sexta-feira, abril 23, 2021

«Porque é que os portugueses lêem pouco?»


Hoje é dia de festejar os livros e até algum escritor, que esteja à mão, para o "trabalho político" do costume (as eleições estão quase à porta e a malta da cultura dá jeito para "decorar o ramalhete"...): tirar fotografias, oferecer um almoço ou atribuir uma medalha qualquer.

Quem gosta de discursos e de frases feitas, coloca qualquer coisa bonita na sua rede social preferida. Os jornais e a televisão têm de reserva meia página e alguns minutos, para fazerem - todos - a pergunta do costume: «Porque é que os portugueses lêem pouco?»

Porque será? Se há coisa que se estimula no nosso país, é a leitura, especialmente de livros... tão baratos e acessíveis. Na pandemia, se houve coisa que esteve aberta foram as livrarias... por serem lugares de grandes ajuntamentos de pessoas.

Falando mais a sério, é triste viver num país que nunca deu aos livros a importância que eles têm. 

Apesar de vivermos em democracia há quase meio século, desconfio que ainda há por aí muita gente que tem medo do que está dentro dos livros, das palavras que podem ficar na cabeça das pessoas e fazê-las pensar em "coisas perigosas".

Para não ser "desmancha-prazeres", vou terminar com um aplauso para as bibliotecas municipais, que um pouco por todo o país, disponibilizaram livros para quem gosta de ler, fazendo entregas ao domicílio, sem qualquer custo.

(Fotografia de Luís Eme - Uma mulher apanhada ontem a ler no jardim da Fonte da Pipa)


6 comentários:

  1. Comecei a ler os livros que levantava na biblioteca itinerante da Fundação Gulbenkian. Numa casa onde faltava quase tudo, não havia livros, e foi nessa carrinha biblioteca que uma vez por mês ia à Telha que ia buscar os livros que me faziam sonhar.
    Continuo a gostar imenso de ler, mas os meus olhos estão cada vez a dar-me mais problemas.
    Abraço, saúde e bom fim de semana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O livro nesse tempo era mais desejado e querido, Elvira.

      Talvez por só estar ao alcance de poucos (por isso restavam as bibliotecas e a Gulbenkian foi fundamental...).

      Eliminar
  2. Felizmente que transmiti o gosto pela leitura ao meu filho e o meu neto mais velho já não adormece sem ler um pouco.
    O mais novo ainda está um pouco renitente!

    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Rosa, és a excepção que confirma a regra. :)

      Eliminar
  3. Lê-se mesmo muito pouco e creio que este panorama não se verificará só em Portugal. Mas no nosso país é uma tristeza absoluta, não sei a que se deve este triste panorama.

    Hoje enviaram-me um vídeo (creio que até passou na RTP1) onde, numa rua de Lisboa, se faziam algumas perguntas, nomeadamente sobre o 25 de Abril e sobre o Estado Novo, entre outras e as respostas eram de fazer corar, por exemplo: Quem é Otelo Saraiva de Carvalho: quem é? Sei lá, talvez um hotel de cinco estrelas; não sei, não faço a mínima ideia...
    Quem fez o 25Abril: sei lá, já foi há tanto tempo; talvez o Salazar, não? mas não sei bem...

    Uma ignorância absoluta, aterradora mesmo, e era tudo gente da geração pós 25 Abril, rapazes e raparigas à volta dos 30 anos.

    Creio que não estarei muito longe se disser que desta gente 90 ou mais % nunca leu um livro na vida.

    E certamente que todos terão um telemóvel último grito -nunca houve tanta informação e tão pouco conhecimento.

    É confrangedor...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O nosso país teve o contra de já se ler muito menos que os outros países, antes de toda esta globalização tecnológica, Severino.

      Há muita ignorância graças ao desinteresse de pais e filhos pelo conhecimento e pela cultura...

      Eliminar