Embora estivesse quase com oitenta primaveras, detestava ficar em casa, sentado a ver os programas de televisão que animavam os dias da esposa. Gostava de conversar mas cada vez tinha menos amigos, que mesmo velhos e reformados, ainda continuavam a gostar de falar de mulheres e futebol, entre outros prazeres mundanos.
Quando não encontrava estes amigos entrava na biblioteca municipal e ficava por ali a ver as pessoas a folhearem livros, em silêncio, com meia dúzia de livros à sua frente, que escolhia apenas pela cor e vida das capas.
Provavelmente ninguém imaginava que aquele homem não sabia ler. E ainda menos acreditariam que ele era capaz de ler as histórias que se escondiam dentro dos livros, olhando apenas para as suas capas...
O óleo é de Pierre Bonard.
Imagina a falta que fazia a este homem, o saber ler. Embora isto demonstre que, quando se sabe sonhar, os ohos podem ir muito além das letras...
ResponderEliminarBem bonito.
ResponderEliminarBelíssimo!
ResponderEliminarÀs vezes ainda acontecem milagres nestas idades avançadas quando têm boa memória e lucidez. Mas, como tu dizes, uma boa ilustração na capa é meia leitura.
ResponderEliminarBem-hajas!
Beijinho
eu tenho que acreditar.(imaginando apenas, mas é possível, ler só a ver as imagens).
ResponderEliminarbeij
Às imagens do exterior dos livros se intercalam imagens do "interior" dos pensamentos. Adorei, Luís. Uma história quanto mais poética mais verdadeira ela é.
ResponderEliminarO poder da curiosidade aliado ao da imaginação...
ResponderEliminarLindo!
Beijos.
a falta que lhe fazia ler, Ivete...
ResponderEliminardizes tudo.
gostei que gostasses, Laura.
ResponderEliminar(não tenho palavras, Helena)
ResponderEliminarhá muitas outras formas de ler, Isamar...
ResponderEliminaré sempre possível, Piedade.
ResponderEliminarolá Meg.
ResponderEliminarsim.
é, Filoxera.
ResponderEliminarcuriosidade, imaginação, sonho...