segunda-feira, abril 30, 2018

Pequenas Grandes Provocações num Dia Especial...


Uma loja em Almada com gestão asiática prepara-se para reabrir amanhã, no dia do trabalhador. Acredito que no seu país natal não liguem a essas "ninharias", que chamamos de "feriados", e que nos são tão agradáveis...

Como já vem sendo hábito, aquele senhor merceeiro, Alexandre qualquer coisa Santos, também deve fazer a habitual investida às carteiras dos portugueses, com "descontos incríveis", para festejar o Primeiro de Maio com os trabalhadores.

É assim o capitalismo, nem nos dá descanso no nosso dia...

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, abril 29, 2018

Ainda a Beleza dos Campos...


Hoje à tarde acabámos por ir beber café à Fonte da Telha. Ficámos um pouco pela esplanada a escutar a musicalidade do mar - cheio de ondas - e a saborear o Sol, que ainda não está demasiado forte.

E depois, a pedido dos filhotes, demos um passeio pela parte superior da arriba fóssil, onde se desfruta uma vista extremamente agradável. 

Como estava apenas uma ligeira nebulosidade, era possível ver todas as praias do Sul e do Norte, e ao longe via-se Cascais de um lado e o Cabo Espichel do outro...

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, abril 28, 2018

Abril nos Campos...


Não é novidade nenhuma dizer que Abril e Maio são os meses mais bonitos do ano.

Este ano, graças a toda esta água que tem descido dos céus, ainda se encontram mais floridos.

Por termos a memória curta, até nos apetece dizer "não me lembro de passar por aqui nesta estrada e ver as bermas com tantas flores", mesmo sabendo que é quase assim todos os anos.

Claro que quando chove menos, os "jardins selvagens" ficam um pouco mais pobres, porque as plantas são iguais a todos os seres vivos, há algumas de maior sensibilidade, que precisam mais de água que outras...

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, abril 26, 2018

O Dia Seguinte...


Acho que as pessoas fingem acreditar no grito que deram ontem, em uníssono, o habitual "Abril Sempre!"

Digo isto porque fazem muito pouco para que este mês (e os outros...) seja mais que uma boa memória.

Eu sei que não é de agora. Toda esta "liturgia televisiva", que nos quer levar até ao esquecimento, com a oferta de anestesiantes constantes, começou logo em 1976, primeiro com alguma timidez, e também com a utilização de vários disfarces. 

Foi por isso que nem foi preciso esperar muito tempo para que o "poder" voltasse para as mãos das famílias que mandavam no país a 24 de Abril, com a brandura e a vénia dos "democratas" que cerravam fileiras nos partidos de poder (PS, PSD e CDS). 

Mas os "donos disto tudo" foram ainda mais longe, agradecidos, trouxeram-nos para a sua "corte", com os escândalos e roubos que todos conhecemos e pagamos... 

Claro que para o ano, gritamos novamente em uníssono, o habitual "Abril Sempre!"

(Fotografia de Luís Eme - esta imagem não aparece aqui por acaso, durante este tempo tivemos um governante que fingia que não era político e esteve no poder durante 20 anos, e ao mesmo tempo que condecorou dois antigos inspectores da PIDE, "esqueceu" e ignorou o nosso herói maior da Revolução de Abril...)

quarta-feira, abril 25, 2018

Almada Cantou "Abril Sempre" com os Xutos


Almada voltou a ter a música como grande atractivo da Festa da Liberdade. Começou ainda a 24 com Gisela João (mas o fado perde tanto em espectáculos de massas...), depois escutámos um coro, infantil e juvenil, que cantou a nossa Grândola, o cântico da liberdade da autoria do nosso maior poeta-cantor,  o inesquecível Zeca Afonso.

Mudou-se a página do 24 para 25 com o tradicional fogo de artífico... e depois veio o grande concerto da noite, com a única verdadeira banda de rock portuguesa, os "Xutos e Pontapés".

