Olhavam-na de lado, umas com despeito outras com inveja, embora não admitissem, porque Aurora já tinha outro homem.
Ela nunca foi de se ralar com os olhares, muito menos com as vozes do mundo, tinhosas, capazes de encher páginas e páginas dos "jornais diários" da mercearia e da cabeleireira.
Aurora não era mulher para ficar sozinha. O "amor" para ela não era esperar, era viver um dia de cada vez, embora tivesse o cuidado de não arranjar qualquer "pai" para as suas três crias.
Quem entrasse na sua casa e partilhasse a sua cama, tinha de trabalhar e contribuir com a sua parte, para o orçamento familiar. Se havia gente de quem tinha pavor, era de "chulos".
A vida nunca a tratara muito bem, mas ela continuava a fazer-lhe frente, com uma vontade, que só as mães têm.
E continuava a manter os traços e a beleza de mulher madura, comuns a tantas mulheres livres, incapazes de acertar no homem certo...
(Provavelmente uma personagem de um dos meus próximos livros...)
O óleo é de Ryan Hewett.
Personagem banal!.. prostitutas sem saída, que encontraram uma entrada para saírem, mas que... foram vítimas de incertezas, das dúvidas!... Da puta da vida!...
ResponderEliminarPobres "filhos da puta" que terão de dedicar toda uma vida a uma gratidão escondida na cicatriz... sob a pele!
Abraço
Uma mulher, como muitas outras, que luta pela subsistência própria e dos filhos mas não lhes dá um pai efectivo nem escolhe para a si um companheiro de vida.
ResponderEliminarUma opção, consciente ou inconsciente, que pode acabar na mais profunda solidão.
Bem-hajas!
Abraço fraterno
p.s. Mais um blogue onde sobressai o teu bom gosto
fico à espera do livro, porque adorei a apresentação da aurora :) um grande beijinho, luís.
ResponderEliminarToca a escrever! Há potencial! Ficamos à espera.
ResponderEliminarFico tambem a espera.
ResponderEliminarAcabo de llegar de gira y vengo a saludarte como a un amigo.
Como puedo conseguir tus libros?
beijosssss
Permite-me esta dúvida, Luís, mas a ideia de um «homem certo» não é vagamente incompatível com a ideia de «viver um dia de cada vez»? Pergunto-o porque, para mim, o «homem certo» é o bom investimento, aquele que permite equacionar um futuro de equilíbrio e conforto. Para quem vive um dia de cada vez, não deve haver homens certos, nem errados. Quando muito, homens com que se ganhou ou perdeu o dia que passou… ;-D
ResponderEliminarP.S.: O livro promete... :-)
porquê prostituta, Alma?
ResponderEliminara vida não é linear. nunca foi.
pois pode, "Cata Vento", parece sina...
ResponderEliminarnem é um retrato assim tão invulgar neste mundo em que vivemos.
é apenas mais um apontamento, Alice...
ResponderEliminarhoje, Carol, amanhã não sei...
ResponderEliminarolá Momo.
ResponderEliminarque bom ver-te.
os livros? acho que vou pensar nisso.
por não se encontrar o homem ou a mulher certa, vive-se muitas vezes um dia de cada vez, Luisa.
ResponderEliminare sim, há incompatibilidades...
perde-se e ganha-se todos os dias, isso chama-se viver.
a quetão reside aí.
ResponderEliminaraprendemos a formatar, tanto como somos formatados, a achar que temos que ver o que melhor nos encaixa tendo em conta estes ou aqueles factores. só que a vida não é um caminho linear que se antecipe e regule com a precisão de um círculo traçado a compasso.
nela, o humanamente imprevisível, tem o risco mais forte, também por isso, o que a torna mais autêntica.
é verdade, Maré.
ResponderEliminaro humanamente imprevisivel é que dá sabor à vida.
Promete, esta Aurora... Gostei.
ResponderEliminaruma mulher forte, que faz cócegas às mulheres e aos homens, Laura...
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