Há já algum tempo (poucos dias depois da entrevista de José Rodrigues dos Santos ao "DN"), que me apetecia escrever sobre o processo criativo artístico. Não sabia muito bem como abordar o tema, sem ser excessivamente polémico, conseguindo ao mesmo tempo dizer o que penso, de uma forma curta e simples.
Primeiro que tudo, penso que criar é sobretudo um acto de inspiração e não de transpiração, por muita disciplina e capacidade de trabalho que tenhamos.
Segundo o meu ponto de vista, o acto de criar, tem um tempo próprio. Vou mesmo mais longe e digo que a criatividade vive dos compassos de espera, do imprevisto, porque as coisas (pelo menos as boas...) nem sempre saem quando queremos...
Isto serve para todas as artes, da literatura à música, passando pelas artes plásticas e pelos palcos.
Claro que exercitar a criatividade é fundamental e torna tudo mais fácil. Mas não é todos os dias que se cria algo bom ou genial...
Só pela entrevista do jornalista da RTP ao "DN" (nunca li nenhum livro dele e já devia...), percebi que ele é um escritor de transpiração e não de inspiração, já que com as suas palavras desvalorizou o acto criativo, realçando a sua capacidade de trabalho.
É por isso que arrisco dizer, mesmo sem conhecer a sua obra, que os seus livros poderão ser bons, mas nunca serão brilhantes ou geniais.
Claro que é uma mera opinião pessoal...
Este bonito óleo, "O Pombo e Ervilhas", é de Picasso, na sua fase do cubismo sintético.
Luís, a entrevista que ele deu ao Dn é vergonhosa no ponto de vista da vaidade humana. É tão egocêntrico o que ele diz que a própria vaidade, deixou de ser um pecado capital.
ResponderEliminarO senhor não se enxerga. Ou então enxerga-se em demasia. Não tem travões, cuidado ou um mínimo de prudência naquilo que disse. E porquê? Porque não quer. É o legítimo Narciso.
Aquilo não é Literatura, aquilo é trabalho de pesquisa, truques jornalísticos de tornar uma história vulgar com laivos de enredo, mete-se na fornalha do sucesso, que existe na maioria das nossas editoras e já está. Sai outra porcaria para as montras das livrarias, escaparates, jornais e revistas. Tudo publicidade paga, obviamente.
Só lhe li o 1º romance. Uma treta de personagens vazias de conteúdo, frias, sem emoções e calor humano. Algum trabalho de pesquisa sobre a participação portuguesa na 1ª Grande Guerra. So what? Qualquer aluno do 12º ano também vai à Torre do Tombo e à Biblioteca Nacional, para o fazer e se calhar melhor.
Quanto à restante tralha que ele escreve, nem lhes toquei, mas de certeza que prefiro ler os originais. E originais diga-se, os livros do Dan Brown, em vez das cópias do JRS e nem nisso pego por curiosidade.
Tenho pouco tempo e o que tenho é para investir em Livros.
Que grande peneirento, é só o que me apetece dizer! escreve livros em seis meses! livros? É preciso ter lata!
"Segundo o meu ponto de vista, o acto de criar, tem um tempo próprio. Vou mesmo mais longe e digo que a criatividade vive dos compassos de espera, do imprevisto, porque as coisas (pelo menos as boas...) nem sempre saem quando queremos..."
ResponderEliminarSubscrevo inteiramente e, como o Luís diz mais abaixo, não é todos os dias que se cria, não é quando se quer...
Penso, contudo, que a transpiração tem de existir para que o domínio da arte (qualquer que ela seja) se complete com coerência e com a particularidade de cada um, como numa constante aprendizagem. Mas, esta transpiração, apenas vai ajudar ao processo criativo que é absolutamente independente dela, vai dar-lhe fluidez, vai permitir que a técnica sirva a inspiração e que o artista possa deixar o seu olhar "interior" ou "exterior" vadiar sem, numa primeira fase, se deter nos pormenores que lhe podiam cercear o ímpeto criativo.
É esta troca de ideias que eu tanto gosto na net. Uma boa semana.
Também te dou as mãos...
ResponderEliminartanto por desconhecer em absoluto os livros que já editou(não me perguntes porquê, não me senti atraída para a compra), mas também porque acho que apareceu numa certa linha de oportunidade editorial que grassou/grassa por aí...opinião obviamente pessoal.
bjs Luís
maré
Não li a entrevista. Não li os livros. Acho que se pode transpirar muito, mas se não se tiver talento não se chega a lado nenhum... Concordo contigo.