Os largos milhares de pessoas que inundaram as praças S. João Baptista e da Liberdade (não me lembro de as ver com tanta gente...), saíram satisfeitas, porque o Tim, o Kalu, o Cabeleira e o Gui, continuam em grande (mesmo sem o carismático Zé Pedro...) e ofereceram aos almadenses um concerto inesquecível.

(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, abril 24, 2018

Pensar no 24 de Abril...


Infelizmente, não há muito tempo, estivemos mais próximos que nunca, do 24 de Abril. Foi quando tivemos um primeiro-ministro a mandar os nossos jovens para fora (e muitos tiveram mesmo que ir, para conseguir um trabalho...).

Eu escrevi um poema e tirei uma fotografia (encenada, em que o actor é o meu filho, que se as coisas não tivessem mudado para melhor, bem poderia também ter de partir), que fizeram parte da minha exposição de fotografia com poesia, "Cravos da Liberdade" de 2014...

Abril Floria


Fazias as malas
enquanto lá fora ABRIL FLORIA.
Sabias que não havia
lugar para ti neste país
onde se continua a fingir

que se vive em democracia…

Luís [Alves] Milheiro

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, abril 23, 2018

Os Jornais, os Leitores, os Vendedores e os Distribuidores...


Incomoda-me ir comprar o jornal e ficar por ali à espera, a ver os empregados do balcão a despacharem raspadinhas, cigarros ou a registarem apostas do placard e do euromilhões.

Mas percebo esta nova realidade, se se vendem poucos jornais (e com pequenas margens de lucro...), é normal, que me dêem cada vez menos atenção.

Mas segundo li ontem no "Diário de Notícias", na crónica assinada por Joel Neto , jornalista e escritor açoriano, há coisas bem mais graves a acontecerem por este país fora no que toca à compra de jornais. Por exemplo nas ilhas:

«[…] Os jornais perderam massa crítica, os leitores de jornais também e, no geral, a indústria contraiu-se. Mesmo assim, as lojas do Carlos e dos colegas vendiam bastantes jornais - quase todos os que se vendiam nesta ilha. E agora, de repente, já não vendem quase nenhum. 
Não porque não reste ninguém para os ler: ainda há quem os queira, mesmo se não tanta gente como no passado. Não porque não sobre às lojas força para os vender: ainda é nos jornais que sentem mais em jogo todo o seu sentido de missão. Simplesmente porque os aviões da SATA e da TAP já não os trazem. Ou porque os trazem apenas no voo da madrugada seguinte, quando já ninguém os lerá.[…]»

Não há muito a dizer. Uma coisa é venderem-se poucos jornais, outra coisa é não aparecerem sequer nas bancas...

(Fotografia de Luís Eme - não é esta a tabacaria onde habitualmente compro o jornal, por que fica "fora de mão"...)

domingo, abril 22, 2018

A "Canalhice" Feita a um "Canalha"...


Quando assisti à transmissão televisiva de parte dos interrogatórios a José Sócrates, perguntei a mim mesmo, como é que era possível, tornarem aqueles filmes públicos. Porquê esta necessidade de humilhar o arguido e de colocar a justiça ainda mais nas "bocas do povo"?

Mas hoje ao ler a crónica de António Barreto no "Diário de Notícias", em que ele escreveu muito do que pensei, achei que devia dizer alguma coisa. E nada melhor que transcrever algumas das suas palavras:

