sábado, maio 31, 2014

Espreitar do Lado de Dentro da Janela não é um Hábito Apenas Português


Nós temos sempre a mania que as coisas que consideramos feias, são tipicamente portuguesas.

Um dos exemplos, que caiu por terra, foi o hábito de espreitar pelo lado de dentro da janela, que se percebe com mais facilidade do que quem está a espreitar pensa...

Uma polaca disse-me que isto não era apenas português, era um hábito da maior parte dos países que conhecia.

Que parvoíce esta, de pensar que só os portugueses (mais as portuguesas...) é que são curiosos, é que ficam à espreita, a ver quem passa, quem sai e quem entra nos prédios da rua...

O óleo é de António Capel.

sexta-feira, maio 30, 2014

Quando o Palco é Quase Tudo...


Não fui ontem ao "Rock In Rio" ver os "Rollings Stones", mas pelo que li, apesar da sua proveta idade, eles continuam a dar espectáculo, por onde passam. E desta vez contaram com mais uma excelente companhia, o Bruce Springsteen.

Não sei muito bem o que os  faz "rolar" pelos palcos do mundo, depois dos setenta anos, mas desconfio.

Um primeiro lugar a dose de loucura que sempre fez parte desta banda que já ultrapassou as cinquenta primaveras.

Em segundo, terceiro e quarto, a grande paixão de actuar em palco, de cantar ao vivo para todos aqueles que vibram com o seu  rock genuíno e único.

Vi-os no velho Estádio de Alvalade, na primeira vez que actuaram em Portugal (há mais de vinte anos, com toda a certeza...) e foram o que continuam a ser, uma banda de concertos ao vivo, com uma ligação única aos palcos e ao público.

Um forte aplauso para estas verdadeiras estrelas do "rock and roll".

quarta-feira, maio 28, 2014

A Contorcionismo dos Políticos


Eu estou farto de saber que os políticos demonstram ter ainda maior capacidade de contorcionismo, que os verdadeiros artistas do circo.

Como se não nos bastassem os "artistas" do governo, a malta do PS também resolveu entrar no "circo".

Primeiro foi Seguro e Assis, que gritaram vitória na  noite de eleições como se tivessem duplicado os votos dos adversários.  Talvez já estivessem a atirar barro à parede...  por saberem que a sua vitória por menos de quatro pontos percentuais quase que "normalizou" o mau resultado da Aliança Portugal.

Depois foi Costa, que sentiu que era agora ou nunca. Para quem nem sequer vota PS, como eu, até parecia ser a atitude lógica, para evitar males maiores para as legislativas. O problema é que Seguro está completamente instalado no "aparelho" do partido, controla quase tudo... e deve ter o sonho, desde pequenino, de um dia ser primeiro-ministro...

A escultura é de Giuseppe Bergomi.

terça-feira, maio 27, 2014

A Liberdade é Outra Coisa


Estava ali e comecei a pensar que a Liberdade era outra coisa, que devia começar no respeito que devemos ter pela liberdade dos outros...

Há muito que eu não tinha qualquer dúvida de que éramos uma cambada de sacanas, invejosos, hipócritas e cínicos.

Interrompi o trabalho que estava a fazer para escrever umas frases sobre este povo que ainda não percebeu bem o que é isso da democracia, dos direitos e deveres, que devem ser todos nós.

As senhoras funcionárias públicas (ainda com pausa quase colectiva para o café...) estavam muito incomodadas  porque a jovem da esplanada utilizava o subsídio do desemprego para comprar todos os dias um jornal e um maço de tabaco. E ainda conseguiram ir mais longe: disseram que eram elas que lhe estavam a pagar aqueles vícios.

Pensei para os meus botões, «santa ignorância», embora me apetecesse mandá-las para um sitio qualquer, ou simplesmente, trabalhar...

Parece que as pessoas têm a culpa de estar desempregadas, de não existir trabalho. Mas pior que isso é haver quem pense que eles não deviam utilizar o subsídio de desemprego como muito bem entendem.

Este sentimento pidesco da nossa sociedade, faz-me desejar ser outra coisa, diferente. Como eu gostava que isto não fizesse parte da essência de se ser português...

O óleo é de Raymond Leech.

segunda-feira, maio 26, 2014

Fruta Mais Barata e Menos Doce


Sempre ouvi dizer que o barato sai caro. Infelizmente na maior parte dos casos é verdade...

