sábado, maio 30, 2015

Já Chega de Mentiras


Estou numa fase da vida em que já não suporto ouvir demagogias. É por isso que evito inaugurações, onde aparece sempre qualquer político a colocar-se em bicos de pés e a falar como se tudo funcionasse às mil e uma maravilhas, sempre com qualquer "coelho" na cartola, mesmo que seja de plástico.

Nem é uma questão de estar certo ou errado. Simplesmente não me apetece ser chateado por pessoas que são capazes de mentir com o ar mais sério do mundo.

É sobretudo uma questão de higiene mental. 

Até porque eu continuo a acreditar que a missão do político não é mentir aos seus eleitores. 

Mesmo que esta gente pense estar acima do comum dos mortais, e até da própria lei, sei que não vale tudo.

O óleo é de James Hart Dyke.

sexta-feira, maio 29, 2015

Na Arte Quase Tudo é Permitido


Sempre foi assim por esse mundo fora, na Arte quase tudo era, e é, permitido (e ainda bem).

Numa altura que as mulheres andavam vestidas quase da cabeça aos pés, e só mostravam os tornozelos de Verão, quando usavam sandálias, só os artistas (pintores e escultures) podiam despi-las e exibir a sua nudez em museus ou mesmo em jardins (esculturas...).

Pensei nisto quando olhei para este quadro que Dórdio Gomes pintou em 1928.

Olhando-o com olhos de ver, noto que há aqui uma componente homossexual, que deve ter passado despercebida na época, pela tal premissa, de que na Arte quase tudo era (e é...) permitido.

Eu sei que pode ser um problema dos meus olhos, mas...

Escrevo isto sem qualquer tipo de preconceito, mas apenas como alguém que tenta ver o que existe dentro dos quadros...

quarta-feira, maio 27, 2015

O Mundo Ficou Mesmo Mais Perto


Sei que nós "aqui" podemos estar quase em toda a parte.

É tudo um "jogo" de imaginação.

É por isso que não tenho grandes dúvidas que este "mundo virtual" foi uma invenção óptima, principalmente para quem gosta de fabular a vida, de tentar usar alguma literatura e cinema para se dar bem com uma, duas ou três moçoilas (se o tempo e a vontade quiserem, podem ser muitas mais...).

E nem vou falar dos lados mais obscuros, onde algumas crianças querem ser adultos e gente grande finge ser adolescente... um jogo que é muito pior que a "cabra-cega", que sempre me incomodou porque deste cedo me lembro de olhar um quadro na parede da casa de um amigo de infância, com crianças a jogar este jogo e o rapaz dos  olhos vendados estar quase no precipício, e ficar assustado...

Talvez a vida tenha estado sempre perto do abismo, mas as pessoas noutros tempos, além de terem muito mais coisas com que se preocuparem, raramente davam largas à imaginação...

O óleo é Jean Metzinger.

terça-feira, maio 26, 2015

A Greve do Nosso Transporte da "India"


Hoje o nosso transporte que já foi da "Índia" esteve de greve.

Sempre que isso acontece é um transtorno para os lisboetas, que têm neste comboio eléctrico subterrâneo o mais rápido dos transportes da capital.

Embora ande muito a pé por Lisboa, o metro é o meu transporte de eleição, porque me permite ir de uma ponta a outra enquanto o "diabo esfrega o olho".

Felizmente hoje já não se verificam as enchentes de anos oitenta e noventa, em que as pessoas eram transformadas em "sardinha em lata" nas horas de ponta, quando conseguiam entrar nas carruagens...

Há mais oferta de carruagens que nesses tempos, mas também há menos gente a viajar. O desemprego  tem destas coisas...

segunda-feira, maio 25, 2015

A Cultura, o Dinheiro e a Solidariedade


As minhas palavras publicadas aqui («Não canto mais!») acabaram por ser alvo de duas conversas com amigos, demasiado extensas para serem publicadas aqui.

Como de costume fomos longe demais nas análises, caçámos uma série de "bruxas", provavelmente por sermos gente da cultura e termos acesso a informação privilegiada...

Há duas questões que tiveram a unanimidade.

O facto de nunca o Estado ou as Autarquias (de uma forma geral) se terem preocupado em criar situações verdadeiramente transparentes na escolha de projectos culturais ou mesmo na forma como estes são apoiados. E isto serve para a música, artes plásticas, literatura, teatro, cinema ou outra coisa qualquer.

