domingo, março 31, 2019

Um Caso Único...


Na sexta-feira estive à conversa com um amigo sobre a famosa "crise" dos teatros do nosso país e também sobre a aposta certeira de Filipe La Féria, no teatro musical (e comercial...), que acabou por ocupar de uma forma inteligente o espaço vazio deixado pelo teatro de revista. 

Aposta que deitou por terra a tese de que o teatro só sobrevive com o apoio estatal...

Segundo ele, há espaço para pelo menos meia-dúzia de "lá férias". A única coisa que falta é talento e audácia, especialmente na escolha dos trabalhos que se querem produzir.

Acrescentou que o La Féria não dá ponta sem nó, tudo o que faz acaba por ter sentido, provavelmente por conhecer muito bem o nosso país, assim como a maneira de ser e estar do nosso povo. 

Deve ser por isso que quase todas as suas peças misturam a nossa história e o nosso imaginário artístico, sem nunca esquecer a componente da "diversão" (para dramas já basta a nossa vida...). 

A escolha da "Severa" é apenas mais exemplo...

(Fotografia de Luís Eme - Corroios)

sábado, março 30, 2019

Contradições Femininas do Nosso Tempo...


A "auto-exploração" do corpo, com poses provocatórias e a ausência de roupas nas "redes sociais", em busca de "likes" e de "seguidores" (e de dinheiro, claro...), por parte de múltiplas mulheres modelares, é uma das coisas que me faz mais confusão nestes tempos, que são mesmo de mudança. 

Se olhar para as muitas jornadas de luta femininas, contra o machismo e o assédio sexual, esta postura, soa-me no mínimo a um contra senso. 

Embora saiba que a mulher é dona do seu próprio corpo, faz-me impressão toda esta exposição, quase sempre com "conotação sexual", nestes tempos em que quase nos querem proibir de olhar com olhos de ver as "musas que enchem as ruas de cor" assim que se aproxima a Primavera...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)

quinta-feira, março 28, 2019

O Testemunho de um Homem do Teatro...


Ontem festejou-se o Teatro, mas o que me ficou deste dia foi a entrevista que Jorge Silva Melo deu ao "DN". Provavelmente, por ele ter tido a coragem de colocar o dedo "numa das feridas"...

«O Estado permite que haja teatro em condições cada vez mais fechadas para os espectadores, com espectáculos que fazem três/ quatro récitas. É uma coisa inadmissível, porque é o mesmo que dizer "não venham cá", levar os empresários teatrais institucionais a não acreditarem nos espectáculos que só têm dois/ três dias porque têm a certeza que os primos, os namorados e os irmãos irão ver mas não acreditam na capacidade de se tornarem acontecimentos. São pequenas festas entre amigos e é isso que tem acontecido lamentavelmente. Nos últimos cinco anos o teatro é insultuoso para os espectadores, pois estão a dizer 'vocês não são da profissão e nós só estamos a trabalhar para os profissionais da profissão'. A maior parte dos teatros institucionais têm o seu público entre aspirantes a pessoas que fazem teatro e reformados de pessoas que fazem teatro, portanto são festas de primos em vez de abrangerem a sociedade. O teatro que eu pensei ser possível também em Portugal seria o teatro cívico, ou seja, para a sociedade numa cidade grande como foi Lisboa antes de ficar esvaziada. Qual é o lugar do teatro?»

É uma boa pergunta... Este não será, com toda a certeza.

É raro vermos alguém "do meio" a fazer um retrato tão lúcido de uma Arte (e infelizmente não é a única...), que se está a deixar  levar "pela onda", para não perder os subsídios atribuídos...

Mas é uma pena que a gente do teatro puxe cada vez menos  pela imaginação, aceitando as "regras do jogo", institucionais, sem perceber que aos poucos e poucos, vai perdendo  a independência e a liberdade, elementos-chave para que este espectáculo seja único...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

quarta-feira, março 27, 2019

«O Verão fora de época deixa cada vez mais gente maluca»


Sorri, quando ouvi uma senhora, com idade suficiente para saber muito desta vidinha, exclamar: «O Verão fora de época deixa cada vez mais gente maluca.»