Noutros casos, pode não sair caro, mas acaba por ser um desperdício, já que a sua qualidade deixa sempre muito a desejar. 

Pela imagem já devem ter percebido que estou a falar de fruta. O melhor exemplo que encontro são os morangos que se vendem por aí em caixas grandes, quase sempre produzidos pelos nossos vizinhos espanhóis, que gostam de vender "gato por lebre". Devem ser fabricados de uma forma completamente artificial, apesar de "crescidos" sabem a tudo menos a morangos.

Vão-se os morangos aparecem as cerejas, os melões, etc, Mais uma vez baratos mas pouco doces.

Eu sei que nem todas as bolsas conseguem chegar às "bolinhas" da Cova da Beira, mas...

O pior é que esta ideia de que o tamanho é que contava na fruta, foi imposta pela Europa, fingindo que o que era nacional, por ser mais pequeno e rugoso, não prestava. E nós lá embarcámos em mais uma de tantas patranhas europeias...

O óleo é de Emanuel Javelid.

domingo, maio 25, 2014

A Liberdade de Votarmos ou Não


O café que frequento fica a menos de quinhentos metros da escola onde votei, ou seja não devíamos  ter falado de eleições nem de políticos.

Mas falámos. Sabíamos que a abstenção ia ganhar mais umas eleições. Provavelmente foi por isso que fomos todos votar.

Eu tinha ficado "escaldado" nas últimas autárquicas, já que ao não votar acabei por contribuir para o regresso da maioria à CDU. Mas estava tão chateado com a forma como se faz oposição em Almada, que resolvi faltar a este compromisso com a democracia. E fiz mal.

Compreendo as razões porque muitas das pessoas não vão votar: não se revêm nos nossos partidos nem na forma como se faz política em Portugal, e claro, nas pessoas. Só lamento que não tirem ilacções como eu tirei com a minha abstenção. Normalmente favorecemos sempre os partidos mais votados, ainda que estes aproveitem a boleia da abstenção para justificar as derrotas.

Acredito que se a abstenção fosse menor, a derrota da "Aliança Portugal" seria maior...

O óleo é de Heiner Altmeppen.

sexta-feira, maio 23, 2014

Parece que o Sol Está de Volta


Afinal parece que não vai ser preciso levar o chapéu de chuva para o passeio de barco na Lagoa.

Não sei se já experimentaram a sensação de passear de barco a remos à chuva. Apesar de ser uma aventura daquelas, está longe de ser agradável, pois acabamos por ficar gelados.

A não ser que seja chuva tropical..

O óleo é de Zehra Basaran.

quinta-feira, maio 22, 2014

Não Sei se lhe Chame Boa Fé ou Outra Coisa Qualquer


Apesar de todas as evidências em relação ao rumo do país e de todas as inverdades que saltam da boca dos políticos, ainda existe quem acredite que estas "alminhas" tentam fazer sempre o melhor que podem.

E vivem de tal forma a governação, que acompanham diariamente a actualidade através da televisão, rádio e jornais. Mas não se ficam por aqui, escreviam cartas e agora enviam "e-mails" para deputados, ministros e até para o presidente da República.

Apesar das "antenas públicas" ainda se manterem no ar, pensava que numa altura destas, em que o descrédito atingiu níveis nunca vistos, já ninguém se dava ao trabalho de  enviar sugestões, recomendações e até resoluções de problemas para o arco da governação.

Estava enganado, pois o senhor António ainda não desistiu. Ele transporta sempre consigo uma mala, cheia de fotocópias que "esfrega" na cara dos que se riem da pior forma possível, como são o caso a resposta de Durão Barroso, quando era primeiro-ministro ou de José Sócrates, quando foi ministro do Ambiente. gente insuspeita, claro, entre outros ilustres governantes da nossa praça.

E se o escutarmos apenas cinco minutos percebemos que este septuagenário tem soluções para quase tudo...

O óleo é de Luiz de Souza.

quarta-feira, maio 21, 2014

Somos Mais Portugueses que Europeus


Nunca ligámos muito às eleições europeias e agora ainda ligamos menos, especialmente depois do que nos têm feito nos últimos três anos. Ainda por cima com a cumplicidade de um senhor que é português, apenas porque isso está escrito no cartão de cidadão. Se amanhã lhe arranjarem um "gancho" na China, ele não se importa nada de andar com os olhos em bico...