A outra questão em que estivemos de acordo tem a ver com a postura dos artistas, que também têm culpa da situação actual. Os que costumam ser privilegiados nunca se preocuparam com a existência de um sistema mais justo e transparente. Só agora, em momentos de crise, em que a "teta da vaca secou"  e o grupo de beneficiados encolheu, é que muitos deles resolveram abrir o bico. 

É caso para dizermos que até agora, a solidariedade na Cultura tem tido o mesmo peso que  noutras áreas, é apenas uma palavra de discursos...

O óleo é de Pierre de Mougins.

sábado, maio 23, 2015

«Não canto mais!»


Quando ele disse, quase num grito surdo: «Não canto mais!», a maior parte das pessoas que o rodeavam não o levaram a sério. Eu que o conhecia apenas de vista fiquei apreensivo.

Era um cantor de qualidade, que já ultrapassara os sessenta anos e estava a viver o mesmo drama de tantos companheiros: cada vez recebia menos convites para concertos.

E logo ele que é dos baratinhos (a palavra é dele...), já que é rapaz para fazer um espectáculo praticamente sozinho, apenas na companhia das suas violas e das suas canções.

Minutos depois, num dos cantos da sala, um amigo comum tentou acalmá-lo e perguntou-lhe porque é que ele não telefonava a fulano tal, que era influente, etc. Foi nessa altura que lhe saltou a "tampa" e disse: «Mas tu pensas que eu sou algum pedinte, que tenho de andar por aí a pedir esmolas a este e aquele? Deixa-te disso pá.»

E virou-nos as costas. O meu amigo viu-o afastar-se e abanou a cabeça, desiludido com o pais, mas também com o cantor, que apenas tentara ajudar. Para de seguida me explicar:
«Detesto esta gente que finge ser o que não é. O mundo da música sempre viveu de telefonemas para conhecidos, fossem eles empresários, vereadores das autarquias ou membros de comissões de festas. A única diferença é que dantes havia mais trabalho, as pessoas atendiam-te os telefones e aceitavam muitas propostas de espectáculos. Ele fala assim porque normalmente não era ele que fazia esses telefonemas, mas conhece tão bem o sistema como eu...»

O óleo é de Peter Harskamp.

sexta-feira, maio 22, 2015

A Vida Especializa-nos no que Gostamos


Não tenho dúvidas que a vida vai-nos especializando naquilo que gostamos.

Quem gosta de moda, está sempre a par das últimas novidades de roupas, maquilhagens, sapatos, etc.

O mesmo sucede com quem gosta de carros, motas, barcos, etc.

Eu é mais artes e letras. Sei mais coisas de literatura,  fotografia, cinema, artes plásticas, etc.

Claro que nem sempre conseguimos tirar o melhor partido dos nossos conhecimentos, porque a vida também é assim, complexa e desconcertante.

Não é por acaso que a sabedoria popular diz que se "dá nozes a quem não tem dentes", entre outras coisas...

O óleo é de Shirin Donia.

quarta-feira, maio 20, 2015

Os 150 Anos do Diário de Notícias


A exposição comemorativa dos 150 anos do "Diário de Notícias", patente no Pavilhão de Portugal (Parque das Nações) até ao dia 27 de Maio, merece ser visitada.


Além dos desenhos sem idade de vários autores (embora os mais relevantes sejam o André Carrilho e o Stuart Carvalhais), há também as capas mais importantes da história deste jornal.

Passei por lá de manhã e gostei do que vi (há ainda outro atractivo, oferecem-nos a capa do jornal em A4, do dia do nosso aniversário).

terça-feira, maio 19, 2015

Vender, Enganar ou Outra Coisa Qualquer


As pessoas continuam com pouco dinheiro, se esquecermos os poucos que estão em qualquer "poleiro", normalmente bem pagos para não fazerem coisa nenhuma.

Foi por isso que não estranhei a lata de um homem, que queria vender o carro estacionado ali mesmo ao lado, pelo melhor preço. E se possível "vendendo gato por lebre".

Quase já todos percebemos que são tempos do "vale tudo"...