Ela até podia estar a falar dos incendiários, que começaram a riscar fósforos e acender isqueiros mais cedo. Mas não, estava a falar de um maluco qualquer que passou no centro da cidade a uma velocidade proibitiva,  ao volante de um carro vermelho que só não provocou nenhuma vitima, por uma questão de sorte...

E estava cheia de razão.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

terça-feira, março 26, 2019

A Velocidade dos Relógios que Temos Dentro de Nós...


Sempre tive a sensação de que os relógios não rodavam com a mesma velocidade, que os minutos não tinham sessenta segundos para todas as pessoas. Agora quase que me apetece dizer que tenho a certeza. Até consigo desculpar as pessoas que andam sempre atrasadas, que andam sempre numa correria atrás do tempo. Elas são as mais prejudicadas, são as que têm relógios com os segundos mais rápidos...

Claro que estou a brincar. Embora não tenha qualquer dúvida, que nem todos temos a ligeireza de trocar as voltas ao "tempo"...

E não estou a falar deste "tipo chato", por falta de assunto. É mesmo por sentir que estou a perder a tal ligeireza, que me fazia ter tempo para fazer mais duas ou três coisas, que agora me começam a escapar.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, março 25, 2019

"O Homem Pikante - Diálogos Kom Pimenta" (um título mais que prometedor...)


As pessoas que gostam de literatura conhecem Alberto Pimenta, nem que seja pela sua irreverência e pelo seu querer, de ser único, imune a imitações.

Edgar Pêra, provavelmente por estes motivos, resolveu fazer um documentário sobre esta "peça" rara, que é professor universitário e poeta (sim, e desses, dos malucos, com éme grande...).

O documentário (que quero ver...) vai estar muito pouco tempo nos cinemas (e penso que só no Porto e em Lisboa, e depois, com sorte, em alguns auditórios menos comerciais, que existem de Norte a Sul...). O título é todo ele um tratado de humor e um bom chamariz, para quem ainda não conhece este homem de baixa estatura, mas capaz de "cair com estrondo", em qualquer lugar. Sim, "O Homem Pikante - Diálogos Kom Pimenta", só por si, dispensa apresentações (grande Pêra...).

Não estou à espera de uma "biografia", mas sim de um documentário onde o Alberto Pimenta se deve recriar, no seu melhor. Até porque se trata de um filme com imagens de vários tempos, de várias performances do "artista" Pimenta, onde o humor e a diferença estão sempre presentes. Talvez até seja capaz de se sentir melhor em frente à câmara que um peixinho a nadar no interior de um lago cheio de delícias e tentações...

(Fotografia de autor desconhecido)

domingo, março 24, 2019

Beber Café na Trafaria...


O Sol do começo da tarde convidava a sair de Almada.

Pensámos que não devia ser muito boa ideia ir até à Costa de Caparica, por já haver muita gente à procura de praia. Sabíamos que iríamos ter dificuldade em estacionar o carro.

Foi por isso que acabámos por passar pela Trafaria, que até estava em festa, no fim de semana.

Bebemos café e ficámos por ali, a ver as vistas. Comentámos que a Vila era  cada vez mais uma "aldeia"...

Ideia que foi reforçada quando subimos a uma espécie de miradouro e olhámos as vistas da Trafaria, de cima para baixo, já com a companhia das nuvens.

O seu perímetro urbano é o mesmo de há cinquenta anos (mas muito mais envelhecido...). Se há lugar por onde não passou a Revolução de Abril, foi nesta bonita "varanda" para o Tejo...

(Fotografia de Luís Eme - Trafaria)

sábado, março 23, 2019

A Tal Amizade, sem Medida...


Ao longo dos últimos vinte anos participei em dezenas de lançamentos de livros. Quase sempre de amigos. 

Em mais de uma dúzia escrevi prefácios e fiz a sua apresentação. Mas também aconteceu, mesmo sem ser o apresentador da obra, os autores, amigos, fazerem questão que eu estivesse presente na mesa de honra, para lhes oferecer algumas palavras. É quase sempre uma forma de agradecerem a amizade (mesmo que esta não se agradeça...) e também o apoio que oferecemos à edição.

