidão de Lisboa


Já devo ter escrito por aqui, que com dezoito anos deixei a minha cidade natal e parti para a Cidade Maior.

Sentia que as Caldas da Rainha pouco tinha para me oferecer. E estava certo. Até por estar longe de me rever na mentalidade pequeno-burguesa virada para o mundo das aparências. Se não partisse, talvez fosse sempre um "inadaptado", talvez escrevesse sobretudo poesia subversiva...

Mas os primeiros tempos não foram fáceis...  nunca são para um provinciano "perdido" em Lisboa. 

Felizmente tive a sorte de receber dois "pais" emprestados, que me deram uma liberdade que eu desconhecia. Cresci muito mais de um palmo com o Zé e a Elisete, que foram a melhor coisa que poderia acontecer a um jovem rebelde, a dizer adeus à adolescência.

Embora nunca tivesse pensado que iria encontrar um ambiente que me daria a ilusão de ser invisível, sinto que foi uma das melhores coisas que recebi. Já sonhava com a escrita e encontrei pela primeira vez a possibilidade de observar tudo o que me rodeava, sem que alguém reparasse que eu existia. 

Claro que não me habituei logo a viver num mundo de "estranhos", gente com dificuldade em soltar qualquer bom dia ou boa tarde... mas não se pode ter tudo.

Ainda hoje gosto de andar perdido na imensidão de Lisboa...

O óleo é de Judith Peck.

terça-feira, dezembro 16, 2014

O Árbitro Habilidoso do Banco Mau


Ontem ao almoço ouvi uma história deliciosa, que até podia parecer anedota, mas não, foi mesmo verdade.

Um sportinguista quase doente contou com um sorriso nos lábios que tinha fechado a sua conta do BES, há já uns anitos, quando um árbitro habilidoso de Almada resolveu oferecer a Taça da Liga ao Benfica (até começaram a chamar a essa Taça a taça do dito árbitro...).

Ele até se mostrou agradecido ao "árbitro bancário", por ter saído do "banco mau" antes de toda esta bagunçada da família Espírito Santo...

E foi ainda mais longe: «fala-se muito do Calabote, mas o que não faltaram por aí foram gajos com apito habilidosos, bons a fechar os olhos a fora de jogos e a grandes penalidades, ou vice-versa, a abri-los tão bem, que conseguiam ver o que mais ninguém via.» E lá conseguiu arrancar uma gargalhada geral, mesmo de quem não percebia de futebol, como a Rita.

O óleo é de Josh George.

segunda-feira, dezembro 15, 2014

Uma Voz Quente na Noite Fria


Gostei de te ouvir cantar, ontem, tal como já gostara noutros tempos e noutras músicas.

O engraçado é que, mesmo quando cantavas o fado, já achava que havia ali qualquer coisa "azul" na tua voz. Foi por isso que não estranhei esta tua aproximação ao jazz.

Dizes que é a escolha definitiva (não acredito).

Eu também acho que sim, a tua voz é um "instrumento", que casa melhor com o piano, com o baixo e até com o saxofone e o trompete, que com a guitarra portuguesa.

O óleo é de Eric Bowman.

domingo, dezembro 14, 2014

Outros Espelhos...


Não sei se a televisão é o melhor ou pior espelho. Sei apenas que é mais um espelho da nossa sociedade. Claro que se aproxima mais da "Casa dos Espelhos" da antiga Feira Popular, que do espelho que temos em casa e nunca nos mente, especialmente de manhã, quando o olhamos e ele teima em dizer-nos que somos mesmo nós, que estamos deste lado...

Penso que a televisão aproxima-se mais do "espelho enfeitiçado", que é boa a pregar partidas e até a levar-nos a fazer figuras quase tristes, pela surpresa da câmara, pelas perguntas parvas que nos podem fazer na rua (pratica-se muito no nosso país...). E claro, pela vaidade desmedida, quase de "bruxa" da Gata Borralheira, de quem se acha demasiado bom e belo. 

sexta-feira, dezembro 12, 2014

Cacilhas e os Burros


Foi há já muito tempo que as "burrricadas" passaram de moda em Cacilhas. Foi por isso que estranhei que aquele sujeito, que mal conhecia, sorrisse, quando disse que morava em Cacilhas, quase a apontar-me para as orelhas e a dizer que eu vivia na "Terra dos Burros".

Não sorri, não fui ordinário nem acrescentei nada à conversa. Podia dizer que me orgulhava muito da história de Cacilhas e que até já tinha escrito vários livros sobre esta Localidade, mas podia parecer que me estava a colocar em bicos de pés. E por outro lado, cada vez gosto menos de dar "pérolas a porcos"...

Nem sequer lhe disse, que pelo que sabia, os "burros" costumavam chegar de barco, vindos de Lisboa...