Mas é confrangedor ver que nesta campanha os candidatos ao parlamento europeu falam de tudo menos da Europa...

Às vezes ponho-me a pensar como seria o nosso país, se não tivéssemos entrado na União Europeia. Seria, sem qualquer dúvida, mais pobre e menos moderno.

Provavelmente ainda havia muita gente a viver da agricultura. Continuava a ser uma tragédia chegar a Trás-os-Montes, às Beiras ou ao Alentejo mais profundo e não encontrávamos tantos mercedes, bmw's, audis e afins nas estradas portuguesas, E também não tínhamos tantos licenciados...

Apesar de termos crescido muito nos últimos trinta anos, estou cada vez mais convencido que a nossa entrada nesta "europa" foi um logro. Na altura queriam que nos modernizássemos e nos aproximássemos dos países mais ricos, ao mesmo tempo que nos "obrigavam" a reduzir a nossa produção agrícola e a pesca. 

O mais curioso é hoje podermos voltar a ser "pobres" na Europa, sem dramas, já que os seus "donos", não só apoiam as medidas assentes em salários baixos e precariedade no trabalho, como as impõem. Até podemos voltar a ter as nossas hortitas, tão ao gosto do Salazar...

O óleo é de José Gonzalez Collado.

terça-feira, maio 20, 2014

Um Olhar Pode Salvar o Dia


Ninguém deve ter dúvidas que a crise dos últimos anos, tem dado cabo da vida de centenas de milhares de pessoas. 

Esta é também uma das melhores explicações para o facto das pessoas falarem  e sorrirem cada vez menos, tanto  a caminho do trabalho como durante o tempo que passam a fazer coisas, que há muito desistiram de gostar...

Eu sou muito de olhar tudo o que me rodeia e nunca perdi o hábito de olhar as pessoas nos olhos. Deve ser por isso que encontro tantas "nuvens" presas nos rostos das pessoas com quem me cruzo, mesmo que o Sol esteja com o brilho de Verão.  

É graças a este velho hábito que de vez em quando descubro um olhar bonito e vivo, daqueles que aparecem quase do nada e nos pode salvar o dia, mesmo que não fure o tal silêncio que veio para ficar...

O óleo é de Mónica Leonardo.

segunda-feira, maio 19, 2014

A Minha "Sombra" Mais Bonita


Nunca se falou tanto em "terceiro sexo" como hoje. No futuro até é possível que falem em quarto ou quinto. Talvez tudo isto não passe de apenas mais uma tentativa de catalogação social.

Uma das minhas primeiras namoradas  - de quem tenho óptimas recordações -, usava cabelo curto e andava sempre de calças ou calções. Foi uma "boa sombra", ou seja, sempre que podia andava comigo.

Os meus amigos gostavam de lhe chamar "o meu rapazinho". Eu não achava muita piada, embora não me adiantasse muito fazer dramas. Acho que ela nunca soube deste "mimo".

O que eles estavam longe de imaginar era o quanto ela era feminina. Gostava de se vestir assim, por ser mais prático e também como forma de rebelião. Escolhi esta imagem porque ela também fumava (embora nunca o fizesse quando estávamos juntos, provavelmente por eu não fumar...). 

O que eu sei é que a vida era muito mais simples para todos nós. 

Foi mais ao menos nessa altura que o FMI esteve no nosso país, embora isso nos tenha passado quase ao lado (eu já trabalhava, até acho que me ficaram com um subsídio de natal, mas pelo menos não destruíram o trabalho e a economia do país, como o fizeram nesta triste passagem...).

Recordo que éramos muito mais modernos que os jovens da actualidade, pois a bicicleta era o transporte que nos levava a quase todo o lado, como se fossemos holandeses ou suecos...

O óleo é de Alex Russell Flint.

domingo, maio 18, 2014

Quando a Realidade é Prima da Ficção


Há muito que não escutava  as histórias de vida do velho Daniel, que tem andado "escondido" na aldeia onde se costuma encontrar consigo próprio, no coração do Alentejo, distante deste país que há bastante tempo que já não é o dele.

Desta vez falou-nos de outro lado do seu exílio, mais colorido e algo que nunca tinha escutado. Os protagonistas eram falsos "hippies" e "beatnicks", gente que  só vestia roupas sujas e deixava de se barbear ou perfumar, quando se aproximava um acontecimento que juntava a malta excêntrica que enchia páginas de jornais e revistas. Foi um fenómeno que conheceu em Londres, mas que soube ser comum em Paris e Nova Iorque.