Nos últimos tempos recusei esta "honra" meia-dúzia de vezes. Não só achei que não fazia sentido (não devemos nos repetir  e mostrar em demasia...), como também senti que faltava a "chama da amizade", que nos faz fazermos, até o que não nos apetece, pelos amigos... 

É, a algumas pessoas quase nunca somos capazes de dizer não. E ainda bem que isso acontece (como hoje, por exemplo...). É sinal de que a amizade que sentimos por elas é tão grande, que não nos dá espaço para pensarmos em coisas pequenas...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

sexta-feira, março 22, 2019

Um Poema no Dia Vinte e Dois...



Não


Tentei agarrar a tua mão e tu fugiste
afastando o corpo.

Foi apenas mais uma forma de me dizeres não...

Fui ficando para trás
agarrado ao coração
preocupado, não fosse ele cair
e ficar, despedaçado, no chão...


Luís [Alves] Milheiro


(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quinta-feira, março 21, 2019

Festejar a Poesia Quase sem Palavras...




(Fotografias de Luís Eme - Lisboa)

quarta-feira, março 20, 2019

Nem os Alertas da Natureza Param a Selvajaria Ambiental...


Eu sei que devíamos andar por aqui um pouco mais assustados, até por já termos percebido, que nem mesmo as catástrofes naturais, cada vez mais banais, retraem a vontade cega e selvagem, de subjugar, tudo e todos, ao poder do dinheiro.

Moçambique agora fica logo ali ao virar da esquina, mas não sei se muda alguma coisa...

Até porque as lágrimas de crocodilo, como de costume, não resolvem nada...

Continuo a pensar que os "donos do mundo" acham que  estão imunes a todas as tragédias, e que vão ficar por cá, uns para "semente", outros "para contar".

Pobres diabos, ainda não perceberam que a ilusão é uma coisa terrível, até mesmo para os mágicos...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

terça-feira, março 19, 2019

Querer Trocar um Olhar e um Sorriso...


Acho que nunca falei aqui do meu Pai, ou se falei, foi de uma forma quase invisível.

E aqui há três ou quatro dias, escrevi algumas frases no meu bloco de todas as horas, num daqueles períodos, em que estamos a olhar para essa coisa gigantesca, que é o "nada". Pensei que num dia de mais inspiração, podia transformar estas palavras num poema...

«Lembro-me de ti. 
Tenho saudades.
Apetecia-me ver-te, poder dizer-te, olá!
Não precisávamos de falar, Pai.
Só precisávamos de trocar um olhar e um sorriso...»

No domingo fomos passear em família. A fotografia que publico é do meu filho, que tem uma relação com as alturas parecida com o avô. Até lhe contei um episódio, em que eu o meu irmão e ele fomos às pinhas (das boas, as que têm pinhões...). Nós tínhamos vinte e muito poucos anos e ele cinquenta e qualquer coisa. O que é certo é que foi ele que se descalçou e trepou até quase ao cruto do pinheiro enorme, deixando-nos  cá em baixo, quase de boca aberta. 

Nós que fazíamos desporto e gostávamos de aventuras...

(Fotografia de Luís Eme - Alcácer do Sal)

domingo, março 17, 2019

Saudades de Enfrentar as "Ondas do Mar"...


Às vezes tenho saudades do tempo em que era muito teimoso, ao ponto de nadar contra a corrente, umas centenas de metros. Era jovem, lutava mais e pensava menos. Mas nem por isso fugia da "felicidade". Sim, a "ignorância" sempre foi atrevida.

Sei que esta teimosia manteve-se pelo menos até às entrada dos cinquenta. Claro que nestes últimos anos, mais inteligente. Mas era a forma que eu tinha dentro de mim para me ajudar a contornar obstáculos...

E devo confessar, que vencer algumas batalhas, travadas contra muitos "velhos e novos do restelo", que andavam sempre com as palavras "impossível" e "muito difícil" no bolso, dava-me um gozo terrível.

Ao escrever sobre isto reparo que esta é a prova de que já começo a estar demasiado usado pela "puta da vida"...

(Fotografia de Luís Eme - Santa Rita)

sábado, março 16, 2019

Mané Garrincha, Uma Estrela Solitária...


Acabei de ler, "Estrela Solitária, um Brasileiro Chamado Garrincha", a biografia de um dos maiores futebolistas do Brasil e do Mundo, escrita por Ruy Castro.