O óleo é de Ortega Munõz.

quinta-feira, dezembro 11, 2014

O Nosso "Imortal" Manoel


 Hoje é dia de festa para Manoel de Oliveira, que festeja o seu centésimo sexto aniversário, com uma lucidez e uma vontade de continuar a fazer filmes, invejáveis.

Mesmo que não se goste de uma boa parte da sua filmografia, é impossível passar ao lado do nosso "imortal" Manoel, um caso sério de longevidade e de capacidade criativa.

parabéns Manoel!

quarta-feira, dezembro 10, 2014

A Voragem das Notícias Diárias


Uma das coisas que mais me irrita é a forma como são geridas as notícias, principalmente as televisivas. São oferecidas imagens repetidas, diariamente (em todos os blocos de notícias), ao ponto de cansarem as pessoas e de lhes oferecerem um forte motivo para o habitual "zapping", numa clara fuga ao "big brother" jornalístico.

As notícias quase que são editadas como se fossem folhetins telenovelescos, abordadas cada vez com menos seriedade. Mesmo que os dramas se mantenham, quase que desaparecem de um dia para o outro (apenas do nosso, claro, de telespectadores...). O Ébola foi "fechado" em África; o novo Estado Islâmico está no mesmo sítio, mas os portugueses estão em lista de espera do editor do internacional; a violência doméstica quando surge é tratada como um crime de sangue, normalizado; o BES, é a "novela do horário nobre", vai continuar na ordem do dia por vários anos, mas para nós, já está colocado de parte, até por mais uma vez, não se encontrar ninguém preso; a entrada da prisão de Évora continua a ser  tratada quase como um desfile ou entrada para uma festa, só falta a passadeira vermelha e as pessoas irem visitar Sócrates com roupas de gala.

É o país e os jornalistas que temos (cada vez mais reféns dos donos dos meios de comunicação). Um país cada vez mais triste e moribundo, diga-se de passagem.

O óleo é de António Fuentes.

segunda-feira, dezembro 08, 2014

A Necessidade de uma Janela...


Há pequenos pormenores das nossas vidas a que nem sempre damos atenção. Provavelmente pela sua simplicidade.

Por exemplo, quando estou só, escrevo quase sempre perto da janela. Preciso de olhar, preciso de ver. Mesmo que seja a mesma paisagem, as mesmas casas, os mesmos campos, o mesmo rio...

Preciso da companhia do "mundo das coisas", que acaba por substituir a espaços o "mundo das pessoas".

Nem mesmo este frio de Dezembro me afasta da janela...

O óleo é de Olivier Desvaeux.

domingo, dezembro 07, 2014

Levar-me ou Não a Sério (ou Conversar com o Espelho)


Provavelmente tenho perdido algumas oportunidades na vida, por não correr muito atrás das coisas, por não andar a bater em "portas", que normalmente estão fechadas (e é preciso insistir, ser chato...). Talvez continue iludido que além do talento, a sorte manda muito no mundo das artes, mesmo sabendo que não é bem assim (empurrão daqui, empurrão dali, são a sorte de muita gente...).

Mas pelo menos ando com os pés no chão, olho para o mundo de frente, sigo o meu caminho, sem curvas e contracurvas, e não só consigo, como gosto de sorrir para as coisas simples.

Não sei se algum vou escrever um grande livro, se vou ter mais leitores do que esperava.

Sei apenas que não vou deixar de olhar para o mundo com a minha visão peculiar, nem prender os dedos da mão, quando sentem aquela vontade enorme de escrever (sim continuo a escrever em papeis (guardanapos, talões de multibanco, recibos de compras - o que está no bolso) porque as ideias surgem-me por todo o lado.

Às vezes pergunto-me: «o que andas à procura?». E não sei responder. Provavelmente de nada. Escrevo apenas porque gosto, escrevo porque preciso, escrevo porque quero ser melhor amanhã. Sim, a busca da perfeição também é uma constante na vida, por mais imperfeitos que sejamos...

Não sei se escrever é um dom. Sei que não aprendi a escrever (com a imaginação) em escola nenhuma. Nem venho de uma família de "artistas". A rua e as pessoas continuam a ser minha melhor a "escola" e a grande fonte de "inspiração".

O óléo é de Alice Brueggermann.

sexta-feira, dezembro 05, 2014

«Não sei porquê, mas repetimos-nos muito.»


Hoje bebi café com a Rita, algo que não fazia há dias.

Como de costume falámos de muitas coisas, até da actualidade, com as politiquices e os "justiceiros", quase do cinema e dos livros pretos em destaque.

Mas o que me ficou da conversa foi tu dizeres, «não sei porquê, mas repetimos-nos muito», quase na despedida.