Um velhote, que devia conhecer o vendedor de ginjeira, deu-lhe quase cabo do negócio, ao dizer bem alto:

«Tu a mim não me vendes um rebuçado, quanto mais um carro.»

Foi risota geral, até o "vendedor" mostrou o seu riso amarelo antes de ir estacionar a viatura para outra rua...

O óleo é de Gus Heinze.

segunda-feira, maio 18, 2015

Na Véspera do Dia dos Museus


Quando se festeja qualquer dia, há sempre aquela mania de dizer que se devia festejar todos os dias, etc.

Infelizmente com os Museus, tal não é possível. Há sempre uma dia que é melhor que os outros (aliás uma manhã...), o domingo, pelo menos nos museus que ainda nos oferecem uma "borla"...

Digo isso porque ontem fui barrado no Museu do Chiado, com o pedido de quatro euros e meio pela entrada.

Fiquei a saber que desde o Verão passado também se paga aos domingos neste museu (a excepção é o primeiro domingo de cada mês).

Por uma questão de bom senso (meu, claro) decidi esperar pelo primeiro domingo de Junho...

Mas o senhor da bilheteira disse-me que se lá fosse hoje deixava-me entrar de graça.

Não, não foi pelos meus "lindos olhos", mas apenas por hoje se comemorar o Dia Internacional dos Museus.

O óleo é de Chris Chapman (mas acho que não podem levar o cão...).

domingo, maio 17, 2015

As Ideias Têm Sempre Asas


Acho que se há uma coisa que voa tanto como os pássaros, são as ideias.

Saem-se da cabeça e começam logo a esvoaçar, muitas vezes sem nos darem tempo sequer de percebermos se eram das boas ou das outras...

Claro que a maioria delas são "das outras". Mesmo assim, há algumas ideias que nem nos parecem mal, ao ponto de ainda nos esperarem no dia seguinte, para verem o que dá. Normalmente não dão nada. Muitas vezes por não dependerem apenas de nós.

É por isso que não saem do papel... 

Mesmo assim, continuo a gostar de ter ideias (e de as alimentar...).

E não tenho qualquer dúvida que deve ser muito triste viver sem ideias.

O óleo é de Dimitri Vojnov.

sexta-feira, maio 15, 2015

Um País de Pernas para o Ar


Os últimos episódios violentos com adolescentes (um video viral com agressões e a morte de um miúdo de catorze anos por outro de dezassete, com sinais de violência indescritíveis...)  são a melhor prova de que está tudo a ficar de pernas para o ar.

Embora os políticos continuem a dizer que o país está melhor, assiste-se diariamente a uma sociedade entre a "depressão" e a "explosão", sem trabalho, sem dinheiro e a fugir cada vez mais da razão. 

As pessoas já perceberam há muito que não podem acreditar em ninguém, especialmente nos governantes. Mas em vez de lutarem pelos seus direitos e pela mudança, baixam a cabeça, cobardemente.

E é por sermos um país de cobardes, que normalmente a raiva que as pessoas vão acumulando é descarregada em cima dos elementos mais fracos e desprotegidos da sociedade (mulheres, crianças e idosos).

De quem é a culpa? Só pode ser de todos nós. De quem está no "palco" e acha que pode fazer tudo e mais alguma coisa, e também de quem se demite das suas responsabilidades e fica sentadinho na "plateia" a assistir ao  espectáculo, como se não fosse nada com ele.

quinta-feira, maio 14, 2015

Partir é Mais Fácil se...


Ela fez as malas e desapareceu.

Só o descobri dois meses depois graças a um "e-mail".

Começou por me dizer que detestava despedidas: «Quando se parte sem se despedir de nada e de ninguém, ficamos com a sensação de que amanhã, ou depois de amanhã, vamos voltar. Mesmo que seja mentira.»

Razões? Não gostou de ser despromovida, nem de ficar a ganhar menos dinheiro. Sentiu que estava ali a mais... e isso é sempre uma porta que se abre. Gostou ainda menos de ser trocada por outra, pelo namorado.

Mas a razão de partir foi explicada no último parágrafo: «Se tiveres um lugar à tua espera, é mais fácil partires, mesmo que tenhas de mudar de vida.»

A ilustração é de Juan Hernandez.

quarta-feira, maio 13, 2015

A Mania Portuguesa de Insistir no Erro


O Governo tornou obrigatório o uso do novo acordo ortográfico, no nosso país.