Disse-nos que nunca percebeu muito bem a modernidade de um gajo cheirar mal e andar com roupas de mendigo, nesses já longínquos anos sessenta.

Uma coisa era um tipo ser obrigado a viver na rua, não ter dinheiro para um simples pão com manteiga, como lhe aconteceu, outra era pertencer à classe média alta e fazer quase um número de teatro, na rua, nos cafés e bares mais populares, junto dos verdadeiros "donos da rua".

Percebeu isso quando entrou nos seus apartamentos, com tudo no lugar. E onde, descobriu que afinal, tomavam banhos diários, ao contrário dele e usavam perfumes parisienses.

O que nos rimos com os episódios mais pitorescos (alguns a roçar a pornografia, que por razões óbvias, ficaram lá na mesa do café).

O óleo é de Gil Bruvel.

sexta-feira, maio 16, 2014

A Nossa Atracção Pelo Abismo


Estive com o Gui na semana passada, que passou por cá apenas para matar saudades,  de passagem para o Festival de Cannes.

Falámos de muitas coisas, como de costume.

Ele ainda não está totalmente adaptado ao Brasil. Diz mesmo que nunca se habituará aquele tipo de violência, em que se mata por um tostão furado, ao pouco valor que se dá à vida humana. E pensa que a organização do Mundial foi um erro que poderá ter consequências graves. Acha mesmo que há mais pessoas contra que a favor, apesar do Brasil ser o país do futebol...

Mesmo com todas estas coisas, Gui não sente saudades do nosso país, pelo menos para trabalhar. Continua a fazer o que gosta e faz melhor, o que talvez não fosse possível entre nós.

E também continua sem perceber muito bem o porquê da nossa atracção pelo abismo.

Da mesma forma que não percebe como é que votamos sempre nos mesmos políticos, com provas dadas da sua incompetência.

Desafiou-me a votar no Coelho da Madeira ou no Marinho Pinto para as europeias, por saber que não embarco nessas provocações...

quarta-feira, maio 14, 2014

A Normalidade e a Alarvidade Televisiva


Depois do almoço escrevi isto:

«Hoje é dia de "estagiar" e de apenas ligar a televisão uns minutos antes do começo da final da Liga Europa, entre o Benfica e o Sevilha. Palavra de benfiquista!
Acho impossível aguentar esta programação, de manhã à noite, apenas focada  no Benfica. Como de costume, povoada de lugares comuns e de repetições. É no mínimo doentio.
Normalmente para se defenderem, dizem que é isto que o povo quer e gosta.
Não sei a que povo se referem... sei apenas que era preferível falarem, ainda que levemente, dos muitos interesses comerciais que giram à volta destes acontecimentos.
E eu sou benfiquista. Imagino como se devem sentir os simpatizantes de outros clubes...
E claro que quero que o Benfica ganhe.»

Telefonaram-me e como não tinha escolhido uma imagem, este texto acabou por ficar apenas como "rascunho".

Já depois do final do jogo, pensei que toda aquela euforia exagerada dos meios de comunicação (que só falou filmarem os benfiquistas nos mictórios de Turim), só poderia levar a estados depressivos exagerados, após a derrota benfiquista...

Se os jogos fossem encarados com normalidade, sem toda esta pressão, talvez as bolas entrassem com mais facilidade nas balizas. Talvez...

A foto foi retirada do site "A Bola".

terça-feira, maio 13, 2014

A Poesia Tem Tanto de Belo como de Estranho, Mas...


Quando me tentam colar na pele o "autocolante" de poeta, faço um desvio (um pouco menos que o de fotógrafo, mas...) e finjo que não é comigo que estão a falar.

Digo que a poesia para mim é um jogo de palavras (embora saiba que é muito mais, muito mais mesmo...). Talvez fuja a sete pés de ser considerado poeta, mesmo sem saber muito bem porquê...

Mas cada vez entendo melhor a poesia e os poetas.

Por causa do meu filho que amanhã vai apresentar na escola um livro da poesia (sugestão minha a seu pedido...) entrei ainda mais dentro da poesia de um dos grandes poetas portugueses, fui mais fundo nas suas palavras (ou pelo menos fiquei a pensar que sim).

