quinta-feira, junho 08, 2023

O País "Pobrete e Alegrete" de António Costa (quase que podia ter Salazar no meio...)...


Não consigo entender este país do Costa (já está há anos suficientes no poder para ter direito "a um país"...), que em alguns pontos se tem aproximado tanto da filosofia salazarenta, ao querer transformar a maior parte dos portugueses em "pobretes e alegretes".

Embora tenham ideários políticos diferentes, ambos os antónios defendiam e defendem "trabalho para todos", mas muito mal pago. Ou seja, não querem desempregados, querem que toda a gente tenha uma ocupação, mesmo que tenham como função fazer quase nada (continua a ser esse o espírito na função pública no século XXI - "pagam mal mas não ficam melhor servidos..." - em quase todos os sectores, por falta de reformas sérias, e claro, de exigência, de motivação e de objectivos para os trabalhadores).

E pelo meio vão sendo destruídos o Serviço Nacional de Saúde, a Justiça, a Educação, os Transportes (que poderiam ser o melhor aliado no combate às alterações climáticas...), as Forças Armadas e até as Forças de Segurança, metendo as reformas tão necessárias na gaveta e desbaratando o nosso dinheiro.

É este mesmo Costa que finge que se preocupa com o trabalho precário e com a exploração dos trabalhadores do sector privado (no ramo agrícola e hoteleiro os "patrões" até já se dão ao luxo de contratarem directamente estrangeiros das "indias", para os tratarem quase como escravos. Depois das contas feitas à comida e ao alojamento, estes limitam-se a receber umas poucas centenas de euros por mês).

Graças a estas políticas miserabilistas do governo do Costa (não encontro outro nome...), que não têm nada de sociais nem de democráticas, cada vez existem mais portugueses pobres. Recebem tão pouco, que nem sequer têm direito a fazer o IRS...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, junho 07, 2023

O que contamos aos Outros e o que os Outros nos contam...


Normalmente só contamos aos outros o que queremos e não o que eles querem.

É por isso que os outros, quando querem saber mais do que o que nós sabemos, são capazes de nos rodearem com perguntas do "arco da velha". O mais curioso é o que acontece no nosso interior. Eles quando são bons "perguntadores" até são capazes de acender algumas luzes que estavam apagadas naquelas divisões mais obscuras, que habitam dentro de nós...

Já perceberam que eu pertenço ao "mundo dos outros". Pertenço ao grupo de pessoas curiosas que gostam de perguntar coisas (não se assustem normalmente não são coisas que alimentam os "facebooks", são coisas mais chatas que nos fazem puxar pela memória e viajar no tempo...), e que são uma dor de cabeça para algumas pessoas, que gostam de fechar quase todas as "portas  por onde passaram à chave".

Para outras passa-se exactamente o contrário (para essas mesmo, as que "falam pelos cotovelos"...), são livros abertos, prontos a debitar sobre tudo e mais alguma coisa. A conversa por vezes torna-se tão estranha que nos obriga a pensar nos sábios antigos que desbravaram tanto caminho e nos dizem de uma forma tão simples, que "quem muito fala pouco acerta"...

É por isso que o "meio-termo" é tão conveniente, ou como o sábio diz, "nem tanto ao mar nem tanto à terra"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa) 


terça-feira, junho 06, 2023

O jornalismo telenovelesco e o País adiado...


O gosto pelas notícias transmitidas como se fossem telenovelas começou pelos canais mais populares (CMTV e TVI) mas rapidamente chegou à SIC, e a espaços, à RTP.

Embora seja um problema do jornalismo, cada vez mais transformado em espectáculo, não deixa de ser curiosa a adaptação de quase todos os "actores" a este género novelesco. 

Ultimamente os políticos são quem mais explora esta forma de viver a vida "quase a fingir", esquecendo o que realmente importa e se passa no País. 