[...] «A divulgação em canais de televisão do interrogatório de José Sócrates, brada aos céus. Outros, incluindo os banqueiros arguidos, já por ali tinham passado. E também aqui não se viu, até agora, uma reacção institucional que traga decência e civilidade à justiça.
Mesmo em democracia, um interrogatório feito pela polícia é sempre um momento de debilidade pessoal. Seja ou não bandido ou aldrabão, tenha ou não um currículo violento, possua ou não músculos ou capital, partilhe ou não ferocidade com animais selvagens, um arguido ou um suspeito está sempre, durante o interrogatório, em situação de inferioridade, facilmente amedrontado, quase sempre em fragilidade psicológica. Mesmo quando reage com fúria destemperada, como foi o caso, o arguido está assustado e luta pela vida. Em pleno interrogatório, sobretudo se tem algo a esconder, se há culpa, se procura defender-se, qualquer pessoa, mesmo valente ou violenta, merece, porque é uma pessoa humana, um pouco de respeito. Uma justiça decente tem em consideração a humanidade das pessoas e dos processos. O que estão a fazer com José Sócrates é imperdoável. Como foi com os banqueiros e outros. A falta de respeito pelo arguido não é apenas isso: é sobretudo falta de respeito pelos cidadãos, por nós todos.» [...]

Quem será que tem a coragem de dizer aos juízes, delegados, procuradores e jornalistas, que eles não são "justiceiros populares"?

E nem me apetece falar das estações televisivas e da comunicação social em geral... a não ser para dizer que a SIC afinal não é assim tão diferente da TVI e do CMTV, nem o "Expresso" do "Correio da Manhã"...

(Óleo de Armando Morales)

sábado, abril 21, 2018

Os Muros Invisíveis que Construímos...


Ao cruzar-me com um rapaz ligeiramente mais velho que eu, lembrei-me de um episódio festivo que aconteceu há pouco tempo, em que me deixei ficar, quase "fechado", dentro de um grupo de amigos. Na altura não pensei muito no caso, mas sempre que o vejo,  recordo a cena, a sua chegada, a tentativa de intromissão, e o fazerem de conta que ele não estava ali (papel bem interpretado pelas mulheres, que estavam em maioria...). Inteligente, bebeu o café e foi embora.

Nunca me falou no assunto, mas como tenho o velho hábito de me colocar no seu lugar, imagino que se deve ter sentido incomodado, até por nos conhecer a todos, uns melhores que outros.

Com o tempo fui percebendo que havia pelo menos dois grupos entre estas gentes das culturas (talvez tivesse um pé nos dois (mas só os dedos...), por me dar bem com praticamente todos os seus elementos. E ele até é do outro grupo...

Quem evita fazer parte destes grupos demasiado fechados, que gostam de perder tempo a falar de "coisas pequeninas", acaba por ser olhado de lado pelas duas partes. No meu caso pessoal, acho que isso nem acontece. Mas não era nada que me incomodasse, até por passar ao lado de uma série de intrigas (sei sempre depois...), que acabam por ter efeitos nocivos na relação entre uns e outros, e no meio onde estamos inseridos. 

Mas nós humanos somos mesmo assim. Desde os tempos da escola primária que nos habituamos a querer os nossos amigos só para nós e a construir "muros invisíveis"...

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, abril 20, 2018

A Competência versus a "Má Imprensa"...


Há palavras que são muito utilizadas, especialmente como "chavões" de discursos, como é o caso da  "competência", "solidariedade" ou "méritocracia", mas que infelizmente têm pouco efeito prático na sociedades actuais, onde a "mediocridade",  o "individualismo" e o "amiguismo", continuam a ser quem mais ordena.

Só quem é mesmo muito bom, é que se vai conseguindo manter "à tona de água"...

Há já algum tempo que me apetecia escrever sobre dois treinadores de futebol, cuja carreira tem sido mais complicada do que devia, por serem dois homens com um grande carácter e seriedade, que não se limitam a  sorrir para as câmaras ou a debitar frases banais que ajudam o "negócio".

Acreditam sobretudo no trabalho e na qualidade profissional. São eles Arséne Wenger e Carlos Queirós.

Por serem dois treinadores com convicções fortes (não alteram o sistema táctico nem utilizam jogadores, por pressão ou a pedido, quer de "comentadores" quer de "jornalistas"...), acabam por ter má imprensa, que ao menor deslize, começa logo a "inventar crises" e a "pedir a sua cabeça"...

