Normalmente não era uma coisa muito bem vista no mundo das artes e letras, era preciso ser muito teimoso para escrever, pintar, cantar ou fotografar (como foi o caso do meu amigo Fernando...), às claras, sem estar preocupado com essa coisa de "ser o melhor do mundo".
Foi a pensar nele que acabei a fazer a defesa de Valter Hugo Mãe, que além de escrever também faz parte de uma banda de música moderna. Enquanto lia o jornal o Carlos, exclamou: «Então, este gajo agora também pinta?» E continuou, «Há pessoas que podem ser e fazer tudo o que lhes apetece. Com mais ou menos talento, escancaram-lhes todas as portas à sua passagem. E depois há outros, cheios de talento, que estão condenados a viver sempre na sombra...»
Depois de saber quem era o "gajo" e que tinha uma exposição de pintura no Porto, acabei por contrariar o Carlos, dizendo que ele podia ser o menos culpado da realização da exposição. "Podem ter insistido para ele expor...", argumentei eu. Sei que não falei com muita convicção, mas apenas por gostar de "ser do contra".
O Carlos insistiu em levar a conversa para os "círculos viciosos e viciados" das culturas (locais e nacionais). Como sabia que ele estava certo fiquei em silêncio.
Talvez as pessoas não tenham muita noção do ridículo, mas ser "figura pública" também acaba por ser isso, faz parte do "negócio"...
Acredito que se soubessem que o Cristiano Ronaldo, quando lhe apetecia, fazia uns rabiscos (que seriam uma porcaria feitos por qualquer um de nós...), iriam insistir muito para ele expor as suas "obras da prima" publicamente...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
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