Aconteceu-me uma coisa que nunca me tinha acontecido.

À medida que me ia aproximando do fim, ia perdendo a vontade de ler, não pela falta de qualidade da escrita do Ruy, mas pelo seu conteúdo, cada vez mais dramático (chega a ser arrepiante a sua teimosia e cegueira, ao não aceitar tantas ajudas para mudar de vida...). Embora seja um retrato fiel da vida de Mané Garrincha. Uma vida "sem concerto"...

Nasceu quase ao deus dará, sempre com liberdade a mais, que se agravou, quando todos perceberam que ele era um "anjo de pernas tortas com magia nos pés", capaz de deixar sentados nos pelados e relvados os adversários, como se o futebol fosse um número de circo.

Começou a beber muito cedo e a sua vida resumiu-se durante anos a futebol, sexo e álcool. Fez mais de uma dezena de filhos a pelo menos quatro mulheres. Mas o grande amor da sua vida foi a cantora Elza Soares, tão mal amada pelo povo, e a quem quase todos apontavam o dedo, como a grande causa dos seus dramas - Ruy Castro presta-lhe justiça, demonstrando que ela foi muito mais "anjo que demónio" na sua vida... prejudicando a sua carreira musical, por amor.

Escravo do álcool foi quase perdendo tudo. Sobraram meia-dúzia de amigos que lutaram com todas as suas forças para o ajudar a mudar de vida. Mas não o conseguiram, porque ele nunca levou a sério esta coisa que se chama "vida".

A sua  decadência humana e desportiva fez com que aumentassem os episódios dramáticos... e quando nos deixou, tinha o seu corpo completamente destruído pelo vício da bebida, que escolhera como companheiro de todas as horas.

Deixou-se explorar pelo futebol, jogando muitas vezes sem estar em condições físicas, mas também "usou e abusou" do seu estatuto de "deus dos estádios", enganando as multidões que se deslocavam aos estádios para ver a "magia", que desaparecera, há anos, dos seus pés...

O seu exemplo, tal como o de Vitor Baptista (entre nós...), e de tantos ídolos do mundo inteiro, continuam a não ser levados muito a sério. É por isso que o futebol continua a ser uma "fábrica de dramas humanos"...

sexta-feira, março 15, 2019

Um Café com um Livro de Poesia (Fechado) em Cima da Mesa e a Conversa Boa com um Amigo Professor...


Hoje antes do almoço encontrei casualmente um amigo professor, que me tinha enviado na véspera um e-mail para bebermos um café e conversarmos, ao mesmo tempo que me oferecia o seu último livro de poemas.

Não tinha lido o e-mail, porque ainda continuo a fazer esta leitura apenas no computador (o meu telemóvel continua a ser apenas telefone...) e não passei pela caixa de correio electrónica na noite anterior, muito menos de manhã, porque saí cedo de casa.

Como ele ia dar uma aula na escola que fica a algumas centenas de metros da minha casa, houve a possibilidade de bebermos o tal café e conversarmos um pouco sobre o mundo que nos cerca (e quase nada do livro que me ofereceu...). Convidou-me para assistir à aula. Declinei o convite, mas fiz-lhe companhia quase até à sala de aulas. Pelo caminho cruzámo-nos com uma professora de biologia que andava com os seus alunos a "catalogar" as árvores existentes no interior da escola (colocando placas de madeira com os seus nomes e origem...), com um entusiasmo digno de se ver. Curiosamente ela também escrevia poesia.

Quando me vinha embora, voltei a ver a professora e os miúdos de quinze e dezasseis anos, alegres e entusiasmados com a tarefa, junto às áreas verdes da escola. A minha primeira observação interior foi, "é cada vez mais difícil encontrar uma professora assim..."

Mas depois voltei à realidade, a estes tempos avessos ao voluntarismo, por mil e uma razões, não fosse a profissão de professor uma das mais exigentes (e incompreendidas) da actualidade. 

Além do desgaste emocional, cada vez maior, das estranhas exigências burocráticas de que são vitimas, também foram perderam a aura de respeito que existiu noutros tempos na própria sociedade...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quinta-feira, março 14, 2019

O Poder e a Autocrítica (aliás, a falta dela)...


