segunda-feira, março 30, 2009

Já Não há Óperas como Antigamente...

Estranhei o nosso primeiro ainda não ter aparecido por aí, a queixar-se dos "comunistas", que estão uns finórios, pois já conseguem "invadir" a sala principal do CCB, para assistirem ao espectáculo por excelência da alta burguesia, só para terem o prazer de o vaiar, juntamente com a sua "anónima" dama de companhia...

O mundo está mesmo perdido, aos "comunistas" já não chegam as manifestações e as esperas que fazem ao presidente do conselho, quando anda pelo país, na missão de "corta-fitas", ainda enchem o CCB, armados em "novos e velhos ricos", só para terem o prazer de lhe oferecerem uma vaia monumental, ainda por cima chique, na ópera...

sábado, março 28, 2009

Alfredo Farinha Partiu...

Alfredo Farinha faleceu ontem.

Provavelmente este nome não diz muito às novas gerações, inclusive do jornalismo.
Foi desde sempre uma das minha referências, tal como Carlos Pinhão, Carlos Miranda, Vitor Santos e Homero Serpa, os senhores que transformaram "A Bola", na "Bíblia do jornalismo português. Apesar de ser um jornal desportivo, foi durante muito tempo um dos jornais onde se escrevia melhor no nosso país, graças e estes cinco senhores.
Tive a felicidade de o conhecer e até de o entrevistar para o "Record", na minha página singular de entrevistas publicadas ao domingo, o "Contra-Ponto"...
Digo singular porque acho que hoje era impossível ter uma página num jornal, em que fosse eu que escolhesse os entrevistados, sem interferências da chefia...
Claro que nem tudo foram rosas nesse começo da década de noventa, como acontece sempre, houve alguns nomes menos consensuais e até mesmo uma proibição nas minhas escolhas...
Curiosamente esta entrevista não me criou qualquer problema. Alfredo Farinha felizmente estava acima destas rivalidades, por ter tido sempre uma postura referencial no jornalismo português.
Foi um grande senhor, com quem aprendi bastante nas conversas que mantivemos, sobre desporto e jornalismo...

sexta-feira, março 27, 2009

O Teatro do Mundo

Hoje é Dia Mundial do Teatro...
Devia ser apenas dia do teatro de representação nos palcos e não da outra coisa que teimamos em chamar "teatro" que se representa nas ruas, nos estádios, nas televisões, nos jornais e até nos blogues.
E também devia ser um dia em que nos devíamos lembrar que existem autores portugueses (raramente representados) e não apenas os hiper famosos dramaturgos importados da europa intelectual.
Mas a vida é mesmo assim. Almada que gosta de se afirmar como capital do teatro, possui duas companhias profissionais e uma dúzia de grupos amadores, que também não acham as peças de Romeu Correia (como a Roberta...) muito interessantes para os tempos que correm...

quinta-feira, março 26, 2009

A Justiça Portuguesa Nunca Saiu do Fundo...

Antes da Revolução de Abril, a justiça portuguesa era uma coisa muito estranha, que permitia que as pessoas fossem presas sem culpa formada, e pior, sem terem cometido qualquer acto ilícito. Bastava qualquer bufo pidesto soltar a palavra "comunista", mesmo sobre quem nem sequer conhecia o significado da palavra...


Depois de 1974, estes casos terminaram, mas não a protecção aos "poderosos". As pessoas importantes acusadas da prática de crimes continuaram, quase por "artes mágicas", a conseguir fintar a lei, graças ao poder e dinheiro que dispunham.
Infelizmente, passados mais de trinta anos, nunca foi possível alterar esta situação (vergonhosa), apesar das pressões e do esforço da Policia Judiciária e do Ministério Público.
Porquê? Não sei. A única coisa que posso acrescentar é que praticamente todos os juizes, transitaram dos tribunais plenários do salazarismo para a democracia...
E também sei que uma boa parte dos nossos juízes e advogados, baseados na habitual "subjectividade" e "flexibilidade" da lei, lá conseguem que as "fátimas", os "avelinos", os "valentins" e os "isaltinos", os "paulos", etc, consigam gritar, «vitória», à saída dos tribunais, com a cumplicidade dos jornais e das televisões que adoram montar "telenovelas", que tal como nas estórias de cordel latino-americanas, no último episódio, acaba sempre tudo feliz, a única singularidade, é que por cá ainda é comum ameaçarem pedir indemnizações ao estado...