Fiquei a pensar nisso e acho que deve haver várias explicações. E claro, depende das repetições. A insegurança pode levar-nos a repetir as coisas, várias vezes. A mentira também. O verdadeiro mentiroso repete as coisas cem vezes, até que na sua cabeça fiquem a soar a verdade.

E a própria vida, os dias são quase sempre uma repetição... e nós próprios, também somos cada vez mais, "máquinas de repetição". É quase caso para dizer: «maldita revolução industrial!».

O óleo é de Pam Powel.

quinta-feira, dezembro 04, 2014

Continuas Alta e Bonita


Encontrámos-nos ocasionalmente no café. 

Quando entraste fingiste que não me viste (muito gostam as mulheres de não olhar para os homens...), mas à saída deste-me um olá com um sorriso. Estavas com a tua mãe que também me cumprimentou.

Lembrei-me de nós, dos olhares que trocávamos, sem nunca passar disso. Palavras? Algumas, mas nunca foram muitas.

Eras e és bonita. Mas tinhas um problema, que não consegui ultrapassar: eras mais alta que eu  (todos temos complexos estúpidos, este é um dos meus...). 

O mais estúpido é que a tua vida não tem sido fácil, dois filhos de dois casamentos e ainda um terceiro, sem filhos. Apareceram-te demasiadas vezes à frente homens errados...

A aguarela é de Lana Khavronenko.

quarta-feira, dezembro 03, 2014

Amantes do Contrário (do Contrário)


Vasco Pulido Valente talvez seja o mais célebre, de todos aqueles que adoram andar em sentido contrário. Ou seja pensar sempre o contrário dos outros, mesmo que estes estejam certos...

Se há palavra que detestam é "unanimidade".

Se percebem que toda a gente gosta do Charlot, tratam logo de lhe encontrar defeitos, o que não é nada difícil, já que a imperfeição é uma das nossas maiores marcas. Inventam alguém que ninguém ouviu falar, só para serem diferentes...

Conheço uns quantos cromos destes. Até fingem gostar de morenas, só para não se fixarem no sorriso da Marylin Monroe. Acabam por ser ridículos, porque se a unanimidade é perigosa, negar o óbvio não passa de uma perfeita estupidez.

terça-feira, dezembro 02, 2014

Traços de Solidão


Ela estava ali à minha frente, a "desbobinar" quase tudo o que lhe ia na alma. Felizmente falava calmamente, sem que a conversa chegasse às outras mesas.

«Ficamos com uma marca quando nos separamos. É o olhar ou outra coisa qualquer. Sei que há algo que se cola a nós e fica visível.»

Disse-lhe que era impressão dela. Mas ela insistiu: «Não é nada impressão. Eu encontrei mudanças em mudanças que antes me assediavam, ainda que de uma forma discreta, passaram a fugir de mim, como se lhes fosse pedir alguma coisa que não queriam dar.»

Achei aquele desabafo tão estranho, ainda por cima vindo de uma mulher agradável e sedutora. Mas ela lá sabia da sua vida.

Pensava que as coisas se passavam ao contrário, que uma mulher disponível era muito mais assediada. Mas há realmente quem se afaste das pessoas que vivem sozinhas.

O óleo é de Edward Cucuel.

segunda-feira, dezembro 01, 2014

"Fogão" Desce de Divisão


O título da notícia maior da contracapa do jornal "A Bola" de hoje é: «Brasil em estado de choque: Botafogo desce de divisão.» Depois faz o histórico do clube de São Paulo, desde o ano da fundação (1894), relevando facto de ser o clube que teve mais campeões do mundo nas suas fileiras.

De entre estes, escolho essa figura mítica a quem chamaram Garrincha, o "Anjo das Pernas Tortas", que também já me inspirou um conto...

Por saber que o Brasil tem muitos "países" dentro de si (tal como os Estados Unidos da América, devido à sua grandeza geográfica), não se limita a ter três clubes grandes como nós  (a nossa "guerra" é na escolha do quarto grande como vários candidatos: Belenenses, Braga, Boavista, Vitória de Setúbal e Vitória de Guimarães), mas, provavelmente, a mais de uma dezena.

No pequeno universo de pessoas que conheço do Brasil (não dá para qualquer estudo estatístico...), há três clubes que levam vantagem em relação aos outros: o "Mengão" (Flamengo), o "Vascão" (Vasco da Gama) e o "Fogão" (Botafogo). E o mais curioso é a terminação do diminutivo ser igual para ambos. Não sei explicar porquê, talvez os meus leitores brasileiros nos possam esclarecer...

Ao pensar na grandeza do Brasil pensei que se ainda há gente que morre em Portugal sem nunca ter visitado Lisboa, no outro lado do Atlântico, deverão existir milhões de brasileiros que nunca irão pisar o Rio de Janeiro, São Paulo ou Brasília. E claro, sem que venha algum mal ao mundo.