É por isso que é quase um milagre Wenger estar no comando do Arsenal há praticamente 22 anos (anunciou hoje a sua saída no final da época...). É também por isso que os 16 títulos que conquistou são normalmente desvalorizados... mesmo que tenham sido conquistados contra algumas equipas históricas  inglesas como foram o Manchester United de Alex Ferguson, o Liverpool de Kenny Dalglish ou o Chelsea de José Mourinho.

(Fotografia de Autor Desconhecido)

quinta-feira, abril 19, 2018

Livros Iguais para Leitores Diferentes...


Como quase tudo na vida, também a leitura dos livros nos desperta sentimentos diferentes, em parte por termos a capacidade de olhar para o mundo que nos rodeia com "cores diferentes".

O "filme" começa logo nas primeiras páginas, na forma contraditória como gostamos, ou não, da escrita ou da história que a pessoa que brinca com as palavras nos oferece.

Ao ler "O Nervo Ótico" de Maria Gainza, pensei nestas coisas todas, porque o seu começo não é nada deslumbrante. Também não é uma coisa chata, daquelas que nos apetece logo encerrar "o caso", às primeiras. Foi por isso que continuei a ler e à medida que ia lendo, ia gostando das palavras da Maria, que sim, faz uma original combinação de memórias (frase da capa... que também nos diz que a vida é um museu), com a sua cultura artística, a família, os lugares que foi percorrendo, sempre de uma forma simples, que nos vai colando à sua vidinha com prazer.

Mas eu nem queria falar do livro, mas sim das sensações que me foi despertando, e não menos importante, das questões que foi levantando. Pensei, entre outras coisas, nas diferentes técnicas usadas pelos escritores para nos contarem as suas histórias. Se uns querem agarrar-nos logo na primeira página, outros preferem não dizer nada de especial nos primeiros capítulos, para depois nos agarrarem, até ao fim. E depois há os outros, que nunca nos conseguem prender às suas palavras. E cada vez estou mais convencido de que isso acontece por falta de talento ou por talento a mais (acho que é o caso no nosso Lobo Antunes...). Se nos meus primeiros tempos de leitor, lia todos os livros até ao fim (por vezes com grande sacrifício...), hoje já não caio nessa "patetice". 

Sei e aceito, pacificamente, que há livros e escritores que não são para mim...

quarta-feira, abril 18, 2018

«Um Corrupto de esquerda é diferente de um da direita. Ponto final.»


De repente a comunicação social voltou a "acordar" o monstro adormecido e a inquietar alguma esquerda, que ainda quer acreditar que o antigo presidente do Brasil é diferente dos seus companheiros de partido e governo, já que sobre o antigo primeiro-ministro pouco haverá a acrescentar. 

Em conversa de café, ficou mais uma vez registado que há uma exigência moral maior para a esquerda que para a direita, no mundo da política. Isso pode explicar em parte a forma como o jornalismo e a justiça têm "perseguido" o nosso "Animal Feroz" por cá, e o "Molusco Metalúrgico " por lá.

Essa exigência prende-se sobretudo pelos valores que defendem.

Quando o Jorge disse que «um corrupto de esquerda é diferente de um da direita. Ponto final», explicou quase tudo.

Falou-se muito do "cavaquistão", dos muitos escudeiros do "homem que nunca se engana" que se safaram à grande com os fundos comunitários, e que nunca foram alvo de uma investigação séria como esta (nem mesmo os envolvidos no "roubo" do BPN...). 

Mesmo que precisássemos de exorcizar os nossos fantasmas, todas as comparações são odiosas... 

E na verdade, pelo que se diz e mostra, nunca houve um "pobre provinciano" que usasse tanto a chamada "esperteza saloia" e pensasse que éramos todos tolinhos... 

Mas o erro maior disto tudo é dizer-se que o rapaz que "veio das berças" é de esquerda, ele até andou pela JSD, como salientou a Rita...