segunda-feira, março 23, 2009

Dantes...

Essa coisa que se chama, "dantes", não existe, embora seja usada para tudo. Inclusive aqui no "Largo".

Claro que este "dantes" é quase sempre inofensivo, porque já passou. Eu sei que depende sempre do uso que se lhe dá. Por exemplo, é uma palavra muito querida dos "salazarentos", que adoram o disco riscado do "dantes é que era bom", quando havia respeito e ordem. Quase todos nós sabemos que eles são uma cambada de mentirosos, havia sim outra coisa, medo, que eles agora gostam de chamar respeito...
Tudo isto porque a senhora da tabacaria onde compro jornais, hoje estava a conspirar contra os vagabundos que não querem fazer nada, graças à passagem por lá, de um fulano quase da minha idade, que nunca teve profissão e é um adorador de esplanadas, e que segundo ela (sempre bem informada...), vive subsidiado pelos pais e pelo estado. A revolta da senhora, é andar a pagar com os impostos a vidinha daquela gente...
Claro que de seguida culpou os pais (a senhora não tem filhos nem marido, tem apenas uma gata preguiçosa que adora a montra...). Falou do super proteccionismo de hoje, de se deixar os filhos à vontade, de se lhes dar tudo o que querem...
Ainda argumentei que o mundo mudou, que as ruas já não são o paraíso dos nossos tempos de criança. Mas ela hoje não queria ser convencida, queria apenas varrer os vagabundos das ruas e obrigá-los a trabalhar...
Eu pai de duas crianças neste país, que parece "falido" e sem "esperança", há pelo menos meia-dúzia de anos, peguei no jornal e disse até logo...
A vida às vezes parece-se com um túnel e nem sempre conseguimos chegar ao fim e ver um mar qualquer, como este da minha fotografia, azul...

sábado, março 21, 2009

Vivam os Poetas!

[...] Nunca fiquei convencido com a história de a poesia ser coisa de “lunáticos”. Mas também nunca me incomodou. Provavelmente por ser comum dizer-se que o sonho é uma constante da vida. Além disso penso que é saudável, de vez em quanto, conseguirmos “viajar até à lua”, sem precisarmos de qualquer nave...
Estou convencido, sim, que sem a existência da poesia, o nosso dia-a-dia perdia todo e qualquer sentido. O olhar deixava de se cruzar e questionar com a beleza que existe em tudo o que nos rodeia, numa paisagem, num rosto humano ou num objecto... tenho a certeza que a vida passava a ser uma coisa ainda mais chata, mais prisioneira das crises que abundam por aí.
Um dia escrevi que a Poesia é a mãe de todas as Artes. Pode parecer exagerado, não faz mal. É uma opinião pessoal...
Provavelmente confundo poesia com sensibilidade, talento, e algo que não se define muito bem, a capacidade criativa inata, que diferencia os verdadeiros artistas do cidadão comum.
Continuo a acreditar que sem Poesia, ninguém consegue transmitir Arte. É por isso que sinto que a poesia é uma das mais bonitas “Expressões Vivas” do ser humano. É o espaço no qual nos refugiamos e evadimos deste nosso quotidiano áspero, para nos encontramos com as estrelas, e claro com a Lua, mesmo nas horas solarengas. [...]


