domingo, junho 16, 2013

«O que pensará Herberto Helder deste "fenómeno recente, chamado Herberto Helder"?»


Estive com a Rita e falámos de livros e, inevitaverlmente, da nova obra de Herberto Helder, "Servidões".

Tanto ela como eu não conseguimos comprar o livro, porque nunca pensávamos que esgotasse em dois dias (5.000 livros!!!), até por ser um livro de poesia, os tais que os editores dizem que não vendem nada...

Eu perguntei: «o que pensará Herberto Helder deste "fenómeno recente, chamado Herberto Helder.?»

A Rita sorriu e disse que provavelmente não achou muita piada e talvez tenha lançado um sorriso de escárnio, por o quererem transformar naquilo que ele nunca quis ser, um objecto comercial.

Concordei. Esta procura anormal do seu livro, vai contra tudo o que ele pensa da poesia e da literatura.

Há quem afirme que houve quem comprasse o livro às dezenas, apenas a pensar no "negócio", de ficar com uma primeira edição do Herberto em armazém, a render juros. Outros foram atrás da palavra "esgotado", mesmo quem não lê poesia nem conhece as palavras do poeta madeirense.

«Ora aí está, mais um fenómeno à portuguesa.» concluiu a Rita.

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