sábado, março 19, 2011

Salazar, o "Herói" dos Taxistas

Ultimamente quando ando de táxi, apanho sempre condutores "passadistas", a tentar puxar a conversa para a saudade que sentem de Salazar.

A maior parte deles nem sabe bem o que está a dizer, provavelmente por terem a memória curta demais.

Evito sempre entrar nos seus argumentos do "dantes é que era bom", porque sei que não passa de uma patranha. O último taxista que apanhei até tinha saudades das aldeias sem elctricidade e água canalizada. E não tinha um ar nada bucólico. Até foi capaz de dizer que éramos pobrezinhos mas não devíamos nada a ninguém.

Só sorri quando ele disse que nesse tempo até a gasolina e o gasóleo eram vendidos a um preço decente.

As crises encerram vários perigos, um dos mais perigosos é serem capazes de transformar qualquer "filho da puta" numa pessoa de bem, para as pessoas mais distraídas.
Adenda: Outro aspecto curioso, que só pensei nele depois, é que este homem rondava os sessenta anos. Ou seja, pertencia à geração que mais sentiu os efeito da guerra das colónias, para onde eram "empurrados" uma boa parte dos jovens, para defenderem a pátria...

O óleo é de Francesco Capello.

12 comentários:

  1. Luís, a regra – esta não sei se contempla excepções - é que quem está no poder é sempre péssimo. Mas quando deixa o poder, começa logo a ser recordado com saudade, porque o que lhe sucede passa a ser o péssimo ou ainda pior. Isto acontece nas famílias, nas empresas, nos países e há-de acontecer, em devido tempo, nos planetas e nas galáxias. ;-D

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  2. Concordo com o que escreve a Luísa. Mas só é assim porque somos um país sem memória! Não somos capazes de acumular as experências do passado e reflectir sobre elas!
    Se calhar é por isso que não conseguimos caminhar adiante.

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  3. "As crises encerram vários perigos, um dos mais perigosos é serem capazes de transformar qualquer "filho da puta" numa pessoa de bem, para as pessoas mais distraídas." Concordo. E é mesmo um perigo grande...
    Um beijo, Luís.

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  4. infelizmente para nós, não temo saído do péssimo, não há grandes notas de recordações sobre os nossos governantes, Luisa.

    o que me chateia mais é o "branqueamento" que se faz da própria história.

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  5. é isso mesmo, Miguel.

    por isso é que os escritos do Eça, do Ramalho ou do Junqueiro, nos parecem tão actuais.

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  6. esse é o maior perigo dos nossos dias, povoados de "máquinas de lavar" por tudo o que é sitio, Graça.

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  7. O pior é que não são só os taxistas que pensam assim. Estamos numa fase política muito perigosa, muito perigosa, mesmo!

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  8. Não será também assim porque no tempo de que se diz ter saudade, se era jovem, ou mais jovem, com outra capacidade, força e optimismo, que depois se perdeu com a idade?

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  9. É o velho e cristão costume de "todos viram santos depois de mortos". Além disso, meu pai tem 75, teve um irmão mais velho que serviu em Angola e muito cedo decidiu que não ia pelo mesmo caminho, nem ficaria na terra, onde não havia mobilidade social alguma e um filho de barbeiro sê-lo-ia até morrer e nunca mandaria os próprios filhos à universidade. Aos 17 anos, ele apanhou um navio para o Brasil. Depois, foi muito duro e ele já me disse que se pudesse voltar atrás não faria do mesmo jeito, mas sabe que nós não teríamos a menor chance de ser o que somos hoje se ele tivesse ficado.

    Então, esses passadistas, além de má memória não têm visão de conjunto nenhuma e não são capazes de avaliar para além do próprio umbigo e das suas quotidianas necessidades comezinhas.

    Quando vi o título eu sabia que o conteúdo era por aí afora, e tu não me decepcionaste, como sempre. ;)

    Beijo amigo,

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  10. pois não, Carol, o país está cheio de gente de memória curta...

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  11. não sei, Redonda, mas espero nunca ser "assim", mesmo quando estiver corroido pelos anos...

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  12. é tudo gente de memória curta e muito "pobrezinhos" de espirito, Lóri.

    é a explicação para que votem sempre nos mesmos aldrabões, que não têm feito outra coisa, senão servirem-se do poder que têm para proveito próprio.

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