quinta-feira, fevereiro 03, 2011

A Luta Diária

Todos os dias luto

contra a vontade de escrever.
Todos os dias fujo das palavras
que me perseguem por toda a parte
e querem ser, à força, qualquer coisa,
uma história, um poema.

Todos os dias insulto
o substantivo, o adjectivo e o verbo,
deito fora papeis, lápis e canetas.
Todos os dias vacilo
perante a força da palavra.
Percebo com uma nitidez terrível
o drama da toxicodependência,
a incapacidade de resistir ao perfume
de todas as drogas da vida.

Todos os dias luto
contra a vontade de escrever.
O óleo é de Carlos Botelho, as palavras minhas...

24 comentários:

  1. O pior é a utilização da palavra para a conversa da treta. Não é o caso do Luís.

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  2. Que a luta não tenha fim!

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  3. subscrevo na íntegra com suor e sangue!

    beijo, luís*

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  4. Poderá ser mesmo assim?
    Mas talvez outras vezes não.

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  5. (1) Há quem diga muito com poucas palavras... (2) depois há a verborreia.

    Tu estás no (1)! : )

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  6. Há lutas que o são em vão...

    Um abraço

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  7. é um problema dos nossos tempos, Carlos.

    demagogia à maneira...

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  8. não sei, Helena.

    há sempre dias em que nos apetece desistir.

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  9. sim, por vezes muita dor, Alice, até ao sangue, até às lágrimas...

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  10. claro que não é mesmo assim, Gábi.

    é uma "metáfora" da nossa vida.

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  11. ainda bem que gostaste, mariaivone.

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  12. Muito giro! Mas, olhe, não lute! Continue a escrever que vai muito bem...

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  13. sim, Carol.

    acho que mesmo que quisesse não conseguia...

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  14. Que bom que la luta merece la pena ...
    me voy de gira hasta la vuelta amigo.
    Beijoss

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  15. doooiiiis, M. Maria Maio...

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  16. todos os dias me visita o sangue,
    um poeta alucinado.
    entra violentamente pelas portas da noite, sem pedir licença.
    encontra-me nua.
    inaugura os espaços do medo
    torna legíveis os recantos maís intímos do meu corpo.
    um dia disse-lhe, o meu rosto contra a sua febre, deixa-me ignorar o mundo, morrer num espaço largo de inocência.
    - a minha alma a destilar silêncios penitentes
    a lançar pontes para a margem mais seca onde as árvores esquecem o abrigo de pássaros nocturnos.

    e uma voz, na claridade de um golpe de silêncio disse:
    todos os dias te arranharei com o sangue armazenado nas unhas.

    __

    um beijo maior Luís

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  17. um beijo dos grandes também para ti, Maré,

    grato pelo poema e por tudo.

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  18. só agora consegui ler todos os postes atrasados, mas, deparo-me com este poema, que me deixou surpreendida.

    gostei muito e apenas digo.

    que todas as lutas sejam em vão, e que continues a escrever.

    escreves muito bem e isso basta!

    parabéns por este poema.

    beij (enternecido)

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  19. ainda bem que gostaste, Piedade.

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