quarta-feira, junho 21, 2023

O espectáculo noticioso leva-nos à indiferença...


Sei que não é grande conversa, mas como houve alguém que depois de passar os olhos pelas notícias filtradas que são oferecidas por telemóvel, disse que apesar das "telenovelas" diárias do CMTV, se matava e se morria, cada vez mais no nosso País, perante a nossa indiferença.

Esta última parte foi uma "boca" para nós, "los outros", que preferimos falar de livros, teatro ou cinema, em vez desta realidade que é transformada numa coisa doentia, que parece um espectáculo, por mais degradante que possa parecer.

Ninguém duvidou do facto. De certeza que se morre muito mais em Lisboa ou no Porto, mas quase ninguém nota. Sempre foi assim. O normal é dar-se mais realce ao desaparecimento de alguém que vivia sozinho em qualquer aldeia e foi descoberto sem vida, ao fim de meia dúzia de dias. 

O Carlos com o seu humor quase escuro disse: «Felizmente já não há agricultores, já não se mata e morre por um palmo de terra, com uma sachola...»

Ninguém lhe respondeu, com palavras, sorrisos ou asco. Pois é, estamos mesmo indiferentes...

E depois falou-se de "mensageiros". Muitos nomes vieram à baila. Apesar do que dizem as audiências, todos os que estavam ali sentados, com chávenas de café vazias à sua frente, diziam que sempre que lhes aparecia um "milhazes" ou um "marques mendes" pela frente, mudavam de canal...

Chega? Claro que não.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


6 comentários:

  1. Se fosse só o espectáculo noticioso...

    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pois, há demasiados espectáculos, no governo, nas oposições. É só artistas manhosos, Rosa.

      Eliminar
  2. A repetição das notícias até à exaustão podem tornar-nos indiferentes, sim.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Claro que torna, Catarina. Leva-nos a mudar de canal, cansados de tanta "tragédia"...

      Eliminar
  3. Faz-me lembrar um casal que, todos os dias úteis à hora do expediente está com um grande cartaz à porta da Procuradoria-Geral da República, na Rua da Escola Politécnica. Pede justiça há mais de 25 anos, à chuva e ao sol. Diz que os deram como mortos e lhes ficaram com os bens. Um jornalista, ao escrever sobre eles, batizou-os de "mortos-vivos".
    Pois a partir de uma determinada data de permanência já só se tornavam notados quando, por qualquer circunstância, lá não estavam.

    ResponderEliminar