Quando falo com pessoas que já foram "poder", de um modo geral, noto a ausência de qualquer palavra, por mais simples que seja, de autocrítica.

Parece que fizeram tudo bem feito. E fazem questão de manter sempre uma barreira (por vezes gigantesca...) entre o "nós" e o "eles".

Talvez seja por isso que existe a tendência para alterar quase tudo, mesmo o que está bem (e é a coisa que mais me desagrada em qualquer governo, local ou nacional...), quando regressam ao poder.

Só que isto, pelo menos no meu entender, é uma prova da "perfeita estupidez" (normalmente disfarçada de "esperteza"...) de quem ocupa o poder. 

Só uma pessoa estúpida é que vai alterar o que está bem, por outra coisa, pior, sem sequer pensar nos danos que irá provocar a terceiros, apenas por que sim...

(Fotografia de Luís Eme - Olivais)

quarta-feira, março 13, 2019

Tempos Mornos & Máquinas Controladoras...


Estava vento, quase desagradável, e tu tiveste a lata de falar destes "tempos mornos que vivemos", em que as máquinas roubam-nos cada vez mais espaço, até para se pensar na vidinha.

Falei-te do António, que me disse ontem que há mais de ano que anda sem telemóvel (desde que o que usava se avariou...). Sorriu ao dizer que cada vez gosta mais de se sentir um "et", quando pega num livro e começa a ler.

Respondeste com um sorriso. Depois disseste que o António finge que é "maluquinho da silva" e que  gosta de fazer de conta que não tem família. 

Luxos de quem ainda pode ser "vagabundo", acrescentei eu.

Fomos interrompidos pela tua filha, que te piscou o olho dentro da "máquina controladora", precisava de jantar mais cedo e queria que não chegasses muito tarde a casa...

Com razão, disseste que este era o tipo de telefonema que só se faziam para as mães.

E depois despedimo-nos com um abraço e cada um foi para a sua rua.

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)

terça-feira, março 12, 2019

Cristiano Ronaldo, um Atleta Único


Esta é a minha homenagem a um Atleta Único: o nosso Cristiano Ronaldo.

Apesar de não ter nada a provar, de já ter "ganho tudo", continua a ter uma postura única, insuperável no panorama desportivo mundial.

E hoje, com a passagem da Juventus aos quartos de final da Liga dos Campeões, com o seu "hat-trick", eliminando o Atlético de Madrid, gelou completamente a capital espanhola. 

Hoje, amanhã e depois, irá continuar a despertar sentimentos completamente antagónicos em Madrid...

Até porque Cristiano, mesmo sendo um dos melhores do mundo, nunca foi um bem-amado em Espanha (como não foram Figo ou Mourinho...). 

Os nossos vizinhos dão-se mal com o nosso sucesso. É histórico.


(Montagem de Luís Eme)


segunda-feira, março 11, 2019

As Farsas em que Entramos, quase Sempre sem Sabermos...


Embora seja cada vez menos surpreendido pelas coisas que se passam à nossa volta, às vezes descubro frases cuja pertinência me faz pensar, mais um pouco...

No meu trabalho de investigação descobri, por um mero acaso, uma frase da autoria de Jorge Calado, com mais de 15 anos (do suplemento "Actual" do Expresso, de 6 de Setembro de 2003), que é reveladora do nosso mundo demasiado curto, onde o "amiguismo" continua a ter um peso decisivo, especialmente quando falamos de nomeações, escolhas ou prémios. Mas vamos lá à frase:

«A exposição é suposta cobrir o século XX, mas o que descobre são os interesses promiscuos e nepóticos duma máfia internacional de conservadores, comissários, galeristas, artistas, críticos que se protegem, elogiam e rentabilizam uns aos outros.»

A exposição em causa era sobre fotografia, mas poderia ser de artes plásticas. Mas as palavras poderiam ser deslocadas para as ruas da literatura, do cinema ou do teatro (e nem vou aos "bairros" da política ou do futebol...).

Claro que acaba por ser um drama, percebermos que quando concorremos a qualquer concurso, o vencedor já poderá estar escolhido. E estamos apenas a participar numa farsa...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

domingo, março 10, 2019

Ainda a Propósito das Mulheres: "As feias que se danem!"


