Ontem vivi uma cena quase surreal, no Ginjal.
Ao ver uma das portas de um dos barracões abandonados, aberto, entrei, com o objectivo de sempre: tirar fotografias.
Um fulano cheio de tatuagens que estava a limpar o espaço, deu-me um grito, de uma das pontas do velho armazém. Disse que só estava a tirar fotografias. Ele aproximou-se de mim e convidou-me da pior maneira possível a abandonar o espaço. Com alguma ironia, perguntei-lhe se era o dono do espaço. Irritado, apenas me disse que só podia tirar fotografias quando aquilo estivesse limpo.
A minha calma contrastou sempre com a sua agressividade, própria de quem não estava habituado a usar as palavras. Acabei por lhe virar as costas, sem conseguir que ele mudasse o tom de voz, quase sempre ameaçador.
Já no paredão, a caminho de casa, tentei perceber o porquê desta aparente agressividade de um "ocupa", que se comportou como "dono" do barracão. Mas depois lembrei-me do que acontece em algumas ruas de Lisboa, com disputas violentas de "sem-abrigos", na disputa de um simples vão de escada para passarem a noite. Ou seja, onde devia haver solidariedade, pelas dificuldades com que ambos se debatem diariamente, para sobreviverem, surge o ódio e a violência...
Estes exemplos só nos dizem que quando qualquer "pé descalço" se sente com algum poder, com alguma coisa que finge ser sua (quase nunca é...), tem o mesmo comportamento de qualquer falso "dono do mundo".
(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)
Incompreensível. Mas o ser humano é feito de contradições e incompreensões.
ResponderEliminarAbraço, saúde, bom domingo e feliz Outono
Cada vez há pelos tolerância pelo outro, Elvira...
EliminarAplauso.Aplaudo a sua observação.
ResponderEliminarDantes,décadas,séculos talvez---"Ao vilão dá-lhe um dedo e tomar-te-á a mão".
Não utilizou,fez bem por causa da "correcção".
Vilão é quase metafórico.Engloba os,alguns "donos do mundo".
Saúde.
Jose
Às vezes parece que temos de andar de pernas para o ar, para compreender o mundo, José...
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