Resta-me desejar que esta descida do "Fogão" seja episódica e que volta rapidamente ao "Brasileirão", honrando o seu passado glorioso.

sábado, novembro 29, 2014

Teimosos, Estetas, Idealistas, etc


Há cada vez menos lugares onde é possível encontrar gente teimosa, que não desiste dos seus ideais nem entra em "época de saldos". 

Apesar  da Cultura continuar a ser um campo aberto para os "subsidiodependentes" (as "capelinhas" foram apenas reduzidas...), habituados ao "encosto", do Estado ou do Poder Local, há quem resista às tentações e se mantenha à margem do "sistema", pelo menos em termos criativos. Mas são cada vez menos...

O curioso é saber que alguns, mesmo vivendo com dificuldades económicas, não desistem.

Há por ali muito idealismo, o querer seguir o seu próprio caminho, por muitas modas e notas que lhe surjam pela frente. Outros atingiram um nível tão elevado, que são, obrigatoriamente, respeitados.

Exemplos? Luís Miguel Cintra e Beatriz Batarda (teatro e cinema); Vitor Silva Tavares e Herberto Helder (literatura); Pedro Costa e Teresa Vilaverde (cinema); Pedro Ayres Magalhães e Carlos do Carmo (música).

O óleo é de Luiz de Souza.

sexta-feira, novembro 28, 2014

A Liberdade de Ser Livre


Não é preciso ficarmos prisioneiros, para percebermos o valor da liberdade.

Até porque há homens encarcerados que são mais livres que muitos que vivem por aí, aparentemente sem qualquer barreira, pelo menos física.

Embora a liberdade não seja um estado de espírito, sermos livres no pensamento (não foi por acaso que o poeta o escreveu...) é sempre uma ajuda boa, assim como a forma como conseguimos respeitar o outro, mesmo quando ele pensa coisas ao contrário de nós.

Sou de esquerda e tenho alguns amigos de direita. Sem qualquer conflito e com bastante humor à mistura. Até porque a dignidade e o carácter de cada um de nós não se deve medir pelas opções ideológicas, mas sim pela nossa prática do dia a dia.

Tudo isto porque hoje uma amiga especial ofereceu-me um poema, exactamente com o titulo, "A Liberdade de Ser Livre".

Acho que sou cada vez mais libertário. Provavelmente por não ter medo de utopias nem de sonhos...

O óleo é de Forrest Rodts.

quarta-feira, novembro 26, 2014

Olhar os Jovens com Olhos de Ver


Estava sentado na paragem do Metro à espera da minha filha e acabei por observar com mais acuidade a malta que ia saindo da Escola Secundária das imediações e se juntava por ali, à espera do trem eléctrico que os levava para perto das suas casas.

Apesar da todas as criticas que se fazem hoje  à juventude, só com o olhar preso à sua imagem exterior, senti que eu e a minha geração com a idade deles (na segunda metade dos anos setenta...) éramos uns foleiros, na "arte" de vestir e de pentear.

Bem sei que não existiam tantos modelos. E os que haviam (principalmente os músicos...) também se vestiam mal à brava.

Há também o hábito de dizer que esta rapaziada só comunica através dos telemóveis, mas parece-me que é só às vezes. Tanto elas como eles, falam com mais descontracção que nós. E olhos nos olhos.

Nem tudo é o que parece, mas às vezes é difícil resistir à tentação de fazer juízos errados...

O óleo é de Libit Jones.

terça-feira, novembro 25, 2014

25 de Novembro de 2014


Às vezes pergunto a mim próprio, que país seria o nosso, se os vencedores do 25 de Novembro têm sido os revolucionários de esquerda que estavam no lado de lá da barricada os outros, os revolucionários de esquerda.

Provavelmente teria sido derramado sangue e o país tinha sido destruído, economicamente, numa primeira fase, para depois se reconstruir.

Mas o mais grave, é que mais tarde ou mais cedo, acabaríamos por voltar a viver em ditadura, tal como acontecera em 1926, com o "povo" a não querer ouvir falar na palavra Esquerda, tal como acontecera na Primeira República com os democratas republicanos...
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Ou seja, esta gente que nos (des) governa, não tinha esperado quarenta anos para destruir os alicerces de um país que já foi democrático e teve preocupações sociais. provavelmente dez teriam chegado.

Já o Salazar, "grande amigo da democracia" dizia para se criarem coelhos...

segunda-feira, novembro 24, 2014

Obras em Casa...


Quando temos de fazer obras em casa, quase nunca sonhamos onde nos estamos a meter. Mesmo que não seja a primeira vez...

O pó que se aloja em todo o lado, por muitos plásticos que se usem para tapar as coisas...

