terça-feira, abril 21, 2020

Andava às Voltas com Jornais e Revistas Antigos, quando me Apareceu um Grande Cronista...


Passo os dias a remexer revistas e jornais antigos (sim, que o jornal com um dia já passou do prazo... dantes servia logo para embrulhar coisas, agora menos). Guardo algumas páginas - mais do que devia -, transcrevo algumas frases, e o resto, vai para a reciclagem.

Hoje parei os olhos na revista "Ler", de Junho de 2014, e fiquei a reler a entrevista de Ferreira Fernandes, que há meia-dúzia de dias deixou de ser director do "Diário de Notícias" (segundo consta, por não aceitar a passagem da redacção para "lay-off").

Gostei de saber o porquê desta coisa das notícias e das crónicas, na primeira pessoa. «Sou jornalista por três razões: porque nasci para isso, porque tirei o curso da vida que me permitiu ver muito e porque nunca estudei jornalismo e li sempre jornais.»

É um grande cronista. Uma coisa que não se aprende em nenhuma escola. E nem precisa de escrever sempre contra alguém, como faz o barbudo careca do "Governo Sombra" e como fazia o sempre pouco Pulido e pouco Valente...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

6 comentários:

  1. Por vezes existem noticias antigas que são pura actualidade

    Cumprimentos

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    1. Muitas, Ricardo.

      Tenho descoberto autênticas preciosidades.

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  2. Sammy, o paquete22/04/20, 13:27


    Num jornal, se há crónica, é por aí que começo.
    Sou um devorador de crónicas.
    Tenho pastas e pastas cheias de crónicas. Por vezes, fazia-lhes uma limpeza porque apareciam publicadas em livro, mas conferia sempre porque, algumas por desfasadas no tempo não eram incluídas.
    Temos excelentes cronistas, Ferreira Fernandes é um deles. Também o poeta e cronista, Manuel António Pina, que chegou a dizer:
    « O Luiz Pacheco dizia que daqui a cem anos ninguém se lembra. Qual daqui a cem anos... Mesmo na altura já ninguém se lembra. Os escritores têm muita dificuldade em aceitar que tudo acaba por se esquecer. Tudo tende para o esquecimento. Mas há mais relações, o jornalista aprende com o escritor o respeito pelas palavras, sabendo que há palavras que se dão com as outras, e outras não. Não calcula o tempo que demoro a escrever aquela merda com 1400 caracteres. Leio aquilo tantas vezes... Volto atrás e vou para a frente. Só a trabalheira de arranjar assunto. Eu espontaneamente só tenho opinião uma vez por ano, agora tenho de ter todos os dias porque ganho a vida assim. Nunca leio o que escrevi no dia seguinte, porque se o faço fico completamente frustrado.»
    Eu que, há um bom pedaço de tempo, deixei de ler os romances do António Lobo Antunes, tenho pena que ele deixasse de reunir as suas crónicas em livro.

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    1. Também sempre gostei da crónica (e da entrevista), Sammy.

      O Ferreira Fernandes e o Manuel António Pina escreviam diariamente, e bem, sobre a actualidade. Por isso eram os meus eleitos.

      Mas percebo as palavras do Pina, a escrita precisa de respirar...

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  3. Eu sempre achei a área do jornalismo muito interessante! Tirei o curso cá na Universidade dos Açores, fiquei maravilhada, mudei muito e a minha maneira de eu ver o mundo também mudou!
    Apesar de nunca ter tido o retorno do tempo e dinheiro que eu investi, pois já tirei a licenciatura tarde e não consegui entrar no mercado de trabalho, eu não me arrependo, foi a melhor coisa que fiz pois enriqueci muito!
    Na altura comecei a ler bastante, comprava jornais e revistas, mas depois esmoreci!
    Eu cheguei a ir a uma entrevista para trabalho no âmbito do jornalismo, mas quando o entrevistador soube que eu era mãe e viúva descartou-me logo, por achar que eu não tinha disponibilidade de horário para fazer algumas coberturas ou até mesmo deslocar-me para outras ilhas!

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    1. Mesmo antes de ser, já me considerava jornalista, Micaela.

      Mas sempre fiz outras coisas, e não me arrependo...

      Infelizmente há um lado sombrio na profissão, a tentação de algumas chefias, em nos quererem "tele-guiar" (o olhar e a caneta), condicionando o nosso trabalho...

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