Sempre percebi que António Costa era um sabidão. É mesmo um caso único. Foi ministro da Justiça e da Administração Interna (com Guterres e Sócrates), e mesmo assim, conseguiu sair do "pântano" e do "marquês", sem qualquer mossa, chegando a primeiro-ministro, com uma esperteza quase saloia, criando a "geringonça" para poder "passar a perna" ao PSD, que tinha ganho as eleições.
Mesmo sabendo que teve de governar com a "geringonça" e de enfrentar a pandemia e a guerra na Ucrânia, tem passado uma boa parte da sua governação a fingir que resolve problemas e que apoia, sem de facto apoiar. O mais relevante da sua governação é a capacidade de "chutar para canto" e de criar e alimentar "bolas de neve", cada vez mais gigantescas. A Saúde e Educação são dois bons exemplos, para mal dos nossos pecados...
Como escrevi no título, os Poetas e a Poesia metem-nos nos olhos coisas que nem sempre queremos ver. Estou a ler a nossa Sophia, para mim a Rainha dos Poetas. E é pelo Costa e companhia (existem em praticamente todos os partidos...), que transcrevo o começo do poema "Nesta Hora" (escrito logo a 20 de Maio de 1974, quando os oportunistas surgiam em todas as esquinas e em todos os grupos partidários), do livro "O Nome das Coisas":
Nesta Hora
Nesta hora limpa da verdade é preciso dizer a verdade toda
Mesmo aquela que é impopular neste dia em que se invoca o povo
Pois é preciso que o povo regresse do seu longo exílio
E lhe seja proposta uma verdade inteira e não meia verdade
Meia verdade é como habitar meio quarto
Ganhar meio salário
Como só ter direito
A metade da vida
O demagogo diz da verdade a metade
E o resto joga com habilidade
Porque pensa que o povo só pensa metade
Porque pensa que o povo não percebe nem sabe
A verdade não é uma especialidade
Para especializados clérigos letrados
Não basta gritar povo é preciso expor
Partir de olhar da mão e da razão
partir da limpidez do elementar
[...]
Sophia de Mello Breyner Andresen
(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)
Boa tarde
ResponderEliminarAs mentiras dos poetas são mais bem fáceis de assimilar que as dos políticos e não deixam males no orçamento.
JR
Também é verdade, Joaquim. :)
EliminarA Sophia disse sempre as palavras certas quando foi preciso dizê-las...
ResponderEliminarTudo de bom, meu Amigo Luís.
Um abraço.
É verdade, Graça.
EliminarNunca teve medo de nenhuma palavra. Nem de mostrar a sua indignação perante o mundo.
Passar a perna é algo em que António Costa, mesmo sem mestrado, se especializou para tirar doces frutos para vida actual e futura.
ResponderEliminarPassou a perna a António José Seguro, passou a perna à geringonça e anda há longo tempo a lixarnos a vida, com sorrisos e outros adereços.
Tout va très bien, Madame la Marquise.
Sem conhecimento directo de causa, dirá que António Costa herdou muitos «pormenores» de sua mãe, nunca de seu pai, o escritor Orlando Costa.
É verdade, Sammy.
EliminarDeve ter histórias do arco da velha, desde que era jotinha, a "tirar tapetes".
Grande escadote que usou, com habilidade, sem cair ou ficar pelo caminho, ao longo de quase 40 anos...
E tantos que eu já conheci (e conheço) que da verdade nem metade diz.
ResponderEliminarE o resto vai jogando com habilidade e eu a fazer-me de parvo, e ele fazendo-me igualmente parvo...
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Não há grande escolha, mas há mesmo quem diga que para se ser um bom político, tem de se ser um bom mentiroso, Severino.
EliminarContinuo com dúvidas.