«Lembras-te de quando nadávamos contra a corrente?»
Claro que me lembrava. Como me iria esquecer daquele nosso esforço quase inglório, a nadar contra a maré, que nos queria empurrar na direcção do mar?
Quando sentíamos a força a faltar, fazíamos uma diagonal em direcção à margem e por ali ficávamos uns minutos, com a água à altura de uma mão, a recuperar do esforço.
Até me lembraste que fazíamos olhinhos às namoradas dos "engomadinhos", que pensavam que tinham dinheiro suficiente para comprar o mundo, connosco lá dentro. Como não o conseguiram comprar, resolveram dar cabo dele...
O que me querias dizer, é que ainda não era desta que ias sair do país, não aceitaste a proposta milionária que chegou da terra do Dos Santos. Não ias fazer as malas e andar de chapéu e roupas claras, à "colonizador"...
Foi por isso que combinámos, logo que chegasse a Primavera, reviver as nossas braçadas vigorosas contra a corrente, satisfeitos por não encontrar por lá os "engomadinhos" e as suas beldades, que "mudam de pele" nas Maldivas e nos solários...
O óleo é de Paul Coventry-Brown.
A grande maioria do povo atravessa a vida do nascimento à morte a nadar contra a corrente.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
Como é nobre esta postura de vida, resistir ao alinhamento e escolher ser feliz. Depender, apenas, da força das marés.
ResponderEliminarBeijinhos, Luís
é mesmo, Elvira.
ResponderEliminarnão sei se é nobre, Virginia, é um caminho e muitas vezes, uma filosofia.
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