segunda-feira, junho 13, 2011

Cruzou por Mim, Veio Ter Comigo, Numa Rua da Baixa

[...]

Sinto uma simpatia por essa gente toda,
Sobretudo quando não merece simpatia.
Sim, eu sou também vadio e pedinte,
E sou-o também por minha culpa.
Ser vadio e pedinte não é ser vadio e pedinte:
É estar ao lado da escala social,
É não ser adaptável às normas da vida,
Às normas reais ou sentimentais da vida -
Não ser Juiz do Supremo, empregado certo, prostituta,
Não ser pobre a valer, operário explorado,
Não ser doente de uma doença incurável,
Não ser sedento da justiça, ou capitão de cavalaria,
Não ser, enfim, aquelas pessoas sociais dos novelistas
Que se fartam de letras porque tem razão para chorar lagrimas,
E se revoltam contra a vida social porque tem razão para isso supor.

[...]

Alvaro de Campos

O óleo é de J.B. Durão.

6 comentários:

  1. Uma bela homenagem no seu dia e logo com um dos poemas que eu mais gosto. Obrigada.

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  2. Eita, a sutileza! Adorei tudo, imagem e texto e lembrança tua. O Google hj está tb com uma imagem dele, feita pelo Almada Negreiros, se não me engano.

    beijinhos e vê se vais à Sé comer umas sardinhas e tomar uma caipirinha aguada, feita pelos estudantes. Fá-lo por mim, que no ano passado o fiz por todos que não estavam, mas este ano... a vida é outra.

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  3. o mais curioso, Helena, é que o Fernando e os seus amigos, têm poucos poemas que não são de gostar.

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  4. olá Lóri.

    não fiquei pela cidade grande, aproveitei o prolongamento do fim de semana para ir ao campo e ao mar.

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  5. O grande, o enorme Álvaro de Campos! E que lindo o quadro escolhido - como de costume.

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