domingo, março 11, 2012

Outra Vida



Não estranho tanto como outras pessoas, que um amigo comum, que já foi músico profissional, baixista de grupos e músicos famosos, não utilize esses tempos como a "bandeira" da sua vida. Nem sequer tem fotografias de concertos penduradas nas paredes da sua casa.


Há pessoas assim, demasiado simples, capazes de largar o passado com facilidade, principalmente se viverem relativamente bem no presente.


Num jantar de amigos, a sua "boa vida" veio à baila, houve mesmo quem o provocasse, dizendo que ele não falava da sua vida de músico porque queria ser um "Jimi Hendrix" e não passou de um baixista. Outro disse que ele devia ter vergonha das más figuras que fez..


Primeiro ofereceu um sorriso aos dois amigos, mas perante a minha insistência, lá respondeu com palavras:


«Nunca foi vergonha ser baixista de tantos gajos famosos, nem de fazer centenas de concertos pelo país fora, incluindo alguns coliseus. É mesmo das melhores coisas do meu "BI". Há coisas que fiz, que me envergonham um bocado, mas nunca ter sido músico. Mas hoje estou noutro mundo, já não sou músico, sou caixeiro-viajante, e se há coisa que não  me apetece é viver de memórias.»


Gostei muito da forma como respondeu. Como eu o percebo, nem toda a gente precisa de palcos para ser feliz... 

O óleo é de Chris  Miles.

8 comentários:

  1. uma filosofia saudável de viver:) beijinho de boa semana, luís*

    ResponderEliminar
  2. Eu diria mesmo, Luís, que são raros os que não precisam de palco - são uns eleitos!

    ResponderEliminar
  3. saudável e difícil, Alice.

    fiz batota e escondi que ele agora ganha mais ou menos o mesmo que ganhava como músico e vive sem tanto "stress" e sem a sensação de passar a vida a ser "chulado" (a expressão é dele), porque recebia praticamente a mesma coisa que os técnicos de luzes, som, etc.

    embora gostasse muito de tocar, há coisas mais importantes na vida (diz ele e concordo, mesmo tendo pena de vê-lo desistir de um dos seus sonhos...).

    ResponderEliminar
  4. cada vez mais raros, Helena.

    qualquer "iluminado" de esquina, acha que pode subir a uma cadeira e fazer o seu espectáculo.

    ResponderEliminar
  5. Hoje, mesmo não conseguindo juntar a palavras, comento o óleo... Que beleza! Adoro Luís! Parabéns pelas escolha... são sempre as melhores!

    ResponderEliminar