O ruído ensurdecedor (que apesar de tudo, incomoda sempre mais os vizinhos) que não dá paz nas redondezas. Os pássaros que de vez enquanto poisam à janela emigraram para outra rua, com toda a certeza. Assim como os gatos da vizinhança...

E o pior de tudo é deixarmos de ter a nossa casa...

Felizmente a minha sogra mora perto e dá-nos guarida, caso contrário era um problema ainda maior.

E tudo por causa de um maldito cano...

O óleo é de Alan Albegov.

sábado, novembro 22, 2014

Uma Vergonha!


Independentemente de José Sócrates ser culpado, ou não, a sua detenção é uma vergonha para a justiça portuguesa.

Como é que é possível deter um ex-primeiro ministro no aeroporto, quando ele chega de viagem, por suspeita de fraude e branqueamento de capitais, quando dezenas de pessoas envolvidas nos dois maiores escândalos financeiros do país (BPN e BES), autênticos roubos aos portugueses, e que todos nós estamos a pagar (ou iremos pagar...), continuam em liberdade?

E nem vou falar dos jornalistas presentes no aeroporto (previamente informados...), para testemunharem esta tentativa de humilhação a um ex-governante português.

Tudo isto só se explica pelo ódio que ainda permanece bem vivo a este político socialista...

Estou à vontade para falar disto tudo porque nunca votei em Sócrates. E como não sou "carneiro", normalmente quando vejo toda a gente a dizer mal de alguém, tenho tendência para separar as águas e não seguir o "rebanho".

Somos mesmo um país especial, onde os ladrões de bicicletas são todos presos...

sexta-feira, novembro 21, 2014

O Inverno Esteve de Folga de Manhã


Depois de dois dias cheios de água, o Inverno resolveu dar-nos tréguas. O Sol quase que ofereceu um dia quase primaveril, só as folhas espalhadas pelo chão lembravam que é Outono...

Mas quem passou pelo mar (ia dizer um qualquer, mas os mares gostam de ser diferentes...), viu demasiadas gaivotas em Terra, para perceber que amanhã, o mais provável é voltarmos ao chapéu de chuva, ao kispo e à gabardine...

Mas foi bom estar ali, por alguns minutos, a ouvir a conversa do mar com os peixes.

O óleo é de Forrest Rodt.

quinta-feira, novembro 20, 2014

Os Outros São o Nosso Espelho


Provavelmente haverá algum ditado sobre as palavras que escolhi como título deste texto.

Quem gosta de observar e também pratica a autocrítica, de vez enquanto sente-se quase envergonhado com as atitudes dos outros.

Aconteceu-me hoje isso. E com bastante  paciência limitei-me mesmo só a observar, por não ter confiança com a pessoa que queria ter a verdade toda sobre um assunto, algo que penso não existir. Como sou teimoso, olhei-me ao espelho a ver a figura que aquele "dono da verdade" estava a fazer. E ainda por cima, saltava de disparate em disparate...

Acho que foi isso que me fez sorrir por dentro e manter-me em silêncio. E no meio fui pensando em várias coisas, ao mesmo tempo que falava para dentro de mim: «vê lá se nunca te cansas de aprender e de ouvir.»

Não há qualquer dúvida que os outros são o nosso espelho, ainda que por vezes possa parecer aquele dos exageros da saudosa Feira Popular.

O óleo é de Leopoldo Sanchez.

quarta-feira, novembro 19, 2014

A Sociedade Actual Dentro dos Livros


Continuo a volta de uma história sulista, cheio de personagens (talvez estejam ali meia dúzia de romances...). 

Hoje, ainda antes da nove da manhã, comecei a escrever sobre a modernidade, por ouvir uma notícia sobre o tempo que os nossos filhos passam à frente do computador, fechados no quarto. Inventei logo uma personagem (ainda mais desactualizada que eu no mundo das "virtualidades"...) e escrevi isto, sem saber em que capítulo ficará.

«Não sou a melhor pessoa para qualificar o que é moderno ou não. Acho mesmo que não sei muito sobre o mundo moderno, por não o frequentar com assiduidade. Gostar das coisas que vulgarmente se chamam antigas, é capaz de ser um obstáculo.

Mas não é preciso ser muito inteligente para sentir que a pessoa perdeu importância na sociedade, que a “máquina” – cada vez com mais manhas - está a vencer-nos em toda a linha.

Dizem que são os adolescentes que estão prisioneiros da virtualidade, mas acho que não. Somos quase todos nós, mais os que se deixam hipnotizar pelos muitos jogos que nos oferecem e também por podermos mostrar ao mundo o que não somos, mas gostaríamos de ser. Acho que o faicebuque alimenta-se muito desses sonhos e frustrações. Claro que são palavras de quem não “passeia” por esse novo mundo, um gajo antiquado e talvez desatualizado e com medo de deixar de ter gente com quem conversar.