(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, abril 17, 2018

Quem Atravessa o Rio...


Penso sempre que quem atravessa o rio, entre o Cais Sodré e Cacilhas, quase que não tem tempo para saborear a viagem, quase sempre agradável.

Um olhar pelas margens, a distracção da passagem de uma barca qualquer, e quando damos por ela estamos a chegar...

Esqueço-me do "martírio" de quem trabalha em Lisboa e que tem forçosamente de atravessar o rio todos os dias, sem morrer de amores pelas águas movimentadas do Tejo, e muitas vezes sem saber nadar...

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, abril 16, 2018

Claro que Sim...


Claro que sim, as "pinturas de guerra urbana" podem tornar alguns lugares abandonados mais alegres e bonitos.


É o que se passa por exemplo nas imediações do Caramujo e da Romeira (Cova da Piedade).

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, abril 15, 2018

Culturas, há Mesmo Muitas...


A cultura geral de cada um de nós acaba por ser opcional. Ou seja, perdemos tempo sobretudo com o que nos interessa saber.

Pensei nisto ao perceber que um daqueles fulanos que achamos "limitados" e com quem não podemos falar de tudo, conhecia de fio a pavio as pessoas do seu "bairro", e não menos importante, as suas vidinhas, mesmo nas partes que poderiam interessar às revistas que gostam de inventar amores, aqui e ali.

Achei piada à quantidade de coisas que ele sabia sobre algumas pessoas que eu conhecia há anos (namoros, casamentos, adultérios, separações, etc). 

Afinal pensava que as conhecia...

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, abril 14, 2018

Um País Cheio de Fios...


Quem gosta de tirar retratos a lugares, encontra quase sempre um obstáculo comum (mesmo na aldeia mais recatada...), um conjunto de fios de várias "nações", que também gostam de ficar, e "estragar", a fotografia.

Sei que existem programas que os podem "apagar", mas de pouco vale. Talvez embeleze um pouco mais as fotografias, mas não altera em nada a paisagem, porque os fios continuam no mesmo sítio, muitas vezes já sem qualquer préstimo para os residentes...

Era bom que o Estado se preocupasse com esta questão, de uma vez por todas, e obrigasse as empresas que continuam a ter o "monopólio" de fios (EDP e Altice), a começarem a retirar tudo aquilo que está inerte e rouba a beleza a tantos lugares, de Norte a Sul.

É por estas e por outras que tenho de dar razão ao dono da vivenda que afixou um letreiro bem visível na sua propriedade, que "proíbe" (mesmo que seja ilegal...) a passagem de qualquer fio pelas paredes da sua casa.

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, abril 13, 2018

A Familiaridade (Pública) Abusiva...


Hoje de manhã estava no talho à espera de ser atendido e comecei a ficar incomodado com a forma como um dos empregados falava com uma cliente, que mesmo sendo freguesa habitual (tratava-a pelo nome...), estava longe de se sentir à vontade com aquele quase "abuso" de lugares-comuns, em volta do facto de não ter cara de quem tinha acordado com boa disposição. Percebi pela forma como me olhou - e por evitar responder -,  que  só por educação (ou para não ser mal servida...), é que a senhora não disse ao homem do talho para se meter na sua vidinha.

Hoje é raro andar de táxi, mas houve uma altura que andava bastante. E se havia coisa que me chateava era estar sem vontade de conversar (normalmente sem paciência para aturar as suas "sindicâncias" e "ideias feitas"...) e o "xófer de praça" insistir, insistir. 

A meio do quase monólogo, lá acabava por desistir. Mas antes de desistir ainda era capaz de ter um dito daqueles "engraçados" sem graça nenhuma.

Sei que as pessoas têm de se entreter com qualquer coisa, mas não precisam de incomodar os outros (algo que fingem quase sempre não perceber)...

(Foto de Garcia Nunes)

quinta-feira, abril 12, 2018

A Realidade é Outra Coisa...