Estas palavras são parte do texto da minha autoria que foi publicado no livro de poemas, "Expressão Viva", da autoria de Maria Gertrudes Novais, que apresentei no final de Fevereiro.

sexta-feira, março 20, 2009

Histórias Infantis Quase com Palavrões...

Se há coisa que me irrita é estar a ler uma história à minha filha, e encontrar palavras demasiado "caras" e impróprias para a compreensão de qualquer criança.

Exemplos? Desencadeou; Esplêndida; Balbuciando; Estupefactas; Estridente; Sumptuosa, etc.

quinta-feira, março 19, 2009

Corações Cor de Rosa Com Asas...


Os dias disto e daquilo são irritantes, quando sabemos que o ano não se faz apenas de um dia...
Mas depois a nossa filha salta-nos para os braços e oferece-nos um envelope cheio de corações, que parecem pássaros cor de rosa e faz-nos sentir especial...

segunda-feira, março 16, 2009

Um Grande Actor

Nuno Lopes regressa ao teatro com mais um extraordinário papel, em "A Tempestade", de Shakespeare, na Cornucópia, Caliban.

Nuno é um dos melhores actores portugueses da actualidade, entrando em todos os espaços cénicos, desde a comédia ao drama, sempre em grande plano.
Embora prefira o teatro e o cinema, sabe da importância da televisão...
A imagem é de um recorte de notícia do "DN"...

sexta-feira, março 13, 2009

Sexta-Feira, Treze, Outra Vez...

Não vi nenhum gato preto. Aliás, não vejo gatos desta cor quente há algum tempo, a minha preferida destes felinos...
Não joguei no "euromilhões", ando esquecido da possibilidade de ser milionário.
Não fui à manifestação, mas apeteceu-me. Pensei na possibilidade de se fazer uma manifestação de "despejo" socrático, com um milhão de não socialistas (deste falso socialismo...), a fazerem-lhe um pirete e a mandarem-no vender "banha da cobra" para outra freguesia.
Não ouvi os "Xutos", com a sua sexta-feira treze.
Mas lembro-me que eles dizem, mais coisa menos coisa:
Hoje é sexta-feira 13
e tudo pode acontecer
Hoje é sexta-feira 13
E não há nada a perder...

terça-feira, março 10, 2009

Diálogos Nocturnos

No tempo em que as pessoas se encontravam em bares (anos setenta e oitenta) e eram capazes de conversar, sobre múltiplas coisas, também havia espaço para conversas inquietantes, entre um copo e uma música. Num ambiente repleto de fumo, de vez em quando encontrava-se uma mulher mais atrevida, capaz de me perguntar coisas como:

- Mas afinal que homem és tu?
Perplexo com a pergunta, respondia:
- Um homem demasiado vulgar...
- Então estou com sorte hoje, só gosto de homens vulgares.
E eu era obrigado a sorrir...
A foto é de Debbie Fleming Caffery (Dancing the Vight Away).

segunda-feira, março 09, 2009

João Vaz (1859 - 2009)

João Vaz é um pintor muito querido aqui no "Largo".
Hoje é uma dia especial para este pintor de Setúbal, que fez parte do "Grupo do Leão" e pintou a temática da Marinha, como ninguém no nosso país, pois faz 150 anos.
Deixou-vos, "Sado", uma excelente obra naturalista, com a componente humana no interior de uma embarcação do Rio.

domingo, março 08, 2009

Sacode as Nuvens...


Sacode as Nuvens

Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar.
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.

Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.

Sophia de Mello Breyner Andressen

O óleo é de António Dacosta

quinta-feira, março 05, 2009

O País das (novas) Oportunidades - dois

Um dos aspectos mais repugnantes da nossa sociedade, é a "viciação" de qualquer concurso para um emprego.