O título inicial era mais suave, falava das misturas entre o interior e exterior, e não de um caso particular, que está longe de ser a regra que confirma a excepção.

Infelizmente ainda há quem tente caracterizar as pessoas apenas pelo seu aspecto exterior. Algo que sempre esteve errado, apesar das "certezas medievais". que quase proibiam a gente bonita de ser inteligente, de ter sensibilidade... e de saber o que queria.

Tanta mulher bonita que escondeu os seus belos poemas e a sua tocante prosa... Só que isso agora acabou. 

Um exemplo que acompanhei de perto, fez-me perceber que as "feias" ainda não tiraram o "cavalinho da chuva", ainda são capazes de dizer nas suas reuniões regadas com chá de tília e camomila, "não foi ela que escreveu aquilo, é areia demais para a sua camioneta" (entre elas gostam de usar calão e até de dizer palavrões... fabricam putas a torto e a direito).

A única coisa que me apraz registar, é que bem podem continuar a levantar suspeitas de "plágio" ou contar anedotas das louras burras, que a sua guerra está perdida, há muito tempo...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

sábado, março 09, 2019

Descobrir a Careca à Falsa Sapiência...


Quando ele me disse, «o gajo que vem aí, é daqueles que tem a mania que sabe mais do o que sabe», mal me deu tempo para me virar... o fulano já estava a um metro de nós.

Depois, pelo andar da conversa, percebi o que o João me quis dizer.

O "metediço" falava de coisas que tinham acontecido, não apenas como se lá estivesse, mas também, como se conhecesse todas as pessoas que lá estavam. Achei aquele espectáculo, uma imitação manhosa do "teatro do absurdo". Ele iniciava as conversas, depois mudava de assunto, voltava a falar de outra coisa, e depois outra, e outra e outra, quase sem parar.

Há muito tempo que não assistia a uma conversa tão estranha. Claro que o meu amigo era o principal culpado, porque nunca dizia o que o outro queria ouvir, nunca lhe dava corda. E ele ia mudando de disco...

Quando o fulano nos deixou, demos uma gargalhada quase grande.

Coitado, saiu mais pobre do que quando começou a conversa. Que grande desperdício de palavras...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, março 08, 2019

Porque Sim...


Porque hoje é um dia diferente...


Eu não sou dessas mulheres
  
Eu não sou dessas mulheres
incapazes de amor e ternura.
Eu sei o que é coragem e sangue,
embora odeie o sacrifício e me repugne
a vaidade que nasce da violência.
Quero ser mulher de um mercenário,
de um poeta ou de um mártir, é igual.
Eu sei fitar os olhos dos homens,
sei quem merece a minha ternura.


Amalia Bautista


(Fotografia de Luís Eme - uma mulher bonita, livre e anónima, hoje no cacilheiro - Tejo)

quinta-feira, março 07, 2019

Tentar Fugir do Óbvio...


Nos meus blogues tento fugir do óbvio, escrever sobre o que quase toda a a gente escreve.

Isso explica que não tenha dedicado uma linha ao juiz mais famoso de Portugal; que não faça muita publicidade aos políticos e banqueiros corruptos que são capazes de dizer com o ar mais sério do mundo, que nunca cometeram qualquer crime... E não faça "posts" a imitarem telenovelas, que infelizmente passou a ser a prática de quase todo o jornalismo português.

É por isso que em relação ao dia de hoje, não há muito a dizer. Claro que é um dia que deve envergonhar todos os homens, mesmo que não tenham qualquer responsabilidade na existência de tantos cobardes, de Norte a Sul. E não falo apenas dos que matam mulheres, falo também dos que agridem crianças e que assaltam velhinhas.

O que me incomoda mesmo, é perceber que as coisas não mudam apenas por lhes dedicarmos dias, ou até mudarmos leis.

Mas o que me faz mais confusão, é que pessoas habituadas a ligar diariamente com bandidos, sejam tão benevolentes com gente que tem muito pouco de gente.

É também por isso que acredito que esta mudança de paradigma, depende fundamentalmente da prática dos juízes, dos advogados e dos agentes da autoridade. 