Além disso, passei muitas horas fechado no quarto durante a adolescência a ler livros, por isso...»

O óleo é de Liu Ye.

terça-feira, novembro 18, 2014

«Já percebi, os sonhos vivem num mundo à parte.»


Uma manhã destas a minha filha quis falar dos sonhos, esses "pilantras" que se escondem, mal ela abre os olhos, debaixo do travesseiro, do colchão ou noutro lugar qualquer.

Quase me me limitei a sorrir, por saber que os sonhos são um mistério para todos nós, independentemente da idade que possamos ter. E ainda bem que é assim, pois é sinal que ainda permanece alguma magia no ar...

Claro que depois fui obrigado a jogar ao seu jogo de palavras, ao ponto de chamarmos medrosos aos sonhos, que nos dão a sensação de fugir da realidade a sete pés, como se tivessem medo da "vidinha", essa mesmo, que fingimos que recomeça todas as manhãs, mas apenas se repete...

Até que ela resolveu acabar com a conversa, com esta frase lapidar: «já percebi, os sonhos vivem num mundo à parte.»

Acho que sim, ninguém melhor que ela para simplificar uma conversa que ameaçava complicar-se.

O óleo é de Henrik Uldalen.

segunda-feira, novembro 17, 2014

A Magia da Palavra Nessa Coisa Boa que é a Conversa


Não costumo contar as pessoas que realmente considero amigas, mas se for rigoroso, sei que as duas mãos chegam para contá-las.

Depois há as outras, por quem sentimos uma empatia especial e que nos podem levar a tantos lugares, por nos sentirmos bem na sua companhia.

O mais curioso nisto é tudo, é percebermos que quando atingimos um certo nível de intimidade e conhecimento do outro, podemos estar anos sem nos encontrarmos, que quando nos voltamos a ver é quase uma festa. E temos sempre tanto para contar, que parece que um dia é insuficiente, quanto mais uma hora ou duas...

Sentir que as conversas com algumas pessoas são quase inesgotáveis, é das melhores coisas que podem acontecer a quem gosta de trocar impressões sobre tudo e sobre nada. 

Viver é seguramente isto. E não andarmos por aí, sós, silenciosos, com o olhar quase colado ao chão ou ao telemóvel.

O óleo é de Emilia Wilk.

sábado, novembro 15, 2014

«Pai, quero aprender a tocar violino.»


A minha filha, com os seus dez anos, está numa fase, em que gosta de experimentar coisas (ou pelo menos dizer), talvez para saber se é isso que gosta ou não. A sua última  "saída" foi dizer que queria aprender a tocar violino.

Como as suas ideias ultimamente não estão muito "fixas", mantemos-nos vigilantes, a ver se este desejo volta a surgir, com mais insistência, ou se foi apenas mais uma daquelas ideias transportadas da escola, porque uma colega anda a aprender este instrumento de cordas...

O óleo é de César Prada.

quinta-feira, novembro 13, 2014

O Meu Novo Livro


No próximo sábado, dia 15 de Novembro, vai ser lançado o meu novo livro, "Sport Almada e Figueirinhas, 50 anos de Força de Vontade", que tenta retratar a história deste clube popular de Cacilhas, que comemora em 2014 o seu cinquentenário.

Foi o desafio mais complicado que enfrentei, pela ausência de dados históricos nos arquivos do Clube (as pessoas nem sempre têm noção da importância dos documentos - por muito insignificantes que possam parecer - , como as simples fichas de inscrição dos associados ou da participação em provas desportivas...), que poderiam aclarar algumas dúvidas, como a identidade de todos os sócios fundadores...

Perante estes dilemas, digo que é o livro possível. 

Mesmo assim espero que os "Figueirinhas" se identifiquem com a obra, que será apresentada no sábado pelo escritor almadense, António Policarpo, a partir das 15 horas, na sede do Sport Almada e Figueirinhas.

terça-feira, novembro 11, 2014

Até a Chuva Pode ser Uma Diversão


Quando ainda habitamos no mundo das crianças, a vida é quase sempre uma diversão.

Até mesmo os dias chuvosos podem ser motivo para uma série de disparates, que nos obrigam a repreender os nossos filhos, mesmo que nos venha a memória o mesmo género de parvoeiras praticados na meninice.

Digo isto porque no regresso a casa, a minha filhota conseguiu meter as botas em mais de meia dúzia de poças de água. E de certeza que não foi apenas distracção...

O fascínio pela água é uma coisa terrível, até mesmo para nós, "crianças grandes", neste dias chuvosos que fingimos odiar...

