sexta-feira, setembro 23, 2022

Os "Pés Descalços" que têm Tiques de "Donos do Mundo"....


Ontem vivi uma cena quase surreal, no Ginjal.

Ao ver uma das portas de um dos barracões abandonados, aberto, entrei, com o objectivo de sempre: tirar fotografias.

Um fulano cheio de tatuagens que estava a limpar o espaço, deu-me um grito, de uma das pontas do velho armazém. Disse que só estava a tirar fotografias. Ele aproximou-se de mim e convidou-me da pior maneira possível a abandonar o espaço. Com alguma ironia, perguntei-lhe se era o dono do espaço. Irritado, apenas me disse que só podia tirar fotografias quando aquilo estivesse limpo.

A minha calma contrastou sempre com a sua agressividade, própria de quem não estava habituado a usar as palavras. Acabei por lhe virar as costas, sem conseguir que ele mudasse o tom de voz, quase sempre ameaçador.

Já no paredão, a caminho de casa, tentei perceber o porquê desta aparente agressividade de um "ocupa", que se comportou como "dono" do barracão. Mas depois lembrei-me do que acontece em algumas ruas de Lisboa, com disputas violentas de "sem-abrigos", na disputa de um simples vão de escada para passarem a noite. Ou seja, onde devia haver solidariedade, pelas dificuldades com que ambos se debatem diariamente, para sobreviverem, surge o ódio e a violência...

Estes exemplos só nos dizem que quando qualquer "pé descalço" se sente com algum poder, com alguma coisa que finge ser sua (quase nunca é...), tem o mesmo comportamento de qualquer falso "dono do mundo".

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


4 comentários:

  1. Incompreensível. Mas o ser humano é feito de contradições e incompreensões.
    Abraço, saúde, bom domingo e feliz Outono

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    1. Cada vez há pelos tolerância pelo outro, Elvira...

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  2. Aplauso.Aplaudo a sua observação.
    Dantes,décadas,séculos talvez---"Ao vilão dá-lhe um dedo e tomar-te-á a mão".
    Não utilizou,fez bem por causa da "correcção".
    Vilão é quase metafórico.Engloba os,alguns "donos do mundo".
    Saúde.
    Jose

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    1. Às vezes parece que temos de andar de pernas para o ar, para compreender o mundo, José...

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