Quantas mortes não se teriam evitado nos últimos anos, se estes cumprissem a lei e agissem como pessoas responsáveis, em vez de escreverem coisas incompreensíveis, ou de  assobiar para o lado, colocar as mãos nos bolsos e virar costas...

(Fotografia de Luís Eme - Charneca de Caparica)

quarta-feira, março 06, 2019

A Descoberta das Linhas do Horizonte...


Devia ter uns cinco, ou seis anos, quando consegui agarrar uma das minhas primeiras memórias do encantamento, graças às linhas do horizonte, que era possível descobrir na parte superior da Ambrósia, a maior, e melhor, fazenda do meu avó materno.

Naquele dia olhei pela primeira vez com olhos de ver os montes, que se sobrepunham, quase como se fossem escadas, ao longe. Nas suas cotas era possível descobrir vários moinhos de vento, que eu me entretinha a contar, de uma ponta a outra (sei que eram mais de meia-dúzia e segundo o avô ficavam na Serra do Bouro...).

Mas havia ainda outro pormenor, quase nos limites do horizonte, que descobri mais tarde, com a ajuda do meu irmão. Se o dia estivesse inteiro e limpo, havia um lugar (tínhamos de descobrir o sítio certo...) que nos permitia ver o azul do mar, quase por uma nesga, da bela baía de São Martinho do Porto.

Lembrei-me deste episódio, quando estava a escrever ontem, sobre a quase "incapacidade" de olhar para o que nos rodeia, com encantamento...

(Fotografia de Luís Eme - Côto)

terça-feira, março 05, 2019

A Efemeridade das Coisas Dentro do Nosso Olhar


Andamos a fazer tudo para que o mundo nos fuja dos pés. 

Isso não acontece apenas graças ao nosso comportamento perante a natureza (continuamos a fazer "guerra" a tudo o que mexe e não controlamos...). Acontece sobretudo pela forma como transformámos o nosso dia a dia, ou deixámos transformar (cada vez lhe introduzimos mais "velocidade"...).

Já tinha pensado nisso várias vezes, mas nunca tinha feito a ligação dos meus pensamentos à realidade, como o fiz ontem.

De repente parei e durante cinco minutos fiquei a olhar com atenção para toda a gente que estava à minha volta.  Reparei que nem uma só pessoa olhava para as coisas de uma forma contemplativa. Limitavam-se a disparar vezes sem conta os telemóveis e a colocar as coisas "bonitas do mundo" lá dentro, fechadas. E depois passavam para outro "capítulo"...

Sem aprofundar muito a questão, percebi o quanto tudo se tornara efémero. Fotografa-se a paisagem, urbana ou natural, envia-se ou publica-se, e depois esquece-se...

Fiquei na dúvida, se temos medo que as coisas desapareçam, de um momento para o outro, ou se estamos cada vez mais reféns da "ideologia", de que é mais importante mostrar aos outros os sítios onde estivemos, que de nos deliciarmos com eles... 

Pensei ainda que estamos a deixar que as "máquinas" controlem cada vez mais as nossas vidas (e até as emoções...), fazendo com que percamos coisas tão simples, como a  capacidade de olhar, de nos encantarmos com o mundo que nos rodeia...

(Fotografia de Luís Eme - talvez nos falte tempo para nos sentarmos à beira de qualquer lugar, levar umas cervejas ou uma garrafa de vinho, tal como uma viola, ao mesmo tempo que cantamos e nos encantamos com o que os nossos olhos vêem... - Ginjal)

segunda-feira, março 04, 2019

A Liberdade das Palavras e das Ideias...


Quem escreve sabe que as palavras e as ideias são demasiado livres, para se deixarem levar apenas pela nossa vontade, de criar ou apenas de descrever algo que aconteceu.

Pensei nisto há minutos, porque enquanto estava a escrever um texto de trabalho (para entregar no dia 4 de Março...), comecei a ser perseguido por outras ideias, muito mais interessantes. Para não as perder, fui tomando notas. Até que percebi que tinha de aproveitar toda aquela "avalanche" de ideias e mudar de texto...

Claro que isto já me tinha acontecido mais que uma vez, mas não com "tanta vontade de passar por cima do outro"...

(Fotografia de Luís Eme - o "Segredo" do Mestre Lagoa Henriques - Lisboa)