ResponderEliminarUm abraço Luís.
como comentário sirvo_me do que escrevi uma vez:
ResponderEliminaro acto de criar é um acto solitário
o estar só não me incomoda nada. pelo contrário. após estar com os outros durante todo o dia quando cai a noite fecho a porta.
aí tenho encontro marcado com o criar. tem dias que é em letras. outros em cor. e ás vezes invento-me nas notas. aí conheço-me segura. sou dona e senhora de mim.
o acto de criar corresponde para mim de igual modo ao acto de me sentar à mesa para jantar ou o do acender o cigarro sempre após o café. preciso de me reinventar todos os dias.
quando fecho a porta transpiro de entusiasmo por me encontrar a sós. desligo qualquer sinal que me incomode. dou apenas algumas breves oportunidades a quem me mereça. a outros solitários que como eu cerram as vidraças quando se sentem ameaçados no seu acto de criação.
a solidão para mim é uma companhia. espectadora de mim invento as linhas que me dão forma. crio as formas que me dão prazer. ilustro as letras que me tocam. e acendo as luzes que me indicam o caminho.
às vezes perco-me. mas sabe tão bem perder-me. chego até a queimar os mapas.
o criar é respirar.
é libertar.
e é amar.
porque cada linha cada cor cada letra é sentimento.
e é-o sempre a sós.
um processo de criação é o processo antigo de ser-se antigo.
ResponderEliminaranos e anos a saber ver dentro.
______________
subscrevo-Te.
(como não?)
beijo,,,,,,,,,,,,!!!!!
Luís, concordo contigo. Já li livros deste autor e, apesar de não o achar muito mau, também não o considero muito bom. Penso que escreve um pouco "a metro", para um público muito mediano e, sobretudo, tendo em vista as vendas. E não há dúvida que alcança os seus objectivos...
ResponderEliminarBjs
Nunca pensei muito nisso. Por isso achei interessante o teu texto. Mas a transpiração aprefeiçoará a criação. Sobre o acto criativo, concordo contigo. Vem a velha história do talento; da inspiração: ou se tem ou, trabalhando muito, fazem-se coisas jeitosinhas - mas sem rasgo maior.
ResponderEliminarBeijinhos
tu falas com conhecimento de causa, Patti, já o leste.
ResponderEliminarnão percebi muito bem a razão das palavras da entrevista. será mesmo vaidoso? terá sido marketing? uma boa polémica ajuda sempre a vender mais uns livrinhos...
(luis eme)
criar é um acto de sapiência e também de transpiração, sem dúvida.
ResponderEliminartens razão, Helena, é com estas trocas de ideias e de pensamentos que crescemos...
foi pena não ter aparecido ninguém que gostasse dos livros do JRS, para tornar estes nossos diálogos ainda mais interessantes.
também não sei explicar muito bem o meu desinteresse, Maré.
ResponderEliminartalvez não o olhe como escritor, mas apenas como apresentador do telejornal (estes preconceitos...)
essa é que é a verdade, Graça.
ResponderEliminarmas há outro fenómeno, que a exploração das figuras públicas, até como escritores (por isso é que apareceram por aí os escritores fantasmas...)
e serviste-te muito bem, Ivone...
ResponderEliminaro acto de criar é uma das coisas mais solitárias...
pois é Isabel, ajuda ser-se antigo...
ResponderEliminarver muito mundo, ler muitos livros, olhar muita arte, assistir a muitos filmes e muitas peças de teatro...
enche-nos de dúvidas mas também de vontade de criar...
falas com o conhecimento de causa, que eu não tenho, Paula.
ResponderEliminarmas brevemente vou ler um dos seus livros, prometo...
claro, Lúcia, transpiração sem inspiração é um "plof"...
ResponderEliminarsabes, a minha não é uma questão de o olhar como apresentador( quase nem me lembro, talvez por pouco assistir ao Telejornal) porque já comprei alguns do Rodrigo Guedes de Carvalho por me ter atraído algo que li sobre a sua escrita e até gostei. Com o JRS...hummm.
ResponderEliminare agora vou nanar que já acabei o trabalho e estou cansadita
só vim dar-te um olá e boa noite :)
bem, a personagem Rodrigo é mais misteriosa que a do Zé, que até pisca o olho quando se despede do "povo", Maré...
ResponderEliminarpiscadela, que também é um trunfo para vender livros. o Zé sabe-a toda..
Oooopsss Gosto mesmo das atmosferas dos cais, dos Contentores ... Lx é uma cidade de gente Zangada com o seu Rio ... mal o tratam, mal o olham, mal o sabem existente! O Tejo pertence ao coração das gentes da Margem Sul que o atravessam, o olham, o sentem, o sabem existente. Vale.
ResponderEliminartens razão, De...
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