Nunca fui fundamentalista e sempre achei que nem tudo era negativo neste acordo. Foi por isso que fiquei à espera que fossem corrigidos alguns erros estúpidos (há palavras que perderam a alma e o sentido...), que só vieram trazer mais confusão à nossa língua portuguesa, que passava muito bem sem eles...

E quando países como o Brasil, Angola ou Moçambique, dizem que não vão aplicar o acordo, há uma teimosia no seio dos nossos governantes que não se compreende muito bem.

No meu caso pessoal, vou continuar a escrever à moda "antiga", porque gosto pouco de "sabões" com cera nos ouvidos, que a coisa que mais gostam é de fingir que  sabem tudo e que vivem num outro mundo.

O óleo é de Axel Olson.

terça-feira, maio 12, 2015

Crítica da Crítica


Pouco faltou para chamarmos aos críticos do que quer que seja, uns "vendidos".

A "mãe" da conversa foi a escolha do vinho ao almoço (era mais fácil pedirmos o habitual jarro de vinho da casa...), que trouxe consigo os "estetas" que enchem as revistas de palavras bonitas sobre alguns vinhos caros, que depois de bebidos, desiludem mais do que iludem...

Quase sem darmos por isso, houve alguém que aproveitou a boleia para "arrear" nos críticos das estrelas e das bolas das fitas de cinema, aconselhando-nos a escolher os filmes de que eles não gostam, quase sempre grandes "malhas". 

Os livros também se intrometeram e lá vieram as "capelinhas" com mãos que se transformaram em pés, para a malta pisar o "Jornal de Letras" e a revista  "Ler", um tanto ou quanto vesgos no realce que dão a livros e a escritores.

É caso para dizer: o que o vinho faz...

O  óleo só podia ser do meu "patrício", José Malhoa.

segunda-feira, maio 11, 2015

Indignações de Rua...


Um homem que devia ter perto de setenta anos, comentava com um amigo a notícia da multa aplicada ao banqueiro Oliveira e Costa, uns quase insignificantes 100 mil euros (para ele claro), sem esconder a sua indignação: «o gajo ou a gaja que aplicou esta multa deve ser um brincalhão.» O amigo acrescentou: «Eles pensam é que somos todos parvos.»

E não ficou sem resposta: «E não somos? Como é que é possível termos votado num presidente da república que é uma nulidade? Ou num primeiro-ministro que parece o Salazar a falar, mas em pior, que nos lixa sempre que pode?»

O jornal que o homem mais idoso tinha na mão devia falar de um roubo qualquer, mas eu só ouvi outro desabafo: «Já viste que quem mais rouba é quem menos precisa?»

Apanhei o eléctrico e eles continuaram na paragem a conversar, animados,  agarrados às notícias de um jornal de papel, uma coisa cada vez menos usual entre nós...

domingo, maio 10, 2015

Queremos Quase Sempre Outra Coisa...


Com menos de trinta anos sonha envelhecer, cansada do assédio masculino provocado pela sua beleza.

Sabe que um dia irá pensar o contrário, nada que a incomode. Sabe que a vida é isso. 

Sorri quando se lembra que quando era pequena também queria crescer rapidamente. Queria tanto ser mulher...

Na foto a bela Corinne Michael West, pintora, poetisa e actriz norte americana.

sábado, maio 09, 2015

Mentimos por Tudo e por Nada


Acho que é o Vitorino que canta um poema que nos diz que mentimos por tudo e por nada (talvez até seja da autoria de António Lobo Antunes, que ele cantou em disco...). E é verdade.

Embora existam vários graus de mentirosos e vários graus de mentiras, ela circula por aí cada vez com mais descontracção. E nem o facto de ter "perna curta" incomoda os seus apaziguados.

Todos aqueles que tinham mais jeito para o "enrolamento" e para a "fabulação", mesmo das pequenas coisas, tiveram durante anos espaço garantido nas feiras, fosse a vender latinhas de "banha da cobra" ou mantas e cobertores - acho que são os primeiros vendedores que me lembro de ver de megafone na boca, cujo som irritante se ouvia a centenas de metros e em que toda a sua venda era transformada em leilão festivo, com o célebre um, dois, três, com este último número a durar uma eternidade, para dar tempo ao aparecimento de mais dinheiro.