Estava a conversar  numa mesa de amigos sobre como estamos sempre em mudança, mesmo sem nos apercebermos... e sem que isso indique falta de coerência.

Acontece que somos sempre mais ignorantes do que imaginamos e gostamos de dar palpites sobre o que não conhecemos. Felizmente a idade vai-nos dando a sabedoria necessária (não a todos, para o mundo não perder a piada...), para ouvirmos, pelo menos tanto como falamos... e deixarmos de dizer coisas absurdas, apenas por que sim.

De repente distanciei-me das vozes e lembrei-me de dois pequenos exemplos, simples, de como as coisas na realidade eram diferentes das da minha cabeça. 

Recordei o meu sobrinho a tocar bateria na cave e eu a dizer-lhe que a batida dele era demasiado forte, ensurdecedora, como se fosse possível tocar este instrumento com suavidade... E depois da minha primeira aventura a sério como "marinheiro" de mar alto, como tripulante de um veleiro a sério (mais de doze metros). Ingenuamente pensava que era possível navegar sem sentir tanto o mar, esquecido de que uma barca com velas navega ao sabor do vento e enfrenta as ondas de frente, estando sempre longe da estabilidade de qualquer paquete...

(Fotografia de Luís Eme)

quarta-feira, abril 11, 2018

Gostar de Lugares Onde não Habitamos...


É normal gostarmos de alguns lugares onde nunca morámos, nem provavelmente iremos morar.

Eu por exemplo sempre gostei do Seixal e da Trafaria. Por motivos diferentes.

Embora estejam separadas por apenas alguns quilómetros, sempre senti que a vida cultural do Seixal tinha mais a ver comigo que a de Almada. Não quer ser tão cosmopolita como a minha cidade, que ainda por cima tem o problema de Lisboa estar logo ali, ao virar do Rio... Talvez seja por isso que parece ter mais vida própria, viver com mais simplicidade, calma e até autenticidade...

Claro que este é o olhar de um quase forasteiro. Se morasse no Seixal até era capaz de dizer o contrário, porque uma coisa é vivermos num lugar outra é passarmos por lá de vez em quando...

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, abril 09, 2018

Cargaleiro e "A Essência da Forma"...


Ao visitar a exposição "A Essência da Forma" na Oficina de Artes Manuel Cargaleiro, no Seixal, pensei várias coisas.

Mas no essencial tudo aquilo me soube a pouco, mesmo gostando da maior parte dos painéis de azulejos de Manuel Cargaleiro e também dos de Siza Vieira.


Sei que a ideia inicial era ir mais longe... mas a cidade de Castelo Branco antecipou-se  e acabou por ser a grande privilegiada com a instalação de um museu muito mais rico e diversificado, sobre a obra artística e sobre as peças que foi coleccionando (inclusive obras em cerâmica de grandes figuras do mundo da arte, como Pablo Picasso...).

Mas pelo menos o Seixal aproveitou o que Almada não quis... apesar de Manuel Cargaleiro ter muito mais de uma costela almadense, pois foi no Concelho que se fez homem e artista...

(Fotografias de Luís Eme)

domingo, abril 08, 2018

Os Homens, a Justiça e a História...


Como era previsível, a prisão de Lula da Silva, antigo presidente do Brasil e líder histórico do Partido dos Trabalhadores (PT), foi transformada em "telenovela", com a exploração habitual das emoções dos apoiantes e dos quase inimigos (percebe-se pelas entrevistas a populares, que ele consegue despertar o melhor e pior que nos caracteriza como humanos...).

Como a maior parte das pessoas de esquerda, tenho simpatia pelo antigo sindicalista e presidente, por ter transformado o Brasil num país mais justo, ao mesmo tempo que o transformava numa potência económica emergente, nas américas.

Além de ter fechado os olhos a muitas "negociatas", protagonizadas pelos seus companheiros do governo e do partido, é provável que também tenha sucumbido à habitual troca de favores - geralmente são sempre bastante tentadores -, pelo poder económico. Ou seja, as acusações podem fazer sentido. 

