«Ninguém é insubstituível. Há sim, pessoas que são melhores que outras, que cumprem com mais qualidade e competência as suas funções que outras. E como hoje impera a mediocridade, ainda é mais fácil a quem está acima da tal média, muito baixinha, dar nas vistas.»
Dissemos-lhe que o seu afastamento fora uma estupidez, que ainda fazia falta (e fazia...). Lembrei-o do nosso amigo comum, o Fernando, que depois dos oitenta ainda continuara a ser de grande utilidade. Aceitou o argumento, mas disse logo de seguida que nunca teve feitio para ser "senador", era um prático, um homem do terreno. Quase que nos silenciou quando disse:
«As pessoas que se julgam intemporais estão erradas. Tudo e todos têm o seu tempo. Posso ter saído antes do tempo, mas depois senti que tinha passado o meu tempo. Foi por isso que não voltei.»
Ninguém foi capaz de lhe responder o que quer que fosse.
Foi por isso que ele resolveu dar exemplos e somou ao nosso Fernando o Mário Soares, que fez uma série de disparates nos últimos anos da sua vida, por se continuar a achar único.
Continuámos sem argumentário e foi ele que continuou a dar-nos "lições de vida"...
«Claro que podemos ser sempre uteis. Não deverá haver melhores conselheiros que quem viveu mais tempo e que viveu mais coisas. Só que isso não é o que pensa a maior parte das pessoas. Outro problema é quando continuamos a fazer sombra a alguém, mesmo que ela seja imaginária. Em vez de nos pedirem conselhos tentam a todo o custo que continuemos sossegados no nosso sofá a ver televisão.»
Continuámos quase sem palavras perante tanta lucidez.
(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)
Mas os loucos saudáveis também são necessários numa sociedade tão medíocre, como é referida!
ResponderEliminarAbraço
Depende do que é um "louco saudável", Rosa. :)
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