quarta-feira, fevereiro 29, 2012

Particularidades dos "Cruzeiros do Tejo"



De manhã, quando cheguei a Lisboa e me despedi da minha companheira de viagem, fiquei a pensar que só me sento na parte inferior do cacilheiro, quando encontro alguém que prefere navegar no "rés de chão" da barca e fico por ali, a conversar. Ou seja mais de noventa por cento das viagens que faço são no piso superior.

Não o faço apenas por me sentir mais seguro, mas sim por gostar de olhar de cima e ter a sensação que a vista tem outro encanto no "primeiro andar"... 

domingo, fevereiro 26, 2012

O Outro País


Há dias tive a oportunidade de ouvir uma alfacinha, quase com idade para ser minha mãe, contar a agradável experiência que viveu durante uns dias, numa aldeia do interior beirão, quando tinha dezanove anos.
Adorou a autenticidade das pessoas, a partilha do pouco que tinham. Até gostou da ausência de luz eléctrica e de água canalizada. O que lhe foi mais difícil de suportar foi a ausência de um quarto de banho. Embora reconhecesse que nesses anos sessenta o famoso "penico" ainda era um objecto de uso diário, mesmo na Capital, mas não na sua casa, já com todas as comodidades.

Sempre que houve falar dos malandros que andam de aldeia em aldeia a a valerem-se da ignorância dos idosos, lembra-se da pobreza da gente da beira, ao ponto de não despertarem a cobiça de ninguém, por isso é que muitas casas nem tinham fechadura, eram fechadas apenas com um cordel ou um arame.

Como eu gosto de escutar estas experiências...

O óleo é do cacilhense, Manuel Henrique Pinto, que fez parte do famoso, "Grupo do Leão".

sábado, fevereiro 25, 2012

Escrever de Pernas Para o Ar


Há cada vez mais pessoas a "escreverem de pernas para o ar", tanto nos jornais como na própria blogosfera.

Sente-se que o importante é conseguir escrever a coisa mais estranha e estapafúrdia, mesmo que se esteja a "quilómetros" da realidade.

Os grandes "gurus" deste fenómeno têm sido ao longo dos anos, Vasco Púlido Valente e Pacheco Pereira, capazes de fazer o "pino" com as palavras, seguido de vários "flick-flack's" à rectaguarda.

Este escrever de pernas para o ar  é quase sempre revelador de uma grande desonestidade intelectual, pois os escribas, com e sem corte, não olham a meios para atingir fins.

São capazes de dizer que o mar é amarelo, só para não serem confundidos com quem defende que a sua cor é o azul e o verde...

O óleo é de Ana Perpinya.

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

A Atracção pelo Mistério e pelo Abandono


A atracção que sinto pelas casas abandonadas é uma coisa que vem da infância e que nunca perdi.

Há pelo menos meia dúzia de palacetes abandonados, que gostava imenso de conhecer por dentro. Ás vezes quando passo perto deles, apetece-me saltar os muros e entrar por ali a dentro, descobrir os mistérios que aquelas paredes encerram, olhar os tectos (alguns ainda devem ser bonitos...), subir as escadas e depois espreitar pelas suas janelas...

Normalmente só entro nestes locais misteriosos, quando as portas estão abertas. E faço muitas perguntas, mesmo sabendo que as paredes permanecem silenciosas.

O óleo é de Alain Gazier.

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Zeca, o Príncipe dos Trovadores



Zeca deixou-nos há vinte cinco anos.

Felizmente a sua voz está viva e continua incómoda, principalmente para a gentalha que se tem governado à nossa custa, e que ainda vai tendo a desfaçatez de nos chamar "piegas", "acomodados", "depressivos", entre outros mimos.

A segunda estrofe dos "Vampiros" diz quase tudo dos "bandalhos":

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia 
Às portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

Esta fotografia mostra-nos Zeca, com um sorriso de esperança, o que nos vai faltando, nestes dias estranhos, em que nos vemos cada vez mais "gregos"...

terça-feira, fevereiro 21, 2012

Cinema Português Brilha em Berlim


O cinema português esteve em grande no Festival de Cinema de Berlim, graças aos filmes, "Rafa" e "Tabu", realizados por João Salaviza e Miguel Gomes.

João Salaviza conquistou o "Urso de Ouro", prémio para a melhor curta metragem a concurso. Miguel Gomes conquistou o prémio da critica e também o prémio Alfred Bauer.

Espero que o Secretário de Estado da Cultura tenha recebido a mensagem, porque há muito mais cultura para lá do mundo dos livros. 


Palavra de escritor!

segunda-feira, fevereiro 20, 2012

O Baile de Máscaras


No domingo gordo o primeiro-ministro foi vaiado mas como tinha levado a máscara de "conciliador",  aproximou-se das massas, com demasiada "pieguice", diga-se de passagem, quase a querer dançar o "corridinho", e a fingir, que afinal era a brincar...