A oposição e o governo perdem semanas a discutir o tamanho das "mentiras" de ministros, secretários de estado, adjuntos ou chefes de gabinete em vez de tentar resolver os problemas, cada vez mais sérios que afectam uma boa parte dos portugueses, na saúde, na educação, na justiça, na habitação, nos transportes ou na banca, etc, e que continuam a ser constantemente adiados... 

(Fotografia de Luís Eme - Corroios)


segunda-feira, junho 05, 2023

A Mulher que sorri e "passa por dentro dos filmes"...


Ela sempre que me vê oferece-me um sorriso, de mão dada com um olá. Eu retribuo.

Às vezes fico a pensar que devia ir atrás dela e convidá-la para beber café, para saber se ela ainda continua a fazer a mesma coisa, a "passar por dentro dos filmes".

Só falámos uma vez, num daqueles acasos, que quase que nos empurram uns contra os outros. Aquela não era a nossa onda e foi por isso que começámos a fugir para o miradouro que num dos cantos olhava para uma nesga do Tejo.

Não foi por acaso que escolhemos aquele canto. O Tejo pertencia-nos, tanto do lado de cá como do lado de lá. E só podia ser ele a soltar-nos a língua... Quis saber o que fazia e eu disse-lhe que escrevia coisas. Ela ofereceu-me o seu sorriso luminoso e disse que não escrevia mas fazia várias coisas.

Quem diria, éramos os dois especialistas em "coisas"...

Depois disse-me que entrava em filmes, mas não era actriz. Foi quando exclamou: "Passo por dentro dos filmes."

Fiquei sem perceber se ela estava a brincar ou a falar a sério. Foi quando me ofereceu três títulos de filmes, acrescentando que estavam disponíveis no "YouTube".

E depois olhou o relógio disse que tinha de se ir embora e deixou-me por ali, quase abandonado.

Quando cheguei a casa fui directo ao computador, para ver um dos filmes e perceber alguma coisa, daquela conversa quase estranha. Quando a vi, na primeira das duas cenas em que entrava, percebi que não havia nenhum enigma. Ela estava certa, entrava no filme mas não participava. Caminhava mas não falava. Estava só lá, a passar.

Era mesmo verdade, aquela moça de que ainda não descobri o nome, "passava mesmo por dentro dos filmes".

Como devem calcular, trata-se de uma ficção. Se fosse verdade, já a tinha convencido a beber um café e a contar-me mais coisas da sua vida.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


domingo, junho 04, 2023

Vou continuar com "Este Tempo" da Maria Judite de Carvalho (quase por que sim)...


Não sei se a Maria Judite de Carvalho tinha uma bola de cristal, sei apenas que os seus olhares por Lisboa (alguns com mais de meio século...), mantêm uma actualidade, que quase faz doer.

A 16 de Março de 1984 ela escreveu no "O Jornal" a crónica, "A Cidade talvez deserta", que depois foi publicada no seu livro "Este Tempo".

Mesmo que a Maria Judite escrevesse sobre problemas diferentes dos que a Capital enfrenta hoje, a realidade não engana:

«É uma estranha cidade, Lisboa. E, por este andar, um dia, lá adiante, o castelo dos Mouros e os Jerónimos e a torre de Belém, serão coisas anacrónicas e talvez, quem sabe, consideradas ladras de espaço útil. Eis-nos pois numa cidade remendada que vai expulsando de si os habitantes antigos e que expulsará mais tarde outros habitantes que serão antigos, e outros e outros, até à perfeição. Talvez venha a ser um dia, se a bomba ou o míssil o consentirem, a primeira capital sem moradores deste mundo.»

Parece-me que ninguém tem dúvidas, de que esta Lisboa é cada vez mais uma cidade estranha. Eu pelo menos, não tenho.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, junho 03, 2023

"O Planeta Ronaldo" continua a dominar a Selecção


Quando as pessoas ocupam um novo cargo, devemos-lhe alguma condescendência, quanto mais não seja por estas ainda estarem a "conhecer os cantos à casa".