A fotografia é de Bill Perlmutter.

segunda-feira, novembro 10, 2014

Um Almoço Especial


Hoje fui convidado para um almoço especial, onde se comemorou o 101 aniversário de Álvaro Cunhal.

Mas tão ou mais importante que a efeméride foi sentir que a solidariedade e a amizade não são palavras vãs e continuam a ser praticadas por alguns verdadeiros comunistas de Almada, que já tinham feito a sua escolha política algum tempo antes de Abril...

O desenho do João Paiva, feito propositadamente para a efeméride, e que ficou afixado numa das paredes da "Casa da Amizade", honra a memória de Álvaro.

domingo, novembro 09, 2014

Os Livros Precisam que Falem por Eles?


Eu sei que esta pergunta tem uma resposta tão óbvia, que não devia ser feita. 

Só parece não ser tão óbvia para um autor, Herberto Helder, o único português que se esconde atrás dos livros, dando-se ao luxo de não dar uma única entrevista ou participar no cerimonial de respectivo lançamento.

Parece. Porque o Herberto, ao ser o único que tem esta atitude, acaba por ter mais publicidade que a maior parte dos companheiros de ofício, que se fartam de fazer telefonemas e oferecer livros aos críticos das estrelinhas, para aparecerem numa tira de jornal ou nos suplementos culturais.

Tudo graças à sua editora (explora cada vez melhor o "filão", ao ponto de publicitar que a obra já está esgotada, antes de ser colocada à venda...), que deve esfregar as mãos de contente com este seu apego "capitalista" ao mundo dos livros.

Claro que os livros precisam de ser apresentados, nem que seja à mesa de café. E também na blogosfera, claro. Depois são eles que resolvem as questões que estão pendentes, com os leitores, à margem dos autores...

O óleo é de César Prada.

sábado, novembro 08, 2014

Estar Dentro e Fora das Entrevistas


Começo a ler a entrevista do António Lobo Antunes (publicada ontem no "Ipsilon") e gosto daquele início. Até me apetece fazer-lhe uma série de perguntas, deslocadas da literatura, falar com ele sobre outras coisas. 

Mas depois quando o António começa com as "merdas dele", sinto a magia a diluir-se. Fico com a sensação que tem mais lugares comuns na cabeça que nos livros. 

É nesta altura que tento saber há quanto tempo não leio um livro da sua autoria. Antes de fazer contas penso que foi há meia dúzia de anos, mas a "matemática" diz-me foi há muito mais. O último livro que li dele foi "O Manual dos Inquisidores", editado em 1996 (não o li logo, mas de certeza que ainda foi leitura do século XX...). Ou seja, há uns quinze anos que não leio um livro dele (os livros de crónicas não contam...).

O último que tenho dele cá em casa é, "Eu hei-de Amar uma Pedra", de 2004, que espera na estante por uma oportunidade...

Penso mesmo que quem escreve as crónicas na "Visão" não é o escritor que escreve livros e dá entrevistas, que tem sempre um pé na lua e que por muito que se esconda na sombra, está mesmo convencido que é o melhor escritor português.

Quando ele diz que escreve porque não sabe dançar como o Fred Astaire, é apenas um bom título.

Claro que eu devia passar ao lado das suas contradições, por sermos todos mais que uma coisa ao mesmo tempo. Mas não me apetece, pelo menos hoje.

sexta-feira, novembro 07, 2014

Atrasos de Vida, Distracções e Outras Coisas


Uma das coisas que me  fazia confusão nas paragens de metro de Almada era a forma como funcionavam os relógios das duas linhas, quase sempre desencontrados, apesar de apenas distarem de pouco mais de uma dezena de metros um do outro.

Pensei várias vezes em escrever sobre isso,  pela falta de respeito com os utentes deste transporte, com a oferta de horas para todos os gostos, menos as certas. Era como se viajar para Sul fosse diferente de viajar para Norte...

Isto ainda é mais parvo se pensarmos que estamos na era do digital.

Quando finalmente tirei uma fotografia, houve alguém que resolveu (parece que me ouviu) acertar os relógios, entre linhas...

Hoje as coisas já não estão tão certas, mas pelo menos não existem diferenças de dez minutos e mais, como se verificavam noutros tempos...

quinta-feira, novembro 06, 2014

Às Vezes Amor com Amor se Paga


Ninguém gosta de justificar opções estranhas, embora existam situações em que não há nada para justificar.

Num filme ou numa peça de teatro o realizador ou o encenador escolhe as pessoas com quem quer trabalhar, não só pelo talento, mas também pelas afinidades que existem, pelo que já viveram juntos e pelo que conhecem um do outro.