Na actualidade as pessoas com as qualidades destes vendedores transitaram para a política, subindo os patamares existentes nesse mundo mais pela sua valia como comunicadores e vendedores, que como gente de carácter ou com ideias (embora existam uns mentirosos que gostem de dizer que a política é uma coisa séria...).

Eu nem queria ir por aqui, mas as palavras também gostam de liberdade e...

Queria apenas dizer que se mente por tudo e por nada e que nem precisamos de ter como ambição a subida a um palco qualquer para vestir a pele de "profeta" (que acaba quase sempre por ser da desgraça, por muito bem intencionadas que as pessoas sejam...). Mente-se por conveniência pessoal, por hábito, porque parece ser a melhor solução para enfrentar qualquer problema, e até para melhorar a realidade (também é por isso que existem pessoas que escrevem livros, peças de teatro e argumentos para filmes...).

O óleo é do Picasso (porque pintou por tudo e por nada...).

quinta-feira, maio 07, 2015

Quando os Livros eram Objectos de Luxo...


Quando ouvimos alguém contar as peripécias que passava para ler acesso à leitura de um livro, pensamos que é uma coisa  muito antiga, do principio do século XX e nunca do começo dos anos 1970. 

Mas esta aventura não se resumia aos quilómetros que tinha de percorrer para conseguir chegar ao local onde uma das carrinhas da Gulbenkian parava, para a entrega e recepção de livros. Nem à viagem de regresso. O mais duro estava reservado para quando chegava à aldeia, onde alvo de chacota por todos aqueles que fingiam que ler era uma perda de tempo... 

O mais engraçado é perceber que o homem que conta este episódio, continua a ser capaz de sorrir com a situação, sem esconder o orgulho de ter lido tantos livros à luz da vela e a felicidade de nunca ter dado ouvidos a quem fingia detestar as palavras impressas...

O óleo é de Elizabeth Forbes.

quarta-feira, maio 06, 2015

O Lado de Fora do Embrulho


Embora ainda não seja muito famoso, não esconde que vive do negócio das telenovelas, com papeis medianos que vão dando para comer bife duas vezes por semana (a frase é dele...). Até ao momento ainda não sentiu necessidade de usar óculos escuros quando vai a mercearia da sua rua.

Apesar da aparente normalidade em que vive, distante das festas com croquetes e rissóis, houve alguém que descobriu uma fotografia em que está a falar ao ouvido de uma colega de trabalho e resolveu inventar uma história de amor, oferecendo a notícia a duas ou três revistas (que sempre são mais castanhas que cor de rosa...) que publicaram a imagem num canto. 

O resultado foi este: durante três dias o telemóvel tocou um pouco mais que a média, obrigando-o a inventar um papel, um Octávio qualquer que era taxista e não actor, que não fazia ideia do que estavam a falar. Parece que desistiram. Pelo menos desde ontem que não recebe chamadas a fazerem-lhe perguntas estranhas.

Foi a primeira vez que sentiu o perigo de ser apenas "o lado de fora do embrulho".

A ilustração é de T. Corbell.

terça-feira, maio 05, 2015

O Poder, os Homens e as Mulheres


Não gosto de extremismos, deve ser por isso que não gosto de machistas nem de feministas.

A capa da última "Visão", a prometer um mundo virado do avesso, veio parar a nossa mesa, com muita risota e jocosidade, para variar.

A Rita foi quem mais se divertiu, no meio de três homens pouco dados a machismos, mas incapazes de se apaixonarem por uma daquelas  "mulheres-homem", que chefiam qualquer serviço com os mesmos tiques e tipo de liderança masculino.

Eu disse que não acreditava que um "mundo" dominado pelas mulheres fosse melhor que o actual. Acrescentei que será diferente, provavelmente mais falado, mais energético e também mais nervoso.

O Nuno, trocista, disse que com os avanços do islamismo, parece ser mais provável que as mulheres se dediquem à escolha de véus e a mandarem nas suas casas e nas vidas dos seus homens. O mundo esse, continuará nas mãos de "bestas humanas", para mal de todos os nossos pecados...