Só que por vezes, logo nos seus primeiros discursos, descobre-se ao que vêem. Isso percebeu-se com alguma nitidez quando só faltou ao novo seleccionador de futebol dizer-nos: "não se preocupem, que eu não vou mudar os 'cantos à casa', a equipa que joga continua a ser Ronaldo e mais dez".

Se o faz por uma questão de sobrevivência, é no mínimo triste. Se o faz por ter problemas de carácter, a história ainda é pior.

Pensava que com a chegada de um novo seleccionador, entrava-se num tempo novo, colocando todos os jogadores no mesmo patamar, acabando com as histórias de existirem "donos da selecção", ou que esta não passava do "clube dos amigos do ronaldo".

Infelizmente o seu começo diz-nos o contrário. Mudou-se o nome do homem, mas continua tudo igual.

Não sei se o João Mário conseguiu colocar o "dedo na ferida". Mas o exemplo que deu, para justificar o seu abandono, é contundente. Quando se está na melhor forma de sempre e só se entra no último minuto de um jogo "quase a feijões" (estamos a falar de um jogador com mais de 50 internacionalizações e não de um estreante...), percebe-se que aquele não é o nosso lugar, que aquela não é a nossa selecção. E embora seja benfiquista, também continuo a não perceber como é um jogador como o Pedro Gonçalves, continua a não ser escolhido para os 25 ou 26...

Tudo isto para dizer que gosto pouco do discurso de pessoas como o senhor Martinez, que tentam agradar a gregos e a troianos.  E tem sempre uma "resposta para tudo" na manga, "politicamente correcta" (como convém...), para justificar as suas opções.

A sorte dele, é ter alguns dos melhores jogadores do mundo. E como já se percebeu, ele não é de "inventar muito", pelo que o difícil é não ter sucesso.

Mas é triste que a selecção continue a não ser "de todos nós"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, junho 02, 2023

O Amor e a Perfeição nunca foram sinónimos (ou seja, somos "ligeiramente" difíceis de contentar)...


Agora que começo a ver os anos a fugir com menos lentidão, penso em coisas que não pensava antes.

Começa a ser normal descobrir aqui e ali, pessoas que passaram por mim e que não tratei da melhor forma, porque o amor é uma coisa muito estranha, que nos faz fugir muitas vezes da pessoa que os outras acham "certa" e que nós achamos demasiado "perfeita" para o nosso gosto.

Sentimos e sabemos que não é aquilo que queremos. Queremos alguém que nos "dê luta", que nos contrarie, que nos faça "penar", que não nos aceite com os braços e o corpo completamente abertos...

O curioso é que só descobrimos que algumas das nossas escolhas não são as certas, quando o futuro e o presente passam a ser passado...

E ainda existe outra coisa, quando fazemos as tais "contas à vida", descobrimos o óbvio: as pessoas não nos dão o que queremos e nós também não damos às pessoas o que elas querem...

Pois é, normalmente somos "ligeiramente" difíceis de contentar...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quinta-feira, junho 01, 2023

"As Palavras e as vozes" de hoje e de ontem...


Maria Judite de Carvalho foi uma boa ficcionista e uma excelente cronista do quotidiano.

Peguei no seu livro de crónicas, "Este Tempo", e descubro coisas que ficaram paradas no tal tempo, mesmo que já tenham sido escritas há mais de cinquenta anos. Ou seja, uma boa parte das suas crónicas parecem ser intemporais.

Há questões que permanecem, agora ainda mais vivas, como o começo da sua crónica, "As Palavras e as vozes", escrita no "Diário de Lisboa" a 29 de Março de 1972:

«Gostava de saber quanto tempo gastará por ano uma pessoa que se quer ou se julga informada sobre o que se passa no mundo (os mundos das pessoas têm tamanhos e rostos diferentes, podem ser a rua onde se mora, a cidade, o país, a Terra, podem até ser os mundos além-mundo). Refiro-me às pessoas que, está claro, lêem o jornal, mas sobretudo às que ouvem rádio e vêem televisão. Somos espectadores e ouvintes mais do que gente viva. Estaremos mesmo vivos, ainda não seremos bichos de ouvido nem de lente de contacto?»