Já o presidente da República não foi capaz de sair de casa no domingo (até viu a missa na televisão...). Depois de andar o ano inteiro "mascarado", não encontrou uma máscara que lhe agradasse, para levar ao "baile" da escola António Arroio. Ainda telefonou ao Santana Lopes para lhe emprestar a do "calimero", mas este não foi nisso. Para agravar ainda mais a situação, a "malta" da comunicação social distorce tudo o que ele diz e faz. A sorte dele é perder apenas cinco minutos diários a ler jornais...

É por estas e por outras, que tanto um como o outro, suspiram de satisfação por nesta terça-feira, já não ser Carnaval (pensam eles)...

O óleo é de Georges Corominas.

domingo, fevereiro 19, 2012

«A festa esteve bonita, pá!»


Recebi esta mensagem, pouco depois de ter saído da Oficina de Cultura de Almada, que esteve repleta de gente, para assistir à inauguração da Festa das Artes da SCALA. 


Por ser a  nossa 18ª exposição anual, com a SCALA a preparar-se para festejar o 18º aniversário e por ser 18 de Fevereiro, contámos com a presença agradável da presidente da Câmara Municipal de Almada, Maria Emília de Sousa, acompanhada do vereador da Cultura, eng. António Matos. 

Ficaram ambos para a apresentação dos meus dois livrinhos, muito bem "despidos" e "vestidos" pelo prof. Vitor Alaiz, que com toda a certeza despertou no mínimo a curiosidade da assistência que encheu a Oficina de Cultura.

E tens toda a razão, a festa esteve bonita sim senhor. Até foi bem animada pelos Cavaquinhos da Alma Alentejana.

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Almoço de Poetas no Ginjal


Não fiz qualquer referência à segunda edição (revista e aumentada) do "Almoço de Poetas no Ginjal", porque me esqueci que o "Largo" fica ligeiramente afastado do "Casario"...

Como o título sugere, trata-se de um almoço especial, cheio de visitas surpresa, lá para os lados do Ginjal.

Os visitantes são de tal forma estimulantes, que acabam por  levar o narrador de viagem, pelo cais dos sonhos.  Ainda por cima todos eles falam do Tejo...

Zé Gomes Ferreira, Sophia, Fernando Pessoa, Fernão Mendes Pinto, Irene Lisboa, Alves Redol, José Cardoso Pires, Dinis Machado, Manuel da Fonseca, Natália, Ary, Zeca Afonso, Romeu Correia, Henrique Mota, Maria Rosa Colaço, são apenas alguns dos "aparecidos".

Maria Rosa Colaço ilustra a contracapa com a frase: «O Tejo é um rio mágico, onde navegam os nossos olhos.»

Outra História...



Outra história... esta publicada por aqui a 26 de Junho de 2011.


«Nunca seremos iguais, simplesmente
porque somos diferentes».
  
O velho embarcadiço de cabelo cinzento que fumava cigarrilhas castanhas, não tinha dúvidas, de que nós homens, éramos mais de partir, e as mulheres mais de ficar, de esperar à janela ou na portada da casa.
Não valeu de nada dizer-lhe que os tempos eram diferentes, que inclusive já havia muitas mulheres a deixarem a casa para trás, quando decidiam começar uma vida nova.
Pouco convencido, trouxe os filhos para a conversa, o cordão umbilical e os nove meses que todos andávamos a cirandar nas barrigas das mães. Tudo razões suficientes para qualquer mãe normal ficar e esperar, segundo a sua cartilha da vida.
Nós sabíamos que a maternidade já não era o que era, mas o velho lobo-do-mar, continuava preso ao seu tempo e à memória das mulheres que foi conhecendo em portos e cidades distantes.
Talvez muitas o esperassem, meses a fio, rente ao cais, ou nas tais janelas ou portadas…
Embora não nos convencesse, conseguiu pelo menos silenciar-nos com uma frase que nos pareceu simples, apesar de toda a sua complexidade.
«Nunca seremos iguais, simplesmente porque somos diferentes».

O óleo é de Valentin Russin.
                                                                      

terça-feira, fevereiro 14, 2012

A Primeira História...



A história que abre o livro "A Dança das Palavras" é especial e foi publicada aqui, a 2 de Julho de 2008:


«pai, o que é um poema?»

