quinta-feira, fevereiro 17, 2011

«Temos de acalmar a fera.»

Eu sei que o ensino está melhor que ontem e até que antes de ontem.

Os profetas da desgraça e os sindicalistas pouco me dizem, assim como os alunos aburguesados, que se queixam da falta de condições das escolas de hoje. Não era má ideia que os pais e os tios os recordassem dos pavilhões pré-fabricados "climatizados", fresquinhos de Inverno e quentinhos no Verão, que faziam de salas de aula. E isto sem falar da fauna animal que habitava nas proximidades, com destaque para as ratazanas de quilo. Esta realidade ainda existia há dez anos, em muitas cidades portuguesas. Sem puxar muito pela memória, em Almada lembro-me de pelo menos duas escolas...

Toda esta conversa porque ontem estive com um amigo que é professor há mais de vinte anos e que se sente feliz por a escola ser hoje um sitio melhor para ensinar e para aprender, apesar das queixas que se ouvem por ai.

Recordámos os seus primeiros anos, ainda na década de oitenta do século passado. Ele sorriu ao lembrar-se que os colegas ficavam cansados só de o ouvirem falar. E que assim que o viam virar costas diziam uns para os outros, «temos de acalmar a fera». Felizmente a fera nunca acalmou e tem sido "pai" de dezenas de projectos, que além de procurarem estimular a vontade de estudar e de investigar, também tentaram aproximar a chamada sociedade civil da escola.

Ele perdoa mas não esquece, que os maiores obstáculos que encontrou na sua já longa caminhada no ensino, foram sempre colocados por colegas...
O óleo é de Jurgen Geier.

10 comentários:

  1. Tão verdadeiro este retrato!
    Os maiores obstáculos estão dentro da escola...
    Há sempre gente que prefere dizer mal não fazendo nada e colocando entraves aos que querem fazer!
    Também eu dei aulas em pavilhões pré-fabricados e terminei a minha carreira numa escola com todas as condições materiais e pedagógicas para boas práticas de ensino/aprendizagem.

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  2. retrato fidelíssimo de uma realidade que eu mesma ,nos meus anos de professora ,vivi... e não eram ratazanas que nos entravam nas salas de aulas ,eram porcos ( em dia de feira ).....


    .
    um beijo ,Luís

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  3. depois das palavras da gabriela, só me resta deixar-te um grande beijinho, luís*

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  4. Pois,pois...
    o problema talvez nunca tenha estado nos pavilhões "climatizados". Como hoje a solução não está nas modernas salas de aula que por aí florescem...

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  5. pensava que seria polémico, este retrato, Rosa.

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  6. imagino, Gabriela.

    as coisas melhoraram e nós também nos tornámos mais exigentes...

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  7. eu olho sempre para a "minha" escola e quando a comparo com a dos meus filhos, estou sempre a perder, Alice.

    é por isso que me irritam os profetas da desgraça.

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  8. claro que não, Miguel.

    uma das coisas boas que se fizeram na escola, foi "obrigar" os professores a passarem por lá mais tempo.

    tenho pena que não se tenha conseguido o mesmo na saúde, com médicos e infermeiros, que continuam a achar que o trabalho para o estado é um "par-time".

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  9. Muito bem! Muito bem! Muito bem! Até que enfim que leio algo (muito) a favor da escola actual. A moda é dizer mal de tudo e não suporto já os blogs daqueles professores-que-sabem-tudo-e-que-são-muita-bons a destruírem tudo. Matei-me a fazer coisas na escola durante 40 anos e de tudo fiz e vi tantos, mas tantos colegas que deram sempre as aulinhas iguais ao longo dos anos e a irem acumular para os colégios e a ganharem tanto (mais) como eu! São os descendentes desse que agora falam mal de tudo e que não têm a tal "fera para acalmar"!
    Muito bom texto!
    Parabéns!

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  10. Esse elogio vindo de uma Professora, ainda soa melhor, Carol.

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