A sua questão manteve toda a actualidade. E ela já não viveu este tempo desenfreado dos telemóveis, das redes sociais...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, maio 31, 2023

Olhar da Minha Janela do Quarto...


Levanto-me de manhã, se for espreitar à janela, o que vejo?

O mesmo que qualquer habitante de uma cidade... Prédios encavalitados uns nos outros, a várias alturas.

As cidades são assim. É apenas uma cidade igual a tantas outras, com mais ou menos betão...

Ao longe encontro três torres, duas de igrejas, num outro canto, um castelo que não é castelo (talvez tenha sido, há alguns séculos...), mas de tanto lhe chamarmos uma coisa que não é passa a ser, e não o forte militar, que continua a ser.

Quase na linha do horizonte desta minha janela-varanda, aparece o Cristo-Rei e a parte superior de um dos pilares da Ponte 25 de Abril.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, maio 30, 2023

Eles fingem que não percebem que são governantes de todos e não de apenas alguns...


Uma boa parte dos governantes fingem que não percebem (esta estupidez pouco natural ainda se nota mais no Poder Local...), que depois de serem eleitos, são governantes de todos, e não de apenas aqueles que votaram no seu partido.

Acho que esse é um dos principais problemas dos nossos políticos, nunca se conseguem libertar da teia de interesses que os rodeia e que finge que os levou ao colo até ao poder.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, maio 29, 2023

O almoço à segunda-feira continua povoado de gente...


Somos só dois, na mesa que já foi de uma dúzia.

Não é por teimosia que continuamos a almoçar todas as segundas, o nosso "bacalhau com grão". É por gosto. Gostamos de conversar e de viajar pela história de Almada e da nossa Incrível. 

É normal convocarmos alguns dos nossos amigos ausentes, normalmente os mais opiniosos, como era o Orlando e os dois Carlos. Lembramos a "memória de elefante" do nosso Jaiminho, que devia gostar de aparecer para matar saudades, ao mesmo tempo que tirava algumas dúvidas ao Chico (era ele que costumava "desempatar" quando o Orlando e o Chico andavam pelas ruas e portas erradas da nossa Rua Direita).

Normalmente é depois do café que a conversa se torna mais interessante e enchemos a toalha de papel de rabiscos (disse ao Chico que já devia ter mais de cinquenta pedaços de toalhas...), povoados de "personagens" e de "lugares" de Almada.

Desta vez andámos pelo teatro. Eu já sabia o porquê de muitos amadores não aceitarem algumas propostas de companhias profissionais, A nossa conversa acabou por reforçar o que pensava, com dois ou três exemplos dados pelo Chico. A sua geração preferiu levar o "teatro a brincar", porque tinham bons empregos e não queria apostar no risco. Se hoje esta profissão continua a ser precária, há sessenta e setenta anos, não era melhor. E havia ainda outro problema, era uma actividade "mal vista" socialmente... 

Era comum ouvir-se dizer, que as pessoas sérias e decentes não escolhiam a vida dos palcos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, maio 28, 2023

Ultrapassagem do e pelo Tempo...


Claro que sim.

Acontece a todos.

Mais tarde ou mais cedo, acabamos ultrapassados pelo "tempo", esse bom e mau conselheiro...

Apesar de ser ideologicamente progressista, reconheço-me conservador em muitas outras coisas, como na arte, por exemplo. Há "instalações" e "abstrações", que não me entram na cabeça, por mais que me esforce...

E dessa coisa chamada "inteligência artificial", também espero continuar a léguas de distância por mais "promoções" que façam...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)