A minha filha, quase com quatro anos, adora fazer perguntas, nem sempre fáceis de responder...
Hoje queria saber o que é um poema.
A pergunta não era de todo descabida, pois a Sofia de vez em quando é “assaltada” por poetas, que declamam poemas seus e dos outros, nas tertúlias que frequenta, levada pelos pais.
Provavelmente existia uma maneira mais simples de lhe explicar, que a que dei, mas...
Depois de ter andado à procura das palavras mais ajustadas, lembrei-me de lhe dizer que eram: «palavras bonitas que gostam de passear e dançar juntas.»
Ela olhou-me com cara de gente crescida, acrescentando: «não é nada, maluco.»
Sorrimos com a cumplicidade que existe entre um pai e uma filha.
Talvez ela tenha razão, se calhar a poesia não é nada disso... 
                                                                                      
O óleo é de Mary Beth McKenzie.

segunda-feira, fevereiro 13, 2012

A Dança das Palavras


"A Dança das Palavras" é um produto do "Largo da Memória". Ou seja, as suas vinte e oito histórias já foram publicadas aqui. 

Algumas delas foram revistas, aumentadas e reduzidas, para que surgissem um pouco mais equilibradas, na forma de livro (pequeno, com apenas 32 páginas...).

Esta é a capa (criada a partir de um óleo de Carol Marine).

Escolhi para a contracapa uma frase que me diz muito: «É bom escrever porque reúne as duas alegrias: falar sozinho e falar a uma multidão.», do italiano Cesare Pavese.

domingo, fevereiro 12, 2012

A Festa das Artes da SCALA


Após a inauguração da Festa das Artes da SCALA (exposição artística), no  próximo sábado, às 16 horas, na Oficina de Cultura de Almada, serão lançados dois pequenos livros da minha autoria, "Almoço de Poetas no Ginjal" e "A Dança das Palavras". A apresentação será feita pelo prof. Vitor Alaiz.

Estão desde já convidados para  a exposição, e claro, para o duplo lançamento.

Durante a próxima semana irei falar dos dois livros e das palavras que dançam no seu interior...

sábado, fevereiro 11, 2012

O Amor Vence Quase Tudo


Há muitos tipos de amor, como todos nós sabemos.

O amor daquele homem era demasiado grande, para se confinar apenas às pessoas.

O seu sonho de menino era um dia vir a ser músico da banda da Incrível Almadense, que se habituara a ver desfilar e a espalhar música pelas ruas da Vila, nas datas festivas.

Começou a trabalhar com apenas dez anos, mal completou o ensino primário. Foi nesta altura que foi saber o que era necessário para se inscrever na escola de música da Colectividade.

Descobriu que o sonho estava muito mais acessível do que o  pensara inicialmente.

O tempo passou rapidamente e hoje, setenta anos depois, mostra com orgulho os dedos ainda calejados, marcas da sua profissão de torneiro mecânico, que nunca foram um obstáculo para fazer "magia" com os  vários instrumentos que tocou na Banda Incrível...

O óleo é de Isabel Frias. 

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

A Viagem Atlântica Adiada...


Há mais de dez anos estive quase a participar numa aventura oceânica de veleiro, com dois amigos.

O dono de uma "barca" à vela queria muito levá-la para o outro lado do Atlântico, para se recrear, mas faltava-lhe coragem para se meter nos "apertos" do Oceano, durante pelo menos uns quinze dias, se o vento estivesse pelos ajustes.

O meu amigo Tozé era conhecido no meio, pois costumava ganhar umas notas nas horas vagas, com a sua carta de patrão de mar. Conduzia alguns "barcões", desde Lisboa, Figueira da Foz ou Matosinhos, de gente que gostava de passear os seus "brinquedos" no Sul, mas que era pouco afoita para se aventurar em viagens oceânicas.

Quando ele nos lançou o desafio (a mim e ao Henrique), fiquei expectante. Sabia que seria uma aventura e pêras, já tinha andado pelo mar, de traineira e corveta, mas nunca de veleiro.

Estava tudo planeado, até fizemos um fim de semana de mar, ao largo do Algarve, para nos adaptarmos aquela "casa ambulante" (partíamos da Marina de Vilamoura em direcção ao Rio, com escala na Madeira).

Quando até já tínhamos data para a "viagem", o dono do veleiro de doze metros achou por bem aproveitar uma boa oferta e vendeu-o.

Na época fiquei com pena, mas para a família foi um descanso. O meu filho ainda não tinha dois anos...

Senti que perdi a oportunidade de uma vida.

Digo isso porque sei que se me surgisse hoje uma aventura do género, dizia que não, porque uma coisa são trinta e alguns anos, outra são quarenta e muitos...

O óleo é de Brent Lynch. 

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

A Cumplicidade Masculina


Quando ouvimos a Vera dizer que raramente pensava em sexo, olhámos uns para os outros, incrédulos. Não sei como, mas conseguimos ficar em silêncio.

Devemos ter pensado mais ou menos a mesma coisa: «como é que uma mulher, que mesmo no inverno, anda com um decote quase até ao umbigo, é capaz de alternar a mini saia com as calças justas, realçando as nádegas e as belas pernas ginasticadas, com o belo sapato de "tacão agulha", não pensa em sexo?»