A "cunha" continua a prevalecer, cada vez mais, principalmente no sector público. Raramente entram os melhores que estão a concurso, entram sim os que têm "padrinhos" mais poderosos...
As únicas excepções continuam a ser alguns empresários privados, que admitem a cunha, sim (é impossível fugir dela, neste país cheio de pequenos de grandes favores), mas acompanhada de qualidade...
Um senhor, que tive o privilégio de conhecer, quando alguém lhe fazia um pedido para os filhos, para preencher uma vaga existente na sua empresa, ele apenas dizia isto: «Se ele estiver ao nível dos melhores candidatos, o lugar é dele.»
Claro que as coisas começam a funcionar de forma errada, logo ao mais alto nível. Se nos partidos não se escolhem os melhores quadros, mas sim os mais maleáveis e os que têm mais jeito para participar em jogos obscuros, está tudo dito...
Acabam por ser estas pessoas de qualidade, muitas vezes duvidosa, que chegam aos lugares do poder. Isso explica o porquê, de nos encontrarmos à procura de rumo, há mais de trinta anos...
O óleo que escolhi é de Ilena Serôdio...

terça-feira, março 03, 2009

Um dos Nossos "El Comandantes"...

As eleições no Comité Olímpico Português, com a vitória esmagadora do comandante Vicente Moura, o tal que em Pequim, ameaçou saltar do "barco", assim que ele começou a meter água, explicam em grande parte as razões, de apenas termos trazido duas medalhas e não a meia dúzia que estava ao nosso alcance.

É demasiado óbvio que os nossos atletas profissionais não podem continuar a ser dirigidos por dirigentes "amadores" e incompetentes, que só se lembram da existência dos Jogos Olímpicos, meia dúzia de meses antes da sua realização.
Provavelmente daqui a quatro anos, em Londres, os problemas de sempre do nosso desporto continuarão a viajar com a comitiva. E as medalhas continuarão a tapar a incompetência dos "comandantes", com mais vocação para ratos de porão que para navegadores...
A fotografia que retrata a incúria no Ginjal, parece não ter nada a ver com a temática, mas claro que tem. É o melhor retrato deste nosso "deixa andar"...

domingo, março 01, 2009

O País das (novas) Oportunidades - um

Este país, com e sem propaganda, sempre assistiu à partida das pessoas, sem grandes preocupações. O povo português sempre foi "obrigado" à ir à procura do que não existia entre nós. Quando surgia uma oportunidade, tentava-se escapar ao destino traçado, de uma vida pobre e miserável.

Foi desta forma, que durante grande parte do século vinte fomos assistindo a grandes movimentos emigratórios, primeiro para o Brasil, depois para África, até se chegar à Europa e América do Norte, na segunda metade do século.
Mesmo para os sociólogos, penso que é difícil perceber se os que partiram foram os mais aventureiros, ou se os que ficaram foram os mais patriotas (não no sentido salazarista da palavra), os mais agarrados às suas raizes.
O meu pai teve a oportunidade de emigrar para França e para o Canadá, quando se emigrava através das "cartas de chamada". Mas ficou...
Nunca falámos sobre isso, porque razão ele não partiu, como tantos outros, inclusive familiares, como um dos irmãos. Imagino que foi pelo facto de ter uma vida relativamente estável, de ter trabalho, e claro, pelas suas ambições não passarem pela entrada no "mundo dos ricos", nem de se querer sujeitar a viver num outro país, com outra língua e outros hábitos...
Hoje as coisas não estão muito diferentes, penso até que o país diminuiu de tamanho (ao contrário do que dizem na publicidade televisiva enganosa...), muitos jovens têm sido forçados a partir, em busca de trabalho, porque o que existe é precário e mal pago. Espanha tem sido um grande mercado de trabalho, especialmente para trabalhadores não especializados. Só agora com a crise mundial, é que muitos jovens tiveram de "regressar a casa"...
Voltarei ao tema, brevemente, para falar de alguns casos concretos, de quem teve de emigrar à força, nos últimos tempos, sem novas ou velhas oportunidades...