sexta-feira, junho 24, 2011

Não é Não!


A manifestação de amanhã no Rossio, em que as mulheres querem sublinhar com determinação que «Não é Não!», tem mais que uma leitura, assim como o seu manifesto.


Essas leituras dependem muito da vivência e do passado de cada uma das gerações.

Sei que não me posso fiar no Carlos, que se aproxima dos setenta, ou no Raul que passou agora mesmo os sessenta, que me dizem que a maior parte das mulheres da sua geração foram habituadas a dizer não, quando queriam dizer sim. Vão mais longe e argumentam que as ditas mulheres sérias não podiam dizer que gostavam, ou queriam ter sexo, segundo as cartilhas que lhes eram impostas em casa, com o beneplácito da "santa igreja".

A minha geração começou a rebelar-se contra estas e outras coisas e terá sido das primeiras a tentar dividir o não do sim (nem sempre com sucesso, claro, estas coisas demoram sempre tempo a mudar na cabeça das pessoas...).

Hoje acredito que um não é mesmo um não, para as gerações mais jovens. E fico feliz por isso.

Mas em relação às roupas que se usam na rua, considero que algumas peças são totalmente provocatórias e até vexantes para a mulher. Alguém que sai de casa com uma mini-saia, que a qualquer movimento mais baixo, faça notar a cor e o modelo das cuequinhas, e com um decote que exiba as suas belas maminhas, não pode estar à espera que as pessoas com quem se cruza, olhem para o lado ou para o ar. Até porque em muitos destes casos noto que quem se mostra mais incomodada com a situação são as outras mulheres, que murmuram quase sempre um «ordinária» sumido, além de olhar de lado, com ar de reprovação.

E não me venham falar de liberdades individuais. Eu se andar pela rua com o cabelo azul ou encarnado, só tenho um objectivo: dar nas vistas, dizer aos outros «olhem para mim».

6 comentários:

  1. Gostei do teu blogue, vou passar mais vezes.
    Um abraço
    Flor

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  2. o Largo está sempre aberto de par em par, Flor.

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  3. Que sorte teres nascido nesta geração! É que a outra fo por de mais amarfanhada - mulheres e homens. E agora há uns cromos espertos que querem, à viva força, fazer crer que aquele tempo não foi assim tão mau e que "o Salazar foi um bom gestor"

    Até dá vómitos!

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  4. eu sei, Carol.

    alguma gente que viveu dentro do regime, viveu maravilhas, por isso é que são tão saudosistas.

    e outros são mentirosos, até tentam virar a história de pernas para o ar.

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