Todos estranharam que o realizador fosse escolher um actor que estava quase esquecido, uns diziam  por vontade própria outros culpavam o mercado. Mas ele apenas vivia o drama do desemprego já de média duração, algo mais comum do que se poderia pensar. O produtor não achou piada à gracinha, até por já ter na sua cabeça dois ou três actores para aquele papel. Mas o realizador foi inflexível, jogou o tudo ou nada. E ganhou, pelo menos desta vez.

O filme acabou por correr bem e o actor voltou à ribalta (o que quer que isso seja...), voltou a ter trabalho, que era o mais importante em alturas em que a crise ultrapassa tudo, até o bom senso e a normalidade das coisas.

O realizador nunca justificou esta escolha, pelo menos nas revistas. Mas quem o conhecia sabia que era um gajo antigo, daqueles que têm orgulho em ter memória. E nunca esqueceu, que dez anos antes, quando quase não tinha dinheiro para pagar a actores para um dos seus filmes, aquele rapaz aceitou trabalhar com ele, recebendo como pagamento pouco mais que umas sandes e o quarto da residencial, partilhado, durante mais de um mês. 

Ele sabia bem que era nas dificuldades que se conheciam as pessoas...

E se havia coisa que se orgulhava de ser, era um bem agradecido. Quem lhe fazia bem, sabia que podia contar sempre com ele.

quarta-feira, novembro 05, 2014

Somos um País de Ditadores e de Gente à Procura do Pai e da Mãe, em Todo o Lado


Nunca lhe disseram que a liberdade era outra coisa. Ou se disseram, ele fingiu que não ouviu.

O Carlos quando era mais inocente pensava que quem tinha tido a experiência de viver em ditadura, gostava mais de liberdade. Quando cresceu mais de um palmo percebeu que estava errado e quem costumava dar "vivas" a Salazar era gente com idade suficiente para ter juízo.

É por isso que aquele Zézinho não o espanta. Ele é mais um, com alma de "ditador", que apesar de já estar cheio de cabelos brancos, continua a insistir com o "mundo", para girar à sua volta. Embora este lhe troque as voltas, finge que sem ele o "mundo" acaba já amanhã...

E pior ainda, insiste com os outros, para o seguirem, que ele é que está certo. Surpresa ou não, quase todos se calam, dizem, para evitar problemas. E o ditador vai inchando e desfigurando tudo o que o cerca. Pena não ser um sapo. Sempre podia acabar por rebentar...

Embora sejamos doutro "reino", custa-nos encarar esta triste realidade. Mas não seremos nós a partir um dos "pés" da cadeira do Zézinho. 

Sabemos que não gostamos de ditadores e que ele não se senta à nossa mesa (nem mesmo para a célebre caldeirada...). Mas ficamos tristes, por sentirmos que há tanta gente à procura de um pai e de uma mãe, por todo o lado.

O Carlos insiste que o nosso país é melhor para os ditadores que África ou América Latina, que aqui sim, podem aspirar à "eternidade"...

Desta vez já nem sequer conseguimos sorrir. Precisamos muito de uma anedota do Gui, ausente com justificação no país da Dilma.

terça-feira, novembro 04, 2014

Um Adeus Definitivo


Os dois caminhavam lado  lado, mas soltos, sem um toque de mão sequer.

Ambos sabiam o que os esperava...

Ela não queria metades, nunca quis. Foi por isso que disse: «Deixas a tua mulher e vens viver comigo?»

A resposta foi um daqueles silêncios masculinos, que dizem quase tudo, sem palavras.

Ela então decidiu acabar tudo: «Então deixa-me em paz e não me voltes a procurar.»

E virou-lhe costas.

Ele ficou ali, em silêncio, a vê-la fugir da sua vida.

Talvez fosse cobarde, não quisesse escolher. Ou então a família era mais importante que o amor...

O óleo é de Óscar Ulpiano Garcia.

segunda-feira, novembro 03, 2014

Viver... ou Resumir a Vida...


Não sei se é apenas a "velocidade" com que vivemos (ou nos obrigam a viver...), que faz com que cada vez mais se abrevie a vida.

Provavelmente não. Há um interesse crescente, ainda que velado, na superficialidade, na nossa perda de capacidade para analisarmos tudo o que nos rodeia com mais profundidade.

Não nos adaptámos (e talvez nunca o consigamos na totalidade) a este ritmo voraz, que entre outras coisas, aumenta as nossas dependências...

A linguagem dos tecnocratas ( já não são uma seita, são uma religião...) também não ajuda muito, uma boa parte deles limita-se a falar para dentro das suas "capelas", inventando palavras com pouco significado para o cidadão comum.

A informação também mudou e passou a ser partilhada em resumos, facilitando a sua manipulação. 

Mesmo as mensagens que trocamos na blogosfera e no "facebook", são cada vez mais curtas e superficiais.

Talvez estejamos a fazer, cada vez mais, resumos de tudo, até da vida...

O óleo é de Karin Jurick.