Até me apeteceu deixar de fingir e assumir que afinal sempre sou um bocadinho poeta.

O óleo é de Boiko Kolev.

segunda-feira, maio 12, 2014

Quase Auto-Retrato de Esmeralda, ela Própria uma Aguarela Bonita


«Não sei se ele queria que eu fosse pintora. Acho que não. Acho que ele nunca quis que eu fosse nada que não quisesse ser.

Só quem teve ou tem um pai libertário percebe isto. O único lugar para onde ele me tentou empurrar foi para o canto dos "felizes", disse-me que era das coisas mais difíceis da vida, mas que devia tentar, sempre, ser feliz. Em tudo e em todos os lados.

Como passava o tempo a desenhar, ele começou a trazer-me lápis de cor, de cera, aguarelas, cadernos. Acho que foi isso que me colou às artes.

Sabes qual foi a melhor herança que recebi dele? O desprezo pelo dinheiro e bens materiais. A minha mãe não acha muita piada, paciência.»

O óleo é de Graig Mundins.

domingo, maio 11, 2014

Cultura de Primeira e de Segunda (ou a que assusta e a que faz sorrir...)


Sei que é perigoso dizer não de uma forma taxativa, porque existem sempre várias circunstâncias que nos podem fazer mudar de ideias.

Mas pelo menos estou certo que irei viver um período de algum recolhimento nos tempos mais próximos. Não tanto por mim, mas em solidariedade com todos os criadores nacionais, que são tratados como se vivessem do ar.

As autarquias por exemplo, têm sempre dinheiro para pagar a cantores pimba, mas raramente têm dinheiro sequer para apoiar o transporte e a alimentação de um escritor ou historiador, que vem de fora e foi convidado para participar numa iniciativa cultural local.

Não esqueço o exemplo que uma historiadora deu em jeito de desabafo (Fátima Bonifácio), quando comparou a sua actividade com a de um canalizador ou electricista, pois quando uma escola ou outra instituição precisa dos serviços de um canalizador ou de um electricista, não tem qualquer dúvida que tem de pagar esse serviço. Embora o mesmo não se passe com um historiador ou escritor, ainda que este perca várias horas para preparar a sua intervenção em qualquer visita programada.

Digo isto sem colocar em causa estes ofícios, que acho muito bem que sejam remunerados, porque como referi anteriormente, ninguém vive do ar.

Voltando à Cultura e à nossa Sociedade, claro que percebo muito bem que haja mais dinheiro para entreter o povo que para o educar...

O óleo é de Lima Junior.

sexta-feira, maio 09, 2014

Uma Sociedade Cada Vez Mais Violenta e Cobarde


É cada vez menos estranho encontrar por nas ruas, alguém de cabeça perdida, preparado para explodir, ao mínimo contratempo que lhe surge pela frente.

E se estão ao volante de um carro podem transfigurar-se e fazer-nos sentir que os automóveis são uma das armas mais perigosas que se usam nas cidades.

Quando alguém acelera à aproximação de uma passagem de peões e ainda grita insultos pela janela, explica apenas um pouco da confusão que deve ter tomado conta da chamada "caixa dos pirolitos"...

Mas o pior está guardado lá para casa, para a mulher e para os filhos, que normalmente oferecem menos resistência que o "mundo exterior"...

Não sei se há displicência dos tribunais e das polícias, sei que a violência está a tomar proporções anormais no nosso país.

O óleo é de Heiner Altmepen.

quarta-feira, maio 07, 2014

Num Lugar Sujo a Limpeza não Passa de uma Ilusão


Não viste os governantes orgulhosos por terem saído de uma "forma limpa" do reinado troikano (algo que ninguém percebe muito o que é, excluindo o presidente da República, que é um sabido), a pavonearem-se na televisão. Não é que tenhas muito com que te preocupar, mas devias ter visto...

Pensavas que não era possível descer mais, quando perdeste o emprego, ficaste sem carro, deixaste de ter televisão por cabo, gás canalizado e por fim até electricidade.

No dia seguinte o prazo do banco esgotou-se e deixaste a casa. Antes entregaste a tua mulher e o teu filho na casa dos sogros e passaste a ser mais um dono das ruas, à procura de um abrigo em qualquer canto ainda vago…

Só que agora tens medo que ainda seja possível descer mais.

Apetece-te morrer da mesma forma que te apetece viver.

