segunda-feira, maio 18, 2020

Um Português Extraordinário Deixou-nos Ontem...


Eu sei que hoje é o "dia seguinte", o tal em que se diz bem, de quem vai embora, mesmo que as palavras ditas não sejam sentidas (ou verdadeiras).

E o senhor Embaixador, de certeza que foi cultivando inimigos, por uma razão muito simples, nunca se deu muito bem com a mediocridade e incompetência, do salazarismo à segunda república. E se percorreu demasiados "corredores do poder", por esse mundo fora...

A nossa ligação resumia-se à de leitor do que escrevia (desde a "Visão" ao "Expresso", passando pelo seu blogue, o "Retrovisor"...). E o que posso dizer é que há muito pouca gente que consiga escrever com a liberdade, a inteligência e a lucidez de José Cutileiro. Fazia excelentes ligações entre o passado e o presente, juntava a memória de quem vivera muito à excelente capacidade de contar e partilhar o melhor de outras vidas com os leitores.

A sua formação em Antropologia, a par da sua grande curiosidade sobre tudo o que era português, fez com que fosse uma das pessoas que melhor conhecia a nossa "maneira de ser e de viver".

Um senhor de quem nunca ouvira falar, Andresen Guimarães, salientou isso mesmo, ontem no "Público": «O Zé Cutileiro foi provavelmente a pessoa mais inteligente que conheci na vida, tinha uma memória que até ele próprio espantava e era capaz de citar tudo o que tinha lido, sabe Deus quando, em inglês, francês ou português.
E teve vontade de estudar e aprender coisas novas até ao último dia.»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

4 comentários:

  1. Estou a ler o Inventário, gostava dos obituários do Expresso, dos bilhetes de Colares. Nunca privei de perto com ele nas minhas andanças diplomáticas, mas encontrei-o uma vez em Estocolmo, chefiava ele a nossa Delegação à Conferência da OSCE. Era um personagem da Renancença.

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    1. Também não o conheço, Albertino.

      Mas bastam-me as suas palavras, para o admirar.

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