A fotografia é de Mário De Biasi.

segunda-feira, maio 04, 2015

Treinadores Portugueses Campeões Pela Europa Fora


O futebol tem sido ao longo dos anos um dos maiores exportadores da nossa qualidade desportiva. Não é por acaso que nos últimos vinte anos temos tido sempre jogadores portugueses de grande qualidade a jogarem nas principais ligas de futebol europeu.

Hoje está a acontecer um outro fenómeno, graças a
José Mourinho. O seu sucesso - que faz com que seja considerado por muitos como um dos dois melhores treinadores do Mundo - foi abrindo portas a outros técnicos e neste ano de 2015 vai verificar-se um facto inédito: quatro treinadores portugueses deverão ser Campeões Nacionais nos países europeus onde treinam. Se José Mourinho já é Campeão de Inglaterra pelo Chelsea e Vitor Pereira da Grécia pelo Olimpiakos, Paulo Sousa está muito perto de ser Campeão da Suiça pelo Basileia e André Vilas Boas da Rússia pelo Zenit.

E se olharmos para os continentes africanos e asiáticos, temos de referir o Tony que está na luta pelo campeonato do Irão e mais meia dúzia de portugueses, que são sempre candidatos aos títulos angolanos e mocambicanos.

Apesar de muitas pessoas ainda olharem para o futebol como uma coisa de segunda, ele tem sido muito importante para a economia do país, enquanto exportador, não só de portugueses, mas também de atletas da "latina-américa", especialmente brasileiros, colombianos e argentinos.

sábado, maio 02, 2015

Eles Ainda não Perceberam o que é Liberdade de Expressão


Das coisas que me fazem mais confusão no nosso dia a dia é ver tantas pessoas, que escolheram como opção de vida funções em que são escrutinados diariamente (ou pelo menos deviam ser...),  conviverem mal com as opiniões menos favoráveis.

Podia falar de Alberto João Jardim, Cavaco Silva, José Sócrates, Pedro Passos Coelho, Rui Rio, Paulo Portas, entre várias sumidades do nosso burgo, que nunca se enganam e julgam estar acima de qualquer crítica.

Quando eles têm boa imprensa corre tudo sobre rodas, agora quando começam a dar "tiros nos pés" e tornam o fácil difícil, obrigando os jornalistas a fazerem o seu trabalho, é natural que as peças publicadas em jornais ou editadas na televisão comecem a roubar-lhes o sorriso.  Mas raramente enfrentam os autores das notícias, preferem antes mandar recados para as respectivas direcções, a quem dão mostras do seu descontentamento.

É por isso que a reacção de António Costa (que respondeu a  a um artigo de opinião menos favorável ao PS de João Vieira Pereira, publicado no caderno de economia do "Expresso" da semana passada, através de um SMS pessoal...), é completamente anormal.

O mais curioso é que João Vieira Pereira na sua coluna não fala uma única vez em António Costa, critica sim as propostas apresentadas pelos economistas do PS.

Quarenta e um anos de Abril, uma boa parte dos políticos portugueses, da direita à esquerda, ainda não perceberam o que é a Liberdade de Expressão. Gostam muito de se intitularem como democratas, mas são incapazes de aceitar as opiniões dos outros, se estas forem contrárias às suas...

O óleo é de Gustav Cailebotte (porque quem anda à chuva sujeita-se sempre a levar com uns salpicos...).

sexta-feira, maio 01, 2015

Não é Este o Nosso Maio Desejado


Neste país que finge não saber muito bem qual é a sua verdadeira taxa de desemprego (os governos gostam de "maquilhar" um dos problemas mais sérios de qualquer sociedade, inventando cursos, estágios, acções de formação, etc, para falsearem a realidade...), o única certeza que temos é que ela será sempre maior que os "números oficiais" divulgados pelos órgãos que a tutelam.

Mas por mais "jogos" que façam, não conseguem disfarçar que as suas principais vitimas são os jovens (e empurraram centenas de milhares para fora do país...), muitos deles a aproximarem-se dos trinta anos, sem terem qualquer experiência profissional na área em que se formaram. 

E não vou falar nos direitos laborais que nos têm roubado, especialmente nos últimos dez anos.

Falo sim dos trabalhadores que são forçados a trabalhar neste dia que devia ser seu e cuja comemoração já atravessa três séculos, graças ao capitalismo selvagem que impera e desregula tudo, até a ordem natural das coisas.