Mas não esqueço que o Brasil é um país especial, basta ver a forma como Dilma Rousseff foi afastada da presidência, num processo mais político que judicial, pouco provável num país com uma democracia plena. Segundo os especialistas, as acusações que o condenaram a uma pena de 12 anos e que o levaram agora à prisão, no nosso país não teriam consistência suficiente para o colocarem atrás das grades...

Mas o que me choca mais é a perseguição e o ódio de que é vitima. Isso só prova que deve ter retirado privilégios e poder a muita gente das classes mais favorecidas.

Há quem compare Lula a Sócrates, mas eu acho que não existe qualquer comparação possível, quer pelos seus passados quer pelos seus presentes. A única personagem da nossa história recente de que encontro alguns traços de proximidade, é Otelo. Sobretudo pela sua aparente ingenuidade e generosidade.

(Fotografia de Autor Desconhecido)

sábado, abril 07, 2018

Um Amor Quase Doentio...


É uma mulher jovem e bonita que ganhou a alcunha de "Gata Beleza", sem o sonhar ou imaginar.

Quase todos os dias alimenta os gatos, que já foram vadios, e que  até parece que fazem fila, só para beneficiarem das suas boas graças.

Alguns amigos, além de lhes apetecer ser "gato", momentaneamente, apostam que deve ter acontecido algo de feio e triste, com os humanos, dando palpites e tudo. É a explicação que encontram para que aquela mulher bela, dedique tanta devoção a um dos animais mais misteriosos e "donos do seu nariz".

O Miguel foi mais longe que todos nós, por  calcular que foi um homem, daqueles que não prestam, que a levou a trocar-nos por gatos vadios...

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, abril 06, 2018

Para Acabar a Semana em Beleza...


Para acabar a semana em beleza, nada como falar dos polémicos apoios à Cultura.

E eu até conheço bem o meio, às vezes bem demais, desde os "amadores", que se divertem mais a fazer cultura que a tirar dividendos (onde me incluo...) aos "profissionais", que aprendem desde cedo, que "sem dinheiro não há palhaço"...

Normalmente são pessoas diferentes, que se movimentam em "dois mundos" diferentes, e à partida não tenho nada a criticar nestas duas posturas (só à chegada...).

Mas vamos lá aos apoios. O que mais me irrita nisto tudo é a habitual falta de transparência  - e de regulamentos compreensíveis e iguais para toda a gente -, embora saiba que é isto que dá jeito a quem distribui dinheiro, porque assim  arranja sempre uma maneira de beneficiar os amigos, sem dar muito nas vistas.

Por outro lado, já ouvi coisas a gente da cultura, completamente  absurdas,  algumas recusam-se mesmo a assinar protocolos. Querem sim é "cheques em branco". E infelizmente os poderes locais e nacionais continuam a "dançar" algumas destas modas. Em vez de combaterem a "subsidio-dependência",  alimentam-na com "caviar", mesmo que recebam em troca, apenas "latas de atum".

Voltando-me apenas para as gentes do teatro, aflige-me que não se preocupem em criar públicos, em visitarem escolas, ensinar a gostar e a compreender o teatro... e acima de tudo, descerem do seu pedestal e fazer peças que vão ao encontro das pessoas.

Custa-me muito entender esta coisa cada vez mais normalizada de se fazer teatro para cadeiras sem pessoas...

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, abril 05, 2018

Um Olhar sobre a Catalunha e os Independentistas...


Nunca escrevi nos meus blogues sobre a Catalunha e sobre os independentistas, por ser um tema polémico e pela dificuldade em ter uma opinião consistente, sem conhecer de perto a realidade local.

Mas à partida parece-me absurdo que num país democrata (e por muitas voltas que se dê, a Espanha é uma democracia...), uma província ou região, se queira tornar independente por via da força e não pelo diálogo. Mesmo que assuma ter razões válidas para que isso aconteça, no campo histórico, social, político ou económico.