Eu fui mais longe e dei-lhe razão. Ela não precisava mesmo de pensar no assunto, com o seu espectáculo diário nós pensávamos por ela...

O óleo é de Rachel Deacon.

terça-feira, fevereiro 07, 2012

O Quadro sem Parede


Nunca lhe disse que o quadro que me ofereceu, nunca teve uma parede. Muito menos que andou aqui e ali, à espreita do lugar ideal.

Houve um tempo que esteve em cima da minha secretária, forçando-me a descobrir pelo menos um novo pormenor por dia. Quando já estava todo "marcado", guardei-o numa pasta, onde ainda se mantém, à espera  de uma casa nova, que combine melhor com as suas tonalidades e também com a mulher que aparece quase no meio, que reconheço a espaços, provavelmente por causa da cor do cabelo...

O óleo é de Eric Rimmington.

sábado, fevereiro 04, 2012

Os Lugares a que Pertencemos


As palavras dos outros tanto nos podem solicitar mais palavras, como um sorriso, um pensamento ou um simples olhar.

A Cidade onde vivo, terá virtudes e defeitos, como todas as outras.

Pelos motivos mais variados, dou por mim a fazer paralelismos entre Almada e a minha Cidade Natal. E descubro tantas diferenças. Hoje isso aconteceu mais uma vez...

Sinto que se tivesse nascido aqui e me mudasse para as Caldas da Rainha, não passaria de um estranho. Dificilmente me iria conseguir adaptar aquele ambiente pequeno burguês, onde o carro, a casa, o casaco, os sapatos, etc, são mais importantes que o que o realmente somos, enquanto pessoas.

Ao tentar caracterizar Almada com apenas uma palavra, senti que só lhe poderia chamar, Cidade Aberta, provavelmente por me ter recebido de braços abertos, por me ter dado tanto (embora também tenha recebido muito de mim...).

As pessoas que fui conhecendo na Margem Sul, nunca se preocuparam com os meus bens materiais. Preferiram conhecer-me, saber que tipo de pessoa era, se pertencia ao seu "reino" ou se era de outro "país", sem repararem na marca das minhas calças ou da camisa que vestia.

É caso para dizer, que esta diferença faz toda a diferença. Embora goste muito da Terra onde vivi até aos dezoito anos, não tenho dúvidas que pertenço sobretudo a este Lugar à beira Tejo que me acolhe há quase vinte cinco anos. 

O óleo é de Claude Gaveau.

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

O Pão e o Barro


A minha Cidade Natal sempre gostou de se afirmar artisticamente, com a arte do barro.

Além do Rafael Bordalo Pinheiro e de toda uma tradição de "loiça malandra", que continua a ter como ponto alto as famosas "garrafas das caldas" e os "bonecos com badalo", havia a Secla, uma grande exportadora de peças de cerâmica, de alguma forma inovadora, tendo recebido a colaboração de inúmeros artistas plásticos, e ainda mais meia dúzia de fábricas de renome, que acabaram por ser engolidas pelas "chinesices" da economia mundial.

Havia também uma série de oleiros artesanais, com as suas rodas milagrosas, movidas pela força e engenho humano, algumas das quais conheci de perto.

Foi por tudo isto que sorri quando a Beatriz me contou,  que com nove anos, provocou uma série de estragos, na sua casa e na dos avós, só para que a oficina do senhor João não fechasse. No ano anterior tinha feito uma visita de estudo com a escola primária e achou tudo aquilo fascinante. Quando a professora contou na sala de aula que a oficina do senhor João era capaz de fechar, porque ele cada vez tinha menos encomendas, a Beatriz e mais algumas colegas decidiram partir o que existisse de barro em casa, para que os pais e avós fossem comprar peças novas ao senhor João.

Na época (anos noventa...) não tinham noção que o seu gesto era insignificante, pensavam que ao deixar cair uma caneta, uma tigela ou um alguidar, garantiam a sobrevivência do oleiro.

A oficina acabou mesmo por fechar, como tantas outras, por este país fora...

Pensei em como são deliciosos os tempos em que pensamos que podemos mudar o mundo...

O óleo é de Nadine Lundahl.

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

«Porque é que gostamos mais das pessoas bonitas?»


A minha filha continua a gostar de fazer perguntas desconcertantes, muitas vezes apenas lhe respondo com um sorriso. Mas quem é que quer respostas apenas com o sorriso?

Quando ela me perguntou, «porque é que gostamos mais das pessoas bonitas?», lá voltei a sorrir, antes de lhe dizer, «não sei se gostamos.» Ela insistiu: «gostamos gostamos.»

Acabei por lhe dizer que a culpa era dos nossos olhos, que preferem olhar para as coisas bonitas, até dei como exemplo as flores e os animais. 

Foi a vez dela sorrir.

O óleo é de Colin Berry.