O mais esquisito é que ainda tens sonhos…

Ainda te espantas, porque a solidariedade surge de quem menos esperas e de quem menos tem. Nunca imaginaste que alguém partilhasse contigo uma manta cheia de buracos e que ela te aquecesse tanto…

Sabes que é impossível procurares trabalho assim, sujo, mal vestido e com um cheiro horrível.

Disseram-te onde podes tomar banho. E até podes escolher roupa limpa, mas tens um medo terrível da sensação de "limpeza" no esterco da vida.

Provavelmente devias ter dado uma olhadela à televisão para perceberes que é mais fácil do que parece, uma saída limpa...

Nota: A fotografia é da "Casa Viva" do Porto e foi publicada no blogue, "Portal Anarquista".  A faixa foi afixada para festejar o 1º de Maio no Porto, mas parece que houve quem se sentisse muito ofendido e 38 horas depois, numa operação quase de assalto - protagonizada pela PSP, PM e Sapadores do Porto -, a faixa da "Casa Vida" foi arrancada, sem sequer informarem a malta da "Casa".
Mas continuem descansados, não se enervem que ainda vivemos em democracia...

terça-feira, maio 06, 2014

Viver (ou não) no Lado de Lá do Mundo


A felicidade não só não se mede, como também  não tem poiso certo. É por isso que podemos ser felizes em lugares completamente opostos.

Há quem opte por fugir do mundo comandado pelas máquinas que inventámos para umas coisas e que rapidamente evoluíram para outras.

Há quem deseje viver "eternamente" a nona ou décima maravilha, à frente de um computador ligado ao mundo virtual, sem sequer se aperceber que pode começar a ser vitima de uma nova "escravidão"...

Claro que existe o meu termo. Podemos viver com um pé dentro e outro fora nestes dois mundos. 

Além de sermos "animais" de hábitos também somos seres cheios de contradições...

O óleo é de Romano Bertelli.

segunda-feira, maio 05, 2014

O País das Mulheres de Negro


Ontem não escrevi nada sobre as Mães, embora tenha festejado este dia na companhia da minha mãe.

Hoje pensei da sua condição de viúva, tal como tantas mulheres da sua geração. Nós partimos sempre antes, não apenas para abrir caminho, mas também para não termos de suportar a solidão, que é mais feminina que masculina, para lá da essência da palavra.

Talvez as mulheres de hoje não consigam suportar as agruras da vida, como as nossas mães, que nasceram num outro tempo, em que lhes estava reservado um papel (oficialmente) secundário na sociedade. 

Talvez, mas não devem ter como fugir a este destino de  durarem mais tempo e acabarem sós...

O óleo é de Guglielmo Siega.

sábado, maio 03, 2014

Um Cobarde Transformado em Herói


Quando as polícias conseguem transformar um cobarde em herói, cai muita coisa por terra, inclusive a lenda (de certeza inventada por um polícia português...), de que temos a melhor polícia de investigação do mundo,  ao mesmo tempo que descobrimos que os problemas da justiça não se resumem aos juízes e ao ministério público.

Um assassino de mulheres nunca pode ser herói em parte alguma do mundo. 

As chefias policiais deviam ter aprendido com o caso da menina inglesa desaparecida no Algarve, que não se fazem buscas em directo, para a rádio e tevê, e muito menos se convoca a cavalaria, os cães e as operações especiais da GNR para a reportagem. 

O espectáculo é inimigo de qualquer investigação ou busca policial, pois estas requerem sobretudo discrição...

O óleo é de Iurie Matei.

quinta-feira, maio 01, 2014

Benfica de Maio


Apesar de hoje ser o Dia do Trabalhador, que continua a ser banalizado pelo "senhor pingo doce", o grande destaque do dia vai para o Benfica, que apesar de hoje ser tradicionalmente um dia de descanso e de festa, os seus atletas foram uns autênticos operários, unidos e solidários, na luta que travaram com os italianos da Juventus. 

Jogaram mais de 20 minutos com menos um jogador e os últimos nove com menos dois jogadores, devido à lesão de um dos seus grandes campeões, Garay. Tal como já tinha acontecido nos dois jogos que disputou com o FC Porto.

Há um atleta que merece  algumas palavras de homenagem, o capitão Luisão, que além de tirar uma bola de dentro da baliza, foi, o que tem sido durante toda a época, o grande "comandante" desta verdadeira equipa.

A fotografia foi retirada do site de "A Bola".