Também sei que às vezes o diálogo é uma "conversa de surdos", e que o governo central de Espanha se fartou de dar "tiros nos pés", ao ponto de conseguir equilibrar uma causa, que à partida parecia não ter consistência, política e social.

Por outro lado, penso que é de uma cobardia atroz, que o líder do movimento independentista fuja do seu país, enquanto alguns dos seus companheiros de luta, além de terem visitado o cárcere, permanecem em Barcelona...

Mas volto a frisar, que este é o ponto de vista de alguém que apenas conhece a realidade da Catalunha, pelas notícias dos jornais e da televisão...

(Fotografia de Luís Eme)

quarta-feira, abril 04, 2018

O "Esquecimento" da Notícia e os Argumentos do Realizador...


Quando venho de um período de férias, ainda que curto, não me apetece começar logo a escrever sobre assunto demasiado sérios.

Foi por isso que ainda não disse uma única palavra sobre a apropriação das palavras da escritora Deana Barroqueiro, por parte do realizador João Botelho, no argumento de "A Peregrinação", o último filme que realizou.

Mas esta apropriação nem é o mais grave grave de todo este caso. O seu pedido de desculpas, "esfarrapado", na qual ele diz que não conseguiu contactar a editora e a escritora, é uma coisa sem pés nem cabeça. Se pensarmos que estamos a falar de uma das duas principais editoras do nosso pais... não vale a pena acrescentar mais nenhuma palavra.

Outro aspecto não menos importante é a quase ausência de notícias ou críticas negativas sobre este acontecimento. O que é bastante revelador da nossa "vida cultural", cheia de capelinhas, onde se junta a gente "bem" da cultura e do jornalismo, para beber copos e desdenhar dos nossos "tonis carreiras" ou "diogos piçarras", que até podem ter menos talento que eles, mas não lhes ficam a dever nada em dignidade.

(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, abril 03, 2018

A Escrita "Embirrante" (Escrita com o Umbigo)


Quando começaram a falar da escrita de algumas pessoas,  com adjectivos lamentáveis, fiquei em silêncio. Não sabia onde queriam chegar, mesmo que soubesse que em muitas conversas se diz mal sem se querer chegar a lado nenhum...

Mas desta vez a malta queria mesmo chegar a vários lugares, ir ao encontro de algumas pessoas, que escrevem sobretudo para o umbigo, mesmo quando utilizam nomes de terceiros nos títulos dos seus textos.

São sempre o centro das suas histórias, os outros são quase sempre actores secundários.

Continuei em silêncio, mas fizeram com que pensasse em duas ou três pessoas, que nunca se conseguem distanciar das suas palavras, metem-se no centro das histórias, porque a vaidade também tem o efeito de cegar...

(e no final elogiaram-me de uma forma que não posso escrever aqui... porque não quero estragar tudo com este parágrafo, pois estou com a sensação de  que me estou a virar um bocado para o "umbigo"...).

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, abril 02, 2018

Três Bilhetes Postais da Beira


Por ser segunda-feira, por ter estado uns dias sem aparecer no Largo, não me apetece muito escrever.

E quando isso acontece, podemos sempre socorrer-nos das imagens.

Sim, da vista, mesmo a alguns quilómetros, desse "milagre humano" que se chama Monsanto, que em tempos chamaram a aldeia mais portuguesa do nosso país...


Ou da Idanha-a-Velha, outro caso surpreendente, de uma vila romana, plantada quase no meio do nada, que continua a ser um lugar agradável para se percorrer.


Esta ponte também se diz (ou dizem...) romana. Não sei se será assim tão antiga. Talvez existam vestígios, e tenha sido objecto de várias melhorias ao longo dos tempos, para continuar a ser uma passagem para a outra margem...

(Fotografias de Luís Eme)